A Igreja e a pobreza


Por Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa – Assoc. Civil Santa Maria das Vitórias


NOS ÚLTIMOS DIAS voltou à baila um tema que esteve muito em voga nos anos sessenta e setenta: a Igreja e a pobreza. Era um assunto candente naquele clima de reformismo após o Vaticano II.

Era adolescente, então, e presenciei a vulgarização da Liturgia e o despojamento das antigas e belas igrejas a pretexto de prática da pobreza evangélica. Lembro-me de freiras e padres dizendo que não queriam mais trabalhar para a burguesia e por isso tinham tomado a decisão de fechar seus tradicionais colégios... Dilapidaram o patrimônio da Igreja, os antigos prédios onde funcionavam colégios e conventos, e foram os religiosos aggiornati ('atualizados') viver em comunidades de base.

Vi essa tragédia em Jaú, Estado de São Paulo, cidade herdeira de gloriosas tradições católicas da fidelíssima Itu. Diga-se de passagem que aqueles bens eclesiásticos, que tinham, durante anos, estado a serviço de toda a sociedade e favorecido inclusive às classes mais pobres, foram adquiridos em grande medida graças à generosidade e piedade das classes mais abastadas e tradicionais da sociedade. A Igreja de antigamente acolhia também os ricos que viviam o espírito de pobreza e caridade evangélicas e, em consequência, a sociedade vivia em harmonia.

Mas nos anos sessenta e setenta as coisas mudaram para muito pior na Igreja. Não ocorreu a primavera esperada do Vaticano II. Ao contrário, as reformas de então produziram frutos amargos. Houve uma demagogia revolucionária, e o resultado, todos o conhecemos: as congregações religiosas que fizeram essa “opção preferencial” (que pleonasmo repugnante!) simplesmente morreram. Não têm mais vocações e nenhuma expressão social e o serviço que pretendiam prestar à transformação das estruturas sociais redundou apenas na maior paganização da sociedade atual. Conheço o caso de uma religiosa, membro de uma congregação que se autodestruiu, a qual só não foi parar na sarjeta porque seu pai, providencialmente, lhe legara os bens vinculados, de modo que ela não pôde dispor de seu patrimônio quando emitiu os votos religiosos!

Observei também, nos idos dos anos setenta, que muitos dos católicos que apoiavam essa revolução na Igreja já não tinham a verdadeira fé, viviam uma confusão de ideias, e hoje, ainda que se digam católicos, de fato não o são. Conheço uma senhora do grupo das católicas "avançadas" dos anos setenta que hoje defende abertamente o "direito de decidir" sobre o aborto, o direito de "opção sexual", etc. Observei, igualmente, que muitos dos partidários do discurso da pobreza da Igreja eram bons burgueses modernistas, da esquerda festiva, e viviam em flagrante contradição: por um lado, defendiam a Igreja despojada, mas por outro lado viviam ferrenhamente apegados às comodidades e ao conforto da tecnologia moderna, de que só os ricos podem gozar: carros de luxo, aparelhos eletroeletrônicos sofisticados, a grife da moda, casas projetadas por arquitetos "comunistas" de vanguarda(...). Observei também que muitos católicos da esquerda festiva tinham desprezo pelas obras de caridade tradicionais da Igreja: faziam pouco, por exemplo, das conferências de São Vicente de Paulo. Enfim, a lógica deles era: para as coisas de Deus, austeridade, para a vida própria, toda comodidade e luxo. É claro que disso só podia resultar a dissolução dos costumes e a perda total da fé em um Deus Transcendente digno de toda honra e toda glória.

A preservação da minha fé, a minha perseverança, em meio a tanta ruína, foi um milagre moral pelo qual nunca agradecerei a Deus devidamente. Foi então que caiu em minhas mãos a obra "O gênio do cristianismo", de François-René de Chateaubriand, que me mostrou a importância da beleza e do esplendor do culto católico para ajudar o homem a descortinar seu horizonte terreno e descobrir outra perspectiva da sua vida, para elevar o homem, para educá-lo e permitir-lhe saborear o Mistério do Sagrado sem o qual a sua própria vida se destrói pela banalização de tudo.

