A absurda tese do Bispo de Caicó: 'Homossexualismo é um dom dado por Deus'?!



Por prof. dr. Ivanaldo Santos, Filósofo
– Fraternidade São Próspero


E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.
(Romanos 16, 17)

É impossível que não venham escândalos, mas aí daquele por quem vierem!.
(Lucas 17, 1).

Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina, mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme seus próprios desejos e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.
(II Timóteo 4, 3-4)

INICIALMENTE, PARA EVITAR interpretações indevidas, afirma-se que não está sendo discutido um possível caráter patológico da homossexualidade e nem muito menos emitido qualquer juízo de valor sobre qualquer indivíduo que possua o comportamento homoerótico. No entanto, causou enorme repercussão negativa a homilia do bispo da Diocese de Caicó, no Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil, Dom Antônio Carlos Cruz Santos, que defendeu a tese de que a “homossexualidade é um dom dado por Deus”. Além dessa tese, o bispo demonstrou grande desprezo por qualquer grupo católico mais piedoso, mais fiel a doutrina e a liturgia da Igreja. Diante desta tese são apresentadas cinco breves análises: 

1) Se pela palavra “dom” entende-se o conjunto de coisas que existam no mundo e na sociedade (coisas boas e ruins, coisas éticas e antiéticas, o ser humano, os animais, etc), um conjunto que, de forma direta ou indireta, está sujeito ao princípio da onipresença divina, então é possível se dizer que a “homossexualidade é um dom dado por Deus”. Assim como é possível dizer essa frase, também é possível se afirmar qualquer outra frase. Por exemplo, por esse raciocínio é possível afirmar: “O Nazismo é um dom dado por Deus”; “O aborto é um dom dado por Deus”; “A corrupção é um dom dado por Deus”, etc.

2) Se o bispo tivesse afirmado que os “indivíduos portadores do homoerotismo ou de uma ideologia homoerótica são dons de Deus”, por mais que a frase fosse polêmica, seu conteúdo semântico, teológico, doutrinal, estaria correto. Afinal, a ênfase da graça salvífica está no indivíduo e não num grupo social ou numa ideologia.

3) Se pela palavra “dom” entende-se a estrita doutrina cristã do pecado e da salvação, então o homoerotismo é um pecado e não um dom de Deus. Isso não significa que esses indivíduos estão condenados pela eternidade, mas, assim como todos os fiéis da Igreja, precisam de arrependimento, conversão e vida espiritual.


O socialismo marcusiano

4) É preciso ver que existe uma mudança na estratégia internacional para implantar o socialismo no Brasil e em outras partes do mundo. Durante muito tempo a ênfase foi dada ao modelo de socialismo marxista (violento, que trabalha com a formação de guerrilhas, deseja controlar o Estado, a implantação de uma ditadura política, etc). Dentro do modelo do socialismo marxista existem várias frentes de lutas para a tomada do poder. Por exemplo, existem as frentes rurais com os tradicionais movimentos de reforma agrária (no Brasil é famoso o Movimento dos 'Trabalhadores' sem Terra – MST) e as frentes urbanas com as graves, insurreições urbanas e coisas semelhantes. O problema é que o socialismo marxista ou não consegue tomar o poder ou, quando atinge esse objetivo, rapidamente perde o controle do Estado. 

Dentro das esquerdas internacionais já existe o consenso que o marxismo não funciona como via de tomada do poder. Vale recordar que no Brasil, desde a década de 1970, setores da Igreja foram engajados na luta para a implantação do socialismo marxista. O novo modelo para a conquista do poder é o chamado “socialismo marcusiano”. Trata-se da proposta desenvolvida pelo teórico da Escola de Frankfurt, Herbert Marcuse. Para Marcuse a luta armada, a criação de guerrilhas e de grupos de pressão nas zonas rurais e urbanas nunca criará o socialismo. O motivo é que esses grupos seguem ou foram formados dentro da racionalidade ocidental. Por isso, o socialismo só poderá ser efetivamente implantado se foram incentivados a criação dos chamados “exércitos espontâneos”, movidos pelas “forças irracionais e inconscientes”.

Esses exércitos espontâneos, em sua essência, são compostos por viciados em drogas, pelas máfias internacionais, por grupos pró-aborto, pró-eutanásia, por membros da ideologia homoerótica e muito mais. Ao contrário do socialismo marxista (racional, estatal, etc), o socialismo marcusiano é uma mistura explosiva de orgias, descontrole social, individualismo, irresponsabilidade, etc. Não está sendo afirmado que o bispo de Caicó seja um socialismo marcusiano. Não existem elementos para se fazer tal afirmação. No entanto, o papel da Igreja, dentro do cenário internacional atual é muito mais de ser uma fundamental teológica para os grandes projetos internacionais (socialismo, globalismo, etc) do que ser a instituição promotora da evangelização e a guardiã da cultura ocidental. Em todo caso, a tese do bispo de Caicó é muito próxima do socialismo marcusiano. Será que setores da Igreja no Brasil vão ou já aderiram, de forma apaixonada, ao socialismo marcusiano?

5) Diante da tese defendida pelo bispo de Caicó é possível ter uma compressão, mesmo que parcial, da pergunta que Jesus Cristo dirigiu a Igreja: “Quando, porém, vier o Filho do homem, porventura achará fé na Terra?” (Lucas 18, 8).

Quem acompanha os bastidores e os debates em torno dos pronunciamentos dos bispos no Brasil já está (desgraçadamente) acostumado com frases desse tipo e – por incrível que parece – até mesmo de conteúdo muito pior. Esse tipo de pronunciamento é mais um capítulo da crise da sociedade contemporânea, da crise da Igreja e da crise do Ocidente. Devemos orar pela Igreja e, com isso, pedir a constante assistência do Espírito Santo. A força da oração e a vigilância doutrinária poderá trazer o ser humano e a Igreja a experimentarem dias mais alegres e mais plenos na fé.
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A importância do silêncio na liturgia e na vida pessoal do cristão


DE FATO, O SILÊNCIO é cada vez mais desprezado, não somente na vida de cada pessoa, quanto também – infelizmente – na liturgia. O texto a seguir é um apelo do Papa Bento XVI para que voltemos ao silêncio e, assim, voltemos também a Deus. Que seja útil.  


BENTO XVI, Audiência Geral – Praça de São Pedro, quarta-feira, 7 de março de 2012 

Queridos irmãos e irmãs, Numa série de catequeses precedentes falei sobre a oração de Jesus, e não gostaria de concluir esta reflexão sem meditar brevemente acerca do tema do silêncio de Jesus, tão importante na relação com Deus. 

Na Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini, fiz referência ao papel que o silêncio adquire na vida de Jesus, sobretudo no Gólgota: «Aqui vemo-nos colocados diante da “Palavra da Cruz” (cf. 1Cor 1,18). O Verbo emudece, torna-se silêncio de morte. Diante deste Silêncio da Cruz, S. Máximo, o Confessor, põe nos lábios da Mãe de Deus a seguinte expressão: «Fica sem palavras a Palavra do Pai, o qual fez todas as criaturas que falam; sem vida estão os olhos apagados daquele por cuja palavra e por cujo aceno se move tudo o que tem vida»[1]. 

A cruz de Cristo não mostra somente o silêncio de Jesus como sua última palavra ao Pai, mas revela também que Deus fala por meio do silêncio: «O silêncio de Deus, a experiência da distância do Onipotente e Pai, é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra encarnada. Suspenso no madeiro da Cruz, o sofrimento que lhe causou tal silêncio fê-lo lamentar: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15, 34; Mt 27, 46). Avançando na obediência até ao último suspiro de vida, na obscuridade da morte, Jesus invocou o Pai. A Ele entregou-se no momento da passagem, através da morte, para a vida eterna: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23, 46)». 

A experiência de Jesus na cruz é profundamente reveladora da situação do homem que reza e do ápice da oração: depois de ter ouvido e reconhecido a Palavra de Deus, devemos medir-nos também com o silêncio de Deus, expressão importante da própria Palavra divina. A dinâmica de palavra e silêncio, que caracteriza a oração de Jesus em toda a sua existência terrena, sobretudo na cruz, diz respeito também à nossa vida de oração, em duas direções. 

A primeira é a que se refere ao acolhimento da Palavra de Deus. É necessário o silêncio interior e exterior, para que tal palavra possa ser ouvida. E este é um ponto particularmente difícil para nós, no nosso tempo. Com efeito, a nossa é uma época na qual não se favorece o recolhimento; aliás, às vezes a impressão é de que as pessoas têm medo de se separar, mesmo por um instante, do rio de palavras e de imagens que marcam e enchem os dias. Por isso, na já mencionada Exortação Verbum Domini recordei a necessidade de nos educarmos para o valor do silêncio: «Redescobrir a centralidade da Palavra de Deus na vida da Igreja significa também redescobrir o sentido do recolhimento e da tranquilidade interior. A grande tradição patrística ensina-nos que os Mistérios de Cristo estão ligados ao silêncio e só nele é que a Palavra pode encontrar morada em nós, como aconteceu em Maria, mulher inseparável da Palavra e do silêncio» (n. 66). Este princípio – que sem silêncio não se sente, não se ouve, não se recebe uma palavra – é válido sobretudo para a oração pessoal, mas também para as nossas liturgias: para facilitar uma escuta autêntica, elas devem ser também ricas de momentos de silêncio e de acolhimento não verbal. É sempre válida a observação de santo Agostinho: Verbo crescente, verba deficiunt – «Quando o Verbo de Deus cresce, as palavras do homem faltam» (cf. Sermo 288, 5: pl 38, 1307; Sermo 120, 2: pl 38, 677). 



