Por que o liberalismo não é a solução – parte II

G. K. Chesterton

Por Igor Andrade – Assoc. São Próspero e Movimento Somar para Vencer

RECEBEMOS DE UM LEITOR anônimo, como comentário ao post "Por que o Liberalismo não é a solução" as perguntas que reproduzimos abaixo, seguidas das respostas do autor daquele artigo:

Henrique ou Igor, eu gostei do texto, eu tinha dúvidas sobre isso pq vejo sites católicos criticando o liberalismo, mas gostaria de fazer uma pergunta: O liberalismo não é melhor do que o socialismo? Pelo que eu entendi o texto coloca os dois no mesmo saco?
Outra coisa que eu queria saber é o seguinte: Se o autor é contra as liberdades individuais porque o capitalismo liberal pode chegar no extremo de usar até o aborto como um comércio, então quem deve controlar as coisas? Quem vai dar os limites p'ara o indivíduo? O Estado? Talvez vai dizer que é a igreja, mas o Estado é laico, fora que tem gente de toda religião, então não tem como a Igreja controlar tudo. Então teria que ser o Estado, mas quem garante que o Estado vai fazer aquilo que é certo? Ninguém, a gente fica sempre nas mãos de um maluco populista como o Hitler ou o Stalin (ou o Lulla) que ganha a eleição e vai ditar as regras pra todos. Não é melhor então garantir a liberdade dos indivíduos?
Se o capitalismo não é perfeito, isso eu concordo, mas é bem melhor do que o comunismo que sempre acaba em tirania. Isso é o que eu entendo. Voces poderiam me ajudar um pouco mais?"

Salve Maria! Irmão, começo agradecendo o seu comentário, o Sr. não faz ideia de o quanto isso é eficaz para o meu trabalho. Agora vou procurar aprofundar o necessário de acordo com as suas perguntas, na ordem que o Sr. mesmo as dispôs. Abaixo:


O liberalismo não é melhor do que o socialismo?

Isso depende muito do ponto de que se parte. Olhando exclusivamente do ponto de vista econômico, o Liberalismo é muito melhor. Ou seja, se o objetivo é unicamente fazer dinheiro, o liberalismo ganha. Contudo, o preço a ser pago é muito alto (isso se você considera a dignidade humana).


Pelo que eu entendi o texto coloca os dois no mesmo saco?

Como mencionei acima, procurei tratá-los sem "passar por cima" das suas evidentes diferenças, porém demonstrando que ambas as correntes partem do mesmo princípio: o utilitarismo

Basicamente, o utilitarismo olha o mundo buscando a otimização das coisas para proporcionar "a maior quantidade de felicidade para a maior parte possível" (a felicidade NESTA VIDA como bem Maior). Esse princípio utilitarista pode ser “trabalhado” de dois modos distintos: o Utilitarismo Altruísta e o Utilitarismo Egoísta.

• O Utilitarismo Altruísta pode ser reduzido – dizendo bem porcamente, para fins didáticos – às doutrinas de “esquerda” (sim, é um termo pobre, mas é o mais prático), que visa proporcionar felicidade (aqui e agora, nesta vida) para a maior parte de pessoas, “distribuindo” os bens que proporcionam essa felicidade. 

Neste sentido, Nazismo (Nacional Socialismo), Fascismo, Stalinismo, Leninismo e todas as doutrinas coletivistas, de modo geral, entram num mesmo quadro.

• Já o Utilitarismo Egoísta visa a felicidade (imediata) do indivíduo, do “eu”; e é aí que o Liberalismo se encaixa, porque é individualista. Agora procedam-se algumas classificações: Liberalismo Clássico, Escola Austríaca, Escola de Chicago, Libertarianismo e todas as doutrinas que supervalorizam o indivíduo e tratam o próximo como instrumento de trabalho para se chegar a um fim específico, que é a felicidade nesta vida entram neste mesmo rol.

