MP cita nazismo e pressiona o Santander pela reabertura do Queermuseu

...contrariando frontalmente a vontade soberana da esmagadora maioria do povo brasileiro


Procurador Fabiano de Moraes

NINGUÉM DISSE QUE a luta seria fácil, mas honestamente não imaginávamos que seria tão insana. Passadas poucas semanas da pequena vitória popular contra a exposição "Queermuseu" (– 'Cartografias da diferença da arte brasileira'), realizada em Porto Alegre pelo "Santander 'cultural'", que explicitamente promovia a pedofilia, zoofilia e pornografia, além de conter gravíssima profanação de símbolos religiosos, na última terça-feira (26/9/2017) fomos confrontados com a performance na abertura do "35º Panorama da Arte Brasileira", no Museu de Arte Moderna (MAM-SP) na qual o pseudoartista fluminense Wagner Schwartz se apresentou nu, no centro de um tablado, com crianças de tenra idade que o cercavam e apalpavam.

Como não bastasse, ainda aturdidos, cidadãos perplexos foram contemplados, logo no começo da noite desta quinta-feira, (28/9/2017), com a publicação da recomendação do Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul (MPF/RS) para que o Banco Santander reabra a famigerada exposição Queermuseusob a ameaça de “ensejar a adoção das medidas judiciais cabíveis”(!).

Na recomendação PRDC/RS Nº 21/2017, o Procurador da República Fabiano de Moraes, que assina a peça, afirma que o fechamento representa "um ataque à liberdade de expressão" e "um impacto negativo tanto em relação à liberdade artística, quanto em relação ao respeito à diversidade".

Não satisfeito, vai além: “a igualdade como reconhecimento enseja a não marginalização de determinados grupos em razão de sua identidade, religião(oi?!), aparência física ou sua expressão de gênero”.

Apesar de citar religião nas considerações, o MP foca apenas nas questões de representações que discutem gênero. As hóstias adulteradas com palavras com cunho sexual não mereceram questionamentos por parte do MP, mesmo a obra podendo e devendo, claramente, ser enquadrada como insulto à religião, crime previsto no artigo 208 do Código Penal ('vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso').

A questão da religião não poderia, janais, passar em brando, pois foi justamente um dos pontos centrais para o fechamento da exposição, como o próprio banco reconheceu em nota: “Entendemos que algumas das obras da exposição 'Queermuseu' desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo”. O MP desconsiderou completamente a justificativa e quer impor ao banco que reabra a exposição, mesmo contra a vontade popular claramente demonstrada em várias frentes.

Outro ponto que não mereceu a atenção do órgão público foi a análise do projeto que pedia a captação de recursos pela Lei Rouanet. O projeto tinha como um dos objetivos atrair estudantes, com direito a distribuição de um manual explicativo para professores. Até o momento, o Santander mantém silêncio sobre quantas escolas visitaram as instalações da mostra. O MP, novamente, pareceu não se importar.

Por outro lado, o procurador não se poupou de comparar o fechamento da exposição às ações do nazismo, quando obras modernistas de artistas que entraram para a história eram escarnecidas pelo então regime alemão, um argumento afinadíssimo com as manifestações de páginas e grupos esquerdistas radicais nas redes sociais.

Porém, pior do que a absurda seletividade do olhar do procurador e, por vezes, a omissão para os temas mais importantes que pautaram a discussão, é a tentativa de determinar como uma instituição privada deve ser comportar. Se o banco não respondesse em até 24 horas a recomendação, o MP prometia endurecer.

“Esclarece o Ministério Público Federal que o não acatamento infundado do presente documento, ou a insuficiência dos fundamentos apresentados para não acatá-lo total ou parcialmente poderá ensejar a adoção das medidas judiciais cabíveis.”

O MP impor e querer obrigar uma empresa privada a fazer aquilo que ele quer e decide arbitrariamente, indo contra a vontade da população – e, no caso, também dos correntistas do banco, o que claramente vai prejudicá-lo materialmente –, isto sim é uma atitude que seria, com justiça, comparada às práticas do regime nazista.

O que quer o MP? A abertura imediata do Queermuseu, e mais ainda: que ela dure por, pelo menos, o triplo do tempo que permaneceu fechada. O teor da exposição deve ser mantido próximo ao original, “preferencialmente com temática relacionada a diferença e a diversidade”.

Na manhã desta sexta-feira (29/9), o Santander, por enquanto mais intimidado pelo fechamento maciço de contas que pela ameaça do MP respondeu que o Queermuseu permanecerá fechado.

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Fonte/ref.:
Gazeta do Povo, MP cita nazismo e esquece insulto contra religião em pedido de reabertura do Queermuseu. disp. em:
http://gazetadopovo.com.br/ideias/mp-cita-nazismo-e-esquece-insulto-contra-religiao-em-pedido-de-reabertura-do-queermuseu-9yu2ls65k2kooikkkf68oxlfz
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Reação diante dos seguidos ataques à moral e à fé do povo brasileiro

Por Padre Ricardo de Barros Marques

SOBRE OS ATAQUES à fé cristã e seus símbolos, sobre a desconstrução da família, sobre a promoção da pedofilia, sobre esses casos [escabrosos] do “queermuseum”1 em Porto Alegre e do Museu de Arte Moderna em São Paulo:

Tudo isso exige uma resposta de nós católicos. Embora eu saiba que há "católicos" que não veem problemas nessas coisas.

A maioria esmagadora de meus amigos e seguidores no Facebook é formada por católicos. Há várias estratégias que podem ser tomadas e algumas já são levadas adiante. Eu reforço uma estratégia: católicos, forcem a pauta sobre esses temas em suas pastorais, movimentos, grupos, comunidades, paróquias e dioceses. Cobrem uma postura dos líderes, dos coordenadores, dos diretores espirituais, dos párocos e dos bispos. A defesa das famílias e das crianças não pode ficar esquecida ou colocada como nota de rodapé. Isso tem que aparecer nos planos pastorais das paróquias e das dioceses.

Sugiram, argumentem, cobrem isso. Esse tema tem que ser discutido nas reuniões de casais, nos encontros com os pais das crianças da catequese, nos movimentos familiares como ECC, Equipes de Nossa Senhora, etc. Mas, atenção! Não deixem que falem de tolerância, de diálogo ou qualquer outra palavra bonita e perigosa, pois o mal não se tolera!

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1. Propositalmente, conforme decidido pelo nosso conselho editorial, não publicamos artigo específico sobre o tema, primeiro para não dar ainda mais publicidade a mais esta barbaridade, e em segundo lugar para dar algum descanso aos nossos leitores, saturados como estão de tantas notícias ruins. A citação se refere a uma performance apresentada na abertura do 35º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna (MAM), São Paulo, na terça-feira (26/9/2017), na qual o pseudoartista fluminense Wagner Schwartz se apresentou nu, no centro de um tablado, com crianças de tenra idade que o cercavam e apalpavam.

Num vídeo que roda pelas redes sociais uma menina de cerca de quatro ou cinco anos interagia com o homem nu, deitado de barriga para cima com o pênis à mostra.

Visivelmente constrangida, a menina toca na canela e nos pés de Schwartz, depois sai engatinhando do espaço, e volta a assistir à performance. Ela está acompanhada de uma mulher adulta, que o MAM identificou como sua mãe. Em outra imagem divulgada nas redes sociais, o homem pelado caminha de mãos dadas com quatro outras meninas pequenas, aparentando idades entre 5 e 7 anos.

Assim como outros canais, em atenção ao Estatuto da Criança e do Adolescente e, principalmente em respeito aos nossos leitores, não reproduziremos aqui o vídeo e nem as imagens.

A nota emitida pelo Museu dizia que a performance "está sendo atacada em páginas no Facebook", mas que "as acusações de inadequação são descabidas e guardam conexão com a cultura de ódio e intimidação à liberdade de expressão que rapidamente se espalham pelo país e nas redes sociais".

Claro, claro... Como de costume, aqueles que tanto defendem a tal "diversidade" são rápidos como raios em atacar todos aqueles que pensam de modo diverso ao seu próprio. Toda e qualquer manifestação de indignação ou repúdio, segundo eles, é sempre necessariamente movida pelo "ódio", pela "intolerância" e outras coisas do tipo... Será que, segundo o senso comum, questionar o fato de uma menina de cinco anos apalpar um homem nu é algo que “guarda conexão com a cultura de ódio e intimidação à liberdade de expressão”?

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Fontes e ref.:
• Ceticismo político, Vídeo que mostra criança interagindo com homem nu no MAM quebra narrativa da esquerda, disp. em:
https://ceticismopolitico.com/2017/09/28/video-que-mostra-crianca-interagindo-com-homem-nu-no-mam-quebra-narrativa-da-extrema-esquerda/
Acesso 29/9/017
• Folha de São Paulo, Promotoria investiga vídeo em que criança interage com artista nu, disp. em:
http://folha.uol.com.br/ilustrada/2017/09/1923128-promotoria-investiga-video-em-que-crianca-interage-com-artista-nu.shtml
Acesso 29/9/017
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Não passou na Globo: menino de 12 anos se arrepende de 'mudança de sexo' dois anos após início do tratamento


PATRICK MITCHELL, um menino australiano de 12 anos de idade que supostamente sofria de “disforia de gênero”, incentivado por sua mãe e médicos, rapidamente iniciou o seu processo de “transição” para a chamada “mudança de sexo”.

Entretanto, dois anos após a cirurgia que o transformou em “mulher”, o garoto de 14 anos, angustiado, contou à mãe que se sentia arrependido, pois realmente se "sentia" ainda no sexo masculino; desde então entrou num doloroso (e cirúrgico) processo de voltar ao “sexo originário”.

“Quando ele era mais jovem, ele vestia roupa feminina. E a partir de um momento ele me perguntou se poderia ser levado ao médico para virar uma menina”, disse a mãe de Mitchell.

Sem hesitar, e com o apoio de médicos, a mãe submeteu a criança ao tratamento dito "de transição", à base de hormônios de estrogênio, o que lhe fez desenvolver seios e contornos femininos.

Patrick resumiu, em entrevista ao programa 60 Minutes (foto), com muita simplicidade, como surgiu o seu desejo de querer ser mulher: “Ora, você tem um desejo de que pudesse mudar tudo sobre você; aí você vê qualquer menina e diz: ‘eu mataria para ser assim também!’”...

