Solenidade de São Pedro e de São Paulo


“TU ÉS PEDRO, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja...” – Jesus se referia à fé que Pedro n’Ele anunciara. Esta fé institui o fundamento sólido da Igreja, torna-a firme e capaz de vencer as forças adversas. Todos aqueles que, como Pedro, adotam a fé em Jesus Cristo Filho do Deus vivo, passam a fazer parte deste edifício extraordinariamente sólido que nunca cairá. Nada nem ninguém poderá impedir a Igreja de realizar a sua missão de salvação.

Pedro, que acaba de exteriorizar a sua fé em Cristo, caracteriza os Apóstolos e todos os cristãos que praticam a mesma fé.

Este Apóstolo aparece sempre em primeiro lugar e é aquele que deve confirmar a fé dos outros. Ele é o incumbido de manter a unidade de todos os cristãos nessa mesma fé. Por isso, a Igreja confia no Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, como responsável de preservar a fé em Cristo recomendada por esse Apóstolo, a fim de executar tal missão no decurso de todos os tempos.

Temos a obrigação de rejeitar tudo aquilo que não é evangélico no nosso modo de perceber o ministério do Papa e a sua autoridade na Igreja. Devemos ajustar-nos, sobretudo, àquilo que Jesus repetiu tantas vezes e com tanta evidência: «Aquele que for o maior, proceda como se fosse o menor, e o que governar proceda como o que serve os outros» (Lucas 22,26).

É esta também a visão de Paulo. Poucos meses antes de morrer, fechado numa prisão de Roma, escreve a Timóteo, seu companheiro de missão, dando-se conta que o seu fim está próximo, faz um balanço de toda a sua vida. Está convencido que, no anúncio do Evangelho, realizou a sua imposição principal como os atletas que participam nas competições desportivas no estádio: consumiu todas as suas forças pela causa justa do anúncio do Evangelho, quando afirma: «Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé».

Está convicto de que Deus lhe dará também a ele, no dia em que for recebido na morada eterna, a coroa da vitória que espera todos aqueles «que aguardaram com amor a sua vinda», isto é, a todos aqueles que, como ele, tenham lutado pela justiça.

Pedro e Paulo apontaram-nos com que abnegação à Igreja, com que qualidade de amor, com que desprendimento e com que coragem deve ser cumprido o ministério do anúncio do Evangelho. São o modelo de lealdade à vocação cristã quando somos confrontados com situações nada fáceis: perante a amargura, o isolamento, o desentendimento, ou a marginalização a que nos possam algemar.

Como nos refere a primeira leitura, quem sofre por causa de Cristo deve demonstrar, como Pedro e Paulo, o seu amor franco e dedicado à Igreja, mesmo quando todos lhe são desfavoráveis. Do seu lado terão sempre o «anjo do Senhor» para ampará-los e libertar, como fez com Pedro no momento em que ele mais precisava.

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Fonte:
'Encontro com o Bispo', por Dom Antônio Carlos Rossi Keller, disp. em:
encontrocomobispo.org/2015/06/solenidade-de-sao-pedro-e-de-sao-paulo.html
Acesso 29/6/015
ofielcatolico.com.br

Teoria de gênero? – ou – A sociedade ocidental enlouqueceu de vez?


Pelo Prof. Joathas Belo*, especialmente para O Fiel Católico


A TESE PRINCIPAL da "teoria de gênero" diz: "o gênero é um construto cultural, logo, ele independe do sexo biológico". O que isso quer dizer? "Gênero" é uma palavrinha "mágica" que encobre mais do que revela alguma coisa; significa o papel social masculino ou feminino.

Evidentemente que esse papel é construído, em boa medida, na sociedade, pois ele não vem "pronto", por assim dizer, junto com o sexo biológico. Mas a inferência que se faz a partir do dado verdadeiro da construção cultural dos papéis sociais da masculinidade e da feminilidade, de que tais papéis não têm relação com o sexo biológico, não procede. Isto porque as ideias sobre os papéis sociais dos sexos masculino e feminino nascem precisamente da diferença que, fenomenologicamente, se expressa na fisiologia e na anatomia do varão e da mulher. Tais ideias respondem à pergunta: "como estas diferença e complementaridade biológicas se projetam na vida social?".

Trata-se, portanto, de interpretar o que é ser varão ou mulher, e não de que cada um "decida" se é homem ou mulher (ou, ainda, um terceiro 'gênero' nem masculino, nem feminino, mas “neutro”). Não se "constrói" a masculinidade ou a feminilidade, simplesmente, mas sim o sentido social desta diferença. A perspectiva de gênero sofisma, – ao tomar uma parte (o papel social do sexo) como o todo (o sexo mesmo), – a ponto de alguns teóricos chegarem a negar a própria realidade do sexo biológico (até esta já seria uma interpretação)!

Uma real preocupação com as injustiças ou opressões concretas que se cometem em nome de uma concepção rígida dos papéis sociais masculino e feminino deveria apelar à igual dignidade ontológica das pessoas feminina e masculina, mas nunca a uma condição sexual amorfa, que poderia ser modelada arbitrariamente. Não existe "pessoa humana" em abstrato: toda pessoa é pessoa feminina ou masculina; a condição sexuada é fato inerente ao ser humano.

Negar essa diferença é, sem percebê-lo, recair numa [falsa] postura "espiritualista", segundo a qual o ser humano é sua "alma", como diriam os antigos, ou sua "mente", como se diz hodiernamente. O corpo não teria nada a ver com a identidade da pessoa, mas seria um mero "acidente" ou "instrumento" que o sujeito –cartesiano – poderia usar ao seu bel prazer. A Filosofia clássica afirma que as diferenças psíquicas nascem precisamente das diferenças corpóreas; nesse sentido, a sexualidade não é um atributo meramente corpóreo, mas pessoal (do ser humano inteiro), portanto, também psíquico ou espiritual.



Se a questão fosse meramente teórica, os parágrafos acima encerrariam o assunto. Porém, os “teóricos” do gênero são, na realidade, ideólogos, e a questão não é científica, mas política: é parte de um programa político mais amplo cuja pretensão é destruir a imagem cristã da família, a beleza da complementariedade entre os sexos, a profundidade do amor humano entre homem e mulher, para erigir, em seu lugar, uma “família” fundada exclusivamente no que a teologia cristã chama “concupiscência”, o desejo irracional propalado por Nietzsche e Freud.

Uma ideologia assim deve ser vencida pela força do testemunho de amor das famílias, conjugado à firmeza na recusa de toda e qualquer influência dessas ideias sobre os filhos. Tais ideias são erradas do ponto de vista lógico e são nocivas do ponto de vista moral.

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* O Prof. JOATHAS BELLO é Mestre em Filosofia pela PUC-RJ e Doutor em Filosofia pela Universidade de Navarra (Espanha), atualmente professor No Seminário da Diocese de Niterói, na faculdade de São Bento e na FAETEC-RJ.
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Sobre as heresias


INICIAMOS, COM ESTE artigo, uma série direcionada especialmente à fundamentação dos conhecimentos dos pesquisadores católicos, – e do público em geral, – sobre o tema das heresias. Entendemos que há uma profunda necessidade de ampliarmos os nossos conhecimentos a esse respeito, até porque vivemos dias em que muitos ditos cristãos perderam o amor pela Verdade, caindo nas malhas do relativismo, corrente filosófica que entende que simplesmente não há esta Verdade universal, e que cada época e indivíduo teriam seu próprio modo de ver/entender o mundo: sua própria “verdade particular”.

Todavia não é apenas o relativismo (tão fortemente denunciado pelos Papas João Paulo II e Bento XVI), que nos atinge. Presenciamos agora, estarrecidos, um fortíssimo espírito de desobediência e infidelidade. Muitos católicos “discordam” abertamente do Magistério da Igreja até naqueles pontos definidos dogmaticamente. Neste contexto ressurgem antigas heresias já condenadas pela Igreja em outras eras, com aparência de “grandes novidades”, com força redobrada, causando confusão e enormes estragos às consciências dos fiéis. Quantos questionam se Jesus é de fato Deus? Se é o único Salvador? Interpela-se a Virgindade Perpétua de Maria. Duvida-se da Presença real do Senhor na Eucaristia. Questiona-se a Santa Missa como atualização do Sacrifício do Calvário. Relativizam-se as Escrituras por meio de uma leitura reducionista e racionalista. Satanás virou um mito ou apenas uma questão psicológica. Questiona-se a eficácia e mesmo a necessidade dos Sacramentos. A Tradição tornou-se algo ultrapassado, algo que até se pode estudar como quem admira uma peça de museu. E para que estudar os Padres da Igreja, afinal?

Além de tudo, vemos uma crítica violenta à moral católica, considerada ultrapassada e sem sentido. Quantos supostos católicos defendem o aborto, a eutanásia, o sexo livre, o homossexualismo, o divórcio?

Em várias passagens do Novo Testamento somos alertados sobre falsas doutrinas. Os apóstolos tinham a contínua preocupação de transmitir fielmente a mensagem do Senhor Jesus. São Paulo, na Carta aos Gálatas (1,6-8), determina que seja considerado anátema qualquer um que apresente um evangelho diferente daquele que foi anunciado pelos Apóstolos.

