Bolsonaro e o deus ex machina


Por Igor Andrade – Fraternidade Laical São Próspero

NASCIDO NO INTERIOR do Brasil, numa região pobre entre as regiões mais pobres, Enéas Carneiro trabalhou desde os nove anos para sustentar a família. Com esforço e dedicação raros, alcançou lugar de destaque no meio científico. O homem barbudo, formado em Medicina, Matemática e Física, foi professor de Matemática, Física, Química, Biologia e Língua Portuguesa, especializou-se em Cardiologia e ministrou aulas de Fisiologia e Semiologia Cardiovascular e publicou um livro – “O Eletrocardiograma” – estudado mundialmente.

Em meio ao caos da “redemocratização” do Brasil, logo após o chamado Regime Militar, Dr. Enéas Carneiro concorreu à presidência da república, mas perdeu. Seguiram-se após esse evento inúmeras tentativas para cargos políticos, no executivo e no legislativo.

Como pode um homem tão bem formado, referência mundial em um ramo científico, professor de  excelência, amante das ciências naturais e da Pátria, de origem popular e fama internacional, não ter reconhecida sua capacidade para gerir a nação e – ao contrário! – perder o cargo para outro barbudo, um bêbado semianalfabeto amante de uma ideologia antipatriótica?

Alguns poderiam dizer que “Lula era próximo do povo, mas o Enéas não” – e essa é uma infame falsidade que se prova com as seguintes perguntas: a maioria do povo trabalha (como Enéas) ou vive com dinheiro de sindicato (como Lula)? Qual deles amava o povo e a cultura nacional e qual amava mais uma ideologia globalizante, antinacional e inimiga dos homens individuais?

Além dessas respostas, que se olhe para o fim de ambos. O primeiro morreu no ostracismo, mas viveu honestamente, não se vendendo para ideais escusos; o outro viveu uma vida infame, queda preso e (queira a Providência) será esquecido pelo tempo e enterrado na vala comum dos hipócritas totalitários.

Ainda fica a pergunta inicial: o que houve? Houve que a política brasileira, que, desde que o Magnânimo fora expulso de seu trono, é, não a arte do bem comum, como ensinou Aristóteles, mas a arte do “parecer ser”. Porém, recentemente um raio de luz iluminou as trevas da política nacional. Desviamo-nos de nosso “destino” de miséria socialista pela ação de um “deus ex machina”, como dizia-se na antiguidade, um deus da máquina, cuja graça é a Internet. Fruto da mera ação humana ou da Providência agindo por meio dela, o fato é que a Internet deu a homens da linha de Enéas a visibilidade que lhes fora negada.

Da mesma estirpe de Dr. Carneiro, demorará para aparecer um homem no Brasil; contudo, apareceram alguns que possibilitarão este surgimento. Um deles é Jair Bolsonaro, que só tem a devida visibilidade por dois motivos: o primeiro é o fenômeno de loucura ideológica devida aos (des)governos gerados pela “redemocratização”; o segundo é o deus ex machina, a internet.

O conceito de “deus ex machina” surgiu no teatro grego. Geralmente, em uma peça teatral, quando o protagonista não tinha alternativas e se encontrava num “beco sem saída”, era assistido por um deus que o livrava da desgraça. Este deus era representado por alguém preso a uma máquina, daí o nome “deus da máquina”.

Numa conversa com um compadre, a imagem à que chegamos é a de um rio correndo em seu leito “normal”. O rio é a política corrupta imposta pelo Golpe da República que deságua na desgraça nacional. Homens da linha de Enéas estavam caminhando com um barco às margens deste rio, aparentemente tentando mudar a política pelo trabalho e pela honestidade – uma mosca branca no meio político nacional. A internet foi uma pedra enorme que caiu no leito deste rio, desviando seu curso justamente para o lado das moscas brancas.

Onde este rio desaguará, não se sabe. Por alguma ironia do destino, pode voltar novamente ao seu curso “normal” e desaguar ainda na desgraça nacional, ou pode mudar completamente seu curso e o nosso destino poderá ser um pouco mais ameno – ainda que nunca perfeito.


Fake news

Alguns anos após a explosão das redes sociais no Brasil (nomeadamente o Facebook e o WhatsApp), popularizadas por volta de 2011, surgiu uma nova expressão: "Fake News". Para aqueles que acompanham o famoso Olavo de Carvalho, este termo tornou-se conhecido em meados de 2016 (talvez antes), mas somente em 2018 as massas populares tomaram conhecimento deste conceito; paradoxalmente, através da grande mídia.

Notícias falsas são muito, mas muito anteriores à Internet. Além do desejo burguês em importar expressões estrangeiras, não há motivo para chamarmos de “fake news” aquilo que popularmente conhecemos por fofoca, diz-que-diz, mentira, intriga, difamação, mexerico, boato, balela e, finalmente, notícia falsa.

Por exemplo, que a proclamação da república teve respaldo popular é fake news, balela; que a Família Imperial era opulenta é fake news, puro boato; que os integralistas eram os “nazistas brasileiros” é fake news, difamação; que a intervenção militar de 64 não teve respaldo popular é fake news, notícia falsa [que os grupos comunistas que deram origem a essa intervenção queriam 'democracia', é outra fake news...].

Os maiores propagadores de notícias falsas não são recentes, mas os maus historiadores (na esmagadora maioria das vezes, ideólogos) e a grande mídia. Mais notícias falsas espalhou a Rede Globo do que qualquer internauta. Digo notícias falsas porque é falsa toda informação manipulada para este ou aquele lado.

Contudo, houve esta explosão de notícias falsas recentemente. A que se deve isso? À falta de confiança que as pessoas comuns têm na grande mídia, que anda de quatro à frente dos líderes totalitários – não só aqui, no Brasil de hoje, mas desde que o ídolo dos comunicadores começou a fazer propaganda nazista. Ele mesmo: Goebbels.

Acabar com esta tosca situação é tão fácil quanto se molhar no mar. Se cada um que recebe uma notícia fizer o simples trabalho de checar a fonte, findado será o problema. Basta fazer duas perguntas básicas: pergunte a si mesmo se isto que é noticiado pode ter acontecido; se a resposta for afirmativa, faça a segunda pergunta a quem te deu a notícia: de onde você tirou isto?

Com essas duas perguntas, as pessoas se libertarão de vez da grande mídia, que criou a “fact-checking” – outro nome importado pelo espírito de porco da classe média estúpida que ama farejar rabo gringo – que nada mais é que o simulacro de uma checagem de fatos. Ora, se você não tem capacidade de, por si mesmo, checar um mero fato, que capacidade terá de agir politicamente? Ater-se à grande mídia para checar um fato é agir como os caipiras da anedota popular que diz que dois compadres andavam quando avistaram algo na estrada. Um deles parou e disse: “Óia, uma bosta”, ao que o outro respondeu: “Num é bosta, não, cumpádi”. E ficaram ambos numa longa discussão de “é” ou “não é”, até que ambos comeram daquilo e concluíram: “É bosta memo, inda bem que nóis num pisô”.

É evidente, quando o objeto da notícia está fora do seu campo de conhecimento, é natural que se recorra à opinião de terceiros, desde que conheçam do assunto. Sobre economia, pergunta-se a um economista (ou mais), sobre medicina a um médico (ou mais), sobre matemática a um matemático (ou mais), e assim por diante, e não a quem é alheio ao tema.

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2 comentários:

  1. Igor Andrade arrebentando a pauladas, destroçando os muros da "matrix" para expor a realidade objetiva dos fatos que ela oculta...

    Apostolado Fiel Católico

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