Outro livro que me fez bem então foi "Dois amores e duas cidades", de Gustavo Corção, que explica assim problema que hoje volta a afligir-nos:

"Muitos padres, vigários, abades, bispos, quiseram “levar a Igreja ao povo” ou “aos jovens”. Mas como? Tornando vulgar, primária e imatura a figura da Igreja. Nessa nova pedagogia, muitos padres jovens passaram a usar, além do vernáculo da Liturgia tornado obrigatório, uma linguagem rasteira que, na opinião deles, seria mais comunicativa para os homens humildes. Ora, qualquer pessoa dotada de alguma experiência sabe que pessoas humildes procuram (ou procuravam) na Igreja o que não encontram no botequim. Entre outras coisas, procuram a linguagem mais elevada que os eleve e nobilite, como também procuram no templo as imagens belas, o incenso, a mirra e o ouro... Os que tornam a Igreja vulgar para torná-la popular cometem um erro e uma injustiça contra a Igreja e contra o povo. É também um erro e uma injustiça que se comete contra os moços a ideia de trazer para o templo os mesmos ritmos e instrumentos que alguns moços usam em seus grupos." (o. c. v. II, p. 394)

Outro autor que me auxiliou a ter uma visão melhor do problema da pobreza na Igreja foi o filósofo Dietrich Von Hildebrand em sua obra "Cavalo de Tróia na Cidade de Deus". No capítulo 26 da referida obra, sob o título "A função da beleza na religião", diz Von Hildebrand:

"Infelizmente, alguns católicos dizem, hoje, que o desejo de dotar de beleza o culto se opõe à pobreza evangélica. É um erro grave e que parece frequentemente inspirado em sentimentos de culpa por terem sido eles sido indiferentes às injustiças sociais e negligenciado os legítimos reclamos da pobreza. É então em nome da pobreza evangélica que nos dizem que as igrejas devem ser simples, despojadas de todos adornos desnecessários."

Os católicos que fazem essa sugestão confundem a pobreza evangélica com o caráter prosaico e monótono do mundo moderno. Deixaram de ver que a substituição da beleza pelo conforto, e do luxo que muitas vezes o acompanha, é muito mais antiético à pobreza evangélica do que a beleza – mesmo esta em sua forma mais exuberante. (…) Graças a Deus, esta não foi a atitude da Igreja e dos fiéis através dos séculos. São Francisco, que em sua própria vida praticou a pobreza evangélica ao extremo, jamais afirmou que as igrejas devessem ser vazias, despojadas, sem beleza. Pelo contrário, a igreja e o Altar nunca eram suficientemente belos para ele. Diga-se o mesmo do Cura d”Ars, São João Batista Vianney. (o. c.p. 204-205)

Para a espiritualidade católica tradicional, fundada em sãos princípios teológicos e metafísicos, e sempre guiada pela virtude superior da prudência, a pobreza, bem como a mortificação, é um simples meio para chegar a um fim, que é Deus. Deve-se usar dos bens terrenos tanto quanto auxiliam na consecução do Fim Último. Deve-se renunciar a eles tanto quanto representem um obstáculo para chegar à posse de Deus, Sumo Bem. Deve-se ter um coração desapegado dos bens terrenos e transitórios, colocá-los a serviço dos pobres sempre com a consciência de que a Terra é um lugar de exílio e jamais alimentar uma utopia de um mundo igualitário livre de todo sofrimento moral ou físico. Não se devem cultivar, é claro, as desigualdades pelo prazer de humilhar os mais pobres. Mas tampouco se deve ostentar uma pobreza fingida com sabor de demagogia para cativar as massas em detrimento da dignidade de um alto cargo que exige por sua própria natureza certa majestade e magnificência.

O Evangelho diz: onde está seu tesouro está o seu coração.


Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa
19 de março, Solenidade de São José, Protetor da Santa Igreja. Carpinteiro, mas pertencente à real estirpe de David

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Fonte:
'A Igreja e a Pobreza', disp. em:
http://santamariadasvitorias.org/a-igreja-e-a-pobreza/
Acesso 4/5/016
www.ofielcatolico.com.br

18 comentários:

  1. Bom dia.

    Tenho apenas 2 dúvidas:

    1. Diz o autor: "também procuram no templo as imagens belas, o incenso, a mirra e o ouro... Os que tornam a Igreja vulgar para torná-la popular cometem um erro e uma injustiça contra a Igreja e contra o povo". Entendi a alusão aos presentes dos reis magos a Jesus, mas não entendi porque sua ausência vulgarizaria a Igreja, se é isto que o autor quis dizer. Não sou contra, já visitei Igrejas históricas, e fiquei admirado com a beleza de seus interiores. Quem me dera poder participar das missas sempre em locais como estes. Mas a Igreja que frequento, mesmo sem ouro, não é vulgar.

    2. Diz o autor: "Mas tampouco se deve ostentar uma pobreza fingida com sabor de demagogia para cativar as massas em detrimento da dignidade de um alto cargo que exige por sua própria natureza certa majestade e magnificência". A quem o Pe. João Batista se dirige? E qual seria a devida expressão de majestade e magnificência proveniente de um "cargo"? Com isto o autor quis dizer que em função de um "cargo", deve-se ostentar vestes, jóias, residências, carros etc? Espero que não.

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    1. Respondendo às perguntas:

      1) O autor usa o termo "vulgar" no sentido estrito, isto é, como sinônimo de "comum; trivial, banal". Defende que as estruturas físicas da Casa de Deus, o "Templo do Altíssimo", – que é solo sagrado destinado ao culto, – deveria procurar expressar externamente os seus significados mais profundos, como sempre foi, desde os tempos do Antigo Testamento.

      Com tal posição este apostolado concorda totalmente, e também consideramos interessante lembrar que não estamos sós. Mesmo os santos mais humildes da Igreja, como São Francisco de Assis e São João Maria Vianney, concordam conosco. Este último era conhecido por sua absoluta simplicidade (vivia uma pobreza extrema, alimentava-se e trajava-se como mendigo), mas fazia questão de ornamentar a igreja com tudo o que havia de melhor, mais nobre e mais digno. Ele escreveu assim ao prefeito de Ars: "Desejaria que a entrada da igreja fosse mais atraente. Isso é absolutamente necessário. Se os palácios dos reis são embelezados pela magnificência das entradas, com maior razão as das igrejas devem ser suntuosas!" (TROCHU, Francis. O Santo Cura d'Ars. 3. ed. Contagem: Editora Líttera Maciel Ltda., 1997, p. 100).

      Assim, os nossos novos "espaços celebrativos", que mais se parecem com galpões, construídos sem nenhum cuidado ou atenção às antigas normas litúrgicas, são, sim, no sentido estrito e literal da palavra, "vulgares", porque são comuns, não têm nada de especial, não são pensados, construídos ou ornamentados especialmente para o culto. Uma construção também pode (e deveria) ser "santa", quer dizer, "separada" para Deus.

      2) A interpretação que você apresenta deste trecho é sua e, permita-me dizer, bastante forçada. O autor não diz e evidentemente não quer insinuar que se deva usar jóias, carros de luxo ou coisa parecida. O texto trata da questão litúrgica, e suas críticas são claramente dirigidas aos adeptos de uma determinada linha de conduta que hoje é chamada, popularmente, "esquerda caviar" e que também se faz presente na Igreja. Isto fica muito claro neste trecho:

      "...muitos dos partidários do discurso da pobreza da Igreja eram bons burgueses modernistas, da esquerda festiva, e viviam em flagrante contradição: por um lado, defendiam a Igreja despojada, mas por outro lado viviam ferrenhamente apegados às comodidades e ao conforto da tecnologia moderna, de que só os ricos podem gozar: carros de luxo, aparelhos eletroeletrônicos sofisticados, a grife da moda, casas projetadas por arquitetos 'comunistas' de vanguarda(...).
      Enfim, a lógica deles era: para as coisas de Deus, austeridade; para a vida própria, toda comodidade e luxo. É claro que disso só podia resultar a dissolução dos costumes e a perda total da fé em um Deus Transcendente digno de toda honra e toda glória."