Enfim, no mundo atual é nítida a perseguição ao pensamento cristão. Além disso, muitas vezes através dos meios de comunicação são transmitidas várias informações falsas, às vezes tendenciosas e parciais, sobre a fé cristã. Aqueles cristãos que não possuem uma formação muito sólida ficam confusos e, ou se afastam da Igreja ou até permanecem, mas com o claro intuito de instituir uma “igreja” totalmente nova, “moderna”, que agrade ao mundo.

Devido a toda a realidade descrita até aqui, entendemos que se faz necessário esclarecer o público católico e a população em geral, sobre o que vem a ser, na perspectiva cristã e católica, uma heresia, um cisma e uma apostasia. Assim como analisar as diversas heresias antigas, – mas sempre tão (e cada vez mais) vivas, tais como o ebionismo, o docetismo, o gnosticismo, o arianismo, o apolinarismo, o macedonianismo, o montanismo, o adocionismo, modalismo, o nestorianismo, o monofisismo, o iconoclasmo. E também quais Pais da Igreja combateram essas correntes de pensamento.



Esta é, portanto, a introdução de uma série de postagens relacionadas entre si, adaptadas do conteúdo do recém-lançado (e precioso) opúsculo do Prof. Dr. Joel Gracioso, “Heresias: tão antigas e tão novas” (Kenosis; DDM, 2015), que publicaremos em capítulos, rezando e pedindo a Nosso Senhor que renove, nos corações dos homens, o amor sincero pela Verdade.

** O opúsculo pode ser adquirido por e-mail:
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A Igreja e o ‘arrebatamento’


O TÃO FALADO “arrebatamento”, que tanto mexe com a imaginação dos protestantes, refere-se a uma passagem da primeira Carta aos Tessalonicenses, capítulo 4, que menciona cristãos sendo “raptados” e levados às nuvens para encontrarem o Senhor nos ares, além de algumas outras passagens bíblicas difusas e de difícil interpretação (são elas: Ap 3,10; Lc 17,34-35; Mt 24,40-41)..

    Muitos protestantes têm interpretações equivocadas dessas passagens, tanto assim que, a esse respeito, umas congregações disputam com outras, e um livro publicado inicialmente no ano de 1995 nos EUA, intitulado “Left Behind” ('Deixados para Trás'), e que de lá para cá ganhou diversas novas edições, ajudou consideravelmente a popularizar essa ideia de que os fieis serão literalmente “raptados” deste mundo para encontrar o Senhor antes da grande tribulação que se aproxima. – Segundo essa teoria, os cristãos vão simplesmente "desaparecer" do convívio de todos, para encontrarem-se com Jesus nas nuvens e depois avançarem com Ele ao Céu para aguardar o fim dos tempos.

    O livro “Left Behind” ganhou esse título a partir de uma passagem de Lc 17 e outra semelhante em Mt 24, que falam da vinda do Senhor como nos dias de Noé e nos dias de Lot. E Evangelho segundo S. Mateus (24) diz o seguinte:

Como foram os dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem … eles comiam, bebiam, casavam-se e eles não sabiam até que veio o dilúvio e os varreu a todos, assim será também a vinda do Filho do homem. Em seguida, dois homens estarão a trabalhar no campo, um será levado e o outro será deixado para trás. Duas mulheres estarão a moer no moinho, uma será levada a outra será deixada para trás.

    “Veja”, argumentam os entusiastas da interpretação literal do arrebatamento, “um será levado, o outro deixado. É o arrebatamento! Jesus leva os cristãos e deixa os ímpios para trás!”...

    Mas há problemas com essa interpretação. Note-se que a vinda de Jesus está sendo comparada aos que ocorreu nos dias de Noé e nos dias de Lot. Sendo assim, vejamos: depois do dilúvio, quem foi deixado? Noé e sua família, que eram exatamente os justos, enquanto os pecadores foram levados. Também nos tempos de Lot, depois que Sodoma e Gomorra tornaram-se cinzas, quem foi deixado? Lot e suas filhas, os justos, mas os pecadores foram levados.

    Em segundo lugar, lembremo-nos do versículo 17 de 1Ts, que diz que aqueles que são “deixados” é que vão ao encontro de Jesus nos ares, não os que são levados. Ou seja, os justos são deixados para trás. – Em outras palavras, o cristão deveria desejar ser deixado para trás, para que possa ir ao encontro de Jesus, que irá acompanhá-lo de volta à Terra em sua segunda e definitiva vinda. – Portanto, não haverá arrebatamento tal e qual tratam publicações como "Left Behind".


Explicação de cada uma das teorias protestantes sobre o arrebatamento

Qual a sua versão do arrebatamento? – Você é "pré", "médio/meso" ou "pós? – Se você não sabe como responder a essa pergunta, você provavelmente é católico. A maioria dos fundamentalistas dentre os ditos "evangélicos" sabe que essas palavras são sinônimos de pré-tribulação, meso-tribulação e pós-tribulação. Os termos referem-se a quando o arrebatamento deve ocorrer. Este é um ponto.


O Milênio

Em Apocalipse 20,1-3; 7-8, lemos:

Vi, então, descer do céu um anjo que tinha na mão a chave do abismo e uma grande algema. Ele apanhou o Dragão, a primitiva Serpente, que é o Demônio e Satanás, e o acorrentou por mil anos. Atirou-o no abismo, que fechou e selou por cima, para que já não seduzisse as nações, até que se completassem mil anos. Depois disso, ele deve ser solto por um pouco de tempo. (...) Depois de se completarem mil anos, Satanás será solto da prisão. Sairá dela para seduzir as nações dos quatro cantos da Terra (Gog e Magog) e reuni-las para o combate. Serão numerosas como a areia do mar.

    O período de mil anos, conforme nos diz o autor sagrado, é o Reinado de Cristo. Esse período é popularmente chamado de Milênio. O Milênio é o prenúncio do fim do mundo. O capítulo 20 do Apocalipse é interpretado de três maneiras por diferentes protestantes conservadores: as três escolas de pensamento são chamadas pós-milenismo, amilenismo e pré-milenismo. Vamos analisá-las brevemente.


Pós-Milenismo

Segundo Loraine Boettner, no seu livro "Millennium" (mesmo autor do caluniuoso do patético livro anticatólico 'Catolicismo Romano'), pós-milenismo é “a visão de que as últimas coisas que sustentam o Reino de Deus estão sendo estendidas no mundo agora, através da pregação do Evangelho e da obra salvadora do Espírito Santo; que o mundo finalmente está para ser cristianizado, e que o retorno de Cristo ocorrerá no final de um longo período de justiça e paz, comumente chamado de Milênio".

    Esta opinião foi popular entre os protestantes do século XIX, quando o progresso era esperado até mesmo na religião e antes dos horrores do século XX . Hoje, poucos a mantêm, exceto grupos como os reconstrucionistas cristãos, uma consequência do movimento conservador presbiteriano.

    Comentaristas apontam que o pós-milenismo deve ser distinguido da visão de teólogos liberais e seculares que preveem melhoria social e até mesmo que o Reino de Deus venha puramente através de meios naturais, ao invés de sobrenaturais. Pos-milenialistas, no entanto, argumentam que o homem seja incapaz de construir um "paraíso terrestre" por si mesmo; o Paraíso só virá pela Graça de Deus.

    Pos-milenialistas típicos também dizem que o milênio mencionado em Apocalipse 20 deve ser entendido em sentido figurado e que a expressão “mil anos” não se refere necessariamente a um período fixo de dez séculos, mas a um tempo indefinidamente longo. Por exemplo, o Salmo 50 (vs. 10) fala da Soberania de Deus sobre tudo o que existe e diz-nos que Deus é o Dono “do gado sobre milhares de montanhas”, o que não é para ser entendido literalmente. No final do milênio, aconteceria então a Segunda Vinda, a ressurreição geral dos mortos e o Juízo Final.

    O problema com a ‘teoria’ do pós-milenismo é que a Bíblia não descreve que o mundo vivenciará um período de cristianização completa (ou relativamente completa) antes da Segunda Vinda. Existem inúmeras passagens que falam da era entre a primeira e a segunda vinda como um momento de grande tristeza e luta para os cristãos. Uma passagem reveladora é a parábola do trigo e do joio (Mt 13,24-30; 36-43). Nesta, o Cristo declara que os justos e os ímpios serão ambos plantados e crescerão lado a lado no campo de Deus ('o campo é o mundo', conf. Mt 13,38) até o fim do mundo, quando serão separados, julgados, e serão ou lançados no fogo do inferno ou herdarão o Reino de Deus (Mt 13,41-43).

    Não há nenhuma evidência bíblica de que o mundo acabará por tornar-se totalmente (ou mesmo quase que totalmente) cristão, mas que sempre haverá um desenvolvimento paralelo dos justos e os ímpios até o Julgamento Final.


