MICHAEL J. MATT, jornalista editor do "The Remnant Newspaper" — jornal online norte-americano especializado em notícias e análises da Igreja sob uma perspectiva tradicionalista — tornou pública uma carta que enviou recentemente ao papa Leão XIV. Pediu ainda aos seus leitores católicos que compartilhem e espalhem sua mensagem, a qual reproduzimos aqui, não necessariamente por concordar com tudo o que diz, mas por sua relevância neste momento. Segue abaixo o texto, com tradução de Henrique Sebastião.
Santo Padre, meu nome é Michael Matt. Sou um católico tradicional de longa data e pai de sete filhos, e sou grato à Vossa Santidade e a Deus pelos muitos sinais de esperança nas primeiras semanas do seu pontificado.
Como jornalista credenciado, cobri o Conclave e estava bem na sua frente na colunata quando, da galeria, Vossa Santidade nos abençoou pela primeira vez em latim, rezou o tradicional Confiteor e, mais tarde, liderou o mundo inteiro cantando, em homenagem à Rainha do Céu, o Regina Caeli.
Embora eu esteja repleto de esperança católica de que Vossa Santidade nos conduza a pastos mais verdes, também venho a vós com o coração pesado. Como sabeis, nos últimos doze anos, fiéis católicos têm sofrido escândalos na Igreja como o mundo jamais viu. Na esteira da Fiducia Supplicans, conferências inteiras de bispos católicos foram obrigadas, em consciência, a resistir a Pedro face a face, algo que nenhum fiel católico jamais esperaria ver. Confusão, falta de clareza e até mesmo deserções em massa se tornaram as marcas registradas da época ao longo da última década.
Quando Vossa Santidade abençoou o mundo da galeria, lembrei-me de como meu pai, quando era um jovem soldado americano, recebeu a mesma bênção tradicional da mesma galeria, quando Papa Pacelli abençoou as tropas em 1944. Depois da guerra, meu pai voltou para casa para fundar "The Remnant", o jornal católico tradicional mais antigo dos Estados Unidos.
Rezo para que o Santo Padre ouça a minha voz como a de uma ovelha chorando na noite. Sou um católico tradicional, mas jamais permitirei que escândalos ou qualquer outra enfermidade me expulsem da minha Igreja sofredora. Repito, sou um tradicionalista que nunca abandonou a Igreja. Depois que o papa João Paulo II concedeu o primeiro Indulto em 1984, meu pai obteve permissão do nosso Ordinário local para celebrar a primeira Missa em Latim nos Estados Unidos. Consequentemente, meus filhos receberam os Sacramentos no Rito Tradicional, assistem à Missa em Latim diocesana todos os domingos e são todos católicos praticantes.
Não venho em desafio, portanto, mas em súplica, vivendo em uma Igreja que mal reconheço. Não sou santo, mas sei o que nossa Igreja ensina infalivelmente há dois mil anos. Venho de uma longa linhagem de editores católicos que dedicaram suas vidas à defesa da Rradição e dos ensinamentos infalíveis da Igreja Católica.
Cento e sessenta anos atrás, meu bisavô fundou o jornal semanal católico mais antigo da América atualmente. Por sua vez, meu avô, Joseph Matt, era um imigrante alemão que chegou aos Estados Unidos com apenas 17 anos. Três décadas depois, foi condecorado Cavaleiro de São Gregório pelo Papa Pio XI em uma cerimônia realizada aqui no Vaticano. Após cinquenta anos de serviço leal à Igreja, foi nomeado Editor Emérito da Imprensa Católica nos Estados Unidos.
Por 160 anos, meus pais se ergueram em defesa do grande ensinamento social de seus predecessores. Eles defenderam a Tradição Católica como nosso dever sagrado diante de Deus. Estou diante de Vossa Santidade rezando para que o mesmo. Confio que compreenda a natureza e a extensão do escândalo que todos sentimos em nossos corações. Confio que saiba o que é, para um pai, ter que explicar ao filho que tanta corrupção na Igreja não significa que ela não seja a Igreja fundada por Jesus Cristo.