      A Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo

      Apostolado Fiel Católico

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    2. Ok, sim verdade, se por vulgar se entende dessa forma. Algumas vezes fica até difícil identificar que determinado edifício é uma Igreja Católica.

      Quanto ao segundo ponto ainda restam dúvidas. Evidente que a Igreja não deve se pautar pelo que diz uma "esquerda caviar", mas sim pelo exemplo dos santos, como você bem lembrou, São Francisco e São João Maria Vianney viviam uma vida simples, austera. E justamente diante disso, é que surge a interrogação a respeito dessa, "dignidade de um alto cargo que exige por sua própria natureza certa majestade e magnificência". Como alguém expressaria essa dignidade e a que o autor se refere com a palavra "cargo"?

      A paz de Cristo!

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    3. Não sei se cabe nesta conversa, mas outra coisa que na minha opinião se deve levar em conta é que há paróquias, não sei se muitas ou poucas, que não contam sequer com estrutura para atender a catequese. Como, cada vez mais escolas, se recusam a ceder espaços, os meninos são muitas vezes obrigados a fazer as atividades com os cadernos apoiados nos joelhos, isso quando há assentos suficientes para todos. E pelas mesmas razões, há agentes das pastorais reclamando da falta de espaços e da falta de recursos para promover encontros de casais, noivos etc. E isso, penso eu, são recursos básicos.

      Soma-se a isso, e que eu vejo com muito mais preocupação, o empobrecimento da fé de muitos católicos, seja por um lento "apagar", seja por um sincretismo desavisado, que mistura catolicismo com uma ou mais religiões etc.

      Deus acima de todas as coisas, é importante e agradável igrejas bonitas bem adornadas, mas a evangelização, não se pode negar, está meio que capenga.

      Se pensarmos num milagre. E amanhã todos os batizados e que ao menos se consideram católicos, procurassem a Igreja, ela não teria estrutura, tanto humana, quanto física para atender a todos, e espaços, por mais improvisados que sejam, seriam necessários. Pois a missão é atender a todos quanto
      buscarem Cristo.

      A paz de Cristo!

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    4. Pois é, Tiago, interessante este seu último comentário, porque revela que você, se por um lado questiona a necessidade de certos gestos e simbolismos litúrgicos, por outro, sem querer ou perceber, acaba por concordar exatamente com o que o artigo do Padre João Batista diz. Como assim? Vou tentar explicar.

      Acontece que essa desatenção para com a catequese, tão flagrante nos nossos tempos, está diretamente relacionada a essa ideologia que se infiltrou na Igreja e que tem como característica essa verdadeira "idolatria" ao pobre, como referido por Luis Antonio.

      A questão é bastante complexa, impossível de se tratar a contento num comentário como este, mas eu conheço pessoalmente o caso de paróquias que revertem praticamente toda a renda que arrecadam (com dízimos, ofertas, bingos, quermesses, festinhas, etc.) com ajuda humanitária, distribuição de cestas básicas e obras sociais diversas, mas... investem zero na evangelização.

      Quer dizer, não adianta só dar o alimento do corpo e descuidar do alimento espiritual, que para nós é o mais importante, – se é que ainda somos cristãos católicos.

      O que está acontecendo, hoje, é isto: nossas crianças passam um período literalmente "frequentando" a catequese, mas não apreendem praticamente nada, porque não são doutrinadas (receber a catequese é exatamente isto: receber a Sã Doutrina); não aprendem a crer no que a Igreja crê, não são apresentadas aos Mistérios de Nosso Senhor, aos seus Sacramentos, não aprendem a confiar em sua Mãe do Céu...

      O problema é exatamente este, Tiago: nossos pastores estão tão preocupados – e não faltaremos com a verdade se dissermos que muitos deles se mostram exclusivamente preocupados – em cuidar das necessidades materiais dos pobres (tanto que, neste afã, muitos deles andam confundindo cristianismo com socialismo), que se esqueceram completamente da catequese, da proclamação do Evangelho, em procurar levar as pessoas para Cristo!