Amilenismo


A visão amilenista interpreta Apocalipse 20 simbolicamente, e não vê o Milênio como uma era de ouro terrestre em que o mundo será totalmente cristianizado, mas como o atual período de reinado de Cristo no Céu e na Terra, através da sua Igreja (que para os protestantes é apenas o conjunto dos que 'aceitam a Jesus como Senhor e Salvador', espalhados no mundo). Esta foi a opinião dos chamados "reformadores" protestantes e ainda é a visão mais comum entre os protestantes tradicionais, embora não seja assim entre a maioria dos chamados "evangélicos" mais novos e as seitas fundamentalistas.

    Amilenistas também acreditam na coexistência do bem e do mal na Terra até ao fim. Para estes, a tensão que existe na Terra entre os justos e os ímpios será resolvida apenas com a volta do Cristo no fim dos tempos. A idade de ouro do Milênio seria, ao invés, o Reinado celestial de Cristo com os santos, do qual a Igreja na Terra participa de alguma forma, embora não da forma gloriosa como será na Segunda Vinda.

    Amilenistas salientam que os tronos dos santos que reinarão com Cristo durante o milênio parecem fixados no Céu (Ap 20,4) e que o texto nada diz sobre Cristo na Terra durante esse Reinado com os santos. "Explicam" eles que, embora o mundo nunca vá ser totalmente cristianizado até a Segunda Vinda, o Milênio não tem efeitos sobre a Terra a que Satanás está preso, de tal forma que ele não poderá enganar as nações no sentido de dificultar a pregação do Evangelho (Ap 20,3). Eles apontam que Jesus falou da necessidade de “amarrar o homem forte” (Satanás), a fim de saquear a sua casa, resgatando as pessoas de seu aperto (Mt 12,29).

    Quando os discípulos voltaram de uma turnê de pregação do Evangelho, rejubilando-se com a forma como os demônios estavam sujeitos a eles, Jesus declarou: “Eu vi Satanás cair como um relâmpago” (Lc 10,18). Assim, para o evangelho avançar em todo o mundo, é necessário que Satanás seja atado em um sentido, mesmo que ele ainda possa estar ativo (1Pd 5,8).

    O Milênio é uma época de ouro não quando comparado com as glórias do porvir, mas em comparação a todas as eras anteriores da história humana, nas quais o mundo fora engolido em trevas pagãs. Hoje, um terço da raça humana é cristã, e muitos mais ainda repudiam os ídolos pagãos e abraçam o culto ao Deus de Abraão, Isaac e Israel.


Pré-Milenismo

Em terceiro lugar na lista, há o pré-milenismo, atualmente o mais popular entre os fundamentalistas e ditos "evangélicos" (ainda que, há um século atrás, fosse o amilenismo). A maioria dos livros escritos sobre o fim dos tempos, como o de Hal Lindsey, "A Agonia do Grande Planeta Terra", são escritos sob uma perspectiva pré-milenista.

    Como os pós-milenistas, os pré-milenistas acreditam que os mil anos sejam uma era de ouro na Terra, durante a qual o mundo será completamente cristianizado. Ao contrário dos pós-milenistas, acreditam que essa era irá ocorrer após a Segunda Vinda e não antes, para que Cristo reine fisicamente na Terra durante o Milênio. Eles acreditam que o Juízo Final só ocorrerá após o fim do Milênio, o que muitos interpretam como um período de exatamente mil anos.

    Mas as Escrituras não apoiam a ideia de um período de mil anos entre a Segunda Vinda e o Juízo Final. Cristo declara: “Porque o Filho do Homem há de vir com os seus anjos na glória de seu Pai, e então retribuirá a cada homem pelo que ele tem feito” (Mt 16,27), e “Quando o Filho do Homem vier na sua Glória, e todos os anjos com Ele, então, se assentará em seu Trono glorioso. Diante dEle serão reunidas todas as nações, e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos …. E eles [os bodes] irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna" (Mt 25,31-32, 46).


Doutrina do  Arrebatamento

Os pré-milenistas muitas vezes dão muita atenção à doutrina do arrebatamento. De acordo com essa doutrina, quando Cristo voltar, todos os eleitos que morreram serão ressuscitados em seus corpos físicos e transformados a um estado de glória, junto com os eleitos viventes, e então serão arrebatados para estarem com Cristo. O texto-chave referente ao arrebatamento é 1Ts 4,16-17, que afirma: “Porque o mesmo Senhor descerá do Céu com um grito de comando, com o chamado do Arcanjo e com o som da Trombeta de Deus. E os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, depois nós, os vivos, que ficam, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor ".

    Os pré-milenistas acreditam, assim como praticamente todos os cristãos (exceto alguns pós-milenistas), que a segunda vinda será precedida por um momento de grande aflição e perseguição do povo de Deus (2Ts 2,1-4). Esse período é chamado frequentemente a tribulação. Até o século XIX, todos os cristãos concordavam que o arrebatamento, – embora não fosse chamado assim, – ocorreria imediatamente antes da Segunda Vinda, no final do período de perseguição. Esta posição hoje é chamada de “pós-tribulacional” porque afirma que o arrebatamento virá depois da tribulação.

John N. Darby
    Mas em 1800, alguns começaram a clamar que o arrebatamento ocorrerá antes do período de perseguição. Esta posição, hoje conhecida como o ponto de vista ”pré-tribulacional”, também foi abraçada por John Nelson Darby, um dos primeiros líderes de um movimento fundamentalista que ficou conhecido como dispensacionalismo. A visão pré-tribulacional do arrebatamento de Darby foi então adotada por um homem chamado Cyrus Ingerson Scofield, que ensinou esta posição nas notas de rodapé de sua Bíblia de Referência Scofield, que foi amplamente distribuída na Inglaterra e nos Estados Unidos.

C. I. Scofield
    Muitos protestantes que leram a chamada "Bíblia de Referência Scofield" aceitaram sem críticas esta sua interpretação particular, e adotaram a sua visão pré-tribulacional, apesar de que qualquer cristão jamais tivesse ouvido falar de algo assim nos 1800 anos anteriores de história da Igreja.

    Eventualmente, uma terceira posição foi desenvolvida, ficando conhecida como a “meso-tribulacional” ponto de vista que afirma que o arrebatamento ocorrerá durante o meio da tribulação.

    Finalmente, um quarto ponto de vista elaborou que não haverá um arrebatamento único no qual todos os crentes serão reunidos a Cristo, mas que haverá uma série de "mini-arrebatamentos" que ocorrerão em momentos diferentes com relação à tribulação. Nem seria preciso esclarecer que toda essa confusão fez com que o movimento se dividisse em campos mais ou menos radicalmente opostos.

    O problema com todas essas posições (exceto o ponto de vista histórico, pós-tribulacional, o qual foi aceito por todos, inclusive os não pre-milenialistas) é que eles dividem a Segunda Vinda em eventos diferentes. No caso da visão pré-tribulacionista, acredita-se que Cristo teria três vindas: uma quando nasceu em Belém, uma quando retornará para o arrebatamento no início da tribulação e uma no final da tribulação, quando estabelece o Milênio. Esse ponto de vista, de três vindas, parece contrário às Sagradas Escrituras.

Dale Moody
    Os problemas com a visão pré-tribulacional são evidenciados pelo teólogo (e pré-milenista) batista Dale Moody, que escreveu:… “A crença em um arrebatamento pré-tribulacional contradiz todos os três capítulos do Novo Testamento que mencionam a tribulação e o arrebatamento juntos (Mc 13,24-27; Mt 24,26-31; 2Ts 2,1-12). A teoria é tão falida biblicamente que a habitual defesa é feita através de três passagens que não chegam a mencionar uma tribulação (Jo 14,3; 1Ts 4,17; 1Cor 15,52)". Estas são passagens mais importantes, mas elas não dizem uma palavra sobre um arrebatamento pré-tribulacional. A pontuação é de três a zero, três passagens que ensinam um arrebatamento pós-tribulacional e três que não dizem nada sobre o assunto.


Afinal, qual é a posição católica?

Depois de nos dedicarmos à tarefa inglória de tentar esclarecer tamanha confusão, faz-se necessário dizer da postura da primeira Igreja quanto ao assunto. Vamos a ela.

    Sobre o Milênio, nós, católicos, tendemos a concordar com Sto. Agostinho e com os amilenistas. Assim, a posição católica tem sido historicamente “amilenista”, embora não usemos esse termo, ao menos costumeiramente. A Igreja tem rejeitado a posição pré-milenista, às vezes chamada de “milenarismo” (cf. Catecismo da Igreja Católica, §676). Embora a Igreja não tenha dogmaticamente definido a questão, em 1940 o Santo Ofício considerou que o pré-milenismo “não pode ser ensinado com segurança”.

    Com relação ao arrebatamento, os católicos certamente acreditam que o evento de nossa reunião com Cristo terá lugar, embora geralmente não usem comumente a palavra “arrebatamento” para se referir a esse momento. – Situação que traz em si certa ironia, uma vez que o termo “arrebatamento” é derivado dos textos da Vulgata Latina, a tradução oficial da Bíblia Católica, em 1Ts 4,17 – que significa 'seremos raptados' (do latim rapiemur).