A primeira vez que tive a honra de conhecê-lo foi em uma coletiva de imprensa no Vaticano, em 2023, durante o Sínodo sobre a Sinodalidade. Fiquei impressionado com o seu manifesto sensus catholicus. Lembro-me da sua clareza de ensino quando disse a uma Iprensa secular que não era possível para a Igreja abandonar dois mil anos de Tradição ordenando mulheres. Suas palavras, naquela ocasião, deram-me esperança. E agora que Vossa Santidade é o 267º Sucessor de São Pedro, rezo para que essa mesma fé e coragem sejam seu guia. Confio que Vossa Santidade compreenda a natureza e a extensão do escândalo que todos sentimos em nossos corações. Confio que Vossa Santidade saiba o que é para um pai ter que explicar ao filho que tanta corrupção na Igreja não significa que ela não seja a Igreja fundada por Jesus Cristo.
Certamente Vossa Santidade sabe que, assim como Raquel chorou por seus filhos, nossas esposas e mães choram por seus filhos, muitos dos quais se perderam no deserto do modernismo e de uma nova ordem mundial sem Deus. Durante quarenta anos naquele deserto, seus predecessores forneceram o maná na forma da Missa em latim para famílias como a minha. Espero que Vossa Santidade entenda que a Missa em latim é tudo o que nossos filhos já conheceram. E, já que ela manteve tantas famílias unidas na Fé Católica, certamente o Papa Leão XIV – papa missionário – não nos tiraria isso.
Não sei quanto mais escândalo nossos filhos podem suportar. Eles ouviram coisas sobre as quais São Paulo nos diz que nem devemos falar – o abuso sexual de crianças, o abuso homossexual de seminaristas, a blasfêmia contra Deus e agora, a Traditionis Custodes dizendo que o Rito Romano Tradicional – o único que os católicos romanos conhecem há mil anos — e que é a coisa mais linda deste lado do Céu —, é, segundo um papa, motivo de divisão e deve ser cancelado.
O que significa "sinodalidade"? Até agora, somos informados de que significa que a Igreja se acomodará às exigências do mundo de que ela se curve à sodomia e se ajoelhe à heterodoxia. Tenho certeza de que não é isso que Vossa Santidade quer dizer com essa palavra. Mas, por favor, entenda que é assim que a sinodalidade tem sido apresentada às nossas crianças, escandalizadas nas missas do arco-íris e nos encontros diocesanos, onde "todos" são bem-vindos, mas ninguém é encorajado a "arrepender-se" e a "não pecar mais".
O seu predecessor disse ao mundo inteiro que deseja abençoar os pecadores que vivem em uniões sodomitas e que deseja que adúlteros públicos impenitentes recebam os Sacramentos. Se a sinodalidade continuar nesse caminho, Santidade, como a história não a descreverá como a enfermeira de um hospício que foi chamada para fornecer cuidados paliativos para uma Igreja Católica moribunda?
Santo Padre, o Sr. está comprometido em ouvir as ovelhas. Então, por favor, ouça isto de um jornalista católico de longa data: o mundo não precisa de um Papa da Igreja Sinodal. O mundo precisa de um Papa da Igreja Católica. E como católico tradicional, posso garantir que a Mãe Igreja nunca nos abandonou. Ela nos acompanha desde antes de nos lembrarmos. Nunca tivemos que trilhar sozinhos caminhos que Ela não trilhasse primeiro, à nossa frente, guiando, encorajando-nos a continuar a seguir Aquele que é a esperança do mundo.
Quando viemos a este mundo, Ela estava lá, pronta para nos receber nas águas vivas da sua pia batismal. Daquele momento em diante, Ela nos acompanhou em todos os momentos de cada dia da nossa vida. Quando éramos crianças, suas freiras nos ensinaram a ouvir a voz da Mãe Igreja. Seus Sacramentos eram nossos ritos de passagem ao longo da jornada da vida. As celebrações de suas grandes festas são nossas memórias de infância mais queridas. Seus padres nos ouviam na escuridão do confessionário todas as manhãs.
O Papa Pio escreveu que “os verdadeiros amigos do povo não são nem revolucionários nem inovadores, mas tradicionalistas”. Eu acrescentaria: os verdadeiros amigos do PAPA não são nem revolucionários nem inovadores, mas tradicionalistas.
A Igreja, que estava conosco quando nossos filhos vieram ao mundo, guardou-nos fielmente no leito de morte de nossas mães e pais. Lá estava ela, de batina preta, estola roxa, santo viático na mão, "Ego te absolvo" nos lábios de seus santos sacerdotes – acompanhando-nos além do porteiro e rumo à vida eterna.
