Sobre o caráter

Por Tihamer Toth*

Régulo em Cartago

CARTAGO IA MANDAR uma embaixada a Roma para pedir a paz. Um prisioneiro de guerra romano, chamado Régulo, foi encarregado de chefiá-la, mas teve de jurar, antes de partir, que, se a sua missão viesse a fracassar, ele voltaria ao cativeiro. Qual haverá sido a emoção dele, ao achar-se de novo em Roma, sua cidade amada! Lá poderia ficar para sempre, se a paz fosse obtida.
Todavia, o que fez ele?

Com toda a sua eloquência incitou o senado a continuar a guerra e, quando lhe pediram que ficasse em Roma, uma vez que um juramento feito por coação não podia obrigar, respondeu:

“Querem então, loucamente, que eu falte à honra? Bem sei que as torturas e a morte me aguardam à minha volta. Mas tudo isso não é nada em comparação com a vergonha acarretada por uma ação desleal, e com as feridas que a alma recebe do pecado. É verdade que ficarei prisioneiro dos cartagineses, mas ao menos conservarei, em toda a sua pureza, meu caráter de romano. Jurei voltar, e cumprirei meu dever até o fim. Confiem o resto aos deuses.”

E voltou a Cartago, onde morreu entre horrorosos tormentos.

Isso era o caráter romano! Ora, e o que é, então o caráter cristão?

Nem todos podem ser ricos, nem sábios, nem homens célebres. Mas há uma coisa que se pode exigir de todos: um caráter irrepreensível. Conquistar reinos terrestres é obra de homens excepcionais, e a coroa real, feita para bem poucas cabeças. Mas conquistar o reino dos tesouros espirituais e colocar na cabeça a coroa de um caráter viril, eis uma tarefa sublime e sagrada, que deve nos preocupar a todos sem exceção. Todos, disse eu. Entretanto, muitos deixam de cumpri-la. Porém você, meu filho, não a desdenhará, estou certo.

Entretanto, um caráter irrepreensível não é sorte grande que se pode ganhar sem nenhum mérito pessoal. Não é também nome ilustre que se traz consigo ao nascer, ou que se adquire sem trabalho. Um caráter irrepreensível é resultado de luta muitas vezes dura, da guerra viril que a nós mesmos nos fazemos, e às nossas inclinações egoístas, e que pede muitas conquistas, abnegação e disciplina. Esse combate, cada um de nós deve travá-lo dentro de si mesmo e sair dele vitorioso.

O resultado magnífico que obterá nessa luta será um caráter impecável. Hoje em dia, o sentido profundo dessa expressão escapa-lhe ainda, talvez. Mas, no dia em que a obra principal da sua vida for desvendada ante a face de Deus, e sua alma, que tiver formado com tanto trabalho, aparecer em toda a sua incomparável grandeza, exclamará, deslumbrado, como Haydn na representação de sua obra A Criação: “Meu Deus, fui eu mesmo que fiz isto?”.

Segundo o termo clássico de Santo Agostinho, “homines sunt voluntates”, isto é, o valor do homem é determinado pela sua vontade. Cada vez melhor se reconhece que hoje a escola moderna se ocupa quase exclusivamente da inteligência dos jovens, em detrimento do seu caráter e da sua vontade, que ela ignora desenvolver. Daí, o fato tão triste de se acharem entre os adultos muito mais mentes cultivadas do que ombros de aço, muito mais saber do que caráter. Não obstante, a base, o sustentáculo moral da sociedade é a pureza moral, não a ciência; o homem, não a fortuna; o caráter, não a covardia.

Este livro tem um único fim: exortar os jovens a formarem impecável seu caráter, induzi-los a raciocinar desta maneira: “Uma responsabilidade enorme pesa sobre mim, porque séria tarefa me aguarda e devo empregar minha vida a cumpri-la. Os germes do meu futuro repousam em minha alma: cumpre que eu a aqueça, cultive e desenvolva, para que ela se transforme em flor primorosa digna de exalar seu perfume diante do trono de Deus, por toda a eternidade. E só posso consegui-lo cumprindo meu dever em todas as circunstâncias e vivendo uma vida ideal”.

Quer este livro dar aos jovens um caráter de aço, neste tempo em que o mundo inteiro vai completamente transtornado e parece como que andar de pernas para o ar; nesta época em que a maior e talvez a única doença da humanidade (responsável por todos os seus erros e vícios) é o perecimento assustador da vontade; nestes dias de desânimo quase geral, em que se diz, complacentemente, que é sabedoria conformar-se com as circunstâncias, e ver a salvação pública na negação dos princípios da política realista e na procura dos interesses pessoais; hoje, que a sensibilidade, sempre à espreita de uma ofensa, se chama dignidade própria, e a inveja pretende ser o senso de justiça; hoje, que se evita qualquer trabalho um pouco mais difícil, sob pretexto de que é impossível; que cada um procura a vida fácil e seus gozos. Sim, este livro quer formar jovens de caráter inatacável, de princípios justos e sólidos; jovens cuja vontade não recua ante os problemas; cavaleiros devotados a todo e qualquer dever; moços rijos como o aço, retos como a verdade, luminosos como um raio de sol, límpidos como o fio de água das montanhas; moços puros de corpo e alma.

Seria muito bom se só houvesse estudantes de caráter inteiriço; e que não se encontrasse mais nenhum de alma vil e sentimentos mesquinhos, desses que não se interessam por nenhum problema espiritual, que só pensam em iludir o professor, subtrair-se às lições difíceis, ir ver a nova estrela do cinema e arranjar um convite para a festa na casa da Dona X. Mas, ai! Há tantos desta espécie! E os jovens de caráter firme são, em comparação, tão poucos! Pois bem! Este livro quer demonstrar que quem tem razão é essa minoria que trabalha e se fatiga no caminho do caráter, enquanto os outros são tão despreocupados e irreverentes. E este livro, ao mesmo tempo, quer incentivá-lo a que se inscreva entre os primeiros, pois só a vida deles é que é digna dos homens. Afirmo, com Schiller, que é a vontade que faz o homem pequeno ou grande. E concordo com o barão Joseph Eotvos, o grande pensador húngaro, que diz: “O valor real do homem não depende da sua inteligência, porém da força de sua vontade. Os grandes talentos intelectuais só servem para enfraquecer aquele a quem falta firmeza; um grande espírito, cujo caráter não está à mesma altura, é a mais desgraçada e não raro a mais desprezível das criaturas”.

Na primavera, o camponês se detém junto ao seu campo e passeia o olhar preocupado ao longo dos sulcos silenciosos.

“O que me dará este ano, minha terra?”, parece ele dizer. Porém o campo lhe responde com outra pergunta: “Diga você primeiro o que me dará”. E assim pergunta o moço à vida: “O que é que me reserva, ó vida? O que é que me espera no correr dos anos?”. Porém a vida, como o campo, lhe responde a pergunta: “Isso depende do que me der! Receberá o que merecer por seu trabalho. Colherá o que semear”.

Quero tornar conhecido o grande meio de êxito neste grande trabalho: a educação de si próprio. Porém, tome cuidado, meu filho, e não se deixe iludir! Posso apenas desvendar-lhe os inimigos dissimulados, preveni-lo contra os perigos, designar as armas, mas não posse combater em seu lugar! Se quiser adquirir caráter, é preciso que faça você mesmo esse trabalho espiritual, que só você pode realizar.

A experiência lhe mostrará que o caminho do caráter não é fácil. Faz-se necessário uma vontade bem forte para combater os pequenos defeitos e nunca pecar, uma vontade que não conhece nem demora nem trégua. Mas não importa! “Sim, não importa! Quero, quero!”, deve dizer. – E que quer então? – Quero dominar meus sentidos e meus sentimentos. Quero pôr em ordem o caos dos meus pensamentos. Quero refletir antes de falar. Quero considerar as coisas antes de agir. Quero aproveitar as experiências do passado, quero pensar no futuro, quero, portanto, fazer o melhor emprego possível do presente. Quero trabalhar com gosto, sofrer sem me queixar, viver de maneira irrepreensível e, finalmente, morrer em paz, na esperança da minha felicidade eterna!

Pode-se imaginar mais elevado programa de vida? Existirá objetivo mais digno de ser realizado do que uma vida sem mancha?


O que é o caráter?