      [Continua...]

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    5. [...Conclusão do anterior]

      Creio que cabe compartilhar aqui um testemunho particular: numa dessas paróquias que conheci (e conheço), – onde 100% dos esforços dos sacerdotes são direcionados exclusivamente às obras sociais, – abundam casos de pessoas que vão todos os meses receber donativos, cestas e ajuda material, mas pagam os seus dízimos com a mesma regularidade na "igreja-empresa" de Edir Macedo e outras seitas de falsos profetas que incessantemente nos difamam.

      Não sei se estou sendo claro. Não se trata de querer receber dízimo de ninguém, absolutamente. Pelo contrário, enquanto católicos cremos que ninguém está obrigado a contribuir desta maneira, e menos ainda os mais pobres. Menos ainda penso que nestes casos deveria ser recusada a ajuda material. Não devemos negar o pão a quem tem fome, seja católico ou não. O que estou fazendo é repetir o mesmo que sempre nos alertou o nosso grande "Pastor Alemão" Bento XVI: "Não há verdadeira caridade cristã sem a Verdade" (Deus Caritas Est).

      Esta, evidentemente, não é uma prerrogativa nem uma característica exclusiva do Papa Emérito, pelo contrário; ele apenas repete o que disse o Apóstolo: “Sem Fé é impossível agradar a Deus” (Hb 1,6), e antes dele o próprio Cristo: “Pois de que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mt 16,26).

      Não há e nem pode haver caridade maior do que salvar as almas! Evidente que isto não deve "brigar" com todos os auxílios materiais que somos (atenção) obrigados por Mandamento sagrado a prestar aos pobres e sofredores. Mas o cristianismo não pode se resumir a isto, ou então correremos o risco de transformar a Igreja em mera ONG humanitária, como preveniu o atual papa Francisco.

      Há algum tempo estive numa Missa da qual participaram as crianças da catequese paroquial, sendo que dali há uma semana receberiam a sua Primeira Eucaristia. Eu estava sentado bem atrás dos pequenos, e ouvi quando um menino perguntou à sua catequista, durante o momento da Consagração: "Tia, o que é aquele 'negócio branco' na mão do padre?"!

      O garoto ia receber Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor na próxima Missa, quer dizer, ele estava concluindo a sua formação catequética, mas não sabia o que ocorre na Missa, na hora da Consagração!

      Eu procurei o padre e adverti sobre o grave problema, mas ele simplesmente sorriu, comentando: "Criança é assim mesmo"(!)...

      Ocorre que este mesmo padre é um grande agente social naquela comunidade, um homem que está sempre envolvido em campanhas humanitárias, visita regularmente favelas e comunidades pobres, mantém e luta muito por uma série de pastorais sociais, etc. – Por tudo isso é muito querido, e, sim, tudo isso é muito justo e muito cristão. Mas esse sacerdote não demonstra o mesmo interesse (nem perto disso!) pela salvação das almas, e de fato sequer possui o mínimo conhecimento teológico necessário para instruir os seus paroquianos.

      Assim, no ponto de vista do meu querido Padre João Batista (este sim, um fidelíssimo pastor de almas), o cuidado com a Liturgia – e isso inclui o cuidado com os paramentos, a ornamentação dos templos, etc. – está diretamente relacionado à evangelização. Como é que alguém poderá crer que, segundo a nossa fé, Deus literalmente habita aquele espaço físico, que é a igreja, se somos desleixados no cuidado para com ela?

      Apostolado Fiel Católico

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    6. Por fim, como não tratei como gostaria da questão específica dos símbolos "de dignidade e majestade" citados, vou deixar o endereço da página em que o polêmico "Frei Clemente Rojão" trata deste assunto. Não concordo com tudo o que ele diz (aliás, discordo de muita coisa), mas a reflexão que ele traz é válida e eu acredito que tenha acertado em boa parte das suas conclusões:

      http://www.freirojao.com.br/2013/07/a-idade-liturgica-do-latao.html

      A Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo

      Apostolado Fiel Católico

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    7. Eu concordo com você Henrique, embora a caridade faça parte da Igreja, ela não é uma instituição de caridade. E que bom que você também vê que a evangelização é relegada a segundo plano, seja por um ou outro motivo.