Vivemos nossas vidas como nossos pais viveram, por mil anos — à sombra de seus campanários, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, no nascimento e na morte, Ela sempre esteve lá. Todos os dias de nossas vidas, seus sinos do Angelus nos acordaram de manhã, nos chamaram para o almoço, nos lembravam da hora de rezar e nos preparar para dormir. Ela era nossa companheira constante, com seus catecismos e virtudes, lições e preceitos, seus santos e anjos, estações e sacramentos, jejuns e banquetes, risos e lágrimas.
Ela é a razão pela qual existimos.
Santo Padre, conduza-nos de volta a Ela. Deus o escolheu para conduzir a Sua Igreja a pastos mais verdejantes. Portanto, siga em frente, Leão. E quando olhar pela janela, lembre-se disto: há tradicionalistas em todo o mundo que não são seus inimigos, mas sim seus filhos mais leais, observando e rezando para que a fé de Pedro não o abandone. Se isso acontecer, eles não terão escolha a não ser resistir-lhe face a face. Se isso não acontecer, porém, Pedro não terá maiores defensores no mundo de hoje do que os tradicionalistas.
Estamos com Vossa Santidade e imploramos, Santo Padre, que retorne à Tradição, liberte a Mãe Igreja de suas correntes e nos salve, que salve nossos filhos, salve nossas almas. Se Vossa Santidade levar a luz de Cristo para as trevas de um mundo em guerra com Deus, nós o seguiremos até os confins da Terra e, se Deus quiser, até as portas do Reino dos Céus.
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Fonte:
"Michael Matt's Open Letter to Leo XIV", em The Remnant Catholic Newspaper, disp. em:
https://remnantnewspaper.com/web/index.php/articles/item/7795-open-letter-to-pope-leo
Acesso 1/6/2025.
O Papa sabe de tudo isto. Mas não esperem um papa que chute a porta faça a restauração de uma hora para outra. Acho o Papa Leão XIV esperto demais para fazer isso.
ResponderExcluirA paz de Cristo,
ResponderExcluirExcelente artigo, grato e aproveito para postar aqui um texto em resposta a um Sedevacantista, feita pelo Pe. Patrick de La Rocque, da FSSPX. Uma ótima resposta muito bem formulada:
https://catolicosribeiraopreto.com/carta-a-um-fiel-sobre-o-sedevacantismo/
Saúde ao amigo e irmão, Henrique Sebastião e aos demais membros dessa Fraternidade e leitores do site.
Salve Maria!
Abs.
Melhor texto que li sobre o Sedevacantismo, sem dúvida.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirSedevacantismo só vai existir na teoria. Se um Papa afirma e promove uma heresia, automaticamente ele deveria perder o pontificado. Mas a Sé nunca estaria vaga, até porque nenhum papa vai declarar seu antecessor herege. Então só nos resta aguardar que se cumpra o que o apóstolo disse: "O julgamento começará por nós". Então a Igreja vai continuar assim, até a vinda do anti-Cristo. Só nos resta rezar!
ExcluirO texto da FSSPX é interessante e traz boas reflexões, sim, mas discordo que resolva a questão ou que refute o sedevacantismo. De fato está longe, muito longe disso, e inclusive contém dissociações.
ExcluirO argumento de que Paulo resistiu a Pedro sem deixar de reconhecer a sua autoridade não cabe nesse debate, porque a questão entre os Santos ocorreu por conta de problemas meramente disciplinares. São Pedro jamais se desviou da fé ou incorreu em qualquer heresia, como vêm fazendo todos os Papas desde o Vaticano II, portanto, a comparação não cabe.
Também não é honesto dizer que os sedevacantistas "se recusam a rezar pelo papa". O que acontece é que, a partir do momento em que eles não reconhecem o homem que se apresenta como papa como um papa verdadeiro, eles não rezam "em comunhão com ele", porque não querem comunhão com um herege, o que é coisa completamente diferente (e é coerente com a sua posição, temos que reconhecer).
Outra questão importante analisada de modo enviesado no artigo é a postura de Dom Lefebvre: no tempo dele, a catástrofe do conc. Vaticano II ainda estava no início e nem se sonhava com as gravíssimas atrocidades que vieram depois, culminando com Francisco, que pregou abertamente "um evangelho diferente": isso, segundo a Fé católica, dá excomunhão automática. O que faria Dom Lefebvre (e tantos outros), diante do estado de coisas que se apresenta hoje, realmente não temos como saber. Portanto, é temerário dizer que devemos continuar imitando a postura que ele teve naquele tempo, porque a gravidade das heresias realmente evoluiu muitíssimo e chegamos a uma apostasia generalizada da Fé de sempre.