Contudo, dois anos após a cirurgia, Patrick Mitchell entendeu que nunca deixou de pertencer a seu sexo de nascimento, afinal.

A mãe de Patrick começou a notar que ele já não tinha mais a antiga confusão a respeito de sua identidade sexual. “Ele olhava-me nos olhos e dizia: ‘eu não sei mais se sou uma menina mesmo...’”.

O garoto parou de tomar os hormônios e marcou as cirurgias para retirar as mamas femininas. Casos como este vêm se tornando comuns. Quando os médicos são proibidos por lei de tratar quaisquer disfunções psicológicas relacionadas à identidade sexual, devem surgir muitos e muitos outros casos  parecidos nos próximos anos. Ainda assim, dificilmente veremos uma situação desse tipo retratada numa novela da TV Globo.



** Leia também:
Fatos sobre a 'disforia de gênero' em crianças: alguém realmente nasce 'no corpo errado'?
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Antes da aprovação pelo STF do ensino religioso em escolas públicas...


DIRETAMENTE DO NOSSO grupo de estudos do Facebook (exclusivo para assinantes da revista O FIEL CATÓLICO) uma questão importantíssima trazida por Luiz Alberto Patriota e respondida por Igor Andrade, membro da Fraternidade São Próspero, baseado na exposição de um amigo que prefere não se identificar. Uma apreciação de uma faceta alarmante e pouco conhecida do assunto que tem despertado a atenção e a justificada preocupação de muitas famílias nos últimos tempos. Segue.


A ação do STF foi iniciada por uma Procuradora do Ministério Público Federal. Estamos falando de Deborah Duprat, a mesma que, em um debate sobre o "Escola Sem Partido", disse que nossas crianças pertencem ao Estado (veja no vídeo acima).

A nossa Constituição prevê, em um de seus artigos, que as escolas públicas podem oferecer ensino religioso como matéria optativa. Atualmente poucas escolas contemplam tal disciplina.

A Procuradora, porém, achou isso tão importante(?), que foi ao STF pedir que eles obrigassem as escolas públicas a oferecer um ensino que não fosse confessional, mas que apresentasse todas as crenças e não-crenças religiosas sob um perspectiva crítica (que é um termo técnico de certa escola filosófica derivada do marxismo) meramente como fenômenos históricos, sociais e culturais. 

Além disso, a disciplina também só poderia ser ensinada por professores concursados. A Procuradora ainda sustentou que essa interpretação sobre o tal "ensino religioso" previsto na Constituição decorre da própria Constituição, porque ela prevê um "Estado laico" (que na interpretação dela é sinônimo de Estado ateu), e a escola ocupa um papel de formação do "pensamento crítico, científico e pluralista," que busca quebrar a perpetuação de "preconceitos e obscurantismo".

O que ela quer dizer com isso? Que religião confessional não pode ser apresentada em ambientes "pluralistas", e, igualmente, que as pessoas religiosas são preconceituosas e obscurantistas.

Como visto, poucas escolas públicas têm aula de ensino religioso. Se a ação da Procuradora fosse julgada procedente, é bem possível que a maioria dos professores de humanas das escolas públicas passasse a pressionar as diretorias para que eles mesmos pudessem dar essas aulas (pois são professores já concursados). A aula seria dada exatamente como a Procuradora queria: apresentando todas as religiões como iguais e como produtos de condições históricas e sociais, de um modo crítico (claro, negativo): ou seja, "ensinando", como de costume e segundo a ideologia dominante e assumida pela classe dos professores, que os sistemas religiosos não passam de construções humanas artificiais planejadas pelos mais fortes (a famosa 'elite opressora') para a dominação  sobre os mais fracos e oprimidos, visando nada além da alienação e a perpetuação do poder.

Se a ação fosse julgada procedente, os argumentos de Deborah Duprat seriam aceitos pelo STF. Em qualquer outra ação onde coubessem, seriam pressupostos. Aconteceu exatamente isso com os argumentos da ação de pesquisa com células tronco embrionárias: serviram como pressupostos que liberaram, anos depois, o aborto de anencéfalos.

Quais ações iriam empregá-los? Por exemplo, o julgamento sobre o homeschooling (o direito de educar seus filhos em casa). Se a escola é um lugar de "quebrar a perpetuação de preconceitos" e a Constituição a coloca como o "local por excelência de formação para o pluralismo", é óbvio que todos têm que ir (ainda que obrigados) para lá, e que ser educado em casa é coisa dos "preconceituosos e obscurantistas".

Mais: se o ambiente público não pode admitir profissões religiosas, porque "o Estado é Laico", então o Brasil deveria fazer como na França e proibir que as pessoas saiam na rua com um crucifixo no pescoço – embora o trânsito em certas ruas seja simplesmente impedido por muçulmanos que se prostram para rezar para Alá em determinadas horas do dia. Afinal, temos que respeitar a cultura deles, ainda que não respeitem a nossa. Afinal, quem se importa? Nem nós respeitamos os valores que construíram a nossa civilização...
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Ecce Homo – Eis o Homem!

'Peace is coming', por Jon Mcnaughton (clique para ver ampliada)

AVISO: Escrevo esse texto para homens de verdade! Minha intenção aqui é provocar o leitor, fazer com que você saia do estado de torpor, vença a inércia. Se as leis da física indicam que um corpo em repouso tende a permanecer em repouso até que outro corpo aplique nele uma força resultante diferente de zero, espero que esse texto seja o "outro corpo" e lhe tire do estado de repouso. Seja homem, Deus Vult!

Por Felipe Marques – Fraternidade São Próspero

EXISTE UM CAMPO de batalhas onde, do nascer ao pôr do Sol, a guerra não tem fim: esse campo de batalhas se chama homem! São Josémaria Escrivá descreve bem essa realidade numa frase: "Ser fiel a Deus exige luta. E luta corpo a corpo, homem a homem – homem velho e homem de Deus –, detalhe a detalhe, sem claudicar." (Sulco, 126)

Desde o momento em que acordamos, já somos atingidos por uma enxurrada de pensamentos impuros e lembranças ingratas, além das tentações que chegam até nós desde o exterior como pornografia, mulheres semi-nuas (ou pior, porque há certos trajes que tentam mais do que a própria nudez) andando pelas ruas ou em programas e comerciais de TV, sites, revistas e etc.

De fato, somos um campo de batalhas e se você não viver de acordo com essa sentença, já estará perdendo a guerra! Como um bom soldado, esteja alerta a todo momento: ao despertar do sono, no banho, nas conversas com os amigos, ao tomar uma cerveja após um longo dia de trabalho ou num churrasco, com a namorada... Enfim, esteja alerta!

Não lhe peço que seja falso e vista uma carapaça ou uma máscara para parecer um homem de verdade. Não! Os que se comportam assim cabem muito bem na definição de Chesterton sobre os "crustáceos modernos": "Homens corajosos são vertebrados: têm a maciez na superfície e sua firmeza está no meio. Mas esses covardes modernos são crustáceos: sua dureza está toda na casca e sua moleza está dentro" (Tremendas Trivialidades, cap. 33).

Lute para ser aquilo que você deve ser, aquilo que Deus quer que você seja! Resumindo, lute para ser homem de verdade, para ser santo. São Paulo Apóstolo, nosso exemplo, diz que combateu o bom combate; o Papa Leão XIII ensinou, igualmente, que os "católicos nasceram para o combate". Logo, se você não está combatendo seus inimigos internos e externos, é possível que você não esteja sendo um católico de verdade. 

Muito da crise pela qual a Santa Igreja Católica está passando se deve ao fato de que seus filhos não estão mais combatendo seus inimigos – os inimigos certos. Não há mais combate, não há luta; o que há, na maioria dos casos, é o respeito humano em lugar do Evangelho, um discurso apelidado de "jujuba", de pessoas que se dizem católicas, mas, quando postas diante de alguma crítica, só sabem repetir: "não julgueis!".

Devemos repetir com o salmista: "Bendito seja o Senhor, meu Rochedo, que adestra minhas mãos para o combate, meus dedos para a guerra" (Salmos 143, 1). Longe de ser contrário ao catolicismo, eu digo que a luta lhe é algo intrínseco. Ora, isso se dá porque não é possível defender quem ou aquilo que se ama sem guerrear contra aquilo que o ameaça! 

Exemplificando: um pai de família que tem uma esposa e filhas, tranquilo em sua casa quando vem um bandido, invade a casa para lhe roubar e estuprar sua esposa e filhas. Nesse situação, o pai de família não só pode, como tem também o dever de combater o agressor, mesmo que para isso ponha sua vida em risco. Qualquer pai que se recusasse a defender esposa e filhas, e por acaso tomasse uma atitude diferente, seria chamado, com razão, covarde e incapaz. 

Mais ainda, Deus adestra nossas mãos para o combate que devemos travar contra nós mesmos e nossas inclinações perversas, isto é, contra o "homem velho" que há em nós. 

Nunca se esqueça disso, homem católico: o nosso fronte de batalha não é único, nossos inimigos são externos e internos. Combata-os todos! 

Você não deve, porém, combater pelo combate; ora, isso seria vazio. Você deve combater por Cristo, por amor a Ele! O sentido da sua existência é unir-se ao Senhor Jesus. Então, combata pela sua salvação, pela sua santificação, pela santificação de seus irmãos e irmãs, pela Santa Madre Igreja, lute por Deus – único General e Comandante que deu a vida por seus comandados, quando esses comandados lhe eram (como continuam sendo) infiéis. 

Precisamos, todavia, de exemplos a seguir para que possamos nos espelhar, e medir se estamos no caminho certo ou errado para atingir nossa finalidade de vida.



Pôncio Pilatos, servindo à Majestade Divina mesmo sem intenção, indica-nos o exemplo perfeito a ser seguido no Evangelho segundo São João, ao exibir, para o povo, Cristo estraçalhado, devido às torturas – por causa de nossos pecados – e dizer: "Ecce homo!", Eis o homem!" (19, 5).