Os Evangelhos apresentam com frequência, sobretudo nas escolhas decisivas, Jesus que se retira totalmente sozinho num lugar afastado das multidões e dos próprios discípulos para rezar no silêncio e viver a sua relação filial com Deus. O silêncio é capaz de escavar um espaço interior no nosso íntimo, para ali fazer habitar Deus, para que a sua Palavra permaneça em nós, a fim de que o amor por Ele enraíze-se na nossa mente e no nosso coração, e anime a nossa vida. Portanto, a primeira direção: voltar a aprender o silêncio, a abertura à escuta, que nos abre ao próximo, à Palavra de Deus. 

Porém, há uma segunda importante relação do silêncio com a oração. Com efeito, não há apenas o nosso silêncio para nos dispor à escuta da Palavra de Deus; muitas vezes, na nossa oração, encontramo-nos diante do silêncio de Deus, experimentamos quase um sentido de abandono, parece-nos que Deus não ouve e não responde. Mas este silêncio de Deus, como aconteceu também para Jesus, não marca a sua ausência. O cristão sabe bem que o Senhor está presente e escuta, mesmo na escuridão da dor, da rejeição e da solidão. Jesus garante aos discípulos e a cada um de nós que Deus conhece bem as nossas necessidades, em qualquer momento da nossa vida. Ele ensina aos discípulos: «Nas vossas orações, não sejais como os gentios, que usam vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais, antes que vós lho peçais» (Mt 6, 7-8): um coração atento, silencioso e aberto é mais importante que muitas palavras. 

Deus conhece-nos no íntimo, mais do que nós mesmos, e ama-nos: e saber isto deve ser suficiente. Na Bíblia, a experiência de Jó é particularmente significativa a este propósito. Em pouco tempo, este homem perde tudo: familiares, bens, amigos e saúde; até parece que a atitude de Deus no que se lhe refere é a do abandono, do silêncio total. E no entanto Jó, na sua relação com Deus, fala com Deus, clama a Deus; na sua oração, não obstante tudo, conserva intacta a sua fé e, no fim, descobre o valor da sua experiência e do silêncio de Deus. E assim no final, dirigindo-se ao Criador, pode concluir: «Eu tinha ouvido falar de ti, mas agora são os meus olhos que te vêem» (Jó 42, 5): todos nós conhecemos Deus quase só por ter ouvido falar dele, e quanto mais abertos permanecemos ao seu e ao nosso silêncio, tanto mais começamos a conhecê-lo realmente. 

Essa confiança extrema que se abre ao encontro profundo com Deus amadureceu no silêncio. São Francisco Xavier rezava, dizendo ao Senhor: eu amo-te, não porque podeis conceder-me o paraíso, ou condenar-me ao inferno, mas porque Vós sois o meu Deus. Amo-vos porque Vós sois Vós! Aproximando-nos da conclusão das reflexões sobre a oração de Jesus, voltam à mente alguns ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica: «O drama da oração é-nos plenamente revelado no Verbo que se faz carne e habita entre nós. Procurar compreender a sua oração através do que as suas testemunhas nos dizem dela no Evangelho, é aproximar-nos do Santo Senhor Jesus como da sarça ardente: primeiro, contemplando-O a Ele próprio em oração; depois, escutando como Ele nos ensina a rezar para, finalmente, conhecermos como é que Ele atende a nossa oração» (n. 2.598). E como é que Jesus nos ensina a rezar? No Compêndio do Catecismo da Igreja Católica encontramos uma resposta clara: «Jesus ensina-nos a rezar, não só com a oração do Pai-Nosso» — certamente o acto central do ensinamento do modo como rezar — «mas também com a sua própria oração. Assim, para além do conteúdo, ensina-nos as disposições requeridas para uma verdadeira oração: a pureza do coração que procura o Reino e perdoa aos inimigos; a confiança audaz e filial que se estende para além do que sentimos e compreendemos; a vigilância que protege o discípulo da tentação» (n. 544). Percorrendo os Evangelhos vimos como o Senhor é, para a nossa oração, interlocutor, amigo, testemunha e mestre. Em Jesus revela-se a novidade do nosso diálogo com Deus: a oração filial, que o Pai espera dos seus filhos. E de Jesus aprendemos como a oração constante nos ajuda a interpretar a nossa vida, a fazer as nossas escolhas, a reconhecer e a acolher a nossa vocação, a descobrir os talentos que Deus nos concedeu, a cumprir diariamente a sua vontade, único caminho para realizar a nossa existência. 

Para nós, muitas vezes preocupados com a eficácia funcional e com os resultados concretos que alcançamos, a prece de Jesus indica que temos necessidade de parar, de viver momentos de intimidade com Deus, «desapegando-nos» da confusão de todos os dias, para ouvir, para ir à «raiz» que sustenta e alimenta a vida. Um dos momentos mais bonitos da oração de Jesus é precisamente quando Ele, para enfrentar doenças, dificuldades e limites dos seus interlocutores, se dirige ao seu Pai em oração e assim ensina a quantos estão ao seu redor onde é necessário procurar a fonte para ter esperança e salvação. Já recordei, como exemplo comovedor, a oração de Jesus no túmulo de Lázaro. O evangelista João narra: «Quando tiraram a pedra, Jesus, erguendo os olhos para o céu, disse: 'Pai, dou-te graças por me teres atendido. Eu já sabia que sempre me atendes, mas Eu disse isto por causa das pessoas que me rodeiam, para que venham a crer que Tu me enviaste'. Dito isto, bradou em alta voz: 'Lázaro, vem para fora!'» (Jo 11, 41-43).

Mas o ponto mais alto de profundidade na oração ao Pai, Jesus alcança-o no momento da Paixão e Morte, quando pronuncia o extremo «sim» ao desígnio de Deus e mostra como a vontade humana encontra o seu cumprimento precisamente na adesão plena à vontade divina, e não na oposição. Na oração de Jesus, no seu brado na Cruz, confluem «todas as desolações da humanidade de todos os tempos, escrava do pecado e da morte, todas as súplicas e intercessões da história da salvação... E eis que o Pai as acolhe e atende, para além de toda a esperança, ao ressuscitar o seu Filho. Assim se cumpre e se consuma o drama da oração na economia da criação e da salvação» (Catecismo da Igreja Católica §2.606). Caros irmãos e irmãs, peçamos com confiança ao Senhor para viver o caminho da nossa oração filial, aprendendo quotidianamente do Filho Unigênito que se fez homem por nós como deve ser o modo de nos dirigirmos a Deus. As palavras de são Paulo, sobre a vida cristã em geral, são válidas também para a nossa oração: «Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades nem a altura, nem o abismo nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em nosso Senhor Jesus Cristo» (Rm 8, 38-39).

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1. A vida de Maria, n. 89: textos marianos do primeiro milênio, 2, Roma 1989, p. 253
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Disponível em:
http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2012/documents/hf_ben-xvi_aud_20120307.html

Acesso 8/8/017
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Vaticano exige que Venezuela suspenda Constituinte


CIDADE DO VATICANO, 4 AGO (ANSA) – O Vaticano exigiu, nesta sexta-feira, 4/8/2017, que a Venezuela respeite os direitos humanos e suspenda a posse da Assembleia Constituinte, eleita no último domingo, 30, para escrever uma nova Constituição, como uma manobra política do presidente Nicolás Maduro. Em um comunicado emitido pela Secretaria de Estado da Santa Sé, o Vaticano pediu que “seja assegurado o pleno respeito dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, bem como a Constituição vigente”. “Que sejam suspensas as iniciativas em curso, como a nova Constituição, para favorecer a reconciliação e a paz, e não fomentando um clima de tensão e de confronto, para que sejam criadas condições para uma solução negociada”, ressaltou.

O Vaticano também citou “o grave sofrimento do povo, em dificuldade para encontrar alimentos e remédios, e a falta de segurança” em todo o país. “O papa Francisco acompanha de perto a situação e suas implicações humanitárias, sociais, políticas, econômicas e até espirituais, assegurando suas orações pelo país e por todos os venezuelanos”, afirmou a nota. Há quase quatro meses, opositores ao regime de Maduro e a população civil saem às ruas para protestar contra o governo e a Constituinte. Mais de 110 pessoas já morreram nos confrontos.

Desde o início da crise política venezuelana, o Vaticano e o papa Francisco se colocaram à disposição para intermediar as negociações de paz. No entanto, a Santa Sé afirma que nunca foram criadas as condições para o diálogo e acusa o governo de não cumprir com o acordo. Já o Senado brasileiro aprovou a criação de uma comissão, liderada pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello, para viajar à Venezuela e facilitar o diálogo. Amanhã (5), os chanceleres do Mercosul se reunirão para analisar a situação da Venezuela e especialistas não descartam a possibilidade de aplicação da Cláusula Democrática contra o governo de Maduro.