Nihil obstat:  
Cheguei à conclusão de que os materiais 
apresentados
neste trabalho estão livres de erros doutrinais ou morais.
Bernadeane Carr, STL, Censor Librorum, agosto 10, 2004

Imprimatur:  
De acordo com 1983 CIC 827 
Permissão
para publicar este trabalho é concedida.

† Robert H. Brom,
Bispo de San Diego, 10 de agosto de 2004



Clique aqui e aprenda a interpretar a Bíblia com a Igreja Católica.



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Fonte:
Artigo publicado na página do apostolado "Ecclesia Militans", disponível em
https://igrejamilitante.wordpress.com/2011/06/01/entenda-o-arrebatamento-as-diferentes-posicoes-protestantes-e-o-que-ensina-a-igreja-catolica/
Acesso 17/5/015
www.ofielcatolico.com.br

Biblioteca católica: livro 'Bernadette Soubirous', de Francis Trochu


A OBRA "BERNADETTE Soubirous" conta duas histórias: a da aparição da Virgem Maria em Lourdes, França, em 1858, e a da garota camponesa de apenas 14 anos, – criada na pobreza e analfabeta, – para a qual Nossa Senhora apareceu. É também a história da vida oculta de Bernadette como uma freira comum no seu convento em Nevers, onde ela alcançou o ápice da santidade.

Sua infância e vida familiar, bem como seu caráter, – honesta, inteligente e direta, – são descritos com maestria. O livro conta em detalhes sua descrição de Nossa Senhora, os eventos em torno das 18 aparições, a oposição das autoridades civis e os milagres de Lourdes. Santa Bernadette padeceu muito no corpo e na alma em sua vida como freira. A Virgem Maria lhe dissera: “Não te prometo a felicidade neste mundo, mas no próximo”. A promessa seria cumprida, quando a santa morreu com apenas 35 anos de idade. Na morte, ela parecia jovem e bela, apesar de todo o tormento da doença que sofreu, e, quando seu corpo foi exumado, 30 anos depois, permanecia incorrupto.

• 512 páginas
• Francis Trochu

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• Com o Sem. Filipe David (Arquidiocese de São Paulo / 'O São Paulo' ed. 3048/seção 'Pelo mundo')
www.ofielcatolico.com.br

Relações pré-matrimoniais: um tabu?


Por Valdir Reginato para revista O Fiel Católico n.9*

A MAIORIA DOS JOVENS casais de namorados atualmente sequer levam esta hipótese em consideração. Conhecer e “ficar” tornou-se quase condição natural para duas pessoas que se dispõe a ter um relacionamento, não necessariamente prolongado. A virgindade e a castidade ficaram emboloradas no dicionário, e alguns já duvidam se sairão na próxima edição. Alguns podem dizer que nos casos em que há um compromisso moral, com data marcada, não haveria problema nessa situação, pois já há um “casamento de fato”, afetivo e de responsabilidade; só falta assinar para tornar-se de direito.

Afinal, tem sentido falar sobre isso na sociedade atual? Não é preciso virar esta página uma vez por todas? – Certos fatos permanecem como lendas ao longo da História. Lendas associadas, frequentemente, a um período de ignorância, a tradições esquisitas, que não cabem mais na sociedade moderna, científica e tecnológica, com avanços nas teorias que contemplam a complexidade fisiológica e psíquica do comportamento em sociedade. Não somos mais primitivos para pensar no porquê da virgindade dos noivos, parte de quase todas as lendas das primeiras civilizações, até o encanto de castidade das princesas medievais, que chegou aos nossos tempos. É necessário um "basta" a esta visão irreal do ser humano!

Interessante que, a estas supostas lendas do mito da pureza pré-conjugal, associava-se outra tradição que também vai se perdendo na memória: “E viveram felizes para sempre...”. Que absurdo! Como alguém pode viver feliz para sempre?! Ainda mais preso a outra pessoa... Eis outro aforisma da história do mundo que parece caducar aos ouvidos dos jovens.


Atribui-se ainda algum valor à pureza e à castidade?

Consequentemente, a “felicidade para sempre”, desejo incrustado no íntimo do coração de qualquer ser humano, associava-se a estes dois pré-requisitos: pureza de corações pré-conjugais e fidelidade permanente, em que a ideia do adultério assombrava, como desastroso terremoto, a felicidade. Podemos dizer que eram contos de fadas de uma fase (de milhares de anos), impostos por uma sociedade paternalista e preocupada na preservação do patrimônio familiar, na qual não havia liberdade de sentimentos? Nas últimas décadas, as luzes nos tiram das trevas para um mundo novo! Será verdade?

Os dados apontam que os jovens continuam acreditando no casamento. Apesar das fraquezas humanas, hoje desvinculadas de qualquer culpa moral, consideram ainda que “resistir” até as núpcias é uma história de fortaleza, respeito, admiração, valorização. Assim como as comemorações de bodas de prata, ouro ou diamantes fazem com que assistamos o cumprimento de uma meta que, mesmo difícil, é possível e digna de admiração. Do mesmo modo, sempre causa constrangimento saber que um(a) amigo(a), divorciou-se, sem causa alarmante.

O que estamos dizendo é que ainda que a meta seja alta, e tenha dificuldades que exigem esforço virtuoso, com muito Amor, a referência se apresenta como ponto de chegada. Contudo, quando se pretende transformá-la numa “lenda” muito romântica e sonhadora, passaremos a estabelecer metas “flexíveis” e relativas ao desejo do empenho que cada um considere para si. Seria esta uma boa alternativa às exigências para o cumprimento das “tradições milenares”?

Os resultados já estão ao nosso alcance. As estatísticas demonstram que os divórcios são muito mais comuns quando os casais têm relações pré-matrimoniais, principalmente se desde o início de namoro. A infeliz comparação, que se denominou “test-drive” para casar, não demonstrou sucesso em relação à tradição, ao contrário. Isto só facilitou adiar o casamento por tempo indeterminado, até que cada um tenha tudo que acha importante para si. Alguns prolongam tanto este período que acabam se separando; afinal, não estavam casados, e partem para uma nova tentativa. Evidentemente, isto acarretou a falta de compromisso com filhos, fator complicador para “cônjuges responsáveis” com a paternidade e a maternidade. A conclusão é que a união de um casal de namorados tornou-se uma vida de egoísmo a dois, onde por direito à felicidade própria não se assume compromisso com o outro. Importante é que cada um seja feliz, não necessariamente juntos.


As modalidades "alternativas" de "família", com a lei que permite a
adoção de crianças por "casais" homossexuais, mostram seus frutos:
nossas crianças sendo induzidas à pederastia desde tenra idade, como 
já se viu explicitamente na famigerada "parada do orgulho gay" 2015

Mesmo nos tempos modernos, admite-se que na sociedade a família é a célula fundamental. Família que se encontra descaracterizada em muitas "alternativas". O que assistimos e vivemos chegou a ser denominado “sociedade do descartável” pelo Papa Francisco, onde desde o copinho de café até a namorada, – ou companheira, como queiram, – obedecem as mesmas leis de uso e descarte. "O importante é ser feliz", berram a todo instante, mas o que facilmente se atesta, pela crescente procura por todo tipo de terapias, é uma população que confundiu a satisfação do orgasmo com a união livre, comprometida, fiel e permanente exigidas para um matrimônio de Amor, aberto como fonte para uma nova vida segundo os desígnios de Deus e como caminho de felicidade.


Megan Young
Deixo como esperança as palavras da belíssima miss Filipina Megan Young, de 23 anos. Um mês antes de vencer o concurso que lhe conferiu o título de “mulher mais bonita do mundo” (2013), em entrevista ao canal ABS-CBN, declarou-se contra o aborto, as relações pré-matrimoniais, o divórcio e outros do gênero. Ao fim, a entrevistadora conclusivamente pergunta como uma “boa garota” pode dizer "não" ao sexo antes do casamento, e recebe uma simples resposta: “Muito fácil: você diz 'não'. Quando alguém pressiona e você vê que está indo longe demais, isso significa que não lhe valoriza e não valoriza a relação. Se o rapaz está disposto a se sacrificar, isso diz muito”, concluiu Young.

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* Dr. Valdir Reginato é Doutor em História Social pela FFLCH-USP, Docente Adjunto e Diretor do CeHFi-EPM-UNIFESP e Doutor em Ciências pela FMUSP

12 de Junho – Festa do Sagrado Coração de Jesus


TODO O MÊS DE junho é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus; a Festa ou Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é no dia 12 de junho.

Todos sabemos que o coração é um órgão muscular situado na cavidade torácica, que recebe o sangue e o bombeia por meio de movimentos ritmados, fazendo fluir a vida em todo o corpo. Mas, além de designar um órgão vital do corpo humano, a palavra “coração” também significa, num sentido analógico, um conjunto de valores de ordem moral e espiritual. Assim, metaforicamente, diz-se que tal pessoa tem um “coração de ouro”, e/ou que alguém tem um “coração de pedra”. No primeiro caso, significa que tal pessoa é bondosa, generosa, amorosa; no segundo, que alguém é insensível, mesquinho, frio. Pode-se dizer também que alguém tem o coração aberto ou fechado, manso ou cheio de ódio, mole ou duro, etc, etc. Rotineiramente, fazemos inúmeras correlações simbólicas a propósito do coração humano.