Sim, Nosso Senhor é o exemplo máximo da virilidade e masculinidade que devemos seguir! Eis o homem... Torturado, sangrando, sofredor, cheio de dores, humilhado, abandonado, escarnecido... Eis o homem! Sem demonstrar medo, sem retroceder um milímetro para tentar escapar do seu destino, sem fugir à luta ou se esconder por receio de desagradar as autoridades, sem se preocupar em agradar ao mundo, sem negociar com os detentores do poder para poder escapar, sem se preocupar em fazer uma bela figura diante da sociedade escandalizada. "O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas", dissera Ele, "elas reconhecem a sua voz" (Jo 10,11ss.). Os que lhe pertencem sabem reconhecer a grandeza do seu ato, verão sua Majestade na extrema humildade e sua Beleza arrebatadora na feiura que o mundo abomina. São estes que lhe importam. "Eu vim para dar testemunho da Verdade ('Eu Sou a Verdade'); todo aquele que é da Verdade ouve a minha voz" (Jo 18,37).

Nós fomos criados para lutar pela Verdade, que é o próprio Deus (Jo 16, 4), mesmo que essa luta nos custe derramamento de sangue, mesmo que sejamos mortos, mesmo que percamos algumas batalhas... Somos chamados para o combate! Devemos doar nossas vidas por Deus que é muito maior que a nossa vida, muito maior que qualquer coisa. "Deus não nos pedirá contas das batalhas vencidas, senão das cicatrizes da luta" (Pe. Leonardo Castellani).

Após alguns ensinamentos, Cristo questiona às pessoas que o ouviam com a seguinte pergunta: "Quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a Terra?" (Lc 18,8). Hoje, eu me pergunto: quando vier o Filho do Homem, acaso encontrará homens de verdade sobre a Terra?

Mesmo que não sejamos muitos, tu e eu, lutemos! Sejamos homens de verdade, a exemplo do próprio Jesus. Agrademos a Deus, que merece todo o nosso amor e nossa própria existência! Não é fácil combater, por vezes queremos paz e tranquilidade, queremos apenas viver nossas vidas sem grandes preocupações... Porém, a luta é e será sempre necessária, e nossa vida neste mundo é uma sucessão de batalhas. Ademais, se não lutamos pela Causa justa, lutaremos por dinheiro, por reconhecimento, por amores, por vaidades, por direitos, por pequenas vitórias as quais, muitas vezes, ao conquistá-las constataremos, decepcionados, que não valeram a pena.

Encerro, dileto leitor, com uma fala do Papa Bento XVI que pode trazer esperança para os seus combates, visto que o mundo pode nos oferecer algum conforto, mas "as vias do Senhor não são confortáveis; nós não somos criados para o conforto, mas para as coisas grandes, para o bem"1.

O muro está rachado (Ez 22,30). Fique firme na brecha, esto vir!

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1. Discurso do Papa Bento XVI às Delegações e peregrinos de língua alemã que vieram a Roma por ocasião da Eleição (25 de abril de 2005).
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Leitora protestante entende que não há problema com as imagens sacras. Mas...

Nos últimos tempos vêm se intensificando de modo assustador os crimes
de ódio e intolerância religiosa – gerados pela mais pura ignorância – com 
atentados a igrejas e imagens sacras. Entre estes, os ataques em série a 
várias igrejas em municípios do Rio Grande do Sul são apenas um exemplo

RECEBEMOS DA LEITORA Milena a mensagem que reproduzimos logo abaixo, seguida de nossa resposta, para o esclarecimento de tantos quantos pudermos atingir. Deus nos ajude a servi-lo cada vez melhor.

Eu li esse texto e outros (leia aqui) sobre as imagens. Concluí que, diferente de como eu pensava antes, não há problema em tê-las e honrar as pessoas nelas representadas. Porém agora como está em alta o assunto dos 300 anos de Aparecida, acabo me deparando com séries especiais e não estou entendendo muito... Vocês falam que não acreditam que a imagem em si tenha algum poder, o que seria superstição e idolatria, conforme o 1° mandamento e o catecismo, mas eu tenho visto afirmações como ''a área onde a capela foi erguida foi uma sugestão de um dos padres da época - para eles, do local, a santa poderia abençoar toda a cidade.'' Então na prática há uma crença sim que da imagem emana algum poder de benção cura, o que é evidenciado pelas peregrinações em busca de milagres... Também não entendo, visto que defendem como ícones, o fato de algumas imagens chorarem, aparecerem 'misteriosamente', aparições de 'Maria' pedindo templo em honra a ela mesma...

A idolatria é um mal e um pecado dos mais graves. E para combater este mal, precisamos (como é óbvio), antes de tudo conhecê-lo, saber o que é. Se não soubermos o que é a idolatria, como poderemos evitá-la?

A palavra "idolatria" vem de "ídolo" (do grego εἴδωλον, eidolon). Protestantes mal instruídos comumente confundem ícone com ídolo: ambos podem ser imagens, mas são radicalmente diferentes. De fato, mais do que diferentes, são realidades opostas, antagônicas, contrárias. Um ídolo ofende a Deus; um ícone é uma homenagem, louvor e forma de adoração a Deus.

Um objeto pode se tornar um ídolo se for colocado "no lugar" de Deus, isto é, se substituir o Deus Altíssimo no coração do devoto, se for o alvo principal da sua atenção, se vier em primeiro lugar nas suas orações e devoções. 

Um ídolo, resumindo, é um deus falso. Por isso é proibido pelo primeiro Mandamento da Lei de Deus, e é aqui que se comete também uma grande confusão, porque certos "pastores" imaginam que não fazer imagens é um Mandamento de Deus: na realidade, não fazer imagens de ídolos (falsos deuses) é o complemento de outro Mandamento, que é amar a Deus sobre todas as coisas (explicado em detalhes neste estudo).

Já o ícone, embora seja também uma imagem feita por mãos humanas, não é colocado no lugar de Deus, mas, ao contrário, remete a Ele e procura homenageá-lo. Sua função é ser como que uma seta que aponta para Deus ou uma janela que se abre para Deus.

Fica muito claro, a partir daí, que os ídolos são proibidos e os ícones (imagens sagradas) não são. Isso é um fato tão evidente e tão difícil de negar que até as igrejas protestantes mais antigas o reconhecem, e os luteranos alemães (que começaram toda essa confusão) já pediram desculpas formais pela injusta e pecaminosa quebra de imagens que aconteceu ao longo da História. Em nota oficial, disseram que hoje reconhecem que as imagens sagradas, "em suas mais variadas formas", têm "grande valor como expressão da espiritualidade" – logo, nada tem a ver com "idolatria". Declararam, ainda, que a igreja protestante alemã “se opõe à destruição de imagens” (saiba mais).

A maioria das mais recentes seitas derivadas do protestantismo, denominadas errada e genericamente "evangélicas" é que radicalizam e condenam qualquer tipo de imagem. Mas as imagens estão por toda parte: temos pinturas e esculturas de pessoas, sejam belos homens e mulheres, ou crianças, animais, formas da natureza, etc... E tudo isso pode servir como uma janela para o louvor a Deus. Ou pode se tornar um ídolo. Só depende de como se olha para essas imagens e como se lida com elas. Depende de qual a nossa relação com elas. Se você considera uma imagem o seu deus, então, sim, está cometendo o pecado de idolatria.

De fato, diante de qualquer criatura há sempre uma escolha a ser feita: ela será para você um ícone (um motivo para louvar e adorar a Deus) ou um ídolo (algo que você louva e adora no lugar de Deus)? Algo belo e agradável leva para Deus? Ou você o coloca no lugar de Deus?

O culto aos santos é lícito, e as Sagradas Escrituras atestam isso em muitíssimas passagens, como por exemplo quando a Virgem Maria, em seu belíssimo canto de louvor Magnificat, cheia do Espírito Santo, declara: “Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada" (Lc 1,48). Mais do que isso, Nosso Senhor Jesus Cristo mesmo, diretamente, diversas vezes se referiu a pessoas humanas como sendo “bem-aventuradas". Ora, Ele mesmo está louvando tais pessoas, chamando a atenção para a ação de Deus nessas criaturas. Estes são os santos, em homenagem aos quais produzimos ícones. E estes ícones apontam, em última análise, sempre para Deus. Um santo só é santo pelo Poder de Deus, e porque escolheu unir sua vida à Vida de Deus.

Assim, quando os católicos veneram um santo, o que fazem é tão somente louvor a Deus e ação de graças a Ele por usar seres humanos, frágeis e falhos, para realizar a sua grande Obra. No caso de um ícone, que recorda uma criatura, a mesma regra se aplica.

Portanto, é totalmente licito venerar as imagens e honrá-las, inclusive ajoelhar-se diante delas, falar com os santos diante de suas imagens, beijá-las, acender velas diante delas, simbolicamente oferecer flores... Tudo isso é permitido e até aconselhável. O II Concílio de Niceia determinou e esclareceu muito bem que o culto prestado às imagens jamais se dirige a imagem em si mesma, mas sim ao protótipo, ou seja àquele que está no Céu, e, por fim, a Deus. Um santo só é santo porque Deus resplandece nele a sua Glória: logo, o louvor é dirigido sempre a Deus.


* * *

A questão foi esclarecida, mas como ex-protestante eu sei bem que, mesmo diante desses esclarecimentos, ainda pode permanecer um ressentimento, uma ponta de dúvida a perturbar a mente. Por isso, vou aprofundar ainda um pouco mais, dizendo aquilo que sei que o leitor precisa ouvir. E também muitos católicos precisam aprender bem.

Será que ajoelhar-se diante de uma imagem, por exemplo, da Virgem Santíssima, pode ser idolatria? Sim, pode. 

Tudo depende do significado e da intenção daquele gesto. Se a Virgem (ou qualquer santo) for tratada como um ídolo, isto é, se for colocada no lugar de Deus, então há idolatria. Mas, se ela for vista como o que de fato é, uma imagem de nossa Mãe e Irmã que está no Céu, que intercede por nós e reza junto conosco ao mesmo Deus, que atua como um precioso atalho que conduz ao único Caminho que é Cristo –, que conduz para Deus –, então ali está o mistério sagrado do ícone, que favorece o culto e o louvor a Deus na Glória eterna que só a Ele pertence.