Prisões – A polícia venezuelana soltou o opositor Antonio Ledezma, prefeito de Caracas, e o enviou para prisão domiciliar, informaram amigos e familiares nesta sexta-feira. (ANSA)

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Fonte:
IstoÉ Mundo, disp. em:
http://istoe.com.br/vaticano-exige-que-venezuela-suspenda-constituinte/
Acesso 4/8/017
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Sobre Sua Excelência, o bispo de Caicó, ou, Como disse, Sua Excelência?

Aí está ele. Não parece, mas é o bispo...

Por Caio Lopes

CAUSOU MUITA ESPÉCIE no meio católico a recente declaração de Dom Antônio Carlos Cruz, bispo de Caicó, no Rio Grande do Norte (foto). O prelado, durante a celebração de uma Missa, afirmou [nada mais, nada menos] que “a homossexualidade é um dom de Deus”[!]. A fala soa estranha, sem dúvida, especialmente àqueles mais habituados à religião cristã. Cumpre agora, portanto, compreender o sentido de tal assertiva – e o principal: se ela é condizente com a doutrina da Igreja a que se filia o pontífice.

O primeiro sentido possível é o de que a homossexualidade seria uma coisa boa e desejável, sendo um dom outorgado pelo próprio Deus a alguns de Sua escolha. Neste caso, os homossexuais seriam, de certa forma, mais agraciados que os indivíduos com a orientação sexual normal, isto é, heterossexual. Quanto a este sentido, fica evidente sua discordância em relação à doutrina católica. Com efeito, a Igreja, em consonância com as Escrituras Sagradas, ensina e sempre ensinou que os atos homossexuais são maus em si, intrinsecamente desordenados, não se justificando em situação alguma. Independentemente da Revelação cristã, chega-se facilmente a esta mesma conclusão, porquanto a função do ato sexual é a procriação, e a relação homossexual por certo não se presta a este fim (ou, como está na boca do povo, aparelho excretor não reproduz). Aos que negam a fé cristã e a própria ideia de razão natural, restam ainda os dados empíricos: ser homossexual faz mal à saúde, ainda que não haja contágio venéreo, pois o ato, sendo desordenado em si, prejudica os órgãos nele envolvidos.

Este primeiro sentido, ainda, faz transparecer a opção ideológica e teológica do prelado, e ela é pela [assim chamada] "'teologia' da libertação". Enxergar o homossexualismo como um "dom de Deus", outorgado por Ele a um grupo "oprimido", é colocar os homossexuais num pedestal, de tal forma que eles passam a ser o grupo que deve ser redimido – e a redenção aqui tem um sentido puramente materialista. Na nova "'teologia' da libertação", assim como na nova esquerda, não são os pobres que esperam ser libertados, mas sim as mulheres, os gays e todas as outras [supostas] minorias, adotadas como animais de estimação pelos seus “libertadores”. Percebe-se, assim, na fala do bispo, uma mudança de orientação da teologia esquerdista brasileira, que, cansada de perder os pobres para as seitas neopentecostais, procura ajustar-se ao discurso politicamente correto do século XXI, numa tentativa de atrair para si a classe média universitária, como o fez nas décadas de 1960/1980 com o discurso socialista (a falecida JUC – Juventude Universitária Católica é testemunha disso).

Mas saiamos deste nível interpretativo rasteiro. Da mesma forma que o demônio usou as Escrituras para tentar o Salvador, usemos desta frase pouco católica para promover a causa da Verdade. Eu poderia dizer, com o bispo, que a homossexualidade é de fato um dom de Deus, mas apenas aos que sabem o que fazer dela. Os grandes santos da Igreja de Cristo, como narram suas vidas, sempre viram os sofrimentos e as humilhações, as opressões e a escassez, como dádivas divinas. E por isso diziam, ecoando o Apóstolo, que se compraziam em perseguições, em fome e em nudez por causa de Cristo, por Quem lhes valia a pena perder tudo para ganhá-l’O. Se uma pessoa com tendências homossexuais busca mortificar-se, sendo continente e jamais as pondo em prática, poderá santificar-se por meio desta privação. E seu mau desejo, se plenamente submetido à Vontade de Deus, lhe será causa de maior glória, não neste mundo, mas no vindouro. Assim [e somente assim], sua homossexualidade, enquanto cruz a ser carregada, poderia ser para ele um dom de Deus, uma outra causa de privação por amor a Cristo.

Se Sua Excelência disse o que disse tendo em vista este segundo sentido, foi plenamente católica sua fala; se tendo em vista o primeiro, desconheço qual Evangelho ele prega.


* * *

Comentário do editor

Sei bem que boa parte de nossos diletos leitores terão achado o texto acima muito suave... E eu serei honesto se disser que concordo. Inflamam-se de ira santa, em nossos tempos, quantos sinceros amantes de Cristo, por fidelidade à sua Palavra?

Por outro lado, a ponderação, a argumentação equilibrada e imparcial, a honestidade e a justiça, bem como as palavras de admoestação ditas com brandura, são todas marcas distintivas de virtudes católicas, as quais não podemos renegar jamais.

Disse o Apóstolo: "Irmãos, se alguém for surpreendido em alguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura" (Gl 6,1). É neste espírito que o texto publicado acima reage ao escândalo em questão. Além disso, para bom entendedor, meia palavra basta, e um tapinha dado com luva de pelica, em determinadas situações, pode ferir bem mais que um potentíssimo soco aplicado com luva de boxe.

Por outro lado, bem, é verdade que isso só funciona com aqueles que têm vergonha na cara, algo que boa parte dos adeptos e promotores da maldita ideologia herética denominada "'teologia' da libertação" definitivamente não tem. Talvez por isso é que o mesmo Apóstolo tenha dito também: "Nós vos ordenamos, irmãos, em Nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a Tradição que de nós recebestes. (...) Caso alguém não preste obediência à nossa palavra (...), notai-o; não vos associeis com ele, para que fique envergonhado" (2Ts 3, 6.14).

Em todo caso, o texto de Caio Lopes é justo e, todo ele, plenamente verdadeiro. Outro fato inapelável é que a ponderação da parte final, ao demonstrar que em determinada situação a afirmação absurda do prelado poderia mesmo ser verdadeira, infelizmente só expõe ainda mais a tragédia e evidencia o quanto é terrível, lançando-nos em face a heresia desse bispo perdido, por tão claro e evidente que a sua pregação não se enquadra, de modo algum, naquela categoria.

Basta ouvir a sua pregação na íntegra (ouça aqui o leitor, se tiver estômago forte), na qual ele, entre outras coisas, chama homossexualismo de "homoafetividade", fala em "orientação sexual" diferente, diz que a causa do sofrimento dessas pessoas está nos "preconceitos" da sociedade e de uma certa "cultura" desumana, além de dizer que o verdadeiro Evangelho é a "inclusão". Inclusão esta que, no contexto todo da sua homilia, seria o mesmo que aceitar abertamente a prática do homossexualismo como coisa boa e (misericórdia, Senhor!) "dom de Deus". Afirma, ainda, que a "homoafetividade" pode e deve ser vivida de maneira tão digna quanto a própria heterossexualidade, e que todos nós, católicos, deveríamos, por obrigação, nos livrar dos pavorosos (insiste muito nessa palavrinha) "preconceitos". 

Assim é que eu, Henrique Sebastião, como odeio do mais fundo da alma a hipocrisia e as meias palavras, digo com todas as letras que estamos diante de (mais) um caso aberrante de bispo modernista e socialista pregando uma grave heresia em nome da Igreja de Cristo.

Se homossexualismo fosse sinônimo de "homoafetividade" (uma palavra desonesta inventada por militantes de esquerda para distorcer a realidade objetiva do mundo natural), então eu mesmo seria igualmente um homossexual, porque sou declaradamente um "homoafetivo". Ora, a palavra, por óbvio, é a junção de "homo" (do grego homos, que quer dizer 'igual'; 'o mesmo', e, no contexto em questão, refere-se à natureza sexual) mais "afeto". Pois bem, eu tenho uma relação de intensa "homoafetividade" com meus filhos homens, assim como tinha com meu falecido pai, e tenho com meu irmão de sangue e com tantos outros bons amigos e irmãos em Cristo: tive e tenho uma relação de afeto com todos estes, e são do mesmo sexo que eu.

A verdade simples, nua e crua, é que o que define aquele homem, mencionado pelo bispo na sua pregação, não é que ele tenha e/ou cultive "afeto" por outros homens, e sim que mantenha relações sexuais com outros homens. Ele é, portanto, um homossexual e não um "homoafetivo". Ponto final.

Ver um bispo (um bispo!) –, que por obrigação sagrada deveria ser um guardião da fé e da verdade –, falando em "homoafetividade", esta palavrinha desonesta inventada para distorcer a realidade objetiva, observável e demonstrável do mundo natural, é profundamente lamentável. Bem mais do que isso, é uma grande desgraça.

Dizer que denunciar as práticas homossexuais como pecado (assim como a Igreja sempre fez, em todos os tempos, e como afirmam categoricamente as Sagradas Escrituras) seria o resultado de "preconceito" e de uma "cultura" perniciosa e opressora, isso é heresia pura e simples, porque contraria uma verdade fundamental da fé.