Nas Sagradas Escrituras, encontramos quase mil vezes repetida a palavra “coração”. Vejamos um exemplo, extraído do Antigo Testamento:
Eu lhes darei um só coração e os animarei com um espírito novo: extrairei do seu corpo o coração de pedra, para substituí-lo por um coração de carne.
(Ez 11, 19)

Agora, um exemplo do Novo Testamento:
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!(Mt 5, 8)

Sumamente vinculada ao símbolo que o coração representa, está a devoção ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em primeiro lugar, simbolizando o infinito Amor de Deus pelo gênero humano: o Sagrado Coração de Jesus faz parte de sua adorável Pessoa. Entre os elementos integrantes da Pessoa de Cristo, nenhum há tão apropriado como o coração para ser objeto de culto especial. Simboliza a obra do Amor infinito levada ao extremo, pelo nosso bem, pelo Verbo feito homem, no Mistério da Encarnação e Redenção. Portanto, o culto tributado ao Sagrado Coração de Jesus é culto tributado a Jesus Cristo na qualidade de amante do homem.

A Encíclica Haurietis Aquas, de Pio XII  (1956), – considerada por excelência o documento sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus, e leitura indispensável a este respeito (leia aqui), – foi escrita com a finalidade de expor os fundamentos teológicos desse culto, e publicada exatamente no centenário da extensão, para toda a Igreja, da Festa Litúrgica do Coração de Jesus. Esse memorável documento pontifício ensina:
O Coração do nosso Salvador reflete de certo modo a imagem da Divina Pessoa do Verbo, e, igualmente, das suas duas naturezas: humana e divina; e nEle podemos considerar não só um símbolo, mas também como que um compêndio de todo o Mistério da nossa Redenção. Quando adoramos o Coração de Jesus Cristo, nEle e por Ele adoramos tanto o Amor incriado do Verbo divino como o seu amor humano e os seus demais afetos e virtudes, já que um e outro moveram nosso Redentor a imolar-se por nós e por toda a Igreja, sua Esposa.
(N. 43)


O primeiro e maior de todos os Mandamentos

Sta. Margarida
Maria Alacoque
Um escriba de Jerusalém, doutor da lei, perguntou a Jesus qual era o primeiro de todos os mandamentos. Eis a resposta de Nosso Senhor: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente, e com todas as tuas forças” (Mc 12,30).

Se de todo coração uma pessoa ama a Deus, estará disposta a sacrificar-se por Ele; estará pronta a combater aqueles que atacam e desprezam seus divinos Ensinamentos, e tudo fará para reparar as ofensas que se fazem contra Deus. Qualquer ofensa a Ele, tomará como se fosse mais grave que uma ofensa pessoal, e desejará ardentemente consolá-lo pelo ultraje recebido.

S. Claudio Colombière
Exemplo admirável desta disposição foi a vida de Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), enaltecida por Nosso Senhor como “Discípula dileta de meu Coração”. A ela se deve, – com o apoio de seu diretor espiritual, São Claudio de la Colombière, – a grande expansão, no século XVII e nos seguintes, da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, principalmente na reparação àquele Coração ofendido pelos pecados dos homens. A ela Nosso Senhor pediu (em Paray-le-Monial, França) que fosse instituído o excelente costume da Comunhão reparadora das primeiras sextas-feiras de cada mês.

Além desta grande santa mística, poderíamos citar muitas outras almas santas que difundiram atos de piedade para desagravar o Divino Coração. Um exemplo é o da simples menina Jacinta, a quem Nossa Senhora, no ano de 1917, apareceu em Fátima. Com apenas 10 anos, ela já tinha uma clara noção disso. Pouco antes de seu falecimento, disse à sua prima Lúcia: “Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito, a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!”. Palavras singelas, mas que revelam o quanto uma menina inocente se abrasava de Amor de Deus e se compadecia daqueles Corações ofendidos.


Muitos católicos vivem como se Deus não existisse

O mundo atual sofre os abalos de um terrível terremoto moral. Todas as instituições da sociedade e do Estado encontram-se flageladas por crises profundas, porque o Criador e Redentor do gênero humano deixou de estar no centro das cogitações, até no centro dos corações daqueles que se dizem católicos. Ele é ultrajado de todos os modos, tendo sido destronado na sociedade neopagã de nossos dias.

Como remediar essa catastrófica situação? O Papa São Pio X indicou-nos uma solução: “Se alguém pedir uma palavra de ordem, sempre daremos esta e não outra: Restaurar todas as coisas em Cristo”. Para isso, a necessidade de se reentronizar o Sagrado Coração de Jesus nas almas, nas famílias, nas instituições, em todas as nações. Numa palavra: restaurar a Realeza social e divina d’Aquele que é “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19,16). Para isso, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é o remédio por excelência.

Não sejamos, então, surdos e ingratos a essa sublime devoção, correspondendo ao Divino Amor de Deus por nós. Como corresponder? Procurando fazer tudo conforme seus divinos Preceitos, e evitar tudo o que os contraria. Assim, estaremos purificando nossos corações e assemelhando-os ao Sacratíssimo Coração. 

Uma breve aplicação: por obra da funesta Revolução Francesa, o Rei Luís XVI foi condenado à guilhotina. Subiu ao patíbulo com toda a paciência, mas quando o carrasco quis atar-lhe as mãos, num gesto enérgico ele não o permitiu, dizendo que não aceitaria tal humilhação. Seu último confessor, o Pe. Edgeworth de Firmont, então, disse-lhe: “Senhor, esta humilhação será ainda mais um traço de semelhança entre Vossa Majestade e Nosso Senhor Jesus Cristo”. Ao ouvir isto, Luís XVI respondeu: “Se isso agrada a Jesus, estou pronto para ser amarrado”.

Tal resposta do soberano francês poderia ser aplicada em todas as circunstâncias de nossa vida: estarmos sempre prontos a fazer tudo o que agrada a Jesus; e nada, absolutamente nada que o desagrade. Para chegar à perfeição dessa prática habitual, é muito aconselhável a jaculatória do final da Ladainha do Sagrado Coração: “Jesus, manso e humilde de coração. Fazei nosso coração semelhante ao vosso!”.

História da Devoção ao Sagrado Coração de Jesus

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus surgiu no século XVII, quando Santa Margarida Maria de Alacoque, religiosa do convento das Irmãs da Visitação de Paray-le-Monial, recebeu a visita de Nosso Senhor, que lhe apareceu por três vezes. A primeira foi em dezembro de 1673, a segunda em 1674 e a terceira em 1675, quando o Cristo manifestou-se-lhe com o peito aberto e apontando seu próprio Coração, e exclamou: "Eis o Coração que tem amado tanto aos homens a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes seu Amor. E em reconhecimento não recebo senão ingratidão da maior parte deles".

Durante essas aparições, Jesus fez 12 grandes promessas àqueles que fossem devotos de seu Coração Misericordioso e que participassem da Santa Eucaristia, comungando pela reparação dos nossos pecados e dos pecados do mundo, toda primeira sexta-feira de cada mês, durante nove meses seguidos. Depois, em 11 de junho de 1899, o Papa Leão XIII consagrou todo o gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus, afirmando ser esse o maior ato de todo o seu pontificado.

Dessa forma, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus difundiu-se por todo o mundo e foi recomendada por muitos Papas da Igreja. Muitos grandes Santos, como São Francisco de Assis, Santo Inácio de Loyola, Santa Tereza D’Avila e outros, dedicaram terna devoção, admiração e adoração ao Sagrado Coração de Jesus. Hoje, o movimento do Apostolado da Oração ao Sagrado Coração de Jesus zela por essa devoção e a propaga pelo mundo todo. Listamos, abaixo, as doze promessas de grandes benefícios espirituais para às vidas daqueles que têm essa santa devoção:

1ª Promessa: “Eu darei aos devotos de meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”.

2ª Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias ”.

3ª Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”.

4ª Promessa: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”.

5ª Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”.

6ª Promessa: “Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias”.

7ª Promessa: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”.

8ª Promessa: “As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição”.

9ª Promessa: “A minha Bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração”.

10ª Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”.

11ª Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no meu Coração”.

12ª Promessa: “A todos os que comunguem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.



Pequena Oração de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus, de Santa Margarida Maria Alacoque

Santa Margarida Maria compôs uma belíssima oração de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus, que se chama “Pequena Consagração”. Reze-a com um "santinho" nas mãos ou diante da imagem do Sagrado Coração de Jesus. Você certamente receberá muitas graças.
Eu, (seu nome), entrego e consagro ao Sagrado Coração de Jesus minha pessoa e minha vida, minhas ações, dores e sofrimentos, e quero me servir de todas as partes de meu ser apenas para honrá-Lo, amá-Lo e glorificá-Lo.Amém!”