Também é verdade que precisamos reconhecer que existe muita ignorância e desinformação no interior da Igreja, que se agravou muitíssimo nas últimas décadas, especialmente após o CVII, sob a influência dos modernistas e em nome de um certo fictício "espírito do concílio". 

Algo que me deixa particularmente triste (e que é lamentavelmente comum) é estar numa igreja e ver algum visitante que entra, prostra-se piedosamente diante de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, por exemplo: fala com ela, toca seus pés, beija-a repetidas vezes, deixa bilhetinhos, etc. Logo a seguir, levanta-se e passa reto, incólume, diante do Sacrário e do Santíssimo Sacramento do Altar – onde se encontra realmente Presente Nosso Senhor e Salvador, em Pessoa, Ele que, sendo Alfa e Ômega, fez-se pequenino e sofreu todas as dores do mundo pelo nosso bem. 

Há uma clara ignorância teológica e uma fé fortemente equivocada ou mal direcionada, nestes casos. Talvez, sim, essa pessoa esteja fazendo daquela imagem um ídolo, mesmo sem o saber. E boa parte da responsabilidade por essa situação é da nossa catequese tão deficiente, dos catequistas e párocos laxos.

Importa saber diferenciar as coisas, portanto: uma coisa é o que ensina a Igreja; outra coisa é a prática muitas vezes equivocada de muitos dos seus filhos mais humildes.

Existem, ainda, os Sacramentais, que são objetos consagrados a Deus e têm grande valor de santificação para nós, pois, por meio deles, Deus pode derramar suas bênçãos. Assim Deus agiu sempre, desde o AT, como no caso dos querubins instalados sobre a Arca da antiga Aliança, do meio dos quais Deus se manifestava aos sacerdotes, e a serpente de bronze, por meio da qual operava a cura do povo. Vemos também no relato bíblico que a serpente precisou justamente ser destruída quando passou a se tornar objeto de idolatria. Vemos então como o problema não está na imagem em si, mas no uso que se faz dela. 

Cremos que é da Vontade do SENHOR nos abençoar por intermédio da Igreja, e abençoar nossas casas, nossos corpos, nossos objetos. E onde existe a bênção de Deus, o demônio não pode tocar. 

Os Sacramentais são de grande benefício espiritual, como pequenos canais de comunhão com o Santo Criador. A palavra Sacramental significa “semelhante a um Sacramento”, mas há grandes diferenças entre uma coisa e outra. Os Sacramentais não conferem a Graça à maneira dos Sacramentos, mas são como que vias para esta, e como tal ajudam a santificar as diferentes circunstâncias da vida humana. Os Sacramentais despertam no cristão sentimentos de amor santo e de fé (CIC §1670-1667).

Os Sacramentais produzem seu efeito, no dizer teológico, ex opere Operantis (pela ação daquele que opera), isto é, depende da boa disposição dos que os operam. Assim, para que haja um frutuoso efeito das graças dos Sacramentais, são necessárias nossa plena consciência e boa disposição ao recebê-los (o amor, a fé, e reverência, a reta intenção, o espírito de adoração, o comprometimento interno...).

Os Sacramentais nos preparam para receber e cooperar com as graças que Deus nos concede. São, por si mesmos – como o próprio nome indica – transitórios e não permanentes. São numerosos, sendo que muitos teólogos os classificam em seis grupos: 1) Orans: as orações que se costuma rezar publicamente na Igreja, como o Pai Nosso, as Ladainhas, etc.; 2) Tinctus: o uso da água benta e certas unções que se usam na administração de Sacramentos e que não pertencem à sua essência; 3) Edens: indica o uso do pão bento (não a Eucaristia) ou outros alimentos santificados pela bênção de um Sacerdote; 4) Confessus: quando se reza o Confiteor para pedir perdão a Nosso Senhor por nossos pecados dos quais já não nos lembramos. 5) Dans: esmolas ou doações, espirituais ou corporais, bem como os atos de misericórdia prescritos pela Igreja (acima das esmolas que possamos dar, está o bem espiritual que possamos fazer ao próximo); 6) Benedicens: as bênçãos que dão o Papa, os Bispos e os sacerdotes; os exorcismos; a bênção de governantes, abades ou virgens e, em geral, todas as bênçãos sobre coisas santas.

Já os objetos bentos de devoção, como imagens, medalhas, velas e escapulários, também são considerados Sacramentais: o Crucifixo, a Medalha de Nossa Senhora das Graças e a Medalha de São Bento estão entre os maiores exemplos, sendo fundamental entender que não são "talismãs" nem "amuletos da sorte", e sim sinais visíveis da nossa fé. Não agem automaticamente contra as adversidades, como se tivessem "poderes mágicos", mas são como recursos auxiliares para nos unir ainda mais a Nosso Senhor e devem nos estimular no progresso da fé.

Uma última observação ao comentário da leitora Milena é que tirou algumas de suas conclusões de portais de notícias não ligados à Igreja. Há muita desinformação sobre a doutrina católica por aí. Para compreender o que a Igreja realmente ensina, consulte sempre o Catecismo da Igreja Católica e os documentos magisteriais.

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Ref:
• D'ELBOUX, Luiz G. Silveira. Doutrina católica 13ª ed., São Paulo: Loyola, 1997, pp. 96-98
• Padre Paulo Ricardo, Culto aos santos e suas imagens, disp. em:
https://padrepauloricardo.org/episodios/culto-aos-santos-e-suas-imagens
Acesso 25/9/017

www.ofielcatolico.com.br

16/7/2017 | 62 reconhecidos clérigos e acadêmicos católicos encaminham formal 'correção filial' ao Papa Francisco


COM UMA INICIATIVA que não é inédita mas que não acontecia na Igreja há cerca de 700 anos, um grupo de 62 católicos notáveis e altamente capacitados, formado por 40 sacerdotes, teólogos, e 22 acadêmicos leigos, tornaram público um documento por meio do qual alertam para as heresias e valores contrários à doutrina católica autêntica que vêm sendo, direta ou indiretamente, apoiados durante o pontificado do Papa Francisco. Suplicam filialmente ao Santo Padre que ensine e afirme –, claramente e sem deixar margem para equívocos –, a doutrina católica de sempre.

Entendemos, de boa consciência, ser a nossa obrigação, enquanto fraternidade católica e apostolado formado por teólogos e estudiosos, que busca informar e orientar o povo católico com fundamento naquilo que a Igreja desde sempre ensinou, publicar uma notícia tão importante quanto esta.

A carta foi enviada ao Papa Francisco no dia 11 de agosto do ano 2017 e, mais uma vez –, assim como no caso dos Dubia –, até o momento o Pontífice não se dignou a conceder qualquer resposta a esse grupo de seus filhos atormentados pela angústia. Por essa razão, o documento é tornado público hoje, 24 de setembro de 2017, Festa de Nossa Senhora das Mercês e da Virgem de Walsingham (Norfolk, Inglaterra, 1061).

Com o título latino “Correctio filialis de haeresibus propagagatis” ('Correção filial da propagação de heresias'), a carta ainda está aberta à adesão de novos signatários, já tendo sido firmada até o momento por 62 clérigos e altos acadêmicos de 20 países diferentes, representando também outros que não carecem da liberdade de expressão necessária ou temem se manifestar publicamente. A França tendência é que, com a divulgação internacional, um grande número de signatários venha se juntar à iniciativa.

A carta afirma que o Papa, através de sua Exortação apostólica Amoris Laetitia, bem como por meio de outras palavras, atos e omissões a ela relacionados, manteve sete posições heréticas referentes ao casamento, à vida moral e à recepção dos Sacramentos, resultando na difusão dessas heresias no interior da Igreja Católica. Essas sete heresias são expostas com grande clareza pelos signatários, em latim, língua oficial da Igreja.

O documento, agora tornado público, suplica pela necessária correção e contém três partes principais:

1) Na primeira, os signatários explicam a razão pela qual lhes assiste, como fiéis católicos que vivem desde sempre a fé da Igreja, o direito e mesmo o dever, que lhes é garantido pelas leis da própria Igreja, de emitir tal correção filial ao Sumo Pontífice. De fato, a lei da Igreja exige das pessoas competentes que rompam o silêncio ao verem que seus pastores, de algum modo, confundem o seu rebanho ao invés de conduzi-lo retamente pela senda deixada por Nosso Senhor Jesus Cristo, à qual deve ser seguida "sem que se desvie dela nem para a direita e nem para esquerda" (conf. Dt 28,14; Pv 4,27). 

Tal gesto, segundo a mesma carta, não implica nenhum conflito com o dogma católico da infalibilidade papal, porquanto a Igreja ensina que, para que as declarações de um Papa possam ser consideradas infalíveis, ele deve antes observar critérios muito estritos (já explicados pelo nosso apostolado).

O Papa Francisco, até aqui, não observou esses critérios, isto é, não declarou que essas posições consideradas heréticas constituem ensinamentos definitivos da Igreja, nem afirmou que os católicos deveriam crer nelas com o assentimento próprio e obrigatório da fé. Mais do que isso, mesmo que o tivesse feito, nesse caso deixaria de ser o Papa legítimo, já que ensinamento do atual sucessor de Pedro não poderia contrariar aquilo que ensinaram e determinaram os 267 Pontífices antes dele.

A Igreja ensina também que nenhum Papa pode declarar algo como uma "nova revelação" de Deus ou qualquer "nova verdade" nas quais os católicos devam acreditar. O máximo que ele pode fazer é propor uma nova visão – pastoral ou teológica – acerca das verdades imutáveis, mas esta nova visão não pode contrariar frontalmente um dogma definido.

Para dar um exemplo radical, nenhum Papa poderia, por exemplo, declarar formalmente que Jesus não é Deus; se o fizesse, deixaria automaticamente de ser Papa: obviamente, teríamos que escolher entre crer nele ou no que disseram os 267 Papas antes dele.

2) A segunda parte da carta é a mais fundamental, uma vez que contém formalmente a correção propriamente dita. Nela se enumeram as passagens em que a Amoris Laetitia insinua ou encoraja posições heréticas (esta é uma das principais queixas contra o Papa Francisco: ainda que ele não diga ou ensine heresias, às claras, deixa margem para que estas sejam interpretadas de muitas das suas declarações e, agora, de um seu documento). Segundo a carta, as palavras, atos e omissões de Francisco demonstram, além de qualquer dúvida razoável, que ele induz os católicos a interpretar essas passagens de uma maneira que é, de fato, herética.