Como já disse aqui algumas vezes, eu não sou um sedevacantista, mas respeito essa posição teológica que é possível e bem fundamentada. Além disso, discordo da postura de padres como Françoá Costa, por exemplo, que têm caridade para com todo tipo de herege no seio da Igreja, mas chama os sedevacantistas de "loucos". Conheço muitos deles, inclusive pessoalmente, e posso garantir que nesse grupo há pessoas exemplares, católicos de vida reta, homens e mulheres de oração e de penitência dispostos aos maiores sacrifícios pela sua fé e por zelo à Casa de Deus, e isso vale tanto para os leigos como para os sacerdotes, coisa que, tenho que dizer, eu não vejo em nenhum outro movimento atual.
É de fé que um verdadeiro Papa não pode conduzir as almas dos fiéis ao erro e à perdição, isso é certo, e esse problema eu não vi ser resolvido por absolutamente ninguém que critica os sedevacantistas até agora. Inclusive, o mesmo padre Françoá — que eu respeito e admiro —, falou uma bobagem gravíssima, uma estupidez inadmissível para um sacerdote culto como ele, em um podcastcom Marcelo Andrade, dizendo que um papa poderia até definir dogmaticamente uma heresia (como decretar que a Santíssima Trindade são quatro pessoas e não Três) e mesmo assim continuaria sendo papa e a infalibilidade papal continuaria intacta. Se isso não é desonesto e também herético, não sei mais o que é.
Henrique Sebastião
Fraternidade Laical São Próspero
A paz de Cristo,
ResponderExcluirEntendo a sua colocação, caro irmão Henrique Sebastião e sim, sua argumentação é válida, mas como já disse aqui é preciso conter o orgulho de ser achar certo, como fazem muitos Sedevacantistas. Em verdade, tudo ficou muito ruim com o papado de Francisco, quando sim; houve grandes erros, mas mesmo assim, não se pode afirmar com certeza, que a Cadeira de Pedro está vaga, só Cristo pode fazer isso e em verdade, não sabemos a opinião dele, mas sabemos que ele disse que "as portas do Inferno não prevalecerão.....", logo, se ele disse, temos que confiar porque Cristo é muito diferente de políticos que prometem e nunca cumprem a promessa. Se não se vê críticos dos Sedevacantistas terem uma solução, também não vemos os tais Sedevacantistas ter uma solução, só se a solução for seguir o que Lutero e a nobreza alemã da época, estes que odiavam a Santa Igreja, fizeram: criar outra, depois Calvino criar outra, e mais, outra, mais outra, a ponto de hoje ter mais de 30 mil denominações Reformistas no mundo.
Quero ver Sedevacantistas apresentarem soluções que não levem a divisão da Igreja, algo que ajuda Satã e seus seguidores na terra. Se hoje uma certa cidade se chama Istambul que antes era Constantinopla, se deve a divisão que houve entre os cristãos. Se hoje uma bela Igreja Cristã nessa mesma cidade é uma Mesquita, se deve a divisão entre os cristãos. Se hoje a Europa sofre com a invasão Islâmica, se deve às divisões entre os cristãos. Não há mais reis católicos para atender ao chamado de um Pio V de ontem, um Pio XIV de hoje.
É esse o fato. Ou acreditamos que o Espírito Santo agirá, ou não e se não, onde está na nossa fé na Igreja, em Cristo? Se alguém provar que recebeu as palavras do Fundador da Igreja, sim, provar; dizendo que a Cadeira está vaga, ok, fora isso, são palavras ao vento, nada mais.
Salve Maria!
Abs.
Errata: onde está "Pio XIV", leia-se, Leão XIV.
Excluir"...é preciso conter o orgulho de ser achar certo, como fazem muitos Sedevacantistas". Verdade. Exatamente por isso eu disse que o artigo da FSSPX é interessante e que traz boas reflexões. Neste ponto, acerta em cheio. Se o pastor (visível) é ferido, as ovelhas se dispersam, e o que vemos é uma diversidade de ovelhas em conflito (uma cena cômica), disputando sem nenhuma caridade quem têm razão.