E o que queremos dizer quando falamos de alguém: “Ali está um (bom) caráter”? A palavra "caráter" designa a vontade humana fixada no bem; e um jovem é um (bom) caráter se tem nobres princípios e se em nada os sacrifica, ainda quando tal constância lhe impõe renúncias. Aquele que, ao contrário, muda de princípios conforme as circunstâncias, a sociedade ou os amigos, que abandona um modo de agir até aqui reconhecido como bom, sob o pretexto que não lhe causem o menor desagrado, esse é volúvel e pouco seguro, tem caráter fraco, ou, pior ainda, falta-lhe inteiramente caráter.

Isto basta já para mostrar em que consiste a educação do caráter. Primeiro, cumpra-se procurar nobres princípios; em seguida, por um exercício contínuo, urge que se acostume a agir segundo esses princípios, em todas as circunstâncias. A vida moral de um homem sem princípios é tão agitada quanto uma pequena cana surpreendida pela tempestade. Ela faz hoje de um modo e amanhã de outro. A primeira necessidade é, pois, formar em nós princípios firmes, e a segunda é adquirir a força de que precisamos para seguir, sem tropeços, o caminho que tivermos reconhecido como direito.

Repito: a sua primeira tarefa é formar em si princípios justos. Ora, qual é o princípio justo no tocante aos estudos, por exemplo? “Devo estudar com aplicação constante, pois Deus quer que eu cultive os talentos que ele me deu”. Qual é o princípio justo a respeito dos colegas? “Devo fazer a eles o que eu quereria que eles fizessem a mim”. E assim por diante. Cumpre que tenha princípios justos em todas as coisas.

A segunda tarefa é muito mais difícil: seguir esses exatos princípios, isto é, exercitar-se no caminho do caráter.

Um belo caráter não se recebe de presente: nós o fazemos por um labor sólido e contínuo, trabalhando nisso durante longos anos, dezenas de anos muitas vezes. A influência do círculo de relações, as inclinações boas ou más recebidas de herança, podem produzir certa impressão no nosso caráter, mas, afinal de contas, o nosso caráter é obra pessoal nossa, é resultado do nosso trabalho de educação de nós mesmos. Por isso, é uma dupla educação a que recebemos: a primeira nos é dada por nossos pais e pela escola; a segunda, a mais importante, nos vem dos nossos próprios esforços.

Sabe o que é a educação? É a influência da nossa vontade que nos leva pelo bom caminho, em qualquer situação, sem hesitar, com alegria.

Sabe o que é o caráter? É agir em conformidade com os princípios fundamentais; é o esforço empenhado de nossa alma na realização da nobre concepção que fazemos da vida.

Já pode concluir que, nessa educação de si, o difícil não é a formação do justo princípio vital, porém o esforço que se deve fazer dia a dia para se conformar com ele. “Isto é o meu princípio, e não o abandonarei; ser-lhe-ei fiel, custe o que custar”. E é preciso dizer que isso exige, não raro, muitos sacrifícios; e aí está a razão por que se encontram tão poucos caracteres no mundo.

“Permanecer sempre fiel a seus princípios”, “nunca se divorciar da verdade”. Quem é que não se entusiasmaria por estes belos pensamentos? Ah! Se não fosse tão difícil converter esses pensamentos em ações! Se esses belos intentos não se desvanecessem em nós tão facilmente, sob o influxo contrário da sociedade, dos amigos, da moda, do nosso próprio “eu” que não gosta de ser continuamente molestado! Ouça o que, a respeito, diz o poeta:

Por que agir com desalinho,
Ser como o pião a girar?
Se encontraste o bom caminho,
procura perseverar.
(Reinick)

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* Este artigo é o conteúdo do primeiro capítulo de um precioso e pouco conhecido livro de Tihamer Toth, intitulado 'O Jovem de Caráter'. Toth foi um digno bispo católico e professor, nascido na bela e valorosa Hungria, no ano 1889. Estudou na Universidade de Pázmány, Budapeste, e foi ordenado sacerdote em 1912. Suas obras tratam de temas como convivência, vocação profissional, esportes, estudos, amizade, leituras e muito mais, sempre sob a ótica dos valores cristãos, mesmo que nem sempre partam de uma abordagem necessariamente doutrinária. O autor também era conhecido pelo seu bom humor. Especializou-se em escrever para a juventude. Seu propósito de atrair jovens para Cristo nasceu na época em que foi capelão do exército austro-húngaro na Primeira Guerra Mundial, quando conheceu a miséria moral em que já se encontrava a juventude do seu tempo. Tornou-se um conhecido educador, nomeado, em 1924, professor de Pedagogia na Universidade de Pázmány. Em 1916, iniciou um programa de rádio que se tornou famoso no país. Em 1931, foi escolhido para diretor do seminário de Budapeste. Foi sagrado bispo em 1938, mas faleceu pouco depois, em 1939. Em 1943, iniciou-se o processo para a sua beatificação. As obras de Toth podem ser aproveitadas por jovens de todos os tempos, pois tratam de valores e princípios eternos. Ele procura lidar com os anseios mais profundos do ser humano. Por essa razão, podemos afirmar que seus escritos não são indicados exclusivamente para jovens, mas também para pais, pedagogos e todas as pessoas
desejosas de, a qualquer época da vida, crescer no amor a Deus.

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* TOTH, Tihamer, O jovem de caráter, São Paulo: Molokai, 2016, pp.15-16.
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Escândalo! Folhetos da santa Missa estão sendo usados para panfletagem socialista!

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VIVEMOS TEMPOS insanos. Muitos católicos haverão de se lembrar do episódio ocorrido há alguns anos, quando, por ocasião das eleições presidenciais de 2010, o heroico bispo emérito de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, foi perseguido – fora e dentro da Igreja – por ter se envolvido na distribuição de folhetos que alertavam o povo católico contra candidatos que apoiassem a descriminalização do aborto. Imediatamente o PT, que tinha e tem como meta de governo a legalização do aborto em nosso país, sentindo-se prejudicado, registrou boletim de ocorrência(!) contra o prelado (pela distribuição dos folhetos) e entrou com processo legal contra o mesmo. Na época, a Justiça Eleitoral determinou a apreensão dos panfletos e houve grande polêmica, amplamente promovida pela mídia televisiva.

A apreensão do material foi um claro ato de censura política totalmente ilegítima, tanto assim que foi posteriormente considerada ilegal pelo Ministério Público Federal (após as eleições...), e o material veio a ser finalmente liberado, dois anos depois.

Dom Luiz Bergonzini
“Não tenho partido político; sou contra o aborto e a favor da vida”, declarou a época Dom Bergonzini, que chegou a ser agredido fisicamente por militantes do PT, os quais cercaram sua casa berrando palavrões e soltando rojões durante as madrugadas: “Cheguei a ser ameaçado”, disse o bispo à Imprensa, e advertiu, em entrevista à revista Veja: “Ninguém pode botar um cadeado, uma mordaça, na minha boca. Podem apreender o papel, mas nada altera as minhas convicções”1.

Mais triste do que todos esses fatos lamentáveis, entretanto, é o fato de que partiram perseguições e pesadas críticas ao bom pastor também do interior da própria Igreja, da parte dos irmãos de Dom Bergonzini, que deveriam maciçamente apoiá-lo nessa causa indiscutivelmente justa e coerente com a doutrina da Igreja.

Por que trazemos novamente à tona este assunto do passado, (infelizmente) já esquecido pela maioria dos fiéis católicos? Porque há algo muitíssimo mais grave acontecendo agora, no presente, e que não provoca grandes reações; uma ação indubitavelmente ilegal e criminosa, e ainda pior, um ato de traição sendo perpetrado no interior da própria Igreja, especialmente nas paróquias periféricas, atingindo fiéis humildes e talvez ingênuos, e que, entretanto, parece não provocar a indignação de ninguém, a não ser um ou outro cristão consciente como nossa leitora Juliana Ricchini, que nos enviou a imagem abaixo e mensagem ao Bispo da região episcopal em questão, exigindo uma explicação e uma providência.

Não vemos, todavia, nenhuma grande polêmica acontecendo, não vemos nenhum jornalista importante escrevendo sobre o assunto, nenhum fiel católico influente tomando providências, nenhuma ação sendo movida, nenhum processo... Principalmente, não vemos nenhuma ação da parte de nossos bispos ou especialmente de nosso Cardeal Arcebispo de São Paulo, diante do escândalo que representa esta verdadeira aberração.