Tudo nos leva a crer que aquilo que disse o revmo. padre Dariusz Oko, docente de Teologia na Pontifícia Academia de Cracóvia e Universidade João Paulo II, ao jornal “La Stampa” de Turim, é mesmo real: “Cava-se (hoje) na Igreja uma ‘homo-heresia’ apoiada numa ‘homo-máfia’, presente em todos os níveis da hierarquia eclesiástica”. Sim, é alarmante.

Cabe abrir parênteses para reafirmar o que deveria ser muito claro para todos: a Igreja não odeia os homossexuais. A Igreja, simplesmente, os vê como pessoas humanas que são, sem discriminá-los em razão de suas tendências ou preferências sexuais. Solidariza-se com eles e quer acolhê-los, amorosa e fraternalmente.

Ocorre que a sexualidade, na visão cristã, é sagrada. A clara complementaridade entre homem e mulher foi querida e criada por Deus, e não pode ser mudada pelo desejo humano. Por isso, a Igreja diz aos que praticam o homossexualismo que mudem a sua conduta e convertam-se ao Evangelho, e isto é o mesmíssimo que ela diz a todos os seus filhos.

A sexualidade humana, ferida pelo Pecado original, sofre com várias tendências destruidoras, como para o adultério, a pornografia que "coisifica" a pessoa humana, a masturbação, etc. Todos os cristãos, sem exceção –, tenham tendências homossexuais ou não –, são chamados a conter sua pulsão sexual desordenada e canalizá-la de forma produtiva no amor. Este, por sua vez, expressa-se tanto no celibato quanto no matrimônio aberto à vida.

A verdade pura e simples é que a Igreja, ao contrário de diversos outros setores da sociedade atual, inclusive muitos daqueles que se declaram muito "inclusivos", não discrimina os homossexuais, na medida em que prega a eles o mesmo que ensina a todos os católicos, indiscriminadamente: que o exercício da sexualidade só é possível dentro do matrimônio aberto à fecundidade, pois é esta a Vontade e o Projeto de Deus desde a Criação.

Finalizamos esta nossa abordagem com outras estarrecedoras palavras do mesmo padre Dariusz Oko, que se comporta, este sim, como legítimo pastor de almas:


Pe. Dariusz Oko
A homo-heresia consiste numa recusa d(e parte d)o Magistério da Igreja Católica sobre a homossexualidade. Seus propugnadores não aceitam que a tendência homossexual seja uma perturbação da personalidade. E põem em dúvida que os atos homossexuais sejam contra a lei natural. Os defensores da ‘homo-heresia’ são a favor do sacerdócio dos homossexuais. A ‘homo-heresia’ é como uma versão eclesiástica do homossexualismo.

No período pós-conciliar, e especialmente a partir dos anos 70 e 80, esse grave erro se infiltrou em seminários e mosteiros do mundo todo em decorrência das ‘novas teologias’ e de seu modo de justificar os desvios morais.

O movimento modernista passou a recusar a castidade, a abstinência dos atos impuros, o celibato, e afinal aprovou que a sodomia não é obstáculo para a ordenação sacerdotal.

Em face desse erro – a Igreja já venceu inúmeros – o fato fundamental é que o Magistério da Igreja católica não muda. A homossexualidade não é conciliável com a vocação sacerdotal. Em consequência, não só está rigorosamente vedada a ordenação de homens com qualquer tipo de tendência homossexual (ainda que transitória), mas também sua admissão no seminário”.1

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1. Revista Cultura Família, "Sacerdote professor de Cracóvia denuncia 'homo-heresia' promovida por 'homo-máfia'", disp. em:
http://revculturalfamilia.blogspot.com.br/2015/02/sacerdote-professor-de-cracovia.html

Acesso 2/8/017
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Por que o Cardeal Sarah aterroriza seus críticos


Do 'Catholic Herald' | Tradução: Felipe Marques
[As citações e referências deste artigo, a exemplo do original em inglês, encontram-se linkadas ao longo do próprio texto, numeradas entre colchetes]

UMA MULTIDÃO CRESCENTE quer a cabeça do Cardeal Robert Sarah em um prato. Abra um periódico de católicos liberais e você está suscetível a encontrar uma chamada para a destituição do Cardeal Guineense que encabeça a Congregação para o Culto Divino do Vaticano: “Passou da hora de [o Papa Francisco] substituir o Cardeal Sarah” (Maureen Fiedler, 'National Catholic Reporter'); “Novo vinho é necessário na Congregação para o Culto Divino” (Christopher Lamb, 'o Tablet'); “Os oficiais da Cúria que recusam seguir o programa de Francisco deveriam sair. Ou o Papa deveria enviá-los para outro lugar” (Robert Mickens, 'Commonweal'); “Francisco deve adotar uma posição firme. Cardeais como Robert Sarah... devem sentir, que com um papado seguindo na direção errada, manter-se firme e fazer uma obstrução é um dever. Mas isso não quer dizer que Francisco tem que tolerá-los” (Os Editores, 'o Tablet').

Sarah nem sempre foi tratado como o homem mais perigoso na Cristandade. Quando ele foi nomeado para seu posto pelo Papa Francisco em 2014, desfrutou da afeição até mesmo daqueles que o criticam hoje. Mickens o descreveu como “não ambicioso, um bom ouvinte e, apesar de ter mostrado um lado claramente conservador desde que veio para Roma... um ‘Homem do Vaticano II’”[1]. Lamb foi informado por suas fontes que Sarah era alguém com quem os liberais poderiam lidar, o tipo de Bispo que era simpático à “inculturação”[2]. John Allen resumiu o consenso em volta do Vaticano: Sarah era um Bispo discreto, “caloroso, divertido e modesto”[3].

Tudo isso mudou a partir de 6 de outubro de 2015, terceiro dia do contencioso Sínodo da Família. Os padres do Sínodo debatiam-se em demandas aparentemente concorrentes, para alcançar as pessoas que supostamente se sentem estigmatizadas pelo ensinamento sexual da Igreja e proclamar corajosamente a verdade a um mundo hostil. Naquele que ficou conhecido como o discurso “das bestas apocalípticas”, Sarah insistiu que ambas eram possíveis: “Nós não estamos combatendo contra criaturas de carne e osso”, disse ele aos seus irmãos Bispos. “Nós precisamos ser inclusivos e acolhedores com todos os que são humanos”. Mas a Igreja deve ainda proclamar a verdade em face de dois grandes desafios, acrescentou: “Por um lado, a idolatria da liberdade Ocidental; por outro lado, o fundamentalismo Islâmico: secularismo ateu versus fanatismo religioso”[4].

Quando era um jovem sacerdote, Sarah estudou na Ecole Biblique em Jerusalém e planejou a dissertação “Isaías, capítulos 9–11, à luz das linguísticas semíticas do Noroeste: ugarítico, fenício e púnico”. Então, não é surpresa que ele tenha empregado linguagem bíblica para fazer sua argumentação. Liberdade ocidental e fundamentalismo islâmico, disse ele à assembleia, eram como duas “bestas apocalípticas”. A imagem vem do Livro do Apocalipse, que descreve como duas bestas atacariam a Igreja. A primeira sai do mar com sete cabeças, dez chifres e blasfêmia em seus lábios. A segunda sai da terra fazendo grandes prodígios, e persuade o mundo a adorar a primeira.

Essa dinâmica estranha – uma ameaça monstruosa levando o homem a abraçar outra – é o que Sarah vê agindo em nosso próprio tempo. Medo da repressão religiosa induz alguns a adorarem uma liberdade idólatra (recordo a ocasião em que vi a mim mesmo como o último homem a ficar sentado quando Ayaan Hirsi Ali terminou um discurso pedindo à audiência que desse uma ovação 'à blasfêmia'!). Por outro lado, os ataques à natureza humana são, para alguns, uma tentação para abraçar – genérica e indiscriminadamente – a causa da luta contra o fundamentalismo religioso, que tem sua mais horrível expressão sob a bandeira negra do ISIS. Cada mal tenta os que o temem a sucumbir ao mal oposto, assim como foi com o comunismo e o nazismo no século 20: deveria-se resistir a ambos.


O Arcebispo Stanislaw Gadecki (foto), líder da Conferência dos Bispos Poloneses, escreveu que a intervenção de Sarah foi feita em um “nível teológico e intelectual muito alto”, mas outros pareceram perder completamente esse sentido. O Arcebispo Mark Coleridge de Brisbane criticou o uso de “linguagem apocalíptica” (alguém pergunte o que ele faz com o restante do Apocalipse de João.) “Garotos não gostam de ser lembrados do Julgamento, ” gracejou um Cardeal depois que Sarah falou.

Um proeminente Vaticanista me escreveu de Roma: “Ele entrou hoje falando sobre as duas bestas do Apocalipse. Seu estoque papal sofreu um golpe”. Padre James Martin SJ afirmou que Sarah violou o Catecismo, “que nos pede para tratar as pessoas LGBT com ‘respeito, compaixão e sensibilidade’”[5].

As vezes alguém se pergunta se, para católicos como o Padre Martin, há quaisquer palavras nas quais o ensinamento sexual da Igreja possa ser defendido – visto que eles parecem nunca empregá-las. Entretanto, a reação ao discurso de Sarah provavelmente teve mais a ver com um simples analfabetismo do que com qualquer diferença de princípio. Cardeal Wilfred Napier de Durban disse em sua ida ao Sínodo que os europeus sofrem de uma “ignorância generalizada e rejeição não só dos ensinamentos da Igreja, mas também das Escrituras”. Ele estava certo. Aqueles que não vivem segundo as Escrituras e conhecem suas figuras apenas superficialmente são mais propensos a ver a linguagem bíblica como irrelevante ou inflamatória.