Sobre a linha liberal – para que não me acusem de mal interpretá-la – sugiro fortemente a leitura do magnífico romance "A Revolta de Atlas", da autora libertária Ayn Rand. A maior parte do livro é dedicada da descrever a situação de um país (no caso, os EUA) repleto de gente incompetente e sentimentalista, de um governo paternalista e de uma economia decadente e uma sociedade com cada vez menos liberdade individual (parece MUITO o Brasil de hoje). A proposta da protagonista é justamente que os mais capazes (os 'Atlas' que carregam o mundo nas costas) passem por cima da dignidade humana para atingir seus objetivos. Para um romance dá certo. Mas o mundo real não é um romance. Quem é John Galt?1

De todo modo, ambas as linhas utilitaristas legitimam a moral relativista e tratam o ser humano (enquanto ente racional e livre) como um obstáculo a ser ultrapassado. Lembra do princípio maquiavélico “Os fins justificam os meios”? Pois bem, tanto Liberalismo quanto o Socialismo seguem tal doutrina, ignorando o princípio da caridade e da possibilidade de se colocar no lugar do outro – a Regra de Ouro do Evangelho.


Se o autor é contra as liberdades individuais (porque o capitalismo liberal pode chegar no extremo de usar até o aborto como um comércio), então quem deve controlar as coisas? Quem vai dar os limites para o indivíduo? O Estado? Talvez vai dizer que é a igreja, mas o Estado é laico, fora que tem gente de toda religião, então não tem como a Igreja controlar tudo. Então teria que ser o Estado, mas quem garante que o Estado vai fazer aquilo que é certo?

O Sr. se equivocou. Eu sou completamente A FAVOR da liberdade individual e completamente CONTRA esse Estado inflado que manda e desmanda na vida dos homens. Sobre “quem deve controlar as coisas”, eu acredito no bom senso que a Razão desenvolve naturalmente nos homens. Como disse G. K. Chesterton, o “Apóstolo do Senso Comum”: “O novo tipo de governo comercial irá combinar tudo o que há de pior em todos os planos para um mundo melhor” ('Um Esboço da Sanidade').

"Os limites” são impostos pela moral racional (aqui estou entrando em filosofia prática), por isso sugiro a leitura da obra de Chesterton (clique para saber mais) e da própria Doutrina Social da Igreja (Rerum Novarum, Quadragesimo Anno, Centesimus Annus, etc.). Aconselho também a leitura da obra "A Política da Prudência", de Russell Kirk.

Termino aqui agradecendo pelo seu comentário e fazendo votos para que o Sr. compreenda sempre mais e se empenhe em trabalhar para melhorar, naquilo que for possível, o nosso país, sempre lembrando que nesta vida seguimos “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”. REGNARE CHRISTVM VOLVMVS!

________
1. Para os que já leram 'A Revolta de Atlas', a frase 'Quem é John Galt?' é bem conhecida. Tornou-se um slogan libertário e já foi usada em manifestações por todo o mundo. 'Quem é John Galt?' basicamente resume a pergunta 'Quem move o mundo e quem é culpado quando ele para?'. (N. do E.)
www.ofielcatolico.com.br

14 comentários:

  1. Caro Igor Andrade, aplaudo a iniciativa de procurar a mudança a partir da reflexão, uma mudança que acontece no indivíduo e vai influir na sociedade. Isso é preciso.
    Mas eu estou vendo um "calcanhar de Aquiles" nessa sua linha de pensamneto. Pelo jeito o Sr. é um filósofo? Então, vamos desenvolver o problema. Filosofia não é a minha especialdiade mas eu vejo um buraco muito grande na sua defesa que é o seguinte: confiar no bom senso humano. Isso funciona? Acho que nunca funcionou, por isso temos tenta injustiça no mundo.
    Um exemplo, eu não conheço povo mais sensato do que o alemão, e a maioria deles elegeu e apoiou Hitler até o fim.
    Maldito o homem que confia em outro homem, diz a Bíblia. Se formos esperar o bom senso do povo, estamos fritos. Se o bom senso e a moral racional se desenvolvesse assim naturalmente, como você defende, nós não nos meteríamos em tantos problemas você não acha? O ser humano não precisa de freios? De comando ou menos de incentivo? E se for para confiar nesse bom senso comum e nessa moral racional, não seria então melhor deixar que o livre mercado encontrasse os seus caminhos então naturalmente?
    Isto não é desafio, apenas gostaria que desenvolvesse isso melhor?