Os folhetos das santas Missas de domingo da paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera, como o do dia 19 de março de 2017, que se vê na imagem abaixo, são recheados de textos revolucionários explicitamente socialistas e político-partidários, incitando a população à revolta e propagandeando o pensamento marxista/classista, incluindo apologia ao feminismo, ao movimento LGBTs e às ações do MTST (sim!), chegando ao cúmulo de finalizar com o famigerado grito de guerra "Fora Temer!", verdadeiro mantra dos petistas e seus coligados(!):



Talvez a maior pérola nesta "obra de arte" de folheto de Missa seja o trecho que afirma a necessidade de um "projeto para reconstruir a esquerda no país e superar os modelos de conciliações de classe". Em outras palavras, eles não querem conciliação de espécie alguma; o "Dai a César o que é de César" foi descaradamente substituído pela incitação à revolução, que deve ser promovida por todos os meios, até pela violência e o desrespeito do direito e/ou da vontade do próximo (que no caso do Brasil é a maioria), se necessário. Note-se que, aqui, não se trata de combater determinada ação de um governo –, o que já seria errado e inadmissível nos espaços sagrados e no folheto da santa Missa –: trata-se de uma clara e assumida campanha contra o governo atual e propaganda declarada de uma determinada ideologia política.

* * *

Transformaram, já há tempos, as nossas igrejas e ambões em palanques políticos; agora, transformam nossas paróquias em diretórios de partido político, para a distribuição de material de propaganda socialista, quando transformam o folheto da Missa –, o missal do Sacrifício de Cristo! –, em panfleto comunista. Isto não é só desrespeito: é traição e também profanação.

Os mesmos que tanto se indignaram contra Dom Luiz Bergonzini, acusando-o de prejudicar a candidatura do PT com os seus folhetos anti-aborto, aqueles mesmos que tão furiosamente bradavam que a Igreja não pode ter partido político, agora, diante deste criminoso e apostático uso do material que deveria servir à sagrada Liturgia como meio de propaganda política, voltam seus olhares plácidos para outro lado...

Enviaremos, o mais breve possível, carta ao revmo. Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, com a denúncia do crime aqui apresentado e sua referida comprovação, e pedindo uma atitude concreta que impeça tal absurdo de continuar ocorrendo, livremente e sob a anuência do respectivo pároco2. A íntegra desta carta publicaremos também neste site, para que se torne pública. Aos leitores que quiserem participar desta iniciativa, pedimos que nos enviem por e-mail ou deixem abaixo, no espaço para comentários, nome completo e documento de identificação (RG).

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1. Em entrevista ao jornalista Reinaldo de Azevedo, disponível em:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/exclusivo-8211-petistas-intimidaram-e-xingaram-dom-luiz-bispo-de-guarulhos-que-recebeu-ameacas-mas-ele-nao-se-cala-recomendo-voto-contra-dilma-por-causa-de-suas-ideias-favoraveis-ao-aborto/
Acesso 20/3/017

2.
 
O 'padre' Paulo Sérgio Bezerra, que escandalosamente vem trabalhando contra a Igreja infiltrado dentro da própria Igreja há anos, com ações como esta e compondo 'orações' deste tipo, sem que nenhuma providência tenha sido tomada até agora.
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Esperança em tempos de guerra... Interior!

O ator italiano Gigi Proietti interpreta São Filipe Neri

Por Felipe Marques – Fraternidade São Próspero


É DO CONHECIMENTO de todos que a Santa Igreja Católica sofreu, sofre e sempre sofrerá perseguições de todos: muçulmanos, comunistas, globalistas. Entretanto, o que mais escandaliza alguns fiéis, hoje em dia, é ver a Igreja sendo perseguida e destruída por dentro, pelos próprios católicos que deveriam amar e cuidar de sua Santa Madre... Se você é um desses fiéis, deixo esta mensagem de esperança do biógrafo Guilherme Sanches Ximenes:

Nas épocas de especial dificuldade para a Igreja, Deus parece suscitar inúmeros Santos para que a reergam e façam brilhar novamente no seu rosto a sua eterna beleza de Esposa de Cristo. Assim aconteceu naqueles anos da Renascença, ensanguentados pelos povos em guerra em toda Europa, enlameados pela decadência moral da população, escandalizados com o espetáculo de papas preocupados com o prazer, as honras, as artes ou a política, com uma Igreja despedaçada pela revolta e pelo cisma. Diante desse panorama em que tudo parecia sem solução, Deus quis mostrar como cuida da sua Igreja, e como realmente as portas do Inferno não prevalecerão contra Ela (Mt 16, 18): foi nesses cem anos que nasceram Teresa de Ávila, Pedro de Alcântara, João da Cruz, Camilo de Lélis, Inácio de Loyola, Francisco Xavier, Carlos Borromeu, Francisco de Sales, Filipe Neri e tantos outros Santos que realizaram um trabalho de renovação nunca dantes visto, apoiado inteiramente na humildade, na obediência, na fidelidade, na caridade – na renovação interior, numa palavra.1

Se os tempos são difíceis, por outro lado, Deus continua nos chamando à sermos luz do mundo e sal da Terra. Se você ama Santos e Santas e os admira como heróis, saiba que você também é chamado a ser como eles! Sim, seja o herói que você tanto admira, torne-se o Santo ou a Santa que Deus quer que você seja. Lembre-se: a Igreja Católica não precisa mudar a doutrina, nem nada do tipo... A única coisa que precisa mudar na Igreja Católica são os próprios católicos!

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1. XIMENES. Guilherme Sanches. Filipe Neri, o sorriso de Deus. São Paulo: Quadrante, 1998.
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A família cresce

COM MUITA ALEGRIA em Nosso Senhor, a Fraternidade Laical São Próspero vem apresentar aos leitores de "O Fiel Católico" o seu mais novo e ilustre colaborador, o Prof. Dr. Rudy Albino Assunção, que entre outras coisas é um dos maiores especialistas em Ratzinger do nosso país e de língua portuguesa. Publicamos a seguir o texto de apresentação de autoria do próprio.



Eu, descendente de portugueses e italianos, no Batismo recebi um nome alemão, inglês, sei lá − Rudy − talvez porque o Senhor queria me lembrar desde o início que aqui não temos cidade permanente e que estamos neste mundo como “paroquianos”, como estrangeiros e peregrinos (cf. Hb 13, 14). Não é à toa que a Providência me tirou de Santa Catarina, onde nasci, e me trouxe para o Ceará. Troquei a polenta e a minestra pelo baião de dois. 

Sou (bem) casado com Renata S. de Assunção e pai de dois meninos espertos e vivazes, Bento José e Lucas. Minha inclinação mais natural sempre foi para a docência: gosto de ensinar, pois é isso que me move a aprender. Hoje leciono no Centro Universitário Católica de Quixadá, no qual sou também Coordenador do Núcleo de Fé, Razão e Cultura.

Rudy Assunção ao lado do
homem que mudou sua vida
Fiz Bacharelado em Filosofia, Mestrado e Doutorado em Sociologia, mas minha relação com a Teologia há muito deixou de ser um flerte, pois é uma paixão que já virou casamento. Há quase duas décadas descobri o pensamento de um teólogo alemão que mudou minha vida: Joseph Ratzinger, depois Bento XVI. Também ele professor, ensinou-me a lição mais preciosa: o cristianismo não é uma ideia, mas o Encontro com uma Pessoa, Jesus Cristo (cf. Deus Caritas est, n. 1). Hoje, depois de minha família, Bento XVI é a minha companhia diária, como foi particularmente nos últimos quatro anos, período no qual escrevi minha tese doutoral sobre a relação entre a Igreja e modernidade de acordo com a visão dele.

Assim, frequento sua obra como quem vai à casa de um amigo. Estudar o seu pensamento tornou-se um “chamado”, ao qual eu respondo com alegria. E minha contribuição para a revista (e o site 'O Fiel Católico') é uma forma de ser fiel a ele. Na verdade, a Ele.