Em 14 de outubro, uma semana depois do discurso de Sarah, Cardeal Walter Kasper reclamou a respeito das intervenções africanas no Sínodo. “Eu só posso falar da Alemanha, onde a grande maioria quer uma abertura a respeito do divórcio e recasamento. É o mesmo na Grã-Bretanha; é o mesmo em todos os lugares. ” Bem, não em todos os lugares: “Com a África é impossível. Mas eles não deveriam nos dizer muito o que fazer”.

A rejeição de Kasper em relação a Sarah e os outros africanos provocou um clamor imediato. Obianuju Ekeocha, uma católica nigeriana que luta contra o aborto, escreveu: “Imagine minha surpresa hoje ao ler as palavras de um dos mais proeminentes padres sinodais... Como uma mulher africana que agora vive na Europa, eu costumo ter minhas visões morais e valores ignorados ou rebaixados à uma ‘questão africana’”[6].

Cardeal Napier concordou: “É uma preocupação real ler uma expressão como ‘Teólogo do Papa’ aplicado ao Cardeal Kasper... (Hoje há uma grande preocupação com relação ao respeito humano, mas) Kasper não é muito respeitoso em relação à Igreja Africana e seus líderes”[7].

A colocação de Kasper foi como o romper de uma barragem. Desde então, uma grande onda de insultos tem sido derramada sobre Sarah. Seus críticos o descreveram como insolente, mal-educado e possivelmente criminoso – ou que pelo menos precisa de uma boa surra.

Michael Sean Winters do National Catholic Reporter lembrou Sarah de seu papel ('Cardeais da Cúria são, afinal de contas, funcionários, funcionários exaltados, mas funcionários')[8]. O padre William Grim, do 'La Croix', chamou seu trabalho de “asinino... patentemente estúpido... idiotice de capa vermelha”[9]. Andrea Grillo, um liturgista italiano liberal, escreveu: “Sarah tem mostrado, por anos, uma significativa inadequação e incompetência no campo da liturgia”[10].

No Tablet, Padre Anthony Ruff corrigiu Sarah. “Seria bom se ele estudasse as reformas mais profundamente e entendesse, por exemplo, o que ‘mistério’ significa na teologia católica”[11]. Massimo Faggioli, um vaticanista que assombra as gelaterias de Roma, inocentemente observou que o "discurso das bestas apocalípticas" de Sarah “teria sido sujeito a acusações criminais em alguns países”[12]. (Tendo ministrado por anos sob a brutal ditadura marxista de Sékou Touré, Sarah dificilmente precisa de lembretes de que a profissão aberta da crença cristã pode ser um crime).

Depois que o Papa Francisco rejeitou o chamado de Sarah para que os padres celebrassem a missa ad orientem, o desprezo por Sarah estourou em um chuveiro de golpes: “É altamente incomum para o Vaticano ter que abafar publicamente um Príncipe da Igreja, ainda que não seja de todo surpreendente dado o modo como o Cardeal Sarah tem operado...” (Christopher Lamb, Tablet)[13]; “o Papa abafou o Cardeal Sarah de modo bastante forte, com apenas um pouco de sua honra sendo poupada, ” (Anthony Ruff, 'Pray Tell')[14]; “Papa abafa Sarah” (Robert Mickens, no Twitter)[15]; “Papa Francisco... o abafou” (Mickens de novo, em Commonweal)[16]; “mais uma bofetada” (Mickens mais uma vez, poucos meses depois em 'La Croix')[17]. Somando tudo isso, temos uma grande surra.

Trocar acusações de insensibilidade provavelmente não é o melhor modo de resolver disputas doutrinais, mas a retórica dos críticos de Sarah revela algo importante sobre a vida da Igreja de hoje: em disputas doutrinais, morais e litúrgicas, os liberais católicos têm se tornado eclesiais nacionalistas. Católicos tradicionais tendem a apoiar padrões doutrinais consistentes e aproximações pastorais independentemente das fronteiras nacionais. Se eles geralmente não preferem a Missa em latim, eles querem traduções vernáculas que fiquem o mais próximo possível do latim. Eles não estão escandalizados pelo modo como os africanos falam de homossexualidade ou dos cristãos do Oriente Médio ou do islamismo.

Católicos liberais, enquanto isso, fazem campanha pela tradução vernácula escrita em estilo idiomático e aprovadas pelas conferências nacionais dos bispos, não por Roma. As realidades locais exigem que a verdade seja aparada sempre que excede um limite. Afirmações doutrinais católicas devem ser formuladas em linguagem pastoralmente sensível – sensível, isto é, à sensibilidade do Ocidente educado e rico (que quase nunca concorda com o que os outros povos realmente desejam ou precisam).

Um dos efeitos do nacionalismo eclesial é que ele permite aos liberais que evitem discutir em terrenos diretamente doutrinais, onde os “rigoristas” tradicionais tendem a ter a uma mão superior. Se a Verdade precisa ser mediada por realidades locais, nenhum homem em Roma ou Abuja terá muito a dizer a respeito da fé em Bruxelas e Stuttgart (esse era o ponto por trás da rejeição de Kasper aos africanos).

Vê-se isso em escritores como Rita Ferrone do Commonweal, que disse que em vez de atender Sarah, as pessoas que falam inglês deviam estar “confiando em nosso próprio povo e em nossa própria sabedoria no que diz respeito à oração em nossa língua nativa”[18]. O “nós” por trás do “nosso” não é global e católico, mas burguês e americano.

E se em vez de ser colocado de volta em seu lugar, abafado e trancado por violar os códigos de discurso ocidentais, Sarah se tornar papa? Isso é o que os seus críticos mais temem. Mickens escreve da possibilidade negra de um “Pio XIII (também conhecido como Robert Sarah)”[19]. Lamb diz que Sarah pode vir a ser “o primeiro Papa negro” (isso deveria ser algo bonito – os pais de Sarah, conversos na remota vila guineense de Ourous, pensavam que só homens brancos poderiam se tornar padres e riram quando seu filho disse que queria ir para o seminário). O mesmo vaticanista bem conectado que me disse que o cacife de Sarah caiu durante o sínodo agora diz que sua sorte estão melhorando: “As pessoas notaram todos os ataques, e sua graciosa recusa em respondê-los na mesma moeda”.

É de fato extraordinário que Sarah venha sofrido essa saraivada de insultos com tal graça. Em seu mais novo livro publicado, "A força do Silêncio"[20], nós ouvimos o seu choro de angústia sufocado:

Eu sofria dolorosamente o assassinato por fofoca, calúnia e humilhação pública, e eu aprendi que, quando uma pessoa decidiu te destruir, não lhe faltam palavras, rancor e hipocrisia; a falsidade tem uma capacidade imensa construir argumentos, provas e verdades de areia. Quando esse é o comportamento dos homens da Igreja, e em particular de Bispos, a dor é ainda mais profunda. Mas... nós precisamos nos manter calmos e em silêncio, pedindo a graça para nunca cedermos ao rancor, ao ódio e aos sentimentos de inutilidade. Vamos ficar firmes em nosso amor por Deus e pela Sua Igreja, com humildade.

Apesar de tudo isso, Sarah não é um homem abatido. Seu livro reitera seu chamado para a Missa ad orientem e ao restante da “reforma da reforma”: “Se Deus quiser –, quando quiser e como quiser –, a reforma da reforma terá seu lugar na liturgia. Apesar do ranger de dentes, isso acontecerá, pois, o futuro da Igreja está em jogo”.

Se Sarah se recusou a fazer a si mesmo agradável àqueles que governam Roma, ele também não está disposto a servir nenhum outro partido. Nesse livro maravilhosamente individual, ele diz velhos contos islâmicos, admira os fracos e sofredores e denuncia a intervenção militar: “Como podemos não ficar escandalizados e horrorizados com a ação dos governos americano e ocidental no Iraque, Líbia, Afeganistão e Síria?” Sarah vê estes como derramamentos idólatras de sangue “em nome da deusa Democracia” e “em nome da Liberdade, outra deusa Ocidental”. Ele se opõe ao esforço para construir “uma religião sem fronteiras e uma nova ética global”.

Se isso parece exagerado, lembre-se de que seis dias depois dos mísseis atingirem Bagdá, Tony Blair enviou um memorando a George W. Bush dizendo: “Nossa ambição é grande: construir uma agenda global em torno da qual nós poderemos unir o mundo... espalhar nossos valores de liberdade, democracia, tolerância”[21]. Sarah vê esse programa como algo próximo à blasfêmia.

Ele tem pontos de vista igualmente pungentes sobre a economia moderna: “A Igreja cometeria um erro fatal se ela se exaustasse tentando dar uma espécie de rosto social ao mundo moderno que foi desencadeado pelo capitalismo de livre mercado”..

Guerra, perseguição, exploração: todas essas forças são parte de uma “ditadura do barulho”, cujos slogans incessantes distraem os homens e desacredita a Igreja. A fim de resistir a isso, Sarah volta-se ao exemplo de Ir. Vincent, um jovem recentemente falecido que era muito querido por Sarah. Somente se amarmos e rezarmos como Vincent poderemos ouvir la musica callada, a música silenciosa que os anjos tocaram para João da Cruz. Sim, esse livro mostra que Sarah tem algo ótimo a dizer: sobre a vida mística, a Igreja e assuntos mundiais. Mas na maior parte ele se mantém em silêncio – enquanto o mundo fala sobre ele.