Sempre segundo a carta, o Pontífice apoiou, em particular, direta ou indiretamente, a crença de que a obediência à Lei de Deus pode ser impossível ou mesmo indesejável, e que a Igreja deve às vezes aceitar o adultério como um comportamento compatível com a vida de um católico praticante.

3) A última parte, chamada “Nota de Esclarecimento”, discute duas causas desta crise singular. Uma delas é o malfadado “modernismo”. Teologicamente, modernismo é a crença que desafia a doutrina de que Deus dotou a Igreja com verdades definitivas, as quais a própria Igreja deve continuar a ensinar do mesmo modo até o fim dos tempos, sem alterações que sigam as sensibilidades dos tempos, que são voláteis e não cessam de mudar. 

Os modernistas afirmam que Deus se comunica apenas com as experiências humanas, sobre as quais os homens podem refletir, de modo a fazerem asserções diferentes sobre Deus, a vida e a religião em cada situação histórica; essas declarações seriam apenas provisórias, nunca dogmas imutáveis. O modernismo foi firme e categoricamente condenado pelo Papa São Pio X, no início do século XX, mas renasceu em meados desse mesmo século. Vem ganhando grande força nos últimos tempos, e chega em nossos dias a um patamar insuportável para os fiéis católicos de fé dita "tradicional", isto é, aqueles que desejam continuar observando o que a Igreja sempre prescreveu. 

A grande e contínua confusão causada pelo modernismo na Igreja Católica obrigou os signatários da carta em questão a descrever com clareza e sem deixar margem para equívocos ou interpretações dúbias o verdadeiro significado de “fé”, “heresia”, “Revelação” e “Magistério”.

Uma segunda causa da grande crise atual é a aparente influência das ideias de Martinho Lutero sobre o Papa Francisco. A carta mostra como Lutero, fundador do protestantismo, teve ideias sobre o casamento, o divórcio, o perdão e a Lei divina que correspondem às que o Papa promove através de suas palavras, atos e omissões. A Correctio Filialis também destaca os elogios explícitos e sem precedentes que fez o Papa Francisco ao heresiarca alemão.

Os signatários não se aventuram a julgar o grau de consciência com que o Papa Francisco propagou as sete heresias que enumeram, mas insistem respeitosamente para que condene estas mesmas heresias, as quais ele sustentou direta ou indiretamente.

Os signatários professam sua lealdade à Santa Igreja Católica, assegurando ao Papa as suas orações e solicitando-lhe a bênção apostólica.

O texto da referida correção, que consiste na explanação das sete heresias, foi escrito em latim. Disponibilizamos aos nossos leitores, a seguir, a tradução para o português do Brasil dos seus sete pontos principais, a saber, a enumeração e descrição das sete heresias ditas ou insinuadas. Que seja útil aos nossos leitores.


Correctio filialis de haeresibus propagagatis
(Correção filial da propagação de heresias)

Através destas palavras, atos e omissões, bem como das passagens acima mencionadas (no documento original) da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, Sua Santidade apoiou, direta ou indiretamente, e propagou dentro da Igreja, com um grau de consciência que não procuramos julgar, tanto por ofício público como por ato privado, as seguintes proposições falsas e heréticas:

1. “Uma pessoa justificada não tem a força, com a Graça de Deus, para cumprir as exigências objetivas da Lei divina, como se a observância de qualquer um dos Mandamentos de Deus fosse impossível aos justificados; ou como significando que a Graça de Deus, quando produz a justificação do indivíduo, não produz invariavelmente e por sua própria natureza, a conversão de todo pecado grave, ou não é suficiente para a conversão de todo pecado grave.”

2. “Os católicos que obtiveram um divórcio civil do cônjuge com o qual estão validamente casados e contraíram um matrimônio civil com alguma outra pessoa durante a vida de seu cônjuge, e que vivem more uxore com seu parceiro civil, e que escolhem permanecer nesse estado com pleno conhecimento da natureza de seu ato e com pleno consentimento do ato pela vontade, não estão necessariamente em estado de pecado mortal e podem receber a Graça santificante e crescer na caridade.”

3. “Um fiel católico pode ter pleno conhecimento de uma Lei divina e voluntariamente escolher violá-la, mas não estar em estado de pecado mortal como resultado desse ato.”

4. “Uma pessoa que obedece uma Proibição divina pode pecar contra Deus, por causa desse ato de obediência.”

5. “A consciência pode reconhecer que atos sexuais entre pessoas que contraíram um casamento civil, mesmo que uma delas esteja casada sacramentalmente com outra pessoa, podem às vezes ser moralmente lícitos, ou sugeridos ou até mandados por Deus.”

6. “Os princípios e as verdades morais contidos na Revelação Divina e na lei natural não incluem proibições negativas que proscrevem absolutamente certos tipos de atos, na medida em que eles são gravemente ilícitos em razão de seu objeto.”

7. “Nosso Senhor Jesus Cristo quer que a Igreja abandone sua disciplina perene de negar a Eucaristia aos divorciados recasados, e de negar a absolvição aos divorciados recasados que não expressem nenhuma contrição por seu estado de vida e o propósito firme de emenda nesse particular.”


* * *

Para ler e baixar gratuitamente o documento, na íntegra, acessar o link logo abaixo:

** Correctio Filialis em português

Foi divulgado, ainda, o meio de contato para os acadêmicos que desejarem se juntar a esta iniciativa,  o endereço de e-mail info@correctiofilialis.org

Qualquer pessoa também pode assinar a petição de apoio à Correção Filial:

*** Support by the Catholic Laity for the Filial Correction of Pope Francis

Rezemos pela Santa Igreja Católica, Esposa e Corpo Místico de Cristo, nossa Mãe e Mestra. Santo Atanásio, que disseste que ainda que os católicos fiéis se reduzissem a um pequeno grupo, seriam estes a verdadeira Igreja de Cristo, rogai por nós!

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Com o apostolado Senza Pagare, em:
http://senzapagare.blogspot.com.br/2017/09/62-academicos-catolicos-fazem-correccao.html
Acesso 16/7/2017

Esclarecimentos sobre a polêmica envolvendo o colégio São Luís, o Estado de São Paulo e o apostolado O Fiel Católico

O JORNAL O ESTADO de São Paulo publicou uma matéria online, assinada pela jornalista Fabiana Cambricoli, sobre o polêmico evento no colégio São Luís que terá como tema "transversal"(?) a identidade de gênero, assunto sobre o qual havíamos tratado por aqui (leia). A matéria do "Estadão" cita a ação do nosso apostolado, que acabou ganhando uma grande repercussão, colocando-nos como grandes críticos do evento (que de fato somos) e citando também a petição online pelo cancelamento do encontro, que ajudamos a divulgar.

A referida matéria (aqui o link), que até ontem estava aberta para leitura pública, mas a partir de hoje só pode ser vista pelos assinantes do referido jornal (questionei o motivo à jornalista, que não me respondeu até às 12h13 de hoje, dia 23/9), dá um grande espaço ao reitor do colégio e promotor do evento, o padre Carlos Alberto Contieri que, em resposta às críticas, chama-nos a todos, indistintamente, de membros de "'cibermilícias' católicas" e de "pessoas que não falam a verdade e não são capazes de mostrar o rosto nem sua verdadeira identidade".

Bem, aqui estou eu, sou uma figura pública por meio deste trabalho, meu nome e meios de contato são também públicos e estou à disposição de quem quiser falar comigo, bem como todos os nossos irmãos e colaboradores da Fraternidade São Próspero.

Particularmente, acho curiosíssimo que usem sempre o argumento de que a intenção de eventos deste tipo é "promover o diálogo" e "provocar o debate", mas quando o debate vem, a reação é tachar os que se posicionam contra de integrarem "milícias" e de mentirosos! Que espécie de "debate" é este? Que tipo de "respeito" e "tolerância" um padre como este espera, se ele não respeita a opinião de um grupo de católicos autênticos e nem tolera o nosso direito de manifestar opinião?

Sobretudo, dois esclarecimentos se fazem necessários, e também duas observações importantes sobre a história toda:

1) O texto publicado no Estadão encerra dizendo que a redação do jornal tentou contato comigo e não obteve resposta até às 23h30 da quinta-feira, dia 21/9, data de publicação da matéria. Na realidade, eu recebi uma mensagem via Whatsapp quando faltavam 15 minutos para as 22h daquele dia. Eu vi a mensagem só no dia seguinte, quando o texto do jornal já tinha sido publicado. Outra nota foi mandada para a minha caixa de mensagens do Facebook, às 20h, mas, como sabem os meus leitores, a minha conta nessa rede social foi temporariamente bloqueada – sem nenhuma explicação – e por essa razão eu também não vi essa mensagem. De todo modo, como esperar que alguém prepare uma resposta para acusações tão graves em tão pouco tempo? Por que fui contatado tão em cima da hora? Só para dizer ao público que eles tentaram falar comigo e não conseguiram? Já o lado contrário teve muito mais tempo para elaborar suas argumentações. É este o proceder padrão do jornalismo do Estadão?

2) A reação do padre reitor é digna de nota. Fala em "caridade", "diversidade" e "tolerância", mas... Reage da maneira mais intolerante possível quando alguém se manifesta contra o aquilo em que ele acredita. Que tipo de diversidade é essa, que não admite nada diverso daquilo que ele defende?! Uma postura confusa e contraditória, para dizer o mínimo.

Por fim, quero dizer que nesse caso houve, sim, uma pequena vitória, e também apareceu um lado que considero bastante preocupante.

A pequena vitória é que, com toda a repercussão, na qual fomos protagonistas, o mesmo reitor do colégio, segundo depoimento do próprio, foi chamado  pelo bispo auxiliar de São Paulo (Titular de Alava) e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, Dom Carlos Lema Garcia –, a quem admiro –, a prestar esclarecimentos sobre o evento, e precisou comprometer-se com o bispo a não fazer nada que contrarie a doutrina da Igreja. Aleluia! Sim, uma pequena vitória dos fiéis católicos.