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Ref.:
• SCHNEIDER, Roque. Espiritualidade do Coração de Jesus. São Paulo: Loyola, 2002
• DUFOUR, Gerard. Rezar 15 dias com Margarida Maria, São Paulo: Loyola, 2003
www.ofielcatolico.com.br

'Onde estiverem dois ou três reunidos em meu Nome'... Há salvação fora da Igreja?

O LEITOR BRUNO Queiroz enviou-nos a seguinte pergunta:
Henrique poderia me esclarecer um duvida, a palavra diz que .Jesus disse onde houver dois ou tres reunidos em meu nome ali eu estarei presente, é possível afirmar que jesus esta presente também nos cultos protestantes ou não?


Olá, Bruno Queiroz, Salve Maria!

Em primeiro lugar, eu gostaria de alertá-lo para que tome cuidado com as premissas protestantizadas. Observe bem que você já inicia o seu comentário dizendo "...a palavra diz que...". Vejo aí a insinuação de uma premissa 100% protestante/"evangélica". Não que esteja errado o que você disse; – o problema está no fato de que muitas vezes, querendo encontrar a solução para alguma questão, alguns católicos de hoje dizem: "A palavra diz isso e aquilo", usando a expressão "a palavra" assim, de modo absoluto, no singular, referindo-se à Bíblia Sagrada. – Quando o fazem, estão, inconscientemente, elevando as Escrituras à sua "única regra de fé e prática". E assim, sem perceber, caem na heresia da sola scriptura, possivelmente o mais mortal dos erros trazidos por Lutero, Calvino e companhia.

É fundamental que nós, católicos, compreendamos que a Palavra de Deus, em sentido pleno, é Nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo Encarnado.

Depois disto, num nível diferente (em grau de perfeição), podemos chamar também "Palavra de Deus" às Sagradas Escrituras (Bíblia), e à Tradição Apostólica, como atesta a própria Bíblia (2Ts 2,15; 3,6). Num outro sentido, a Palavra de Deus também se faz "ouvir" (por assim dizer) no Magistério da Igreja divinamente instituída (Mt 16,18). A Igreja, sendo Corpo de Cristo, é a continuação histórica do Cristo na Terra, e é por isso que aqueles que perseguem a Igreja perseguem o próprio Jesus Cristo, como revelou o Senhor mesmo a S. Paulo no caminho para Damasco (At 9,4ss). E como a Igreja se identifica assim tão intimamente com o seu Fundador, – Jesus, que é Deus, – também a palavra da Igreja, por meio do sagrado Magistério, é Palavra de Deus. 

Sendo assim, a Bíblia é Palavra de Deus por escrito. Logo, não está errado dizer que a Bíblia é Palavra de Deus, mas está errado dizer que a Bíblia é "A" Palavra de Deus, insinuando um sentido absoluto, como se o Livro sagrado só e isoladamente pudesse conter tudo o que Deus Todo-Poderoso tem a nos dizer e instruir. A Bíblia, ela mesma, diz que a Escritura é útil para instruir, mas não diz que somente a Escritura, isolada e exclusivamente, é a nossa única regra de fé e prática. Ao contrário, as Escrituras declaram categoricamente que é a Igreja "a coluna e o sustentáculo da Verdade" para o cristão (1Tm 3,15). – A Bíblia foi produzida pela Igreja, e não o contrário. Assim, devemos recorrer à Igreja para entender e interpretar a Bíblia, não o contrário. Dom José Francisco Falcão de Barros, Bispo Auxiliar do Ordinariado Militar do Brasil, falou longamente a esse respeito em suas vídeo-aulas, que você pode assistir aqui.

Dito isto, passo à sua questão, que, creio, já começa a se aclarar. A Palavra de Deus escrita precisa ser interpretada à luz da Igreja. Se não fosse assim, cairíamos no caos completo, como aconteceu com o protestantismo: hoje existem dezenas de milhares de denominações ditas protestantes/"evangélicas", e cada uma delas prega "uma verdade" diferente da outra, porque cada "pastor", "ancião" ou "reverendo" interpreta a Bíblia "do seu jeito" particular, – algo que está proibido na própria Bíblia (2Pd 1,20).

De modo muito semelhante, eu posso lhe dizer que já vi, pessoalmente, grupos de espíritas reunidos em nome de Jesus. Eles se reúnem, rezam o Pai-Nosso (às vezes até a Ave-Maria e/ou alguma outra oração católica) e invocam o Nome de Jesus. Falam em Nome dEle, citam o Nome dEle a todo instante, recitam passagens dos Evangelhos... Isso quer dizer que Jesus está presente nas seitas espíritas?

Também os membros da seita "santo daime" ou ayahuasca (isto não presenciei in loco, mas vi em diversos documentários e reportagens) invocam o Nome de Jesus, falam em seu Nome, citam passagens dos Evangelhos... Já vi (isto sim, pessoalmente) um membro destas seitas comparando a Eucaristia com o chá alucinógeno que eles consomem! E essa pessoa pronunciou esta blasfêmia "em Nome de Jesus". Será, então, que por se reunirem em Nome do Cristo eles estão em Comunhão com Nosso Senhor?

Poderíamos avançar nessa linha de raciocínio, porque existem inúmeras seitas esotéricas/ocultistas que reúnem pessoas em Nome do Senhor Jesus, e algumas até o reconhecem como Filho de Deus. Seria este um atestado de autenticidade das suas práticas?

Deixo as respostas ao seu encargo. Finalizo dizendo o que sempre digo: a Sagrada Bíblia precisa ser lida à luz da fé da Igreja de Cristo, e entendida como um conjunto coeso e coerente de textos, em que uma passagem não pode contradizer outra. Todos os livros do Novo Testamento são unânimes e insistentes em afirmar a importância de se manter a ortodoxia da fé. Poderia uma passagem isolada afirmar que basta um grupo se reunir "em Nome de Jesus" para que Jesus estivesse com eles, no sentido de que sua doutrina fosse autêntica?

Mais uma vez, você é quem responde. Esclarecido este primeiro ponto, insinua-se automaticamente uma outra questão, a qual analisaremos a partir daqui.



Há salvação fora da Igreja?

Um antigo axioma católico diz: "Extra Ecclesiam nulla salus": "fora da Igreja não há salvação". Pregar essa verdade a um mundo dominado pelo indiferentismo religioso e pelo relativismo pode não ser tarefa fácil. Porém, como disse o Papa Paulo VI, "não minimizar em nada a doutrina salutar de Cristo é forma eminente de caridade"1. Não se pode, em nome da caridade, abdicar do anúncio da Verdade. Sem esta, de fato, não pode sequer haver autêntica caridade, como tão bem ensinou Bento XVI: "Só na verdade é que a caridade refulge e pode ser autenticamente vivida"2.

Sem dúvida, estabelecer se a Igreja é necessária para a salvação das almas, e como, bem como sua relação com as outras religiões, é empreitada bastante espinhosa. Alguns diriam mesmo tratar-se de um dos assuntos mais angustiantes de toda a eclesiologia. Para buscar uma resposta, é fundamental observar a prática dos santos. Assim, veremos que não é absolutamente possível conciliar o indiferentismo religioso com a fé cristã e católica, pois foi justamente contra essa postura herética que os primeiros mártires da Igreja ofereceram seu testemunho de vida e o derramamento do seu sangue: muitos deles poderiam ter sido salvos da degola, da cruz ou das presas das feras se, simplesmente, jogassem um punhado de incenso diante da imagem de um Imperador. No entanto, eles sabiam que, se o fizessem, estariam praticando um ato de idolatria. Renunciaram, então, à falsa "boa convivência" com as outras religiões; demonstraram, com suas vidas, o óbvio: uma só é a Religião verdadeira, que dá a vida eterna. Vale a pena abrir mão desta vida provisória e atribulada em troca de uma eternidade de plena felicidade.

Do mesmo modo, não é possível conciliar o indiferentismo com a fé dos Apóstolos, que atravessaram continentes e oceanos para anunciar o Evangelho aos pagãos; com a fé de São Francisco Xavier, que viajou ao Oriente para converter aqueles povos que não conheciam a Cristo; com a fé dos missionários jesuítas, que pagaram um alto preço para evangelizar o Novo Mundo, enfrentando desafios tremendos para trazer os povos indígenas à fé cristã.

Todo o sacrifício dos missionários cristãos para evangelizar outros povos está fundado na convicção da necessidade da Igreja para a salvação dos homens. Sugerir que a Igreja Católica está no mesmo nível de outras religiões e seitas, ou que a salvação pode ser empreendida simplesmente por meio dos esforços humanos, significa contrariar todos os santos, e, mais do que isso, pecar contra a caridade com que Cristo amou sua Igreja e se entregou por ela, assim como o esposo fiel se entrega pela esposa3.