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Fonte:
Why Cardinal Sarah terrifies his critics, por by Matthew Schmitz, disp. em:

http://catholicherald.co.uk/issues/june-23rd-2017/why-cardinal-sarah-terrifies-his-critics/
Acesso 29/7/017
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Lançamentos católicos indicados

A EDITORA MOLOKAI está relançando duas grandes obras do bem-aventurado arcebispo Fulton Sheen, que não deveriam faltar na estante de todo fiel católico que se interessa em compreender mais profundamente as verdades fundamentais da Igreja.



Uma destas obras é o livro “A Paz da Alma” (‘Peace of soul’), que traz uma análise bastante aprofundada da Psicologia e em especial da psicanálise (vista por muitos como panaceia para todos os males da mente), e aponta um caminho seguro àqueles que buscam a paz e a plenitude num mundo dominado pela degradação moral e o predomínio das ideologias materialistas.

Aos que vivem atormentados por conflitos internos e frustrações, o livro indica o caminho de saída por meio da transferência de todas as angústias humanas para os domínios da alma; dos desejos egoístas para a vida imortal que nos aguarda na eternidade. A obra trata de remorso, culpa, morbidez, ansiedade, frustração e outros assuntos que atormentam a alma humana desde sempre. Defende, com admirável propriedade e conhecimento de causa (Sheen estudou Freud por anos), que existem muitos casos de pacientes procurando ajuda em consultórios médicos que seriam solucionados definitivamente no confessionário.



A outra obra é “O Calvário e a Missa”  (‘Calvary and the Mass’), uma verdadeira ode à Santa Missa e seus efeitos, na qual, partindo de uma profunda espiritualidade e amor incondicional a Deus, o autor propõe meditações a partir das diversas partes da Celebração em sua relação com as “Sete Palavras” de Cristo na Cruz. Com eloquência, paixão e racionalidade, conclama-nos a tomar nossa parte na Celebração Eucarística, prenúncio do Banquete da vida eterna. Um livro para apaixonados por Jesus e sua Igreja.

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[Ambos os livros têm capa, projeto gráfico e revisão de Henrique Sebastião, diretor deste apostolado e da Fraternidade São Próspero, e atual editor-chefe da editora Molokai]
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Cardeal Sturla: o direito de educar os filhos pertence aos pais


Por Bárbara Bustamante

ARCEBISPO DE MONTEVIDÉU, Uruguai, Cardeal Daniel Sturla, defendeu a liberdade de ensino no país e destacou que, “para a Igreja, a educação é um meio para a formação do homem em plenitude”.

“O que a Igreja proclama há muitos anos neste país é que apliquemos o direito dos pais de escolher a educação que querem para seus filhos”, disse o Cardeal no 21 de julho (2017) no programa ‘El aporte de la Iglesia Católica’, da Rádio Oriental.

O Arcebispo recordou que o artigo 68 da Constituição assinala que “fica garantida a liberdade de ensino” e que a intervenção do Estado só está regulamentada com o “objetivo de manter a higiene, a moralidade, a segurança e a ordem pública”.

“Todo pai ou responsável tem o direito de escolher, para o ensino de seus filhos ou pupilos, os mestres e instituições que desejam”, estabelece a lei.

Sturla sublinhou que esse direito “suporia, em um país democrático e plural, dar aos pais que têm dificuldade econômica a possibilidade de também poder escolher, do mesmo modo que fazem os pais que têm meios suficientes”.

Do mesmo modo, mencionou que a Igreja “está de acordo com o que diz a lei geral de educação”, que coloca como finalidade última “o pleno desenvolvimento físico, psíquico, ético, intelectual e social de todas as pessoas, sem discriminação alguma (...) Isso é o mesmo que a Igreja propõe quando fala em formar um homem livre, responsável, protagonista de sua história, capaz intelectualmente, comprometido com a sociedade em que vive”, sustentou.

Por último, o Cardeal recordou que “a Igreja não se dedica apenas a obras de educação formal (escolas, universidades), mas tem uma variedade de obras de educação não formal”.

“Isso é uma realidade que nos enche de alegria, porque fala de colocar no centro a criança”, sublinhou o Cardeal Sturla, que concluiu sua reflexão com um chamado a proporcionar a “colaboração público-privada” e a “colaboração sociedade civil-estado”.

Segundo informa o Arcebispo de Montevidéu, os centros de educação formal vinculados à Igreja Católica atendem ao menos 53.869 alunos, 10% da população no sistema educacional no país.

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Fonte:
ACI Digital, disp. em:
http://acidigital.com/noticias/cardeal-sturla-apliquemos-o-direito-dos-pais-de-escolher-a-educacao-para-seus-filhos-64217/
Acesso 27/7/017
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Páginas católicas excluídas do Facebook são restauradas


DEPOIS DO RECENTE bloqueio de mais de vinte páginas católicas –, em português, inglês e espanhol –, o Facebook, maior e mais influente rede social do mundo, com 2 bilhões de usuários, lamentou o “incidente” ocasionado por um “mecanismo de detecção de spam na plataforma”.

“As páginas foram restabelecidas. O incidente foi ocasionado acidentalmente por um mecanismo de detecção de spam na plataforma. Pedimos sinceras desculpas pelos inconvenientes que isso possa ter gerado”, manifestou um porta-voz do Facebook ao Grupo ACI.

Os administradores das páginas afetadas, que somavam entre centenas de milhares a 6 milhões de seguidores, não receberam explicação clara dos motivos do bloqueio, e suas apelações não foram respondidas pelo Facebook. Na noite de 18 de julho, ainda sem explicação, as páginas afetadas foram restabelecidas.

Entre as páginas bloqueadas, a intitulada “Papa Francisco Brasil“, tem quase 4 milhões de seguidores. Seu administrador, Carlos Renê, relatou que a fanpage “foi tirada do ar por volta das 22h do dia 17 de julho“: “O único aviso do Facebook foi uma mensagem no topo da página: ‘Your page has been unpublished’ (Sua página foi ‘despublicada’)...”.

Renê acrescentou que diversas outras páginas de inspiração católica “também foram desativadas sem nenhuma explicação, bem como o perfil pessoal de alguns dos seus administradores“. Foi o caso do perfil pessoal do próprio Renê, bloqueado provisoriamente e depois reativado.

Outra fanpage católica brasileira de grande alcance a sofrer bloqueio no Facebook é a “Nossa Senhora Cuida de Mim“, que ultrapassou os 3 milhões de seguidores precisamente neste mês (jul/2017). O blog de mesmo título informou que a restrição repentina “surpreendeu os editores e administradores da página Nossa Senhora Cuida de Mim”. A equipe comentou: “Logo após o cancelamento, nosso site, Instagram, Twitter, Google+, entre outras redes sociais, ficaram lotados de mensagens onde seguidores perguntavam o que poderia ter acontecido com a página que não estava no ar”.

Outras fanpages católicas aproveitaram para manifestar repúdio à censura. A página “Sou Feliz por ser Católico (a)“, por exemplo, pediu a “todos os católicos (que) não se calem e enviem mensagem ao Facebook solicitando o retorno das páginas e o respeito ao nosso direito de crença religiosa“.

O pe. Augusto Bezerra se manifestou na mesma linha: “As páginas católicas sendo excluídas é algo preocupante”. O sacerdote listou 21 páginas católicas bloqueadas ou excluídas do Facebook.

Entre outras, sofreram bloqueio as seguintes fanpages católicas:

– Papa Francisco Brasil
– Nossa Senhora Cuida de Mim
– Meu Imaculado Coração triunfará
– Clássicos da Música Católica
– Nossa Senhora
– Belezas da Igreja Católica
– Virgem Maria e Santas
– Uma oração e o coração se acalma
God (de Portugal)
My Mother Mary (dos Estados Unidos)

Apesar do pedido de desculpas, continua sendo muito estranho que páginas exclusivamente católicas tenham sido removidas, sem nenhum motivo e nenhuma explicação convincente. Alguns chegaram a levantar a hipótese de as páginas conterem material "ofensivo", mas este claramente não é o caso das páginas citadas. Que mecanismo de spam cometeria um erro como este, e por quê?

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Com informações de Aleteia e ACI Digital
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Nas mãos de Deus ou dos homens?

Bento XVI e o respeito à vida


O pequeno Charlie Gard, condenado à morte pelo poder estatal, e seus pais

Por Dr. Rudy Albino Assunção – Fraternidade São Próspero

O CASO DO MENINO britânico de quase 1 ano de vida, Charlie Gard, tem mobilizado o mundo. Não há quem não se comova com a sua imagem no hospital, deitado placidamente com os olhos fechados, como se dormisse serenamente em sua própria casa. Ele é portador de uma doença rara que lhe tirou os movimentos e a capacidade de respirar por conta própria. Tal doença foi pouco estudada, o que levou seus pais a quererem buscar tratamento nos EUA, decisão esta que encontrou oposição dos médicos que “cuidam” do menino e até mesmo do poder judicário inglês, que decidiu, contra a vontade paterna, que fossem desligados os aparelhos que sustentam a vida do pequeno Charlie.