O lado preocupante foi que (com tristeza) pude constatar que, realmente, pais e alunos do São Luís, ao menos em sua maioria, posicionaram-se a favor do evento e da presença do Drauzio Varella para tratar do assunto "identidade de gênero", entre outros. Quando famílias supostamente católicas demonstram não entender nada de catolicismo, ou, se entendem, não dão a mínima, algo vai realmente muito mal e temos sérios motivos para preocupação.

Encerro disponibilizando, abaixo, a íntegra do texto que mandei para a jornalista do Estadão, ainda ontem, no qual, num curtíssimo tempo, tentei sintetizar quem somos, em que cremos e as nossas razões para termos reagido como reagimos. Muito obrigado a todos os leitores que nos apoiaram e continuam nos apoiando! Rezem por nós e nosso trabalho por aqui. Precisamos de vocês sempre, e cada vez mais.


Fraternidade São Próspero e a teoria da identidade de gênero

Tentarei ser o mais sucinto possível, mas o assunto é complexo. Vou, então, relacionar e enumerar os meus pontos principais, para facilitar a compreensão.

1) Falo não apenas em nome da Fraternidade Laical São Próspero, mas simplesmente em nome dos fiéis católicos. Em primeiro lugar, gostaria de dizer isto, que somos simplesmente católicos – não somos “tradicionalistas” nem “ultraconservadores” ou outra coisa desse tipo, mas apenas pais, mães de família e jovens católicos que só desejam continuar católicos, observando em nossas vidas aquilo que a Igreja prescreve e sempre prescreveu – pois a Igreja não muda ao sabor dos ventos, não se adapta aos modismos passageiros nem às ideologias da moda: a verdade será sempre verdade e a mentira sempre mentira, não importa o quanto se tente relativizar tudo.

[Uma frase atribuída a Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, diz que ‘uma mentira repetida mil vezes se torna verdade’. O fato concreto, porém, é que uma mentira continuará sendo sempre mentira, ainda que toda a sociedade esperneie gritando que é verdade. Vivemos, hoje, tempos em que a maior parte daqueles que nos governam, juntamente com aqueles que ensinam os nossos filhos nas escolas e os que controlam a grande mídia, querem nos convencer – e/ou muitas vezes nos obrigar a aceitar, até por força de lei – certas proposições e ideias que, simplesmente, não podemos aceitar por obrigação de consciência.]

2) Em segundo lugar, acusam-nos de promover “discurso de ódio”, mas nós não odiamos ninguém e não queremos o mal de ninguém, pelo contrário: queremos o bem da sociedade e de cada pessoa. Queremos justiça, fraternidade, prosperidade, beleza, harmonia. Mas entendemos que nada disso é possível sem valores realmente fundamentais como a honestidade e o compromisso com a verdade. A família é, para nós, um bem fundamental, a celula mater da sociedade, sem a qual nenhum progresso real será possível, para o país e para os cidadãos.

3) Por que a indignação com o evento no Colégio São Luís?

Por diversos motivos. Primeiro, porque vivemos atualmente um momento de luta em nossa sociedade, com a rede pública completamente tomada por professores ideologizados até o último fio de cabelo e que procuram – declaradamente – amestrar os nossos filhos, desde a mais tenra idade, contra a Igreja, a família tradicional e tudo aquilo que temos por mais sagrado. Neste cenário, a ideologia do gênero é uma bandeira e, assim, são muitos os pais que, desesperados, matriculam seus filhos em colégios pagos, arcando com altas mensalidades, muitas vezes à custa de grande sacrifício, numa tentativa de livrar os seus filhos deste mal.

Aí vem um colégio católico promover um evento que de fato será, claramente, uma apologia à ideologia de gênero, já que o palestrante em questão é, publicamente, um dos seus principais promotores.

Drauzio Varella tem diversos artigos publicados promovendo a ideologia do gênero e, recentemente, entrevistou o deputado Jean Wyllys, permitindo que este último "explicasse" a todos nós –, pobres supersticiosos e ignorantes que precisamos ser educados para a nova ordem global –, a "diferença entre orientação sexual e identidade de gênero". Nós não somos obrigados a aceitar tal coisa.

4) Em nosso grupo, somos estudantes, professores, doutores, sacerdotes: cidadãos honestos que estudam e procuram se inteirar a respeito dos assuntos realmente importantes. Não precisamos de “explicação” de um suposto “especialista” para entender que a teoria de gênero não passa, realmente, de ideologia e mais nada. O Drauzio Varella certamente vai apresentar argumentação pseudocientífica e talvez pesquisas ou dados que aparentemente confirmem o seu ponto de vista. Mas...

Nós sabemos bem que as pesquisas científicas e clínicas mais avançadas apontam no sentido contrário do que ele apresenta como se fosse verdade científica incontestável. A AMD (Associação de Médicos pela Diversidade), por exemplo, na Audiência Pública sobre a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), apresentou o documento intitulado “Contribuição e apelo médico-científico acerca da terceira versão da Base Nacional Comum Curricular”, assinado por um grande grupo de médicos brasileiros e contendo um rol de pesquisas e estudos realmente sérios (e isentos), reconhecidos pela comunidade científica, demonstrando que não há nenhum fundamento de fato científico ou clínico que sustente a tal identidade de gênero e suas proposições.

Podemos então afirmar sem medo de errar que, no mínimo, não há consenso entre profissionais da medicina e cientistas a respeito do assunto. Sendo assim, em nome de quem ou do quê a sociedade brasileira deveria ser obrigada a aceitar uma proposição –, insistimos –, puramente ideológica?

5) Insiste-se incansavelmente na ideia de que é muito importante trazer essa questão do gênero para o “debate”, mas isto já foi debatido e a população brasileira, em sua esmagadora maioria, manifestou-se contrária. O Plano Nacional de Educação, por exemplo, após uma série de manifestações populares, retirou do seu corpo o termo “gênero”, mas há um grupo minoritário –, porém muito barulhento, organizado e bem financiado, inclusive por organizações internacionais –, que simplesmente não respeita a vontade soberana do povo.

A conclusão é que justamente este grupo –, que, assim como o padre diretor do colégio, tanto gosta de falar em “respeito”, “diversidade” e “tolerância”, que supostamente só quer “promover o debate” e grita em nome da “democracia” –, são eles mesmos que não respeitam a decisão da maioria e nem o direito de os cristãos (que representam aproximadamente 90% da população brasileira) participarem do debate público, manifestarem a sua opinião, seus anseios e esperanças para o futuro.

O Estado é laico, não ateu. Não anticristão. Os valores cristãos construíram a sociedade ocidental: em nome de quê ou de quem seremos agora varridos para debaixo do tapete da História, nós que somos a maioria?

Por fim, quero que fique realmente claro que não temos a pretensão de nos intrometer na vida privada de quem quer que seja. A intimidade de quem não compartilha da nossa fé não nos interessa, nem julgamos pessoas; combatemos, isto sim, ideias que consideramos perniciosas. Não odiamos pessoas homossexuais, ao contrário, nós as acolhemos. Temos depoimentos de muitos homens e mulheres com tendências homossexuais que são felizes por abraçar a fé e um estilo de vida diferente daquele que a sociedade agora quer lhes impor.

Cremos no Evangelho e, portanto, buscamos viver a santidade e as virtudes cristãs – este caminho é para todas as pessoas, sem discriminar absolutamente ninguém, nem por cor ou raça e nem por preferência sexual. Também entendemos que ninguém é obrigado a ser católico ou cristão. Mas nós temos o direito de sê-lo, temos voz e exigimos, desses que tanto querem “respeito”, que saibam respeitar primeiro.

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Documento de associação de médicos demonstra que a teoria do gênero não tem fundamento científico

...e que, definitivamente, não passa mesmo de ideologia



ANALISANDO TODA a confusão a respeito da teoria de gênero, que vem ganhando um espaço e um fôlego cada vez maior em nosso país e no mundo, detectamos o principal argumento dos seus promotores.

Antes de tudo, é importante entender que a questão só ganha tanto espaço e força por ser parte importante de uma ideologia, e uma ideologia que é adotada por verdadeiros fanáticos. Essa gente integra uma elite que dominou os meios de comunicação e de produção de cultura em nosso país e em muitas partes do mundo e quer –, por toda força, contra todos os fatos e contra a vontade da maioria –, impor à sociedade brasileira que o tal gênero é uma realidade inquestionável, e que todo aquele que não aceitá-lo deve ser impiedosamente rechaçado, criminalizado e expurgado – mesmo que esta mesma sociedade já tenha se manifestado claramente em sentido contrário.

Enfim, o argumento principal para descalabros como, por exemplo, ver colégios católicos convidando promotores públicos da ideologia do gênero para palestrar aos pais dos alunos (veja), é o de que tais eventos servem para "esclarecer", para "informar", para "tirar dúvidas" a respeito do assunto e derrubar "preconceitos"...

Para mostrar que esse argumento é simples e completamente falso, publicamos em primeira mão –, e a pedido de nossos leitores –, o documento publicado pela AMD (Associação de Médicos pela Diversidade), assinado por um grande grupo de doutores em diferentes especialidades médicas, listados ao início do mesmo documento.

O posicionamento da AMD ficou relativamente conhecido nacionalmente depois da participação da Dra. Carla Dorgam na Audiência Pública em Brasília sobre a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), cujo pronunciamento foi postado em vídeo no Youtube e publicado por nós, (veja).

O documento, intitulado CONTRIBUIÇÃO E APELO MÉDICO-CIENTÍFICO ACERCA DA TERCEIRA VERSÃO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR, desmonta, com base clínica e científica e fundamento em estudos publicados, toda tentativa de se afirmar que deveríamos aplicar tal teoria nacionalmente, doutrinando nossas crianças nessa ideologia e, principalmente, que os eventos de apologia que vem sendo promovidos servem para "esclarecer" ou "tirar dúvidas".


Enquanto isso, num futuro não tão distante: Pst! Não chame
de "menina do papai"! Teremos que deixar el@ escolher o 
próprio "gênero", senão seremos multados e presos!