ExcluirMas não é que tenha ficado "muito ruim" com o papado de Francisco. Na verdade, ficou muito ruim com o concílio do Vaticano II, que foi um grande triunfo dos inimigos da Igreja. Como disse Dom Viganò com palavras duras, o "Concílio foi como um câncer, e Francisco a metástase". Apesar da aspereza da comparação, a analogia é perfeitamente cabível. O Concílio foi como uma enfermidade no corpo, um comportamento anormal de suas células. A metástase, que é a fase mais grave da doença, foi o reinado de Francisco, que não fez outra coisa a não ser aplicar na prática e radicalmente a doutrina trazida pelo mesmo Concílio.
O problema é que o leigo comum ainda não consegue entender essas coisas que são, de fato, elementares. Porque, de fato, tudo o que Francisco fez e que foi motivo de tanto justo escândalo, já estava perfeitamente previsto nos documentos do Concílio. Nem formadores de opinião supostamente muito entendidos parecem compreender bem essa realidade básica. Num vídeo recente do CDB (com centenas de milhares de views), por exemplo, alguém dizia: "Tem gente que acha que a causa da crise da Igreja é o Vaticano II, mas o problema é muito anterior...".
Essa afirmação é verdadeira só em parte. O problema é que se confunde a origem da crise com a sua causa. A origem do problema é muito anterior ao Concílio, é claro, até porque o grande grupo revolucionário que triunfou nele não surgiu "do nada" nem se formou de uma hora para outra, tão bem estruturado, com suas estratégias eficazes e com tanto poder de influência. O movimento já existia, atuava e se infiltrava na Igreja há muito tempo, e se formos buscar as suas causas teremos que retroceder à Revolução Francesa, ao Protestantismo, às sociedades secretas maçônicas, etc.
Mas aí, nesse ponto, estaremos buscando as origens do problema, isto é, o que motivou o Vaticano II, o que foi que explodiu e culminou nesse evento catastrófico. Isso é uma coisa. Outra coisa é decifrar a causa direta da grande crise — doutrinal, litúrgica, espiritual, moral e disciplinar — que temos hoje. E a causa imediata para todos esses problemas é, inegavelmente, o concílio do Vaticano II. Foi este que possibilitou toda a aberração que presenciamos agora, e quem nega isso ignora um fato histórico inquestionável.
Henrique Sebastião
Fraternidade Laical São Próspero
Só para concluir, eu não disse que os sedevacantistas têm razão ou que eles estão certos em tudo. Até porque, se eu acreditasse nisso, eu seria um deles e estaria defendendo abertamente o sedevacantismo, aqui.
ExcluirSó digo — porque a minha consciência me obriga a isso —, que eu não vi, até hoje, ninguém, absolutamente ninguém, refutar com objetividade a tese de que um papa que 1) incorra em heresia com contumácia, e 2) que ensine o erro abertamente a toda a Igreja, proclamando um "novo evangelho" e pondo em risco as almas, continue sendo o pastor universal de toda a Igreja. Porque é de Fé que a Igreja, sob a condução do Papa, não pode ensinar o erro e nem expor as almas à perdição (isso está definido dogmaticamente em muitos documentos magisteriais e na própria Sagrada Escritura, que é o documento infalível por excelência). Sendo assim, é perfeitamente cabível a tese sedevacantista, e sim, Dom Lefebvre admitiu isso em mais de uma ocasião, embora não citando nominalmente o sedevacantismo. Ponto.
Isso é uma coisa. O problema é que, a partir dessa conclusão, interpõem-se graves problemas, a meu ver, insolúveis. E, como você bem colocou, surgem divisões sem fim. Embora eu discorde de dois pontos do que você disse:
1) a comparação com os protestantes é totalmente injusta. Eu não conheço ninguém que ame mais a santa Igreja do que os sedevacantistas, que no fundo são apenas tradicionalistas radicais. Entre os seus seminaristas, conheci exemplos de verdadeiros jovens santos, na acepção mais alta do termo. Futuros padres aos quais não posso comparar nenhum padre da dita "igreja conciliar". Claro que nesse meio, como em qualquer outro, há pessoas de todos os tipos, desde fanáticos até verdadeiros malucos. Mas essas coisas, insisto, também existem em todos os setores e em todos os grupos.