O Papa Francisco, o presidente norte-americano Donald Trump e até mesmo o ex-primeiro ministro italiano Matteo Renzi se declararam a favor dos esforços dos pais do menino para salvar a vida dele. Vê-se que mesmo indivíduos com visões políticas claramente distintas podem concordar quando o assunto é a salvaguarda da vida. Acima de todas as discussões sobre os pormenores do caso – o liame entre eutanásia e distanásia – mais uma vez nos deparamos com a intromissão, com o intervencionismo estatal sobre a liberdade individual, a vontade paterna e, mais do que tudo, com uma flagrante visão da vida portadora de deficiência como algo de menor valor.

Li de relance numa rede social que estamos no tempo em que se requer o direito de matar a vida inocente, mas que não se dá o direito de defendê-la. Mas onde está a raiz de tudo isso? Porque assistimos a um movimento nas altas esferas políticas e jurídicas contrárias ao principío fundamental da vida? Como todo fenômeno complexo a resposta deveria aludir a muitas causas. Aqui me limito a uma delas, pois foi insistentemente acentuada por Bento XVI: a exclusão de Deus.


Sem Deus a vida corre perigo

Entre nós, católicos, é convicção básica que a vida é um dom de Deus. Ou seja, ela nos foi doada, nós a recebemos de um Outro, que é a sua Fonte e Sentido: “’Pois n’Ele nós vivemos, nos movemos e existimos’…” (At 17,28), conforme diz claramente a Sagrada Escritura. Mas em nossa sociedade, na qual a existência de Deus é cada vez mais colocada em xeque, é até lógico que a defesa da inviolabilidade ou mesmo da sacralidade da existência humana será como uma batalha ingente e contracorrente. Ainda que alguém que não creia em Deus possa defendar a vida como valor absoluto – a luta pró-vida não é confessional, menos ainda restrita ao catolicismo – dado o conhecimento que a razão pode obter da lei natural, é nítido que um processo jurídico e político de sistemática expulsão de Deus do debate público, fruto de um positivismo radical, até o ponto de uma assepsia nos códigos legais de toda referência a princípios transcendentes, elimina o garantidor máximo do respeito à vida em todas as suas etapas: Deus.


Sem Ele, sem uma Inteligência Criadora que nos pensou, que nos amou e, assim, deu-nos existência, restamos apenas como produtos acidentais do “acaso e da necessidade”. Somos meramente factíveis e manipuláveis. Por isso, é admirável uma frase de Bento XVI citada habitualmente e extraída da homilia de início do seu pontificado: nela o Papa afirmava que 

nós existimos para mostrar Deus aos homens. E, só onde se vê Deus, começa verdadeiramente a vida. Só quando encontramos em Cristo o Deus vivo, conhecemos o que é a vida. Não somos o produto casual e sem sentido da evolução. Cada um de nós é o fruto de um pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada um de nós é amado, cada um é necessário.[1]

Aí está o nosso valor fundamental.


A vida está nas mãos de Deus

Bento XVI – o autor que fundamenta as nossas reflexões nesta coluna – lembrava a Igreja, algum tempo depois, aproveitando a ocasião da Jornada pela Vida, celebrada na Itália todos os anos, e fazendo eco aos bispos italianos ao reafirmar

o dever prioritário de se ‘respeitar a vida’, porque se trata de um bem ‘indispensável’; o homem não é dono da vida, mas simples mente quem a preserva e administra. E sob a primazia de Deus nasce automaticamente esta prioridade de administrar, de preservar a vida do homem criada por Deus. Esta verdade – o homem é o guarda e o administrador da vida – constitui um ponto qualificante da lei natural, plenamente iluminado pela revelação bíblica. Ele apresenta-se hoje como ‘sinal de contradição’ em relação à mentalidade dominante.”[2]

De fato, quando excluímos o Senhor da Vida, o homem quer se tornar ele mesmo senhor da vida, querendo dispor dela – para usá-la ou descartá-la – segundo critérios ideológicos, pragmáticos, econômicos.

De fato, verificamos que, apesar de haver em sentido geral uma ampla convergência sobre o valor da vida, contudo quando se chega a este ponto, duas mentalidades opõem-se de maneira inconciliável. Para nos expressarmos em termos simplificantes, poderíamos dizer: uma das duas mentalidades considera que a vida humana esteja nas mãos do homem, a outra reconhece que ela está nas mãos de Deus. A cultura moderna enfatizou legitimamente a autonomia do homem e das realidades terrenas, desenvolvendo assim uma perspectiva querida ao Cristianismo, a da Encarnação de Deus. Mas como afirmou claramente o Concílio Vaticano II, se esta autonomia leva a pensar que ‘as coisas criadas não dependem de Deus, e que o homem as pode usar sem as relacionar com o Criador’, então dá-se origem a um desequilíbrio profundo, porque ‘a criatura sem o seu Criador perde o sentido’ (Gaudium et spes, 36). É significativo que o documento conciliar, no trecho citado, afirme que esta capacidade de reconhecer a voz e a manifestação de Deus na beleza da criação seja característica de todos os crentes, seja qual for a religião a que pertencem.

Disto podemos concluir que o respeito pleno da vida está ligado ao sentido religioso, à atitude interior com a qual o homem se coloca em relação à realidade, se se considera dono ou preservador. De resto, a palavra ‘respeito’, deriva do verbo latino respicere-guardar, e indica o modo de ver as coisas e as pessoas que conduz a reconhecer nelas a consistência, a não se apropriar delas, e a respeitá-las, ocupando-se delas. Em última análise, se as criaturas forem privadas da sua referência a Deus, como fundamento transcendente, elas correm o risco de estar à mercê do livre arbítrio do homem que pode dispor delas como vemos, fazendo delas um uso desatinado.[3]

O Papa alemão nos ensina a olhar o mundo com os olhos de Deus. A olhar a vida com a veneração, com o amor e o cuidado daqueles que se sabem agraciados com um valor e uma grandeza que nos escapam, pois vem de um Outro.

Ainda dentro de nossa temática, quero remeter à viagem que Bento XVI fez ao Brasil em 2007. Na época, durante o voo para o nosso país, ele foi questionado sobre a proposta de referendo para a legalização do aborto aqui e à despenalização do mesmo na Cidade do México. Para lá das questões acerca da excomunhão dos parlamentares envolvidos na legalização, ele recordava o empenho do seu santo predecessor, João Paulo II, neste campo, enunciando alguns princípios importantes para o debate:

Naturalmente, prosseguimos com esta mensagem de que a vida é um dom de Deus e não uma ameaça. Parece-me que, na base destas legislações haja, por um lado, um certo egoísmo, e por outro uma dúvida sobre o futuro. E a Igreja responde sobretudo a estas dúvidas: a vida é bela, não é algo duvidoso, mas é um dom e também em condições difíceis a vida permanece sempre um dom. Portanto, (é preciso) voltar a criar esta consciência da beleza do dom da vida.[4]

Nós tendemos a olhar o feio, o sujo, o grotesco, o doloroso. A Igreja mostra, como Bento XVI frisa muito bem, que mesmo na vida sofredora e limitada há beleza. O menino que sofre – ou não – num leito de hospital é imagem de Cristo, que se fez menino e sofreu perseguição desde o primeiro momento. A vida de Charlie Gard já foi salva e redimida pelo sangue daquele Menino que nasceu perseguido pelo poder do Estado e, tendo logrado crescer, morreu pelas mãos da mesma força totalitária.

Mas Jesus venceu no fim. Rogamos aos Céus que a mesma sorte recaia sobre o menino de nosso tempo que virou símbolo da luta pela vida. Pois a batalha da Igreja é que a vida seja preservada contra todo cálculo de poder, seja ele político ou econômico. Pois este admirável dom que Deus nos deu simplesmente não tem preço.

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Notas:
1. Bento XVI, Homilia na Santa Missa, Imposição do Pálio e entrega do Anel do Pescador para o Início do Ministério Petrino do Bispo de Roma, 24 de abril de 2005.

2. Id., Homilia durante a visita à Paróquia de Sant’Ana, Vaticano, 5 de fevereiro de 2006.

3. Ibid.

4. Id., Entrevista concedida aos jornalistas durante o voo para o Brasil, Viagem Apostólica ao Brasil por ocasião da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, 9 de maio de 2007.
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O tremendo e transformador poder do perdão


PERDOAR É UMA atitude e uma decisão que pode ser das mais difíceis, para milhões de pessoas. Quando alguém pede perdão a outro, está dizendo que reconhece o seu erro e a sua culpa, e que, por isso, põe-se na presença de quem foi atingido, por sentimentos, palavras e/ou atos que feriram a sua dignidade, propriedade ou sensibilidade. Pedir perdão é, também, uma forma de humilhar-se. Perdoar, por sua vez, é responder que reconhece a sinceridade no arrependimento daquele que vai ao seu encontro com a disposição de mudar de atitude.

Algo muito estranho aconteceu e vem acontecendo em nossos dias. As pessoas perderam a vergonha e o receio de pedir desculpas. Antigamente, nossos avós sentiam-se constrangidos em colocar-se diante do outro e expor-se, humilhar-se, reconhecer os próprios erros. E, à primeira vista, essa mudança de atitude pode parecer boa. Seria motivo de alegria que as pessoas tivessem se tornado menos orgulhosas e mais abertas ao próximo, mais predispostas a pedir perdão e reconhecer as próprias faltas, falhas e desvios. 