    Paiva

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    1. Caríssimo Professor Paiva,
      “Maldito o homem que confia em outro homem, diz a Bíblia”
      Se me permite:
      Creio que o Profeta Jeremias ao profetizar sobre os pecadores inveterados, despojados pela cólera de Deus (o que decepciona o que não engana), quis dizer que o maldito homem é aquele que “sua força viva é apenas carne, seu coração se afasta de Deus” (Jer 17, 5b). Portanto, “Bendito o homem que confia no Senhor” (Jer 17, 7). E o homem que deixa de confia no Senhor e passar a confia apenas nos mortas (homens), este sim, é “maldito”.
      Melhor: Devemos confiar antes no Senhor e em todos os homens cujos corações não se afastam do Senhor.
      Seja Louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!
      São José (Bendito Homem Santo), rogai por nós!

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  2. PROF. PAIVA, permita-me:

    "filosofia não é a minha especialdiade mas eu vejo um buraco muito grande na sua defesa que é o seguinte: confiar no bom senso humano. Isso funciona? "

    Eu duvido que o autor tenha realmente proposto isso (o ígor ou Chesterton). Isso seria flagrante ingenuidade. Talvez o que faltou no texto foi uma escrita mais clara. Vou especular qual o significado do que o Ígor disse.

    Penso que ele se referia ao bom senso, à moral racional, como FONTE dos princípios morais. Isso não é estranho em filosofia e nem no Direito, como podemos ver na área do Jusnaturalismo (o Direito Natural). A Humanidade chegou, através da razão, a alguns princípios humanos básicos, universais, e creio que o Ígor quis dizer que a 'fonte' dos Direitos políticos pode muito bem ser a reta razão.


    Pois bem, uma coisa é a fonte, outra é a aplicação na prática. Quem vai APLICAR a Lei? Essa é a grande questão da Política.

    Eu já me debati muito com essa pergunta e confesso que ainda não cheguei a uma resposta satisfatória, mas tenho algumas pistas. São elas:

    1) O ser humano tem direito à liberdade. O próprio Deus garante isso, ainda que seja liberdade para escolher não amá-lO.

    2) O grande dever do estado é garantir a ordem social.

    3) Sendo assim, a questão de 1 milhão de dólares é conciliar 01 com 02. A meu ver, o estado deve intervir apenas quando há ameaça à ordem social, seja na esfera criminal, política, econômica, etc. Até porque a ação do estado é, por natureza, coerciva, e a coerção, como sabemos, não pode ser utilizada indiscriminadamente, ainda que com os melhores propósitos.

    O problema hoje é que muita gente não enxerga que abortismo, drogas, relativismo religioso são tão ameaçadores à ordem social quanto o terrorismo. Não são apenas uma questão de "pensamento", como tentam forçar-nos a acreditar.

    **************************************
    Quanto ao liberalismo e socialismo, o grande problema deles já foi citado pelo Ígor: são materialistas. São IDEOLOGIAS. Toda ideologia, na definição do Voegelin, é uma "materialização" da Vinda do Messias (ele chama de "imanentização do schaton"), ou seja, é a tentativa de fazer o Paraíso na Terra, de alcançar o Fim da História.