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* Bacharel em Filosofia (2005) pelo Centro Universitário de Brusque, Mestre (2010) e Doutor (2016) em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina. Em sua tese, aprofundou o tema “O ‘espírito da modernidade’ na visão de Joseph Ratzinger-Bento XVI”. Realizou seu estágio de doutorado sandwich na Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), sob a supervisão de Pablo Blanco Sarto, especialista de língua espanhola com ampla bibliografia sobre a teologia ratzingeriana. Sobre Bento XVI apresentou o artigo “Joseph Ratzinger e o primado da verdade na política: um confronto com Hannah Arendt” no II Simpósio Internacional sobre Joseph Ratzinger na PUC-RJ (novembro de 2012) depois reproduzido em Lumen Veritatis, São Paulo, v. 6, n. 24, 2013, p. 89-110 e, igualmente, na obra da Fundação Vaticana Joseph Ratzinger-Bento XVI, “O que faz que o homem seja homem. Memórias do segundo Congresso Internacional da Fundação Vaticana Joseph Ratzinger-Bento XVI”, São Paulo, Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 67-88. Organizou e apresentou todos os textos e entrevistas do então Cardeal Ratzinger na edição brasileira da revista italiana "30 Giorni nella Chiesa e nel mondo", publicados com o título "Ser cristão na era neopagã", em três volumes, pela Editora Ecclesiae, 2014, 2015, 2016.

Produção bibliográfica: Autor do livro "O Sacrifício da Palavra, a liturgia da Missa segundo Bento XVI", Campinas: Ecclesiae. Organizador e autor, com Gilcemar Hohemberger, da obra coletiva "O Primado do Amor e da Verdade, o patrimônio espiritual de Joseph Ratzinger-Bento XVI", São Paulo: Fons Sapientiae, 2017. Tradutor de "Bento XVI: um mapa de suas ideias", São Paulo: Molokai, 2016, de Pablo Blanco, e "Contra o Cristianismo: a ONU e a União Europeia como nova ideologia", Campinas, Ecclesiae, 2013, de Eugenia Rocella e Lucetta Scaraffia.
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Profecia de Ratzinger sobre o futuro da Igreja, feita em 1969

Por Pe. Richard Heilman
Tradução de Henrique Sebastião



PARA UMA RÁDIO alemã, no ano 1969, o então padre Joseph Ratzinger ofereceu uma impressionante previsão sobre o futuro da Igreja, em detalhes de sinais que sem dúvida já estamos assistindo nos nossos tempos. O conteúdo da referida entrevista, postado pelo padre Richard Heilman no portal "Roman Catholic Men", reproduzimos abaixo:

O futuro da Igreja pode e vai sair daqueles cujas raízes são profundas e que vivem da plenitude pura de sua fé. Não será daqueles que se acomodam apenas ao momento de passagem ou daqueles que meramente criticam os outros e assumem que eles próprios são varas de medição infalíveis; nem será daqueles que tomam o caminho mais fácil, que esquivam a paixão da fé, declarando falsa e obsoleta, tirânica ou legalista tudo o que faz exigências aos homens, que os fere e os obriga a sacrificar-se.

Para expor isto de modo mais positivo: o futuro da Igreja, uma vez mais e como sempre, será remodelado pelos santos –, pelos homens –, ou seja, por aqueles cujas mentes sondam mais profundamente do que os slogans do momento, que veem mais do que os outros veem, porque suas vidas abraçam uma realidade mais ampla. O altruísmo, que liberta os homens, só é alcançado através da paciência, nos pequenos atos cotidianos de abnegação. Por esta prática diária, que revela a um homem de quantas maneiras ele é escravizado pelo seu próprio ego, os olhos de um homem são lentamente abertos. Ele enxerga apenas na medida em que viveu e sofreu.

Se hoje já não conseguimos mais tomar consciência de Deus, é porque achamos tão fácil evadir-nos, fugir das profundezas de nosso ser, seja por meio dos narcóticos ou de algum ou outro prazer. Assim, nossas próprias profundidades interiores permanecem fechadas para nós mesmos. Se é verdade que um homem só pode ver com o seu coração, então, quão cegos somos!

Como tudo isso afeta o problema que estamos examinando? Significa que a grande conversa daqueles que profetizam uma 'Igreja sem Deus' e 'sem fé' é apenas conversa vazia. Não precisamos de uma Igreja que celebre o culto da ação nas orações políticas. Isto é absolutamente supérfluo. Portanto, tal 'igreja' se destruirá. O que permanecerá é a Igreja de Jesus Cristo, a Igreja que crê no Deus que se tornou homem e nos promete vida além da morte. O tipo de padre que não passa de assistente social pode ser substituído pelo psicoterapeuta e outros especialistas; mas o sacerdote que não é apenas 'um especialista', que não se mantém à margem observando o jogo, dando conselhos 'oficiais', mas em Nome de Deus se coloca à disposição do homem e permanece ao lado dele em suas tristezas, alegrias, esperanças e medos.

Vamos dar um passo adiante. Da crise de hoje surgirá a Igreja do amanhã – uma Igreja que perdeu muito. Ela vai se tornar pequena e terá que começar de novo mais ou menos desde o início. Ela não poderá mais habitar muitos dos edifícios que construiu em prosperidade. À medida que diminuir o número de seus adeptos, perderá muitos dos seus privilégios sociais. Em contraste com uma idade mais precoce, será vista mais como uma sociedade voluntária, na qual se entra entra apenas por livre decisão. Como uma sociedade pequena, fará demandas muito maiores na iniciativa de seus membros individuais. Indubitavelmente, ele descobrirá novas formas de ministério e ordenará ao sacerdócio os cristãos aprovados que perseguem alguma profissão. Em muitas congregações menores ou em grupos sociais autônomos, a assistência pastoral será normalmente fornecida desta forma. Ao lado deste lado, O ministério de tempo integral do sacerdócio será indispensável como antigamente. Mas, em todas as mudanças que se podem adivinhar, a Igreja encontrará de novo a sua essência e com convicção naquilo que sempre esteve no seu centro: a fé no Deus Trino, em Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, na Presença do Espírito até o fim do mundo. Na fé e na oração ela reconhecerá novamente os Sacramentos como a adoração de Deus e não como um assunto para a erudição litúrgica.

A Igreja será uma Igreja mais espiritual, não presumindo um mandato político, flertando tão pouco com a esquerda como com a direita. Será difícil para a Igreja, pois o processo de cristalização e clarificação lhe custará muita energia valiosa. Isso a fará pobre e fará com que ela se torne a Igreja dos mansos. O processo será ainda mais árduo, pois a estreiteza sectária, assim como a auto-vontade pomposa, terão de ser derramadas. Pode-se prever que tudo isso levará tempo. O processo será longo e cansativo como foi o caminho do falso progressismo na véspera da Revolução Francesa –, quando um bispo podia ser visto como 'inteligente' se zombasse dos dogmas e até insinuasse que a existência de Deus não era certa –, para a renovação do século XIX.

Mas quando esta 'peneiração' tiver passado, um grande poder fluirá de uma Igreja mais espiritualizada e simplificada. Os homens, em um mundo totalmente planejado, se encontrarão indescritivelmente solitários. Se eles perderem completamente a visão de Deus, sentirão todo o horror de sua pobreza. Em seguida, descobrirão o pequeno rebanho de crentes como algo totalmente novo. Eles a descobrirão como uma esperança para eles, uma resposta a qual sempre procuraram em segredo.

E assim, parece-me que a Igreja está enfrentando tempos muito difíceis. A verdadeira crise mal começou. Teremos de contar com grandes tréguas. Mas estou igualmente certo sobre o que permanecerá no final: não permanecerá a Igreja do culto político, que já está morto, mas a Igreja da Fé. Pode muito bem não ter mais o poder social dominante que teve até recentemente; mas vai desfrutar de um frescor e um reflorescimento e será vista como Casa do homem, onde ele vai encontrar vida e esperança para além da morte.

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Fonte:
https://catholicismpure.wordpress.com/2016/06/25/father-joseph-ratzinger-1969-prediction-of-the-future-of-the-church/?utm_content=buffer8d4c1&utm_medium=social&utm_source=facebook.com&utm_campaign=buffer
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A Graça Batismal, o futuro incerto do mundo e o conforto dos cristãos


O FREI MARIA-Eugênio do Menino Jesus, ocd1, lá pelos fins dos anos 1950/ inícios dos 1960, como autêntico místico católico parece ter profetizado, com assombrosa precisão, os tempos em que agora vivemos. O que consola é constatar que a solução para os males de sempre permanece, igualmente, a mesma de sempre. O texto a seguir representa parte do conteúdo do livro "Ao Sopro do Espírito" (Paulus, 2010), na verdade uma compilação de conferências organizadas pelo pe. Carlos Niqueux.