Todavia não é bem assim. O problema é que agora as pessoas pronunciam as palavras "desculpa" e "perdão" com muita facilidade, mas, muitas vezes, sem pensar no que aquelas palavras implicam, no que significa realmente aquele gesto e aquela atitude. É muito fácil para qualquer pessoa extrovertida dizer: "Desculpe", ou, como se diz hoje: "Foi mal...". Mas a questão é que essas palavras vêm sendo ditas sem reflexão, sem um real sentido de arrependimento, sem a firme e sincera disposição interior para se mudar de atitude – e não voltar a repetir o erro – a partir dali, a partir daquela decisão, assumida naquele momento. O que vem ocorrendo –, desgraçadamente –, é a banalização do gesto sagrado de se pedir perdão.

Quando alguém pede desculpas, com sinceridade, é porque se arrependeu do que fez, porque decidiu que não fará de novo a mesma coisa e reconhece a necessidade de mudança. Um pedido de desculpas sincero é um exercício de humildade; é uma bela e valiosa demonstração de grandeza de alma. É um gesto importante, sério, definitivo. Exatamente por isso é que a verdadeira adesão a Cristo e à sua Igreja chama-se "conversão". Converter é mudar radicalmente o rumo, é inverter a direção, é realizar uma mudança de 180 graus no percurso que se estava empreendendo.

O momento em que alguém pede desculpas ao seu próximo é verdadeiramente um momento solene, ainda que não haja pompa ou aparente solenidade. É uma solenidade para as almas, tanto para a que se dobra quanto para a que recebe o pedido. Dizer "desculpe por isso" ou "me perdoe por ter feito aquilo" envolve um desejo de mudança e uma disposição honesta para a mudança.

Entretanto, temos visto pedidos fúteis de perdão, seguidos da repetição da mesma falta que motivou o pedido, ás vezes pouco tempo depois. Isso demonstra que o pedido de perdão não foi sincero, não foi verdadeiro e, portanto, não foi válido. 

O mesmíssimo se dá na Confissão sacramental. Podemos voltar a cair na mesma tentação, sim, mesmo após termos confessado o pecado, mas quando temos a firme decisão de mudar, quando o arrependimento por ter ofendido a Deus é honesto e sincero, então a tendência é que aquele pecado vá se tornando cada vez menos recorrente. Se eu tenho uma tendência para o orgulho, por exemplo, e procuro o confessionário para me livrar daquela culpa específica, se a minha confissão foi mesmo válida, o resultado é que a partir dali eu vou evitar cair novamente no pecado do orgulho ou da soberba (que é um dos pecados capitais). Posso voltar a tropeçar, porque certos pecados são verdadeiros vícios, que por vezes nos dominam e cegam. Mas, se eu for honesto e estiver numa busca autêntica por cumprir a Vontade de Deus em minha vida, então eu vou cair menos naquele pecado. Certamente não voltarei a cometer o mesmo pecado no mesmo dia em que o confessei, a não ser que a minha confissão não tenha sido sincera, porque eu não estava verdadeiramente arrependido; e se não estava, então a confissão sequer foi válida. Eu nem mesmo fui perdoado por Deus, e permaneço em pecado, no caso, mortal.

Temos aqui uma questão importantíssima, fundamental: o reflexo da Confissão bem feita é a mudança de atitude e de postura, isto é, a verdadeira conversão que se nota na vida do fiel. Muitos nos perguntam se a sua Confissão foi bem feita, sobre como confessar validamente e coisas desse tipo (o que já respondemos aqui), mas não se atentam a esta simples realidade: se a sua confissão foi bem feita e válida, isto pode ser comprovado por meio do resultado prático em sua vida. Se você continua a cair nos mesmos pecados já confessados, sem progressão alguma, sem nenhum aperfeiçoamento na vida cristã, sem nenhuma diferença prática e perceptível nos seus modos, então há sério motivo para se preocupar. 

Retornando à dimensão humana, o poder do perdão é algo realmente grande, tremendo, transformador. A própria ciência humana e o estudo da mente debruçou-se sobre este tema, por exemplo na elaboração da psicanálise1, e o comprovou de muitas maneiras. O enfoque pode recair sobre as relações interpessoais e institucionais, ou numa visão meramente psicológica e mesmo biológica, ou filosófica, sociológica e política, mas o poder curativo e benéfico do perdão – para quem pede e para quem concede – é sempre constatado acima de qualquer dúvida. A sacralidade do perdão, biblicamente revelada, representa uma contribuição muito especial para a compreensão da necessidade de superação das linhas cruzadas e da eliminação das rupturas que se estabeleceram nas relações humanas, por numerosos motivos. 

Observe o leitor quanto é curioso o mundo em que vivemos: consta de uma matéria da jornalista Júlia Carvalho (revista Veja), publicada recentemente, que, segundo o professor e filósofo norte-americano Charles Griswold (Universidade de Boston), exige-se “três passos básicos para se obter o perdão. Primeiro, deve-se assumir a responsabilidade pelo erro. Segundo, é preciso repudiar claramente esse erro, mostrando que não se pretende repeti-lo. Terceiro, deve-se exprimir o arrependimento pela dor causada ao próximo”... Chega a ser engraçado para um católico. Aquilo que é considerado, hoje, uma descoberta da pesquisa científica, a Doutrina da Igreja Católica já o proclama há milênios, ao apresentar as exigências para que o fiel, ao recorrer ao Sacramento da Penitência, obtenha o perdão dos seus pecados contra Deus e contra o próximo. Com efeito, para que esse Sacramento produza seus efeitos, exigem-se as mesmíssimas atitudes elencadas pelo professor. 

A Confissão válida, que tem como resultado a reconciliação, é a que leva o penitente à mudança de vida. Exige: a contrição (reconhecimento dos pecados); a confissão propriamente dita (a revelação e exposição, perante o confessor, desses mesmo pecados); a satisfação (reparação dos pecados cometidos, não voltando o confessor a repeti-los deliberadamente). Como penitência, o confessor impõe uma pena ao penitente, correspondente, “na medida do possível, à gravidade e à natureza dos pecados cometidos" (CIC§1460). Que é a penitência? Uma espécie de resultado e prova do sincero arrependimento, que serve também para se purificar/depurar a alma.

Os grandes e poderosos benefícios do perdão, sob vários aspectos, o confirmam as vozes de quem faz a experiência. Um desses aspectos é a paz da consciência. O relacionamento entre pessoas, grupos e nações fica ameaçado quando determinados sentimentos, palavras e atitudes ferem o seu direito. Quando tal acontece, criam-se estremecimentos nos relacionamentos que, em muitos casos, rompem os vínculos saudáveis e desejáveis, por vezes mesmo aqueles de consanguinidade e/ou os mais sólidos laços de amizade. O perdão é sempre muito benéfico para as pessoas que conseguem refazer a sua história, não apenas porque eliminam e pulverizam a razão do distanciamento que se criou na convivência e no relacionamento social, mas, antes, porque dá um passo de qualidade, ao exclui-las de seu coração e de sua mente. A psicologia e a espiritualidade identificam os benefícios do perdão na vida das pessoas, já que a melhor linguagem dessa experiência é o testemunho unânime dos que conseguiram perdoar-se, mutuamente.

Para muitos, o perdão é benéfico por ser uma conquista humana; para os cristãos, além dessa dimensão, está muito clara a exigência que Jesus Cristo colocou na oração do Pai Nosso: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

Fiel católico, não tenha medo de pedir perdão ao seu próximo. Mas que seja um pedido sincero, aberto, livre, despojado de receios, abundante em generosidade e amor-caridade.

E também não tenha medo de olhar para dentro de si, logo depois de pedir o Auxílio do Espírito Santo do Deus que é Amor, e infinito em misericórdia. Olhe para o mais fundo de si, para os mais escuros e escondidos recônditos de sua mente e de sua alma. Livre-se de todo o entulho, toda porcaria, toda imundície acumulada. Não tenha medo e não guarde nada que possa, depois, atravancar a sua vida. Jogue tudo fora! Não receie humilhar-se diante do sacerdote, contando seus piores e mais podres pecados, expondo seus mais feios sentimentos, desejos, rancores... Porque ali, naquele momento e lugar, o padre é Cristo à sua frente, pronto a ouvi-lo. E Ele já sabe e conhece – melhor do que você mesmo – tudo o que você tem para expurgar. Livre-se de todo peso e sujeira, e agradeça pela disposição do sacerdote em ajudá-lo a salvar sua alma. Cumpra sua penitência e saia da igreja de cabeça erguida, feliz de corpo e alma, reconhecendo-se como parte da infinita Vida de Deus. E assim, perdoado e limpo, não vacile em perdoar prontamente também o seu próximo, que pecou contra você e agora se arrepende. Assim você será um bom amigo de Deus!

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1. SHEEN. Fulton. A Paz da Alma, São Paulo: Molokai, 2017, p. 147ss.

Ref.:

Benefícios do perdão, por Dom Genival Saraiva de França para Universo Católico, disp. em:
http://www.universocatolico.com.br/index.php?/beneficios-do-perdao.html

Acesso 12/7/017
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