Antes de responder objetivamente e conforme a doutrina católica à pergunta: "Há salvação fora da Igreja?", é preciso rever a definição que disponibilizamos na primeira parte deste artigo, compreender bem e profundamente o que é a Igreja, e manter sempre em mente e na alma que a Igreja é a continuação do Mistério da encarnação de Cristo na História. De fato, as graças que Jesus conquistou para os homens na cruz poderiam ter sido distribuídas "diretamente a todo o gênero humano. Deus quis, porém, comunicá-las por meio da Igreja visível, formada por homens, a fim de que por meio dela todos fossem, em certo modo, seus colaboradores na distribuição dos divinos frutos da Redenção. E assim como o Verbo de Deus, para remir os homens com suas dores e tormentos, quis servir-se da nossa natureza. Assim, de modo semelhante, no decurso dos séculos se serve da Igreja para continuar perenemente a obra começada"4.
O eterno Pastor e Guardião das nossas almas (cf. 1Pd 2,25), querendo perpetuar a salutar obra da redenção, resolveu fundar a santa Igreja, na qual, como na Casa do Deus vivo, todos os fiéis se conservassem unidos, pelo vínculo de uma só fé e amor.5

Até que Jesus veio nos salvar por seu Sacrifício, havia um abismo entre Deus e o homem. Esse abismo já existia pela própria natureza das coisas (Deus infinitamente santo e maior que as criaturas, portanto infinitamente inacessível a estas), foi ainda mais aprofundado pelo pecado original. Sendo impossível que o homem superasse esse abismo, Deus mesmo fez-se homem. Construiu, assim, o caminho inverso do da Torre de Babel. – Os homens tentaram edificar uma torre que atingisse os Céus; Deus, porém, veio Ele próprio em socorro da fraqueza humana. – Em Cristo estão unidas as duas naturezas: a divina e a humana, "sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação"6, como indica o Concílio de Calcedônia. É justamente por ser homem e Deus que só Jesus Cristo pode redimir o homem e levá-lo a Deus.

Logo, para que se salve, o homem deve incorporar-se a Cristo, tornar-se membro de seu Corpo, que é a Igreja7. Entretanto o demônio, desde sempre, quis divulgar a falsa ideia de que a Igreja é instituição meramente humana; alguns de nosso tempo, repetindo o erro de que "foi alheio à mente de Cristo constituir a Igreja como sociedade que devia durar sobre a terra por longo decurso de anos"8, insinuaram que "a Igreja como instituição não estava nas cogitações do Jesus histórico"9. Esse tipo de pensamento é completamente herético.
Antes de mais, deve crer-se firmemente que a 'Igreja, peregrina na Terra, é necessária para a salvação. Só Cristo é Mediador e Caminho de salvação; ora, Ele torna-se-nos presente no seu Corpo que é a Igreja; e, ao inculcar por palavras explícitas a necessidade da fé e do Batismo (cf. Mc 16, 16; Jo 3, 5), corroborou ao mesmo tempo a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo tal como por uma porta'10. Esta doutrina não se contrapõe à Vontade salvífica universal de Deus (cf. 1 Tim 2, 4); daí 'a necessidade de manter unidas estas duas verdades: a real possibilidade de salvação em Cristo para todos os homens, e a necessidade da Igreja para essa salvação'11.12

Nessa matéria, é possível incorrer em dois extremos: a) no indiferentismo, na heresia que nega a necessidade da Igreja para a salvação; b) no rigorismo, que nega que Deus queira que todos os homens se salvem e que atue fora da Igreja, se e quando o quer. Ambas as posições já foram reiteradamente condenadas pelo Magistério da Igreja:
...Entre as coisas que a Igreja sempre pregou e nunca deixará de pregar está também a afirmação infalível que nos ensina que 'fora da Igreja não há salvação'."13

Atente-se à palavra "infalível" no texto. A expressão "fora da Igreja não há salvação" não é uma mera "opção pastoral" da Igreja num determinado momento da História, que ela pode abandonar a qualquer instante. Trata-se de um ensinamento constante do Magistério, retirado da Tradição. – Encontra-se em autores como Sto. Inácio de Antioquia, Sto. Irineu de Lyon, Orígenes e S. Cipriano de Cartago, –  uma verdade de fé afirmada pelo IV Concílio Lateranense14 e reafirmado pelo Concílio de Florença15; um ensinamento "que a Igreja sempre pregou e nunca deixará de pregar”.
Por isso, ninguém será salvo se, sabendo que a Igreja foi divinamente instituída por Cristo, todavia não aceita submeter-se à Igreja ou recusa obediência ao Romano Pontífice, vigário de Cristo na Terra.”
Ora, o Salvador não apenas ordenou que todas as nações entrassem na Igreja, mas ainda decidiu que a Igreja seria o meio de salvação sem o qual ninguém pode entrar no Reino celeste.”
Para que alguém obtenha a salvação eterna não é sempre necessário que seja efetivamente incorporado à Igreja como membro, mas requerido é que lhe esteja unido por voto e desejo.”
Todavia, não é sempre necessário que este voto seja explícito como o é aquele dos catecúmenos, mas, quando o homem é vítima de ignorância invencível, Deus aceita também o voto implícito, chamado assim porque incluído na boa disposição de alma pela qual essa pessoa quer conformar sua vontade à Vontade de Deus.”16

O que podemos dizer, então, a partir dos documentos da Igreja? Que as pessoas que forem salvas, serão salvas através da Igreja Católica, ou através da explícita e clara incorporação pelo Batismo, da profissão de fé e da submissão ao Magistério, ou por outros meios que só Deus conhece.

Claro é que a Igreja Católica será sempre o meio de salvação do homem. É possível expressá-lo com a fórmula negativa "extra Ecclesiam nulla salus" (que equivale a dizer: 'extra Christum nulla salus'), mas também com a fórmula positiva, preferida pelo Concílio Vaticano II, como "Sacramento universal da salvação"17.

Resumindo, um pagão, homem ou mulher de boa vontade, pode salvar-se unido, de alguma forma, ao mistério da Igreja de Cristo. Esta é a doutrina católica, que não admite a relativização das coisas, como dizer que "todas as religiões são iguais", ou que "religião não importa" ou que "o importante é respeitar todas as religiões".

Com relação a última frase citada acima, é necessário e urgente observar: não é verdade que todas as religiões mereçam respeito, em si mesmas. Os seres humanos, estes sim, merecem respeito, mas não tudo aquilo que praticam ou afirmam. Não se pode, por exemplo, "respeitar" a antiga religião asteca, que sacrificava milhares de vidas humanas em honra ao deus sol; ou a religião de Moloch, que sacrificava crianças; ou o satanismo, que diviniza a pura maldade.

Algumas religiões podem possuir (e por certo possuem) aspectos positivos, mas estes se devem, direta ou indiretamente, à Igreja: tudo o que é bom desejo humano, que é aspiração digna de verdadeiro respeito, dirige-se à Igreja e dirige as pessoas ao redil de Pedro. Essa doutrina está presente em muitos documentos da Igreja, mas pode ser resumida em um parágrafo, contido no Compêndio do Catecismo da Igreja Católica:
Que significa a afirmação: 'Fora da Igreja não há salvação'? Significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é o seu Corpo. Portanto não poderiam ser salvos os que, conhecendo a Igreja como fundada por Cristo e necessária à salvação, nela não entrassem e nela não perseverassem. Ao mesmo tempo, graças a Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a salvação eterna todos os que, sem culpa própria, ignoram o Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da Graça, se esforçam por cumprir a sua Vontade, conhecida através do que a consciência lhes dita.18

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Referências
1. Papa Paulo VI, Carta Encíclica Humanae Vitae, 25 de julho de 1968, n. 29
2. Papa Bento XVI, Carta Encíclica Caritas in Veritate, 29 de junho de 2009, n. 3
3. Cf. Ef 5, 25
4. Papa Pio XII, Carta Encíclica Mystici Corporis, 29 de junho de 1943, n. 12
5. Concílio Vaticano I, Constituição Dogmática Pastor Aeternus, 18 de julho de 1870, n. 1. cf. Denzinger-Hünnermann, n. 3050.
6. Concílio de Calcedônia, 5ª sessão, 22 de outubro de 451. Cf. Denzinger-Hünermann, n. 302.
7. Cf. At 22, 8; Rm 12, 5; 1 Cor 12, 12-30; Cl 1, 18
8. Decreto do Santo Ofício Lamentabili, 3 de julho de 1907, n. 52. Cf. Denzinger-Hünnermann, n. 3452.
9. BOFF, Leonardo. Igreja: carisma e poder. Ed. Ática: São Paulo, 1994. p. 133
10. Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, n. 14
11. Papa João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris Missio, 7 de dezembro de 1990, n. 9
12. Congregação para a Doutrina da Fé, Declaração Dominus Iesus, 6 de agosto de 2000, n. 20
13. Carta do S. Ofício ao arcebispo de Boston, 8 de outubro de 1949. Cf. Denzinger-Hünnermann, n. 3866
14. IV Concílio do Latrão, Cap. 1. A fé católica, 11-30 de novembro de 1215: "Una vero est fidelium universalis Ecclesia, extra quam nullus omnimo salvatur." – "Há uma só Igreja universal dos fiéis, fora da qual absolutamente ninguém se salva." Cf. Denzinger-Hünnermann, n. 802.
15. Concílio de Florença, Bula Cantate Domino, 4 de fevereiro de 1442: "Firmiter credit, profitetur et praedicat, 'nullos extra catholicam Ecclesiam existentes, non solum paganos', sed nec Iudaeos aut haereticos atque schismaticos, aeternae vitae fieri posse participes, sed in ignem aeternum ituros, 'qui paratus est diabolô et angelis eius' [Mt 25, 41], nisi ante finem vitae eidem fuerint aggregati, tantumque valere ecclesiastici corporis unitatem, ut solum in ea manentibus ad salutem ecclesiastica sacramenta proficiant, et ieiunia, eleemosynae ac cetera pietatis oficia et exercitia militae christianae praemia aeterna parturiant" – "A Igreja crê firmemente, confessa e anuncia que 'nenhum dos que estão fora da Igreja católica, não só os pagãos', mas também os judeus ou hereges e cismáticos, poderá chegar à vida eterna, mas irão para o fogo eterno 'preparado para o diabo e para os seus anjos [Mt 25, 41], se antes da morte não tiverem sido a ela reunidos; ela crê tão importante a unidade do corpo da Igreja, que só para aqueles que nela perseveram os sacramentos da Igreja trazem a salvação e os jejuns, as outras obras de piedade e os exercícios da milícia cristã podem obter a recompensa eterna". Cf. Denzinger-Hünnermann, n. 1351.
16. Carta do S. Ofício ao arcebispo de Boston, 8 de outubro de 1949. Cf. Denzinger-Hünnermann, n. 3867-3870
17. Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, n. 48
18. Catecismo da Igreja Católica – Compêndio, n. 171