Riquezas espirituais

É uma linguagem espiritual, unicamente espiritual, que eu quereria ter convosco. Entretanto, começando, não posso me impedir de sublinhar que vivemos num mundo inquieto, agitado. Qual é a causa dessa agitação, dessa inquietação? Vocês a conhecem, como eu, talvez melhor do que eu.


Um mundo inquieto e agitado

Povos jovens se erguem e afirmam suas aspirações a uma vida pessoal independente, talvez a um poder dominante. Além disso, no mundo instalam-se também atualmente ideologias poderosas, que parecem querer destruir nossa velha civilização cristã. Essas ideologias não ocultam que têm uma nova concepção da civilização e mesmo do homem; seduzem com promessas enganadoras não somente indivíduos, mas até massas inteiras, ávidas por felicidade. Se vemos nos países aspirações puramente humanas, é muito possível que nas ideologias haja mais do que isso, ou seja, verdadeira ação do espírito do mal que gostaria de atingir os valores espirituais e a Igreja que os possui.

Diante das ameaças, ficamos inquietos, e talvez nossa inquietação seja legítima. Qual será o futuro? O que seremos nós, o que será de nosso país, da Europa, do mundo, em quinze anos, em vinte anos? É bem difícil prever. Temos a impressão de que viveremos acontecimentos jamais vistos.


As lições da história

Entretanto, se quisermos considerar melhor e a história e suas lições, nos convencemos facilmente de que a história do mundo e dos povos é feita de reviravoltas parecidas. Se considerarmos a história da China ou da Índia, que parecem apresentar-nos as mais antigas civilizações, datadas provavelmente de sete ou oito mil anos antes de Nosso Senhor, vemos aí a civilização atual como o resultado de reviravoltas de que seus povos foram vítimas no correr dos milhares de anos: invasões, ondas de povos, oligarquias que se estabeleceram.

Vemos no Oriente Médio impérios que se destruíram sucessivamente: os medos, os persas, os gregos, com Alexandre, e os romanos. Graças à ordem que estes parecem estabelecer no mundo, Jesus pode dar sua mensagem. A Encarnação tem efeitos mundiais, como dirá São Paulo (conf. Ef 1,9; Cl 1,15-20); trata-se do mundo conhecido.

Roma, convertida para o Cristianismo, tornando-se campeã da civilização cristã, também sofre assaltos dos bárbaros. E esses bárbaros são ganhos, sucessivamente, pelo Cristianismo. Cuida-se das chagas durante certo tempo; empreendem-se pesquisas novas sobre Deus... Uma filosofia, uma teologia, uma arte se estabelecem no século XIII, e tudo parece entrar na ordem, até que esta ordem seja agitada de novo por outras perturbações.

Que lição se pode tirar destes acontecimentos?


Supremacia da inteligência

Há vários fatos que decorrem como que normalmente: em primeiro lugar, certa supremacia da inteligência. Em todos esses choques

Em todos esse choques, esses transtornos, essas lutas de civilizações, de impérios e de culturas, é habitualmente a inteligência mais afinada que acaba dominando. É vencida durante certo tempo, como a cultura grega pelo Império Romano, mas acaba voltando e afirmando seu poder. Nas lutas entre homens, a inteligência vai dominar a superioridade da inteligência vai assegurar a supremacia.


O poder do Espírito

Há outra coisa. A expansão do cristianismo nos coloca diante de outras forças: são forças espirituais. Jesus veio, e antes de morrer, de sofrer sua suprema derrota no Calvário, Ele afirma: “Eu venci o mundo. Vós tereis de lutar. Sereis vencidos. Sereis mortos. Mas, tende confiança: Eu venci o mundo” (Jo 16,33). Supremacia da inteligência, supremacia das forças espirituais... Sim, a Igreja a que pertencemos não sucumbirá sob os golpes, ela subsistirá a todos os transtornos, revoluções, transformações, maremotos, venham de onde vierem, causados por qualquer força da inteligência humana ou por qualquer força do inferno. É a conclusão que devemos tirar.


O inventário de nossas forças espirituais

Nessa inquietação em que vivemos, diante dessas ameaças, sem dúvida eficazes até certo ponto, o que fazer?

Nosso grande dever, especialmente para nós, cristãos, é fazer o inventário de nossas forças espirituais e colocar nossa esperança nas forças espirituais. Não somente sob o ponto de vista sobrenatural para nós, mas também as esperanças para a sociedade. É preciso que essa inquietação e agitação nos conduzam a um aprofundamento, a uma estima bem maior pelas forças espirituais que nos foram dadas. Elas nos levam para o espiritual, para Deus: é aí que está a suprema esperança, para cada um de nós, para a nossa salvação individual e para a salvação também da humanidade, em toda medida com que ela pode ser salva.

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1. Henri Grialou nasceu dia 2 de dezembro de 1894 num modesto lar de Aveyron (França) e ainda criança desejou ser sacerdote. Depois da Primeira Guerra Mundial, momento em que sentiu a poderosa proteção de Santa Teresinha do Menino Jesus, recomeçou os estudos no seminário, dando aí testemunho de uma profunda vida espiritual. 
A descoberta dos escritos de São João da Cruz revelou-lhe sua vocação ao Carmelo, entrou assim para esta Ordem no dia 24 de fevereiro de 1922, logo após a sua ordenação sacerdotal. Onde adotou o nome de Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus.

Marcado pelo absoluto de Deus e pela graça marial do Carmelo, o Frei Maria-Eugênio serviu com devoção e empenho a Igreja e a sua Ordem, desempenhando cargos de grande responsabilidade na França e em Roma.


Dedicou-se plenamente à difusão do espírito e da doutrina do Carmelo, desejando que estes fossem vividos na vida cotidiana, numa harmoniosa união de ação e contemplação.


A transmissão do ensinamento dos mestres do Carmelo – Santa Teresa d’Ávila, São João da Cruz e Santa Teresinha – foi iluminada pela sua própria experiência de contemplativo e apóstolo, e culminou na redação do livro Quero ver a Deus.


Em 1932, com a colaboração de Marie Pila, fundou o Instituto Nossa Senhora da Vida na cidade de Venasque, França, junto a um antigo santuário mariano, do mesmo nome. Este intituto secular, de leigos(as) consagrados e sacerdotes, coloca em prática o ideal do Frei Maria-Eugênio de uma vida onde a ação e a contemplação são bem unidas, de tal modo que a contemplação estimula a ação e a ação estimula a contemplação, para assim dar testemunho do Deus vivo ao mundo.


Como sacerdote e diretor espiritual, ele conduziu incansavelmente no caminho da confiança e do amor, certo de que a misericórdia divina se derrama sempre e abundantemente!


Toda a vida do Frei Maria-Eugênio foi marcada por uma poderosa influência do Espírito Santo e da Virgem Maria. Respondendo à fidelidade do seu amor, a Virgem Maria veio buscá-lo no dia 27 de março de 1967, numa segunda-feira de Páscoa, dia em que ele fazia questão de celebrar a alegria pascal de Maria, Mãe da Vida.


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Fonte:

MENINO JESUS, Fr. Maria-Eugênio do, ocd. Ao Sopro do Espírito. São Paulo: Paulus, 2010, pp. 55-56.
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A verdadeira misericórdia versus o orgulho humano

AS REFLEXÕES DO FREI Jacques Phillippe são atemporais. Este post é a reprodução de um trecho de "A verdadeira Misericórdia", sua obra mais recente. 



A Misericórdia e a Mãe de Deus

Homilia pronunciada no dia 8 de dezembro de 2015 no Thomas More College of Liberal Arts, Merrimack, New Hampshire

NESTE DIA (Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria), celebramos a sua beleza, a sua pureza e a sua liberdade de toda forma de pecado, um sinal da vitória de Deus. Na bula Misericordiae Vultus, em que proclama o início do ano jubilar, o Papa Francisco diz:

Depois do pecado de Adão e Eva, Deus não quis deixar a humanidade sozinha à mercê do mal. Por isso, pensou e quis Maria santa e imaculada no Amor (cf. Ef 1, 4), para que se tornasse a Mãe do Redentor do homem. Perante a gravidade do pecado, Deus responde com a plenitude do perdão. A misericórdia será sempre maior do que qualquer pecado.