    A diferença entre o liberalismo e o socialismo está apenas no plano para o Paraíso: o primeiro é via onipotência do mercado em todas as esferas da vida humana, o segundo é a onipotência do estado. Ambos dizem que, "enriquecendo" as pessoas (via mercado ou estado, respectivamente), elas viverão felizes e em paz eterna.

    É ou não é uma religião?

    A ideologia (qualquer uma) tranca o homem na terra. Só que a experiência humana demonstra que, se a vida se restringe à este mundo, é pura vaidade, "completa perda" (como dizia S. Paulo): são algumas décadas de tremendo risco, sofrimento, injustiça, com alguns momentos de prazer, para, no final, independente do quão virtuoso vc tenha sido, você morre e vira comida de verme da mesmíssima forma que o Hitler.

    Que vida miserável é essa!

    Então é isso aí. Ideologia (seja comunismo, liberalismo, qualquer plano de mundo melhor) é, na verdade, a abolição de Deus e do Céu. O demônio tenta nos enganar, desde o Éden, dizendo que "podemos ser como deuses" ignorando a Deus, e este engodo persiste até hoje.

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    1. João, parece que o senhor está acompanhando minha linha de raciocínio. Sobre as leis, trancrevo aqui um trecho da obra "A Verdade Como Regra das Ações, do brasileiro Farias Brito:
      "Tanto para a moral como para o direito deve haver um critério supremo. O critério supremo da moral é formulado por Kant nestes termos: “Obra de modo que o motivo das tuas ações se possa converter em lei universal.” O critério supremo do direito é este: “Obra exteriormente por maneira que o exercício da tua liberdade possa coexistir com a liberdade de todos, segundo uma lei universal.” Como se vê, o critério do direito não é senão o mesmo critério da moral em termos relativos. O direito vem a ser a moral mesma, sendo, porém, subordinada às condições da organização social; é a moral assegurada pelo estado e garantida pela força; é o conjunto de regras, o sistema de leis e prescrições, numa palavra, o processo adotado pelo poder público para tornar possível a coexistência da liberdade de cada um com a liberdade de todos os outros na comunhão social, justificando-se assim perfeitamente, segundo os princípios de Kant, o conceito de Ihering quando considera o direito como um “organismo objetivo da liberdade” “

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  3. Prezados senhores, visando colaborar com essa questão, achei um texto e gostaria de compartilhar sobre essa falsa oposição liberalismo x comomunismo
    http://www.romadesempre.blogspot.com.br/2014/05/a-essencia-do-liberalismo-e-do-comunismo.html

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  4. “ O conservador esclarecido não acredita que o fim ou o propósito da vida seja a competição, o sucesso, o prazer, a longevidade, o poder ou as posses. Acredita, ao contrário, que o propósito da vida é o amor.

    Sabe que a sociedade justa e ordenada é aquela em que o amor nos governa, tanto quanto o amor pode nos reger neste mundo de dores; e sabe que a sociedade anárquica ou tirânica é aquela em que o amor está corrompido.

    Aprendeu que o amor é a fonte de todo ser, e que o próprio inferno é ordenado pelo amor. Compreende que a morte, quando findar a parte que nos couber, é a recompensa do amor. Percebe que a verdade de que a maior felicidade já dada ao homem é privilégio de ser feliz na hora da morte. Não tem intenção de converter esta nossa sociedade humana em uma máquina eficiente para operadores de máquinas eficientes, dominados por mecânicos –chefes.

    Os homens vêm a este mundo, conclui, para lutar, para sofrer, para combater o mal que está no próximo e neles mesmos, e para ansiar pelo triunfo do amor. Vêm ao mundo para viver como homens, e para morrer como homens. Buscam preservar a sociedade que permite aos homens atingir a própria humanidade, e não aquela que os mantém presos aos laços da infância perpétua. Com Dante, ergue os olhos para além desde lamaçal, deste mundo de górgonas e quimeras, em direção à luz que oferece seu amor para esta Terra e para todas as estrelas”

    Fonte: Política da Prudência - Russel Kirk

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  5. Igor Andrade
    Correndo o risco de parecer simplista, penso que na história houve um sistema religioso que governou a civilização por cerca de 1000 anos, o cristianismo e por mais que nos pintem esse período, como uma era de trevas e obscurantismo, qualquer historiador sério, como Regine Pernoud, por exemplo, desmente essa visão facilmente.