Às dúzias de pessoas que vêm nos chamar de "retrógrados", seguidores de uma "religião de trevas", "promotores do ódio" e outras tantas coisas do gênero (aqui, sim, cabe a palavra), pedimos (mesmo sabendo que será inútil) que estudem e se informem, antes, vocês. É fato que não há base nenhuma, absolutamente nenhuma base científica sólida para se afirmar que a teoria do gênero é uma realidade insofismável. Pelo contrário, os estudos e pesquisas científicas mais avançados apontam na direção contrária. Deixem de acreditar que novela é vida real e façam a lição de casa antes de querer impor a sua ideologia a uma sociedade que permanece majoritariamente cristã. O Estado é laico mas não é ateu, nem anticristão. Somos maioria, temos as nossas convicções, nossos valores e nossos princípios –, os quais construíram a civilização em que hoje vivemos –, e exigimos respeito. Se querem respeito, respeitem primeiro os nossos direitos fundamentais. E a nossa inteligência.

Segue, abaixo, a íntegra do documento, que também pode ser acessado e impresso neste link.


Contribuição e apelo médico-científico acerca da terceira versão da Base Nacional Comum Curricular



Dra. Bianca de Freitas Monteiro Urbano
Dra. Carla Dorgam Aguilera
Dra. Carolina Delage
Dra. Cláudia Moreira Paula Lima
Dr. Celso Albino Gouvea Lopes Junior
Dr. Eduardo Nascimento Mós Neto
Dr. Gustavo Beojone Messi
Dra. Jordana de Faria Bessa
Dr. Marcos Marques
Dra. Mirian Caramello Uliano
Dra. Raisa Virginia de Sena Souza
Dra. Thais Helena Dias Signorelli


São Paulo, 25 de Agosto de 2017


Apresentamos neste documento uma manifestação de nosso posicionamento contrário à inserção de ideologia de gênero na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e solicitamos ao Conselho nacional da Educação e ao Ministério da Educação a retirada de toda menção ao termo "gênero" e seu uso significando identidade pessoal, da redação da BNCC.

Justificaremos nosso apelo nas páginas que se seguem, e para tanto pedimos aos senhores uma diligente atenção aos dados que nos dispusemos a ordenar para trazer com maior clareza aos vossos olhares os diversos achados das ciências médicas que solidamente se contrapõem às hipóteses propostas pela ideologia de gênero. Escrevemos na esperança de despertar nos senhores uma preocupação com a gravidade de se aplicar no sistema educacional, em nível nacional, um conceito que não dispõe de qualquer base no campo das ciências biológicas e humanas.

Páginas que continuam na terceira versão da BNCC com citações a gênero, significando
identidade: 19, 56, 159, 161, 165, 181, 193, 301, 305, 313, 318.



1. INTRODUÇÃO


Acreditamos fortemente na importância da educação no Brasil, na seriedade e compromisso de nossos professores e educadores, bem como na força de sua contínua batalha contra as dificuldades próprias do dia-a-dia em um país do tamanho e complexidade que o nosso comporta. Aplaudimos a iniciativa de buscar a melhoria do ensino para as nossas crianças e adolescentes, e é nesse tom de diálogo entre colegas especialistas de diferentes áreas do conhecimento humano que expomos nossas preocupações em relação à inserção de ideologia de gênero na BNCC, e solicitamos encarecidamente o estudo atento do que trazemos.


Nossa argumentação fundamenta-se no fato de que a ciência é um sistema de conhecimentos certos, ordenados, que parte de fatos experimentais observados e/ou de verdades já conhecidas em busca de verdades desconhecidas e de leis operacionais universais. Neste contexto, todos temos, portanto, toda a liberdade para olhar os fatos e desenvolver hipóteses explicativas acerca destes, iniciando os passos do que se conhece como método científico. É assim que nasce a ciência. No entanto, se pararmos neste ponto e pretendermos ensinar nossas hipóteses com a legitimidade das certezas sem a devida e
meticulosa conferência com a realidade dos fatos, ou seja, através da completude do método científico rigorosamente observada, o que obteremos não é ciência, mas um agrupamento desarticulado de opiniões incertas, flutuantes ante a realidade como tal. Essa fluidez, embora num primeiro momento possa ter a pretensão de trazer uma sensação de liberdade, carreia na verdade uma ilusão e manca já nas suas bases, pois se perdermos o referencial das verdades encontradas, perderemos o referencial da realidade em si, e formaremos não cidadãos livres, críticos e pensantes, como se pretende, mas pessoas meramente individualistas, como que fechadas em espectros autistas, pois as teremos ensinado a tomar aquilo que acham que é (hipóteses) por aquilo que é (realidade). O simples processo de questionamento acerca dos fatos, levantamento de hipóteses e elaboração de teorias é, portanto, ainda incompleto e não define por si o conhecimento, muito menos autoriza a sua aplicação, mas é a verificação desse conjunto e sua análise lógica que comprova sua legitimidade ou falsidade.


Ressaltamos ainda que o conhecimento como um todo, ainda que possa parecer abarcar em si fatos contraditórios, não os contém senão em aparência, pois em essência o entendimento desses fatos constrói a ciência, e esta é íntegra, ordenada e articulada em suas diversas áreas. Fato é que a ciência não contraria as verdades da natureza, mas seu conteúdo teórico pode sofrer viés por influências outras ao longo dos vários passos do método científico, como por exemplo durante sua verificação, e mesmo desvirtuar-se na fase de sua aplicação. As verdades encontradas não se contradizem, pois quando o fazem, há apenas dois caminhos, e isso o comprova toda a história da ciência: ou o novo conhecimento se desfaz ao ser analisado minuciosamente em novas pesquisas, ou o conhecimento anterior é que se mostra insuficiente ao ser revisto sob a ótica de novos descobrimentos, frequentemente com tecnologias atualizadas e mais avançadas. Com efeito, quando há contradição em algum campo das ciências, os olhares dos pesquisadores se voltam para as questões discordantes,


estudos são realizados profusamente, congressos são organizados, colocando pesquisadores com seus resultados, similares ou discrepantes, em debate, artigos e mais artigos são elaborados e discutidos exaustivamente, tudo em busca daquilo que definirá a resposta para a incongruência inicial. Senhores, estamos ainda longe de termos encontrado a resposta que corroboraria a questão levantada pelos ideólogos de gênero e sua hipótese de que talvez não seja a biologia que determina a auto-identificação do indivíduo com o sexo biológico, chamada de identidade de gênero, e seu comportamento sexual, mas sim a sociedade e cultura circundantes. Estamos distantes dessa realidade como verdade, antes de tudo, porque tal hipótese mal se sustenta quando analisada criteriosamente, pois carece de premissas verdadeiras para embasar-se. Embora caibam diversas perguntas, diálogos e estudos acerca dos fatores que influenciam essa dita identidade, não estamos nem sequer perto daquele caso em que a nova hipótese, resistindo à análise minuciosa dos fatos, permanece intacta enquanto a teoria conhecida anteriormente desmorona sob a ótica de estudos mais avançados. Ao contrário, se há alguma tendência a que um dos conhecimentos prevaleça, continua sendo o entendimento anterior, da força das influências biológicas sobre o sexo, a referida identidade de gênero e o comportamento sexual. Pois o que temos visto é uma reafirmação contundente, pesquisa após pesquisa, no que tange, tanto às tecnologias modernas quanto aos princípios tradicionais das ciências biológicas e humanas, de que a assim chamada identidade de gênero tem forte e profunda relação com a base genética e, em congruência com esta, a expressão endócrina e neurológica naturais do indivíduo. E são esses recentes estudos que apontam tais reafirmações que exporemos a seguir.


2. DADOS CIENTÍFICOS E ARGUMENTAÇÃO


A ideologia de gênero nos propõe alguns novos entendimentos de base sobre o ser humano. Tomamos aqui dois pontos centrais desses entendimentos: 


2.1. "Mulher" e "Homem" são construções sociais e culturais, logo não existem.


2.2. Os seres humanos ao nascer, são “páginas em branco”, cujos dados são preenchidos pela sociedade.


Contrapomos a estes fundamentos da ideologia os achados científicos que se seguem, incompatíveis com tais afirmações.


2.1. Primeiro fundamento: 'Mulher' e 'Homem' são construções sociais e culturais, logo não existem objetivamente.


 – "Estritamente falando, não se pode dizer que existam 'mulheres'"- Julia Kristeva


 – "Não existe uma identidade de gênero por trás das expressões de gênero, a identidade é performativamente constituída"- Judith Butler


Ideólogos de gênero levantam a hipótese de que somente a sociedade e a cultura vigente determinam o que eles chamam de identidade de gênero, aquilo que informa o indivíduo. Utilizaremos aqui a definição da World Health Organization: "Gênero refere-se às características socialmente construídas de mulher e homem, tais como normas, papéis e relacionamentos de e entre grupos de mulheres e homens" (WHO, 2017). Definição esta reiterada e desdobrada pela UNESCO: "Gênero refere-se aos papéis e responsabilidades de homens e mulheres que são criados em nossas famílias, nossas sociedades e em nossas culturas. O conceito de gênero também inclui as expectativas quanto às características, aptidões e comportamentos prováveis tanto de mulher como de homens (feminilidade e masculinidade). Papéis de gênero e expectativas são aprendidos. Podem mudar conforme o tempo e variam dentro e entre as culturas. Sistemas de diferenciação social tais como status político, classes, etnias, inaptidão física ou mental, idade e outros, modificam os papéis de gênero. O conceito de gênero é vital pois aplicado à análise social revela como a subordinação das mulheres (ou a dominação do homens) é socialmente construída. Como tal, a subordinação pode ser mudada ou terminada. Não é biologicamente predeterminada ou fixa para sempre" (UNESCO, 2013).