São palavras de esperança. A Misericórdia de Deus será sempre maior do que os nossos pecados, e é isso que contemplamos no mistério da Virgem Maria.

Por esse motivo, a Virgem Maria pode nos ajudar a receber todas as graças (...). Maria em pessoa é a Porta da Misericórdia, pois, por ela, a Misericórdia de Deus entrou no mundo. Podemos dizer que Jesus é a misericórdia do Pai em Pessoa, porque pela Pessoa de Jesus o Amor misericordioso do Pai revelou-se a fim de alcançar todos os seres humanos, nos seus defeitos, nas suas feridas e nas suas fraquezas.

A Misericórdia de Deus é completamente gratuita. É uma Fonte abundante de ternura, de generosidade e de amor incondicional. Não precisamos comprá-la, não precisamos merecê-la: ela nos é dada de graça. A Misericórdia é todo esse Amor de Deus, esse Amor que encontra cada um de nós na nossa pobreza e na nossa necessidade.

Em latim, "misericórdia" é uma composição de duas palavras: "miséria" e "coração". E quando falamos de Misericórdia divina, falamos do Coração de Deus que vem ao encontro das misérias humanas. As feridas do pecado, o mal dentro de nós que se alimenta da tristeza e do desânimo: a Misericórdia de Deus visita tudo isso. Essa Fonte gratuita e abundante sai ao encontro de cada homem, de cada mulher, e assume uma forma adequada à necessidade de cada um. O sofrimento e a aflição são o objeto real do carinho de Deus. Deus é o Bom Samaritano, que vem cuidar das nossas feridas.

Assim, como Maria pode nos ajudar a compreender e acolher o mistério da misericórdia? Penso que o papel dela é muito importante, ainda que discreto, como é próprio de todas as suas ações. Ela nunca quer ser protagonista; sempre nos guia para o seu Filho. Por isso podemos nos confiar a ela e deixar que nos conduza. Podemos dar muitos motivos para isso, e talvez o primeiro seja o fato de Maria ser a pessoa mais perto de Deus, a que o conhece mais profundamente. E ela quer nos comunicar esse conhecimento.

Na homilia proferida em Fátima na beatificação de dois videntes (Jacinta e Francisco), São João Paulo II recordava uma das aparições da Virgem em que uma espécie de raio de luz envolveu as crianças e elas foram então imersas no Mistério de Deus. O Papa explicou que era um desígnio divino que a "mulher vestida de sol" descesse à Terra a fim de visitar aqueles pequeninos. Explicou ainda como ela lhes pediu com palavras protetoras e compassivas – saídas "da voz e do coração de uma mãe" – para oferecerem a própria vida como "vítima de reparação". As crianças viram uma luz sair das mãos de Maria, uma luz que lhes penetrava a alma e as fazia sentirem-se unidas a Deus, absortas no Amor dEle. Sentiam que esse Amor era um fogo ardente, mas não abrasador. O Papa compara essa experiência à de Moisés diante da sarça ardente. Deus nos apresenta o seu Amor e a sua proteção como um fogo que arde de amor por nós. E se nós o acolhermos, seremos "morada e, consequentemente, 'sarça ardente' do Altíssimo".

(...) Vemos no Evangelho que a Misericórdia de Deus é o maior dos mistérios e o mais belo dos tesouros. Contudo, temos dificuldades em aceitá-la.

Não é fácil acolher a Misericórdia de Deus. Também vemos isso no Evangelho, e vemos ainda na nossa vida diária. Temos dificuldades em aceitar a Misericórdia de Deus porque na verdade temos pouca confiança no perdão de Deus.

Permitam-me um pequeno exemplo. Como padre, encontro com frequência gente que me diz: "Uns anos atrás, cometi esse pecado grave e fui me confessar. Acho que Deus me perdoou, mas parece que não consigo me perdoar". Ouço isso o tempo todo.

Essa atitude pode surgir por alguns motivos. Talvez tenha a ver com a psicologia humana, mas sem dúvida existe uma falta de confiança. Não acreditamos verdadeiramente na realidade do perdão de Deus, de maneira que nem sempre o acolhemos plenamente. Deus nos perdoa, mas nós somos incapazes de nos perdoar.

(...) Não raro temos dificuldade em aceitar a Misericórdia de Deus; não nos perdoamos nem mesmo quando Deus já nos perdoou. Às vezes o motivo é o orgulho: "Não aceito ser uma pessoa que caiu, uma pessoa que cometeu erros. Eu queria ser perfeito, infalível. Mas cometi erros que não consigo aceitar". Isso brota de uma certa forma de orgulho. Temos dificuldade em aceitar que dependemos da Misericórdia de Deus. Gostaríamos de ser capazes de nos salvar por conta própria. Gostaríamos de ser a nossa própria riqueza, de ser ricos com base nas nossas boas ações e qualidades. Não nos é fácil aceitar que somos pobres de coração. Receber tudo da Misericórdia de Deus – aceitar que Deus é a nossa Fonte de riqueza, e não nós mesmos – requer uma grade "pobreza de coração" (humildade).

(...) Não conseguimos aceitar que Deus possa ser tão generoso com pobres pecadores. Mas é melhor aceitarmos, porque há sempre um momento nas nossas vidas em que nós somos os pobres e pecadores, quando mesmo as pessoas mais elevadas caem no pecado.

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Fonte:
PHILLIPPE, Jacques. A verdadeira Misericórdia, São Paulo: Quadrante, 2016.

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Vaticano reitera: homens com tendências homossexuais não devem ser padres

Seminaristas do Pontifício Seminário Lombardo com o papa Francisco

EM UM NOVO DOCUMENTO sobre o sacerdócio, a Congregação para o Clero do Vaticano reiterou que os homens com "tendências homossexuais profundamente enraizadas" não devem ser admitidos aos seminários católicos e, portanto, não devem se tornar padres católicos.

Essa posição já havia sido declarada pela Congregação para a Educação Católica em 2005, mas foi reafirmada em documento divulgado em dezembro de 2016. Este novo documento, no entanto, não se restringe à questão dos padres gays. Trata também do valor das vocações indígenas e imigrantes e da importância de inocular futuros sacerdotes contra a infecção do chamado "clericalismo".

O novo texto, intitulado O Dom da Vocação Presbiterial, foi datado de quinta-feira, 8 de dezembro, Festa da Imaculada Conceição e feriado na Itália. O texto completo pode ser encontrado aqui. A seção relativa à aceitação de homens que vivenciam a atração pelo mesmo sexo retira a maior parte de seu conteúdo de uma Instrução sobre os Critérios para o Discernimento das Vocações a respeito de Pessoas com Tendências Homossexuais, tendo em vista sua Admissão ao Seminário e às Ordens Sagradas (leia), da Congregação para a Educação Católica em 2005, pouco depois da eleição do Papa Papa Bento XVI.

"Se um candidato praticar a homossexualidade ou apresentar tendências homossexuais profundas, seu diretor espiritual, bem como seu confessor têm o dever de dissuadi-lo em consciência de proceder à ordenação", diz o documento, em uma citação direta do texto de onze anos atrás.

Assim como o documento anterior foi aprovado por Bento XVI, o mais atual foi aprovado pelo Papa Francisco. Diz ainda o documento que, quando se trata de homens "gays" que querem entrar no seminário ou descobrem que têm "tendências homossexuais" durante os anos de formação, a Igreja, "respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir no seminário ou nas ordens sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente arraigadas ou apoiam a chamada 'cultura gay'".

Também diz que a Igreja não pode esquecer "as conseqüências negativas que podem derivar da ordenação de pessoas com tendências homossexuais profundamente arraigadas". O documento faz uma exceção para os casos em que as "tendências homossexuais" são apenas "a expressão de um problema transitório – como por exemplo o de uma adolescência ainda não substituída". Em qualquer caso, entretanto, as normas indicam que essas tendências têm de ser superadas pelo menos três anos antes da ordenação para o diaconato.