      Os simbolismos são importantes, mas desde que bem trabalhados. Se a criança prestes a terminar sua formação catequética, não sabe o que é "aquele 'negócio branco' na mão do padre" (e isso é base), imagine o simbolismo do ouro, da prata, vestes litúrgicas, incenso etc. Não é função, mas muitas vezes o catequista tem que ensinar os meninos a escrever, pois não aprenderam na escola que frequentam 5 vezes por semana, 5 horas por dia. Com 1 hora/semana de catequese não se chega muito longe, e nem precisamos contar com os pais para complementação da evangelização de seus filhos, nem o celular, que toma toda a atenção das crianças, se consegue que os pais, os proíbam de levar a catequese.

      Por mais que em alguns pontos o padre Pe. João Batista e o Frei Rojão tenham certa razão, falta o básico do básico. E muitas vezes o povão, pelo despreparo, até interpreta mal o uso de certos simbolismos que expressam "certa majestade e magnificência", não é raro encontrar aqueles que criticavam os papas anteriores pela pompa, suntuosidade e ostentação. Não sei para quantas pessoas tive de explicar que o papa não tem um trono feito de ouro.

      E inegável também, é que o papa Francisco, com seus gestos simples, como a cruz de metal, os sapatos pretos, o anel, as vestes e o báculo mais simples, fizeram com que, na mente das pessoas, ele pareça mais próximo do Evangelho, o que eu acho também muito importante. Mais do que fingir pobreza, penso que seja uma forma de linguagem.

      A paz de Cristo!

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    8. Tiago, por que alguém como um pai, o nosso pai espiritual, o monarca, sim, ele mesmo, o Papa, não pode ter um trono d'ouro e vestes, sapatos como os de Bento XVI, e báculo magnificentes? Você já se perguntou quem é você e quem é ninguém menos que o Pontifex Maximus da Igreja de Nosso Senhor?

      Eu queria saber quando é que, para a glória de Deus, esse disurso de ficar adulando pobre vai ser desmascarado na Igreja? Porque enquanto isso não ocorre um menino em final de curso de catequese não sabe o que é o pão eucarístico e ignora, em um país como o Brasil arriscado de cair na miséria sobretudo moral e material atroz comunista, que os sofrimentos como a pobreza desta vida não são nada diante da glória eterna reservada para os santos no Céu.

      É bom aprender mesmo a renunciar, a não ter nada, nem mesmo a própria vida, porque comunista no poder seja na Igreja ou no Planalto vai sempre deixar todos na mais crassa miséria, enquanto os barões do Partido e os seus teólogos da corte como o Tiago passam bem.

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  2. IMPECAVEIS os relatos do padre João acerca do caos que sucedeu após o Vaticano II, onde grupos estranhos à Igreja nele infiltraram, e após ele, sairam a apregoar seus erros, mas os atribuindo ao Concilio, sendo essa a tática de esquerdistas: caluniarem os outros para se justificarem!
    Quanto á questão de um culto e tudo que se refira ao Senhor Deus, tem de ser do melhor possível, muito superiores ao maravilhosos ornamentos que desperdiçam com tantas obras majestosas arquitetônicas humanas - por acaso essas obras mereceriam mais que Ele, evidente que não!
    Quanto a essa tal "pobreza" de muitos dentro da Igreja, é a mesma da TL, da CNBB que apoia o PT, para não dizer que é fazer dos pobres massa-de-manobra para subirem ao poder, e depois fazer como em Cuba, que tinha o mesmo papo comunista de OPÇÃO PREFERENCIAL PELOS POBRES e COMBATE AOS BURGUESES E CAPITALISTAS - e hoje todos os cubanos estão de coleira no pescoço e fecho eclair na boca!
    Aliás, a mesma porcaria que os patifes do PT queriam instalar no Brasil, os mesmos ideais dos vampiros Lula e Dilma!
    Creio que a Igreja valoriza mais são os "pobres em espírito" de Sof 3,2, nem tanto por causa de valores financeiros, desde que se enquadrem no acima, levando-se em conta existirem pobres avarentos e ricos pródigos - esses valem mais