    Depois surge o liberalismo, que a meu ver distorce a liberdade num bem que se compra. A quantidade de liberdade de que o homem pode desfrutar passa a ser medida correspondente ao capital que possui. Ou seja, quanto menor o saldo da conta bancária, menos liberdade se tem. E é assombroso constatar que, segundo alguns estudos, 1% da população concentra metade da riqueza no mundo, 1% tem a mesma riqueza que os outros 99% restantes, penso que algo não vai muito bem.

    Preocupado com esse tipo de desigualdade e pretendendo combater esse mal, o homem cria um outro sistema, o socialismo. E mais uma vez aqueles 1000 anos de história e o cristianismo são ignorados. Ocorre que esse remédio criado pelo homem, tinha um efeito colateral que proporcionava mais malefícios que a própria doença e fracassou amargamente. Apesar das ilusões que nossos governantes nos passam e obrigam a viver.

    Igor, o que você pensa a esse respeito? O cristianismo e todos os seus valores, as suas propostas de vida social estão lá nas bases de nossa sociedade, o que nos impede de resgatar tudo isso?

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    1. TIAGO, permita-me:

      "Ou seja, quanto menor o saldo da conta bancária, menos liberdade se tem. E é assombroso constatar que, segundo alguns estudos, 1% da população concentra metade da riqueza no mundo, 1% tem a mesma riqueza que os outros 99% restantes, penso que algo não vai muito bem. "

      Isto é falso. Lembre-se que podemos fazer miséria com estatísticas. Esta que voce citou, tão utilizada como cavalo de batalha da esquerda, é enviesada: ela não avisa aos leitores que a MAIOR PARTE da riqueza desses 1% NÃO ESTÁ COM ELES, mas é INVESTIDA em seus próprios negócios.

      Estes 1% de zilionários não são sultões nababescos com piscinas de ouro. Tá, eles podem ter esses luxos, mas a imensa maioria do seu patrimônio é nada mais que CAPITAL, isto é, dinheiro investido.

      Dinheiro investido é dinheiro que produz algo que outras pessoas procuram. O Bill Gates, por exemplo, é um dos mais ricos do mundo, mas a maior parte da sua fortuna são ações da Microsoft. Ele não pode comer ações, nadar em piscina de ações. Ou seja, a riqueza dele é a EMPRESA, não a piscina de ouro dele ou seus carros importados.

      E a Microsoft facilita a vida de tanta gente, fora os empregos que ela dá, direta e indiretamente.

      Estes fatos é que a sua estatística não mostra. Como dizia Bastiat, a economia é aquilo "que vê e não se vê". Veja neste livro dele, páginas 21-75:

      http://www.mises.org.br/files/literature/Fr%C3%A9d%C3%A9ric%20Bastiat.pdf

      Então, nem sempre a desigualdade de PATRIMÔNIO significa que somos pobres escravos famintos versus sultões do Aladin. Desde que a riqueza desses caras seja investida, isto é, produza algo útil para nós, não há problema.

      **************************************
      Sobre o socialismo, se você estudar a história dos seus primeiros teóricos, vai reparar que ele foi uma forma de "movimento reacionário" romântico do século 19. A Europa estava em choque com as profundas e rápidas mudanças causadas pela industrialização, e isso levou alguns à desejar a volta ao período anterior, quando a Humanidade era agrária, as pessoas vivam em pequenas comunidades e os laços afetivos eram mais sólidos. No meio desse clima surgiu o socialismo.