Desde o documento de 2005, muitos seminários e programas de formação em ordens religiosas interpretaram-no com o sentido de não aprovar apenas os candidatos incapazes de viver o celibato ou aqueles diretamente comprometidos com o ativismo "gay", e não como proibição geral de todos os candidatos ditos "gays". Como o novo documento é claríssimo, resta saber como serão (e se serão de fato) aplicadas essas orientações recentemente publicadas.

De acordo com a introdução do texto, o documento de mais de 90 páginas foi solicitado por vários fatos, incluindo os ensinamentos dos últimos três Papas – Francisco e seus antecessores imediatos – que escreveram extensivamente sobre seminaristas e formação sacerdotal.

O primeiro rascunho do documento foi escrito na primavera de 2014, e desde então modificado com o feedback recebido de várias conferências episcopais ao redor do mundo, que o revisou, junto com departamentos do Vaticano como a Congregação para a Evangelização do Povos, Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

As novas diretrizes têm um alcance global, ou seja, devem ser implementadas não só por todas as conferências episcopais, mas também por todas as ordens religiosas e prelaturas pessoais católicas. Além disso, cada país também deve produzir suas próprias diretrizes nacionais fundamentadas em O Dom da Vocação Presbiterial.

O documento ainda apela a um estágio propedêutico de formação, que significa uma introdução ao vida de sacerdócio, em parte refletindo o fato de que muitas culturas já não transmitem automaticamente um sentido do real significado e do papel de um padre, sugerindo que essa fase introdutória deve durar pelo menos um ou dois anos, e especifica que esse período introdutório deve incluir a vida sacramental, a aprendizagem da Liturgia das Horas, a familiaridade com a Sagrada Escritura, a oração mental, a leitura espiritual e também o estudo do ensino da Igreja através do Catecismo da Igreja Católica.

Indo além, o documento pede mais atenção à formação permanente, ou seja, a formação dos sacerdotes após a ordenação, e não deixa de mencionar que as dioceses e ordens religiosas devem estar sempre em alerta para também não admitir potenciais abusadores sexuais ao sacerdócio. "A maior atenção deve ser dada ao tema da proteção de menores e adultos vulneráveis", diz, "vigilante para que aqueles que buscam a admissão em um seminário ou uma casa de formação, ou que já estão solicitando a receber as Ordens Sagradas, Não tenham sido envolvidos de forma alguma com qualquer crime ou comportamento problemático nesta área.

Finalmente, o documento insiste que os futuros sacerdotes sejam "educados para que não se tornem vítimas do 'clericalismo', nem cedam à tentação de modelar suas vidas na busca do consenso popular".

"Isso inevitavelmente os levaria a ficar aquém no exercício de seu ministério como líderes da comunidade, levando-os a pensar sobre a Igreja como uma instituição meramente humana".

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Ref.:
SAN MARTÍN, Inés. 'Vatican reiterates that homosexuals shouldn’t be priests', ag. Crux, disp. em:
https://cruxnow.com/global-church/2016/12/07/vatican-reiterates-homosexuals-shouldnt-priests/
Acesso 10/2/017.

O problema da Igreja Católica são os próprios católicos

Por Felipe Marques – Fraternidade São Próspero


[Se você tem certeza de que já é santo e vive perfeitamente a vida cristã, se considera que está 'salvo' ou se pensa que, por ser Deus amor, então não é preciso aperfeiçoar-se e nem buscar o crescimento espiritual, não leia este artigo: ele contém exortações que não servem para você]

TALVEZ O TÍTULO desse artigo escandalize alguns dos leitores; talvez alguns queiram lê-lo somente por curiosidade; enfim, esse artigo é direcionado às pessoas de boa vontade, católicos acomodados ou que pensam estar em um alto grau de santidade e que por nutrir pensamentos como este, não se dão conta dos perigos do orgulho e da vaidade.

Afirma-se, acertadamente, que aquele que diz: “Eu sou humilde”, já demonstrou, da forma mais clara e direta possível, que não é o que diz ser! Como ensina São Paulo: “Portanto, quem pensa estar de pé veja que não caia” (I Cor 10, 12).

Você católico, nunca perca de vista que todos nós somos pó e que ao pó voltaremos (Gn 3, 19). Essas afirmações são feitas logo de início, porque hodiernamente uma das coisas mais fáceis de encontrar – principalmente nas redes sociais – é o julgamento desmedido e injusto [que fique bem claro aqui: não sou o que chamam “católico jujuba” e não defendo a postura "politicamente correta"; visto que se eu o fosse, nem esse texto seria escrito e nem eu seria católico].

Retomando: o julgamento injusto lançado aos quatro ventos sem objetivo de frutificação nem intenção de ganhar o irmão para Cristo (Mt 18, 15) é uma das infelizes realidades que devemos combater, e resulta muitas vezes do orgulho. Hoje, talvez muito mais do que antigamente, é preciso ser humilde.

Não é minha intenção censurar a correção fraterna, muito menos a divulgação de notícias verdadeiras e que podem ajudar muitos fieis a não serem enganados. A intenção aqui é que você, católico, deixe de ser um hipócrita sem-vergonha, ou que pelo menos lute contra isso! Não quero que você feche os olhos para os problemas no mundo, mas que abra-os com mais vigor para os problemas dentro de você. Pois, é muito fácil levantar bandeiras contra o aborto, e no fim de semana continuar dormindo com a namorada; ou continuar assistindo pornografia; continuar com a masturbação e a impureza; continuar com as fofocas... Concluindo: é fácil se preocupar somente com as atitudes externas e esquecer-se da vida interior! Esquecer-se que antes de converter alguém, você precisa se converter.

Lutar contra o aborto, por exemplo, é algo bom e um dever do católico, assim como lutar contra a injustiça e contra as drogas; essas atitudes devem ser motivadas – essas atitudes são boas e eu as apoio – entretanto, de nada vale preocupar-se somente com aquilo que é externo (por mais importante que seja) e deixar a própria alma perder-se e/ou tornar-se embotada pelo pecado. Você tem dúvida disso? Ora, veja o que o próprio Cristo ensina: “Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida (alma)? ” (Mc 8, 36)

Não adianta, em sua presunção e vaidade, pensar que você vai conquistar o mundo inteiro para Cristo, se você é incapaz de lutar para conquistar a si mesmo. É óbvio que ninguém pode dar a outrem aquilo que não possui. Logo, como você quer dar-se ao Senhor Jesus, que ensina que devemos amá-Lo de todo coração, com toda alma, com todo entendimento e com todas as forças (Lc 10, 27) se você não é, sequer, senhor de si?

Você é escravo dos mais absurdos pecados e mesmo assim ousa ainda levantar-se contra a Igreja Católica, contra os seus santos ensinamentos e contra aqueles que lutam para ter uma vida santa? Realmente, o padre Francisco Faus estava mais que correto quando afirmou: "Nenhum de nós comete a tolice de dizer com a boca: 'Eu sou Deus', mas muitos de nós o dizemos com a vida…".

O problema da Igreja é você, que pensa da seguinte forma ou diz frases como as que seguem: “Sou católico, mas não concordo com tal coisa que a Igreja ensina...”; “Sou católico, mas não vivo a castidade...”; “Sou católico, mas continuo com os mesmos pecados de 'estimação'...”. Será que muitos não percebem que, justamente, o fato de não avançarem na vida em Cristo se deve aos “mas” que acrescentam logo depois de dizer: “Sou católico ”?

Pretendo que você, caro leitor, não pense que será fácil o caminho de santidade, pois lutar contra o pecado – contra o “homem velho” – é algo que deveremos fazer até a morte! Quero justamente que você saiba que deve lutar externamente e também interiormente sem “mas” e sem reservas. Ademais, para os católicos não há dicotomia nessas duas realidades. Você não é católico apenas no domingo; é necessário ter uma Unidade de vida que, por refletir Cristo que habita em cada cristão, deverá iluminar o seu trabalho, os seus estudos e a sua família.

Não desanime! Nunca desista de lutar contra os inimigos do mundo e nunca desista de lutar contra aquilo de mundano que há em você! Aprofunde-se na Doutrina católica, reze mais, busque intimidade com Deus, clame pela ajuda da Santíssima Virgem, lute para ser obediente ao que a Madre Igreja ensina, vá se confessar com mais frequência... É certo que nem todas batalhas serão vencidas, mas, diante de Deus, seremos cobrados pelas cicatrizes da luta! Devemos fazer violência, sim! Porém, violência contra nós mesmos, pois “desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos Céus é arrebatado à força, e são os violentos que o conquistam” (Mt 11,12).