• A segunda parte deste artigo foi adaptada do artigo "Fora da Igreja existe salvação?", da página do Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr., disp. em:
padrepauloricardo.org/episodios/fora-da-igreja-existe-salvacao 
Acesso 10/6/015
www.ofielcatolico.com.br

'Regional Norte 3' da CNBB emite nota sobre os Planos de Educação

Dom Philip Dickmans
CNBB – O RECIONAL Norte 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota explicativa sobre os Planos de Educação, diante do contexto de aprovação no país das Diretrizes, Metas, Estratégias dos Planos Estadual e Municipal de Educação (2015-2025), que pretendem incluir a ideologia de gênero nas escolas e a possibilidade de ensinar, a partir dos três anos de idade, que não existe diferença entre homem e mulher. O texto lembra que “a ideologia de gênero, ao proclamar a absoluta liberdade de construir a própria identidade sexual, uma vez aplicada, destrói o ser humano em sua integralidade e, por conseguinte, a sociedade, cuja célula-mãe é a família”. Segue abaixo a íntegra da nota:


Nota explicativa sobre os planos de educação

Aos presbíteros, Religiosos, Religiosas, Diáconos, Professores, Educadores, Pastores das Igrejas Evangélicas, homens e mulheres de boa vontade

“A ideologia de gênero é contrária ao plano de Deus!” (Papa Francisco)

O Brasil está se mobilizando para aprovar as Diretrizes, as Metas, as Estratégias dos Planos Estadual e Municipal de Educação (2015-2025), com base na Lei 13.005/2014, que, segundo consta no Documento de Referência, para uma educação integral e humanizada. É louvável esta iniciativa. Todos nós somos conscientes que sem uma educação de qualidade o Brasil não se desenvolverá. O problema, no entanto, é o que está sendo proposto nos referidos Planos, como destacaremos a seguir:

Em 2014, o governo federal tentou aprovar no Congresso Nacional a introdução da linguagem de gênero no Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024). Queria-se introduzir na educação brasileira a possibilidade de ensinar, a partir dos três anos de idade, que não existe diferença entre homem e mulher. Essa ideologia, de maneira oculta e à revelia da população brasileira, pretende acabar com as bases da nossa cultura e fundar uma nova ordem em que cada um pode decidir autonomamente e de maneira não definitiva a própria orientação sexual ou livre opção sexual.

O ponto que mais nos preocupa é a estratégia de número 12.6, que reza o seguinte: “garantir condições institucionais para o debate e a promoção da diversidade étnico-racial, de gênero, diversidade sexual e religiosa, por meio de políticas pedagógicas e de gestão específicas para esse fim”.

Existem organizações nacionais e internacionais muito ocupadas em destruir a família natural, constituída por um pai, uma mãe e seus filhos. Hoje um dos recursos mais perigosos para atentar contra a família se chama “ideologia de gênero”.

A ideologia de gênero também denominada de “teoria de gênero” ou “perspectiva de gênero” ensina que ninguém nasce homem ou mulher e que todos devem construir sua própria identidade, isto é, seu gênero, ao longo de sua vida. Segundo os teóricos de gênero, cada um deveria ser identificado não por seu sexo biológico, mas pela identidade que ele constrói para si mesmo.

No número 40 do Documento de Aparecida já alertou que “entre os pressupostos que enfraquecem e menosprezam a vida familiar, encontramos a ideologia de gênero, segundo a qual um pode escolher sua orientação sexual, sem levar em consideração as diferenças dadas pela natureza humana. Isso tem provocado modificações legais que ferem gravemente a dignidade do matrimônio, o respeito ao direito à vida e a identidade da família”.

Segundo o Papa emérito Bento XVI, a ideologia de gênero “contesta o fato de o homem possuir uma natureza corpórea pré-constituída (…) nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um facto pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria. (…) Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem. (…). A manipulação da natureza, que hoje deploramos relativamente ao meio ambiente, torna-se aqui a escolha básica do homem a respeito de si mesmo. (…) Se não há (…) homem e mulher como um dado da criação, então deixa de existir também a família como realidade pré-estabelecida pela criação. Mas, em tal caso (…) o filho, de sujeito jurídico que era, com direito próprio, passa agora necessariamente a objeto, ao qual se tem direito e que, como objeto de um direito, se pode adquirir. Na luta pela família, está em jogo o próprio homem. E torna-se evidente que, onde Deus é negado, dissolve-se também a dignidade do homem. Quem defende Deus, defende o homem.”

O Papa Francisco, recentemente, afirmou que a ideologia de gênero é um erro da mente humana que provoca muita confusão e ataca a família. O papa lamentou a prática ocidental de impor uma agenda de gênero a outras nações por meio de ajuda externa. Chamou isso de “colonização ideológica”, comparando-o à máquina de propaganda nazista. Segundo ele, existem “Herodes” modernos que “destroem e tramam projetos de morte, que desfiguram a face do homem e da mulher, destruindo a criação.”

A ideologia de gênero, ao proclamar a absoluta liberdade de construir a própria identidade sexual, uma vez aplicada, destrói o ser humano em sua integralidade e, por conseguinte, a sociedade, cuja célula-mãe é a família. Todas as orientações sexuais reconhecidas como “gêneros” ou variantes lícitas seriam legitimadas, ensinadas, legalmente praticadas e oferecidas como opções sexuais às nossas crianças por meio da rede de ensino pública e privada.

A introdução da igualdade de gênero e da livre opção sexual em leis federais, estaduais ou municipais, especialmente nas que tratam da Educação, será certamente acompanhada pela introdução da disciplina de Educação Sexual nos currículos da Educação Básica de escolas públicas e privadas, em todos os níveis e modalidades. Nossas crianças deverão aprender que não são meninos ou meninas, e que precisam inventar um gênero para si mesmas. Para isso receberão materiais didáticos destinados a deformarem sua identidade. Sendo obrigatório por lei, os pais que se opuserem, poderão ser criminalizados por isso.

Como podemos ter certeza de que tudo isso de fato acontecerá? Porque exatamente isso já está acontecendo em países da América e da Europa, onde, como na Alemanha, já há pais que são detidos, porque seus filhos se recusam a assistir às aulas de gênero.

Frente a essa gravíssima situação, os bispos do Estado do Tocantins conclamam aos fiéis católicos do Estado a acompanhar com responsabilidade as discussões e decisões dos gestores do Estado e dos Municípios, a formação escolar dos próprios filhos e as decisões tomadas em cada estabelecimento de ensino, dando o próprio testemunho cristão, e posicionando-se corajosamente contra a ideologia de gênero em todos os ambientes que frequentam.

Expressamos veementemente o nosso desejo de que todas as forças vivas do Estado se unam em defesa da vida, da família e da sociedade em geral. Que as futuras gerações possam ter a certeza de que não fomos omissos e de que lutamos, dentro da lei e da ordem, contra os prejuízos de uma ideologia perigosamente revolucionária.

Fraternalmente,

Dom Philip Dickmans

Presidente

Regional Norte 3 da CNBB e

Bispo da Diocese de Miracema do Tocantins


Dom Pedro Brito Guimarães – Arcebispo de Palmas

Dom Romualdo Matias Kujawski – Bispo da Diocese de Porto Nacional

Dom Giovane Pereira de Melo – Bispo da Diocese de Tocantinópolis

Dom Rodolfo Luiz Weber – Bispo da Prelazia de Cristalândia

___
Fonte:
CNBB, Regional Norte 3 (Tocantins e norte de Goiás), disp. em:
cnbb.org.br/regionais/norte-3-tocantins-e-norte-de-goias/16651-regional-norte-3-emite-nota-explicativa-sobre-os-planos-de-educacao
Acesso 7/6/015
www.ofielcatolico.com.br
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