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  3. Um texto corajoso, forte , justo e honesto. Um texto que me representa! Verdade, Geraldo, essa pobrelatria é impressionante e fez muito mal pra Igreja.

    Sim Jesus mandou cuidar dos pobres, mas não desleixar na adoração, no temor de Deus, na pregação da justiça de Deus, na procura da verdade ... Jesus mandou cuidar do pobre mas não pregou o comunismo, é muito diferente. Aliás Nossa Senhora falou contra o comunismo, não é isso? E como é que tem tanto padre e bispo comunista hoje em dia?

    Tem padre que faz uma verdadeira "pobrelatria", e piorou muito com o papa Francisco. Não que ele seja culpado, eu acredito muito nele e nas boas intenções dele.

    Falar no papa Francisco, o que tem de "pitbull" pra defender ele é impressionante. Basta a pessoa imaginar alguma crítica que já mostra todos os dentes. Eu amo o papa e também defendo ele de algumas críticas injustas que tem por aí, mas ele tem uma patrulha que é impressionante. No tempo do Bento XVI eu não via isso, infelizmente.

    Parabéns padre João Batista!

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  4. Lindo texto padre Joao Batista. Realmente em nome dessa " pobreza" houve e ainda há vários abusos. Na liturgia então nem se fala! De vem em quando vejo algum grupo cantar a seguinte heresia: Igreja é povo que se organiza... mas a igreja é divina veio de cima( Cristo)e não ao contrário(povo) ou então escuto a terrível letra de um canto em um encontro religioso: Negra mariama/ negra mariama chama. Negra mariama chama cantar/ saravá, esperança até o sol raiar! Oi? Será que estou num encontro católico ou num terreiro de candomblé? Isso aconteceu ha uns 15 anos atrás num encontro das deprimentes CEB'S- comunidades eclesiais de base, o qual eu fui convidado por um amigo meu a ir e nunca mais graças a Deus voltei lá!

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  5. Caríssimos irmãos fieis católicos
    Eis um vídeo documentário que mostra a beleza das Celebrações litúrgicas, na quarta edição da Perigrinação Populus Summorum Pontificum:

    https://vimeo.com/164816231

    Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!

    Salve Maria!

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  6. Essa ideia de por os pobres a frente de Deus já é uma questão que o próprio cristo presenciou, no Evangelho de João cap. 12,1-8 diz: Seis dias antes da pascoa foi Jesus a Betânia, onde vivia Lazaro, que ele ressuscitara. Deram ali uma ceia em sua honra. Marta servia e lazaro era um dos convivas. Tomando Maria uma libra de balsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com os seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do balsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: "por que não se vendeu esse bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?". Dizia isso não por que se interessasse pelos pobres, mas por que era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam. Jesus disse: "Deixai-a; ela guardou esse perfume para o dia da minha sepultura. Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre tereis". Mas hoje infelizmente vemos pessoas que não entendem bem as sagradas escrituras, transformando a igreja em uma ONG e se esquecendo do primeiro mandamento da lei de Deus "Amar a Deus sobre todas as coisas". Eu sei que ele também disse amar ao próximo como a ti mesmo. Mas disse primeiro vem o amor a Deus.
    A paz de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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    1. Verdade, nada melhor do que esse exemplo de joão cap 12 para "desintoxicar" essa visão marxista de Igreja que vemos por ai.

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  7. Rezemos por nossa igreja que precisa de muita oração.