É muito fácil falar que a catequese é uma porcaria, que a liturgia é pessimamente celebrada, que muitos se perdem por falta de conhecimento... Fazendo isso do conforto do seu sofá! Quando o Papa Bento XVI reinava, muitos tentavam apontar diversos problemas em seu pontificado e na forma como ele conduzia o Rebanho; hoje, o Papa Francisco também recebe esses apontamentos e a pergunta que me faço é: será que todos os que acusam os erros alheios estão também acusando os próprios erros? Estão acusando-se a si mesmos? Óbvio que é muito cômodo vigiar os demais, quando na realidade deveríamos estar vigiando a nós mesmos. Apontar para si mesmo e para os próprios erros deve provocar em cada pessoa uma mudança para melhor, uma correção, e isso dói. Não querer mudar é a razão de muitos evitarem o autoconhecimento.

Não tenha medo de clamar a Deus o perdão, não tenha vergonha de humilhar-se diante d’Aquele que É (Ex 3, 14), e pedir ajuda para mudar, pois você é um miserável e a justiça começa quando o homem se reconhece miserável e acusa-se a si mesmo. Todas as ameaças que a Igreja sofre por parte dos muçulmanos, dos comunistas e dos globalistas não prevalecerão se os católicos sempre lutarem por santidade; como consequência dessa luta interior, esses mesmos católicos irão naturalmente lutar contra as ameaças exteriores. Porém, se os católicos continuam obstinados no pecado, a vitória tardará cada vez mais! Mesmo com os pecados dos fiéis, jamais perca a esperança na Igreja De Cristo, e nisso o papa Bento XVI nos ajuda e muito com a seguinte frase: “O mal fará sempre parte da Igreja. Aliás, se se considera tudo o que os homens – e o clero – fizeram na Igreja, isso se transforma numa prova a mais de que é Cristo que sustenta e que fundou a Igreja. Se dependesse somente dos homens, ela já teria afundado há muito tempo!”[1].

Que sua confiança não esteja nos homens; muito menos em si mesmo! Confie em Jesus Cristo, ora et labora, lute sempre por santidade e você estará verdadeiramente ajudando a Igreja Católica. Que seu exterior seja um resultado da sua vida interior com Cristo, e não o contrário! Que você possa amar o Senhor de fato, rasgando seu coração e não as suas vestes (Jl 2, 13) e que ao cair e distanciar-se devido ao pecado, volte todas as vezes para casa, como fez o filho pródigo!

Munda cor meum ac lábia mea, omnípotens Deus!

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1. Em entrevista concedida ao jornalista Peter Seewald no livro 'Luce del mondo. Il Papa, la Chiesa e i segni dei tempi', em 2010.

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Trump versus histeria coletiva


MUITOS VEEM, NUMA série de fatos dos nossos dias, o prenúncio do fim ou ao menos do "início do fim". Fato interessantíssimo –, e que salta aos olhos de todos os que são capazes de enxergar um pouco além do óbvio –, é que vão ficando cada vez mais claras as opções de cada um, quem é quem e quem está aí para o quê.

A eleição de Donald Trump nos EUA causou um rebuliço tal que espanta. Antes mesmo que tomasse posse, hordas de desordeiros tomavam as ruas em protesto(!). Como de costume, são os supostos grandes defensores da democracia que promovem a baderna. Ora, protestam então contra o quê, se foi uma eleição democrática e o homem eleito, democraticamente, pela vontade soberana da maioria? Protestam, simplesmente, porque não se fez a vontade da minoria(!).

Por exemplo, as redes sociais do mundo inteiro foram tomadas, desde 27 de janeiro último, pela hashtag #MuslimBan que denuncia um "banimento de muçulmanos" dos EUA. O movimento nasceu em reação a medidas adotadas pelo governo Trump que suspendem a emissão de vistos para viajantes de sete países do Oriente Médio e África.

Segundo o dicionário Houaiss, "banimento" (ban em inglês) significa "expulsar de um lugar", "condenar a desterro", "proibir que se continue a fazer parte". Como as medidas são por tempo limitado e apenas para quem chega aos EUA, o verbo "banir" simplesmente não se aplica nesse caso. Além disso, apesar de majoritariamente muçulmanos, todos os cidadãos dos países incluídos nas novas regras estão igualmente impedidos de ingressar nos EUA no período em questão, independentemente da sua religião e com algumas exceções, como aos diplomatas.

Os cinco países com maior população islâmica não fazem parte do decreto: Indonésia, Paquistão, Índia, Bangladesh e Nigéria. A acusação de que as medidas são direcionadas exclusivamente a muçulmanos é uma mentira (ou 'pós-verdade', termo eleito como a palavra do ano de 2016 em concurso promovido pelos editores do dicionário Oxford).

Em resumo, os políticos de oposição ao governo Trump, seus vassalos na Imprensa (a turma da Globo é digna de dó) e na cultura pop, capitaneados pela anticatólica "Madonna" e outros artistas meio esquecidos que se deparam com uma ótima oportunidade de voltar aos noticiários, milhares de ativistas e idiotas úteis estão protestando contra um "banimento de muçulmanos" que não é banimento e muito menos contra muçulmanos.


Em tempos de 'pós-verdade', Trump é
impiedosamente comparado a 'Hitler'

Some-se a esse furdúncio a atuação direta de um magnata politicamente radical, o húngaro-americano George Soros, que investe uma quantia anual estimada em mais US$ 1 bilhão para avançar suas ideias, financiando políticos, partidos, movimentos ativistas, ONGs e think tanks de esquerda.

• Fato: praticamente todos os protestos vistos nos últimos dias foram patrocinados direta ou indiretamente por Soros. As principais pautas contrárias às medidas publicadas na imprensa têm como origem os think tanks e ONGs de Soros como Open Society, Media Matters, Think Progress e Project Syndicate. Nos primeiros dias do governo Trump, Soros perdeu quase US$ 1 bilhão no valor de suas ações.

• Fato é que o novo presidente dos EUA assinou uma ordem executiva que proíbe o uso de dinheiro do governo para subvencionar grupos que pratiquem ou assessorem o aborto no exterior, uma política implantada por Ronald Reagan na década de 1980 e que seu antecessor, Barack Obama, tinha cancelado.

• Fato é que Trump declarou que será um dos maiores representantes dos cristãos de todos os tempos: "Chamaremos a atenção sobre a violenta perseguição que ameaça os nossos irmãos cristãos e as pessoas de outros credos no mundo inteiro, especialmente no Oriente Médio!”. Como promessa de campanha, ele sempre enfatizou o apoio ao povo cristão e sempre se mostrou preocupado com a perseguição dos secularistas: “O cristianismo está sendo podado. Quero devolver o poder à Igreja”, declarou, então pré-candidato à presidência dos EUA, em entrevista ao "The Brody File".

• Outro fato: o novo presidente norte-americano sempre se declarou cristão e conservador. Além disso, escolheu Mike Pence como vice-presidente, homem intransigente sobre questões como o aborto e o "casamento" homossexual, Pence esteve 12 anos no Congresso norte-americano e é governador do Estado de Indiana desde 2013. Em entrevista recente, ele se descreveu como “cristão, conservador e republicano – por esta ordem de importância”.

* * *

Odiado por uns, amado por outros, a pergunta que se impõe é: quais motivos fazem odiar Donald Trump? Em grande medida, parecem que o presidente anda sendo odiado pelos motivos certos para alguém que possua fé cristã ('Sereis odiados de todos por causa do meu Nome', diz o Senhor).

O tempo é senhor da razão, diz um antigo adágio. Amem ou odeiem Trump, o tempo haverá de mostrar quem tem razão.

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Ref.:
BORGES, Alexandre, disp. em :

https://medium.com/@alexborges/o-curioso-banimento-de-mu%C3%A7ulmanos-que-n%C3%A3o-%C3%A9-banimento-nem-%C3%A9-de-mu%C3%A7ulmanos-134ab33bc705#.s9kzgui6u
Acesso 8/2/017 

www.ofielcatolico.com.br
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