      O socialismo erra em tudo: na teoria (Bohm-Bawerk já refutou Marx ainda antes da publicação do último volume de O Capital, e depois Mises enterra o socialismo em 1920) e na prática (zilhões de mortos, civis do próprio país).

      O desastre socialista não é um efeito colateral de uma boa ideia: é a consequência lógica e ESPERADA da ideologia. Quem pensa em efeito colateral são esquerdistas envergonhados. Logo eles concluem que "o socialismo foi pervertido".

      **************************************
      O problema do socialismo e de toda ideologia (liberalismo tbm é) é a negação da realidade. Elas recortam um aspecto da realidade e daí querem construir uma sociedade inteira com base nesse unico aspecto. É uma amputação da realidade humana.

      Só muda o recorte utilizado.
      ****************************************

      Como resgatar uma sociedade cristã? Cara, essa é a pergunta de 1 milhão. Eu sinceramente não faço ideia. Do meu estudo de História eu reparei que, nos tempos de maior crise, o que salva a humanidade são os santos. Procuro então minha santificação e daqueles que estão próximos, e daí vamos vivendo dia a dia, como ensinou Jesus.

      Negar o estado de coisas atual e desejar um retorno à Idade Média também é pensar ideologicamente, é negar a realidade.

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    2. João, talvez a imagem de remédio e efeito colateral, tenha passado a imagem de algo bom que acabou pervertido, mas não foi minha intenção, se os efeitos são ruins o remédio em si também é ruim.

      A ideia da estatística pode parecer exagerada, mas não deixa de me remeter aquele grande número de pessoas que estão sofrendo na mais absoluta miséria, pois não conseguem adquirir para si, a dignidade de ser humano. E isso não era para ser algo a ser comprado. Também não estou aqui simplesmente condenando o luxo ou a riqueza, mas a disparidade é muito grande, não se pode negar. E o fato de se gerar emprego e renda nem sempre está associado a posse de grandes fortunas, ou gigantes multinacionais. Micro, pequenos e médios empresários são os maiores empregadores. A maior parte dos alimentos que consumimos, vem dos pequenos agricultores e não dos grandes latifundiários. Na minha opinião falta sim um equilíbrio.

      E também não se trata de retornar a idade média, senhores feudais, cavaleiros, reis etc. Mas os valores não mudam com o passar do tempo, a moral, a verdade, o certo e o errado permanecem os mesmos. O que talvez possa ter mudado, é a nova maneira que vemos as coisas, através das lentes do relativismo.

      A pergunta a respeito do resgate da sociedade cristã, vem da minha incompreensão do fato de vivermos em uma sociedade que se diz cristã, mas não vive de acordo com seus valores. Este cristianismo de porta da igreja pra dentro que vivemos e no qual me incluo, merece um pouco mais de reflexão.

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    3. TIAGO,

      Antes de tudo, fico feliz pela sua resposta. Vamos lá.

      "mas a disparidade é muito grande, não se pode negar. E o fato de se gerar emprego e renda nem sempre está associado a posse de grandes fortunas, ou gigantes multinacionais. Micro, pequenos e médios empresários são os maiores empregadores. A maior parte dos alimentos que consumimos, vem dos pequenos agricultores e não dos grandes latifundiários. Na minha opinião falta sim um equilíbrio."

      A disparidade existe também nas realizações. Quantas pessoas inventam uma rede social que liga metade do planeta? É só um exemplo de como a disparidade de patrimônio não é, em si mesma, um mal. O mal é viver voltado ao dinheiro, e isso acomete ricos e pobres.

      "Este cristianismo de porta da igreja pra dentro que vivemos e no qual me incluo, merece um pouco mais de reflexão. "

      Você chegou ao cerne da questão. Eu sinceramente não sei como sair dessa armadilha. Tento, aos poucos, ser cristão lá fora, mas não é fácil vencer a estranha inclinação da carne em se envergonhar do que temos de mais belo: nossa fé.