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  8. Sobre o tema desta postagem, concordo com a posição do seu autor, Pe. João Batista, porém entendo que essa temática está relacionada a uma constatação fática milenar: "No meio de vocês sempre haverá pobres" (João 12, 8). Embora sem basear-se, explicitamente, nessa passagem bíblica, é fato a existência de uma condição natural da realidade humana, em razão da qual o Pe. João Batista conclui que cuidar dos pobres é tarefa a ser feita sem: "jamais alimentar uma utopia de um mundo igualitário livre de todo sofrimento moral ou físico". Em outras palavras, sempre existiram pobres na história da humanidade e sempre existirá. O principal problema, não é como eliminar a pobreza do mundo (tarefa impossível, pois é impossível obrigar um ser humano LIVRE a decidir-se pelo auto-aperfeiçoamento próprio, pela auto-disciplina, pelo estudo metódico, pela renúncia ao futebol do fim de semana, à cerveja do bar e ao baile de sábado à noite, em prol de um projeto pessoal de crescimento e desenvolvimento profissional baseados em rigor e austeridade). O grande problema, diante do qual evangelizadores e governos do mundo inteiro tentam resolver diariamente é: o que fazer DIANTE DA pobreza, e não CONTRA ou a FAVOR da pobreza. Há aqui 2 alternativas. 1) Populistas (atualmente ligados a partidos de viés comunista leninista, mas ao tempo do Império Romano, a esmagadora maioria dos imperadores também eram populistas até a alma; o mesmo se diga dos monarcas absolutistas europeus da Idade Média, assim como líderes políticos do mundo oriental, Xás, Mulás, Marajás, Reis árabes, imperadores chineses e japoneses, e ainda líderes da América pré-colombiana, caso dos Maias, Astecas e Incas, etc.), através da promessa "utópica" de um futuro com igualdade, com alimento e moradia para todos, responderão: vamos usar a pobreza para ganhar apoio político das massas e, assim, conquistarmos o poder. 2) Evangelizadores "lúcidos", como Pe. João Batista, terão consciência suficiente para olhar a realidade e tratá-la tal como ela é, o que significa fazer uso da razão e, assim, entender que o Evangelho será tão melhor recebido e internalizado pelos fiéis pobres quanto mais eficiente for o trabalho evangelizador que, na sua essência, deve ser capaz de conquistar CORAÇÕES e MENTES (não só o Evangelho, mas qualquer mensagem ou ideologia que alguém queira internalizar no seio de uma comunidade de pessoas, a tarefa terá mais resultados se o destinatário desenvolver VÍNCULOS AFETIVOS com o emissor da mensagem ou com o próprio conteúdo da mensagem, fato hoje já cientificamente provado pelas pesquisas de marketing e comunicação). Assim, cuidar bem dos pobres, ajudá-los e falar nas missas que o céu estará tão mais garantido quanto maior for a miséria deles, isto os fará sentir-se NOBRES e IMPORTANTES, isto fará gerar vínculos afetivos com o padre, com a Igreja, com a mensagem evangélica. Ao mesmo tempo, nesta segunda vertente, em que o evangelizador conquista corações e mentes dos fiéis pobres, o evangelizador alcança também uma importante função de estabilização social, de prevenção contra revoltas e rebeliões no seio da sociedade, ao extirpar na raiz qualquer sentimento de raiva, ódio ou revolta que um pobre venha a ter contra os ricos, algo bem ao gosto de comunistas leninistas que só querem tocar o ódio entre as classes sociais e arruinar o capitalismo. Vejo, portanto, na teologia em favor do cuidado e da atenção aos pobres, não um modo de estimular a pobreza ou o socialismo, mas sim um modo de atingir o âmago de seus corações e mentes. Uma 3) terceira alternativa, que poderia existir diante da pobreza, seria a postura pessoal, e absolutamente individual, dos próprios pobres, por um motivo qualquer, de quererem abandonar sua miséria de modo EFETIVO (com auto-aperfeiçoamento pessoal profissional, com renúncia ao futebol, à cerveja e aos bailes de sábado à noite), ao invés de permanecerem apenas esperando passivamente que uma, dentre as milhões de toneladas de orações lançadas ao céu, um dia sejam ouvidas e um milagre aconteça.

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