Respondemos a essa hipótese primeiramente com os estudos da neurociência, os quais vem apontando há décadas para claríssimas diferenças anatômicas e funcionais entre o cérebro de homens e mulheres (HAUSMANN, 2017; RITCHIE et al, 2017a; RITCHIE et al, 2017b; LARA & ROMÃO, 2013; DELACOSTE et al, 2015). Os artigos mostram, com imagens de ressonância magnética funcional, as evidentes diferenças entre os cérebros de homens e mulheres em diversas regiões cerebrais, como a junção temporo-parietal e sulco temporal superior direitos, o córtex somatosensorial, motor e pré-motor bilateralmente, o corpo caloso, regiões da amígdala e do hipotálamo. Embora falte ainda uma resolução definitiva, há ainda outros estudos que indicam que essas diferenças poderiam sim justificar a existência de diferentes habilidades, preferências e comportamentos entre os sexos feminino e masculino (GUR & GUR, 2017; MCEWEN & MILNER, 2017; SACHER et al, 2017; POEPPL et al, 2016a; LOMBARDO et al, 2012a; LOMBARDO et al, 2012b; BAO & SWAAB, 2011; LEVAY, 1991), levando toda uma linha de pesquisa a lidar com termos como "sexo cerebral" (DAMIANI et al, 2005). O fato salientado nessas pesquisas é que as diferenças neurológicas entre os sexos existem, são bem definidas e inúmeras. Mais ainda, diversos pesquisadores estudando áreas cerebrais relacionadas especificamente ao comportamento sexual, como o núcleo sexualmente dimórfico da área pré-óptica hipotalâmica, tem encontrado diferenças neuroanatômicas não somente entre homens e mulheres, mas também entre heterossexuais e homossexuais POEPPL et al, 2016b; BYNE et al, 1995). Ideólogos de gênero tendem a questionar aqui se essas diferenças são causa ou efeito das construções socio-culturais que circundam o indivíduo, tendo em vista a conhecida propriedade de neuroplasticidade cerebral. No que tange a esse ponto, bem explicam os autores do artigo "Orientação Sexual Humana: A Importância da Convergência das Evidências" (BALTHAZART & COURT, 2017), os quais expõem o seguinte: "Estamos encarando aqui o clássico problema entre o ovo e a galinha. Mas a interpretação de que esses achados são resultados do estilo de vida e de experiências culturais e sociais do indivíduo é improvável pelos seguintes fatos: 1. modelos animais mostram núcleos sexualmente dimórficos da área pré-óptica hipotalâmica similares, que se desenvolvem sob a influência precoce de testosterona e estão presentes antes de o animal experimentar comportamento sexual (ROSELLI, REDDY & KAUFMAN, 2011), e 2. a plasticidade morfológica cerebral em resposta ao ambiente ou comportamento é mais proeminente no córtex cerebral do que no hipotálamo, o qual está relacionado principalmente a alterações hormonais (GARCIASEGURA, 2009; GARCIA-SEGURA, 2010; PASCUAL-LEONE et al, 2005)". Os autores colocam ainda que embora os achados de estudos semelhantes isoladamente não sejam completamente conclusivos, quando tomados em conjunto, no entanto, eles fornecem evidências convergentes, as quais apontam todas na mesma direção: a importância do fator biológico no comportamento, identidade e orientação sexual.

Se essa resposta é considerada inconclusiva pelos ideólogos, isso não significa que a hipótese oposta é verdadeira, ou seja, a hipótese de que essas diferenças sejam apenas efeito secundário da sociedade e cultura, mas significa simplesmente que tal hipótese, e apenas nesse ponto, continuaria sem resposta. E apenas nesse ponto, pois se por um lado está ainda em desenvolvimento o panorama da compreensão dos fatores que influenciam a autoidentificação e a orientação sexual, por outro lado está mais do que bem evidenciado que há características próprias que diferenciam os cérebros do homem e da mulher, portanto "homem" e "mulher" existem sim e não são apenas construções sociais, pois existem não só socialmente, mas anatômica, fisiológica e neurologicamente.

2.2. Segundo fundamento: os seres humanos ao nascer são 'páginas em branco', cujos dados são preenchidos pela sociedade. "Ninguém nasce mulher, torna-se mulher" - Simone de Beauvoir "Não se pode dizer que os corpos tenham uma existência significável anterior à marca do seu gênero"- Judith Butler Contra essa afirmação, colocamos os estudos e conclusões do dr. Steve Pinker, publicados no livro “Tábula Rasa: A Negação Contemporânea da Natureza Humana” (PINKER, S., 2003). No livro, o autor contesta, através de dados da genética comportamental e da psicologia evolutiva, a tese da “página em branco”, mostrando que temos determinações genéticas desde o nascimento que direcionam nosso desenvolvimento (RATNU et al, 2017; NGUN & VILAIN, 2014; PLOMIN & DANIELS, 2011; RODRIGUEZ-LARRALDE & PARADISI, 2009; BOCKLANDT et al, 2006; NASSIF et al, 2005; WHITAM et al, 1993; HAMER et al, 1993).

Numa análise ainda mais simples, indicamos os conhecimentos da neonatologia, que traz em sua prática diária o fato de que o bebê ao nascer não é “página em branco”, mas há, ao contrário, dezenas de reflexos que ele realiza desde o nascimento, como os reflexos da preensão palmar, apoio plantar, marcha reflexa, de busca e de sucção, entre outros. Ninguém precisa ensiná-lo, por exemplo, a sugar o leite materno. Se ele é uma página em branco, como saberia fazê-lo sem ser ensinado a tanto? Mas a carga que o recém-nascido traz consigo não envolve meramente reflexos neurológicos primitivos. Apontamos aqui os achados da endocrinopediatria. Observem o caso da desidroepiandrosterona, um precursor dos hormônios sexuais. Curiosamente, ele é o mesmo em homens e mulheres até um certo ponto da infância, quando se converte em hormônio masculino ou feminino. Essa conversão não se dá pelo que o indivíduo pensa que é ou como ele se comporta. O que desencadeia essa conversão é o sexo genético, que é a leitura que o próprio corpo do indivíduo tem de si mesmo, inscrita no código genético de cada uma das células do seu corpo, nos já bem conhecidos cromossomos sexuais, os quais são ou feminino ou masculino, ou seja, XX ou XY, sem terceira opção. Conclui-se que o próprio corpo determina através de uma mensagem genética qual hormônio produzirá, baseado no sexo a que o indivíduo pertence (BRAMBLE et al, 2017; DATTANI, M. T. et al, 2011; HABENER, J. F., 2011). 

Podemos mostrar ainda no campo da embriologia, alguns estudos que evidenciam uma íntima relação entre o ambiente hormonal intra-uterino materno e as diferenças anatômicas cerebrais no feto segundo o sexo sexo (PEPER & KOOLSCHIJN, 2012; COHEN-BENDAHAN ET AL 2004; NEGRI-CESI, 2004). Além de agir na formação do sistema nervoso central, a ação hormonal também parece ter efeito sobre as diferenças comportamentais entre os sexos, tendo influência ainda durante o desenvolvimento da criança. Em estudo realizado pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambrigde, Auyeung et al encontraram uma relação estatisticamente significativa entre os níveis de testosterona fetal e o comportamento de brincar típico segundo o sexo da criança (AUYEUNG et al, 2009), reafirmando o que outros encontraram antes deles quanto à essa relação entre altos níveis de androgênios na fase pré-natal e a escolha de brinquedos tidos tipicamente como femininos ou masculinos, além das preferências de atividades mais reconhecidamente femininas ou masculinas (HINES et al, 2016; LOMBARDO et al, 2012b; MEYER-BAHLBURG et al, 2008; PASTERSKI et al, 2005; HINES, 2003; HU et al, 1995; EHRHARDT & BAHLBURG, 1981). Tudo se revela interligado, e aqui estamos ainda no campo biológico, nada determinado pelo entendimento sociocultural da sexualidade da pessoa. Estamos falando do desenvolvimento do corpo em si, a partir de gatilhos intrínsecos e naturais, orquestrado pela genética e fisiologia hormonal do próprio corpo, sem interferência da cultura ou da sociedade.

Portanto, todas essas ciências, genética comportamental, psicologia evolutiva, neonatologia, endocrinopediatria, embriologia, psiquiatria vem todas demonstrando com copiosos dados que as crianças estão longe de ser "páginas em branco" ao nascer. Ao contrário, já encerram em si desde fases pré-natais determinações diversas segundo a carga genética hereditária e o ambiente intra-uterino em que se desenvolvem. Apresentamos ainda neste ponto, o abrangente estudo “Sexualidade e Gênero: Achados das Ciências Biológicas, Psicológicas e Sociais", o qual aborda diretamente diversos aspectos do gênero, como o “born this way”, comorbidades psiquiátricas, e a tese do estresse
social. Os autores do artigo, dr. Paul R. McHugh, psiquiatra, e dr. Lawrence S. Mayer, epidemiologista, ambos do Departamento de Psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, aproximam-se dessas questões com atenção aos aspectos desconhecidos que podem estar envolvidos na formação da identidade pessoal de gênero, e é incapaz de negar alguns fatos interessantes e que deixam notoriamente que a ideologia de gênero, se não está claro ainda se é de todo equivocada, precisaria de anos de estudos que buscassem responder as questões que permanecem abertas para começar a ter a possibilidade de ser vista como uma certeza (MAYER & MCHUGH, 2016).


CONCLUSÃO

Buscamos ser aqui bem concretos. Trouxemos aos senhores dados atualizados de áreas diversas das ciências médicas como genética, neurociência, fisiologia, anatomia, endocrinologia, embriologia, dados estes que mostram por um lado a força da biologia no desenvolvimento da auto-identificação com o sexo ao qual se pertence e do comportamento diferenciado de acordo com o sexo biológico, e que por outro lado trazem à luz a insuficiência presente nas hipóteses da ideologia de gênero. O que procuramos mostrar é que ideologia de gênero não tem ainda a força da certeza, da evidência, para que seja ensinada a nível nacional para crianças e adolescentes das escolas da rede pública e privada, como pretende fazer o conselho com a implementação da BNCC contendo em seu texto ainda tantas referências à identidade de gênero. Pedimos encarecidamente que não façam de nossa educação o experimento científico que falta na busca dessa certeza. Nossas escolas não são laboratórios, nossas crianças não são cobaias. Se desejam estudar as hipóteses da ideologia de gênero, a comunidade médica e científica inteira está aberta aos seus questionamentos, e sai em busca junto com os senhores de tais respostas, como o tem feito há muitos anos. Estudemo-las no local onde devem ser estudadas, e dentro da ética que permeia mundialmente todo o meio acadêmico científico, pois não se passa para a aplicação social aquilo que sequer saiu do campo da hipótese e da análise de dados. Evidenciamos aqui, enfim, a incerteza presente nas hipóteses da ideologia de gênero, e assim a insuficiência de dados para o passo que se pretende dar: sua instituição e ensino a nível nacional para crianças e adolescentes.


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