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    4. João nem todos são gênios, ou mesmo criativos, mas todos são seres humanos, criaturas de Deus. Não penso que a sociedade deve ser igualitária, onde todos são ricos, mas todos devem ter sua dignidade assegurada. Equilíbrio não é igualdade. Sempre haverão os ricos e os pobres, mas a mim parece, que o Cristo confiou aos cristãos, o cuidado para com os menos favorecidos. É um sinal de fracasso, a miséria que assola nossa sociedade. E também não se trata de viver voltado para o dinheiro, porém, Madre Teresa de Calcutá, não conseguiria fazer toda aquela imensa obra sem ele. Alimento, saúde, educação, segurança, cultura, moradia etc, são bens que as pessoas buscam, não são o mais importante, mas é parte do "ser humano". Sem isso, é quase como "ser animal", ao relento, sobrevivendo do lixo, dos restos etc.

      Sim é uma armadilha, parece um sistema egoísta que se impõe, a consciência as vezes grita, mas a sociedade se faz de surda.

      A paz de Cristo!

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    5. Eu não vou entrar no debate, peço perdão. Vou me limitar a responder o que o Tiago perguntou. "Igor, o que você pensa a esse respeito? O cristianismo e todos os seus valores, as suas propostas de vida social estão lá nas bases de nossa sociedade, o que nos impede de resgatar tudo isso?"
      Sendo bastante sincero, creio que sim, nós podemos resgatar os valores cristãos relativos à sociedade. Mas isso deve ser bem entendido, ou seja, não podemos ser de uma "ideologia reacionária" e romântica que acha que a Idade Média foi perfeita e tudo era lindo, não era bem assim. O que nos impede? O que impede é que a sociedade ocidental deixou de tomar a Verdade como a regra das ações, quando pelo menos a classe intelectual o fizer, me parece que as coisas começarão a se ajeitar. Nem tudo está perdido. Estamos numa situação desfavorável, mas há saída, desde que busquemos "primeiro a Deus e Seu Reino" que tudo se nos dará em acréscimo. Caminhemos "Omnes cum Petro, Ad Iesum per Mariam".
      ADSUMUS!

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    6. Obrigado pela resposta Igor. Concordo com você, nem tudo está perdido. E acho que a Igreja está tentando empenhar seus esforços a moldar o cristianismo na sociedade, através do trabalho com as famílias. Penso que esse último sínodo das famílias reflete essa preocupação e intenção. Espero que quando o papa redigir o documento final do sínodo, haja uma atenção especial quanto ao trabalho com as pastorais da igreja, no sentido de uma maior coesão e empenho.

      A paz de Cristo!

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  6. A DECEPÇÃO DOS LIBERAIS (por Augusto Paiva)

    O liberalismo pavimentou
    O caminho para o comunismo,
    O Papa Pio XI alertou.
    O indomável monstro do nazismo
    Foi Wall Street que alimentou.
    E o silêncio do jornalismo.

    No Brasil, na maior cara de pau,
    A caterva de interesseiros,
    Meirelles, Resende, Arida, Landau,
    Fraga, Setúbal e demais banqueiros,
    Não viram em Lula um homem mau
    --- Rival do mercado financeiro ---,

    Mas o "salvador" da democracia
    Contra o fascismo imaginário,
    Relevando a demagogia
    Dum ladrão e ex-presidiário,
    Um lesa-pátria perdulário.
    O cúmulo da hipocrisia!

    Os liberais que fizeram o éle
    Encheram-se logo de pavor,
    Sentiram o arrepio na pele,
    Pois em cima do trio Demolidor
    O ladrão vomitava seu rancor
    Que os investimentos repele.

    Apoiaram a sua "eleição",
    Agora condenam-lhe o discurso;
    Da gastança que está em curso,
    Do fatal aumento da inflação,
    Dos pobres que não terão recurso...
    Decepção é confiar em ladrão.





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