2) Não se pode atribuir aos sedevacantistas — e assim também não aos tradicionalistas, nem aos conservadores e nem mesmo aos progressistas —, a culpa pelas divisões na Igreja. Isso também é injusto. Essas divisões severas principiaram com o Concílio, e foram se agravando cada vez mais na medida em que as decisões tomadas no próprio Concílio foram sendo postas em prática. Não se pode dizer que alguém que reage a heresias é o culpado pela divisão. O que provocou a divisão foi a implantação das heresias.
Sobre esse último ponto, aconselho fortemente assistir às duas conferências em vídeo do prof. Nougué intituladas "Erros do Vaticano II" (acho que vem uma terceira e conclusiva parte). Ali ele deu uma verdadeira aula sobre o assunto.
Curiosamente, um pouco antes de ele soltar esses vídeos eu estava preparando um material semelhante por aqui, justamente porque considero este o assunto mais importante a ser tratado no contexto da crise. Ainda pretendo lançar os meus conteúdos, pois embora o Nougué tenha praticamente esgotado o assunto no sentido de esclarecer os erros, o meu enfoque será outro.
Henrique Sebastião
Fraternidade Laical São Próspero
A paz de Cristo,
ResponderExcluirÓtimas as suas colocações, caro irmão, Henrique Sebastião, é sempre bom expor pensamentos, opiniões, para isso existe esse espaço criado por você, pois sabendo da sua honra e defesa do livre pensamento (claro, mantendo-se a educação e respeito, caso contrário, vc. tem todo o direito de excluir o comentário e "puxar a orelha" do comentarista), eu aqui frequento e comento, não apenas pelos ótimos artigos, mas sabendo que vc. não é um ditador.
Apenas dois pontos meus: Houve erros com o CVII?? Exatamente. Eles começaram antes do Concílio? Óbvio, nada começa do nada, já que nada, nada pode gerar, aliás; é um dos meus argumentos contra as teses ateístas, onde afirmam que a "Big Bang" começou do nada. Oras, como nada, nada pode provocar, uma Inteligência que tudo Criou (que chamamos de Deus, pois assim nos foi ensinado e assim Ele deve ser chamado pelos seus filhos, além de "Pai"...), criou/provocou tudo e mais ainda: sendo uma Inteligência justa e boa, ao contrário de uma inteligência Artificial fria, criada por humanos; cuida dos seus filhos buscando trazer de volta esses filhos rebeldes, que a partir de Adão, acharam que tudo podem fazer sem precisar pedir permissão ou mesmo, sem se preocupar se seus atos podem ofender ao Pai, por isso Seu Filho, Jesus Cristo, veio ao mundo em carne e espírito; para nos levar de volta ao convívio na Casa do Pai. Claro, todos aqui sabem disso e só me estendo no exemplo, para dizer que erros começaram antes, como vc. bem exemplificou e no caso; apesar de muitos verem Bento XVI como um "continuísmo" das teses do CVII, ele foi sim, diferente de Francisco, inclusive na questão do Rito Tridentido, onde Bento XVI não via como conflitante com o dito Rito Novus Ordo, do citado CVII. Já Francisco, agiu verdadeiramente como um "revolucionário jacobino", lembrando a triste Revolução Francesa, que tanto mal trouxe à Igreja, à sociedade como um todo. Ele proibiu o Rito Tridentino, fechou conventos seculares, etc., enfim, uma lista grande de erros que todos aqui já sabem à exaustão, mas isso não significa que a Cadeira de Pedro ficou vaga e que a Santíssima Trindade deixou "rolar" sem se preocupar com os acontecimentos. Se houve CVII, JPII, Bento XVI, Francisco e agora, Leão XIV é por algum motivo e todo o resto, são teses, especulações, pensamentos particulares, não importa se de leigos, teólogos, jornalistas especializados na História da Igreja, etc.
Encerrando: não disse que os Sedevacantistas são iguais aos Protestantes nas questões teológicas, óbivo que não. São católicos, mas com uma empáfia do "eu sei, eu tenho a Verdade", algo muito perigoso e errado. São iguais na questão de divisão e isso, meu amigo, é inadmissível! Não importa se o motivo é justo ou pretensamente justo: se você prega a divisão, vc. já está com o Mal, pois a divisão enfraquece, qualquer bom general sabe disso.
Os argumentos dos Protestantes são furados, com certeza, já dos Ortodoxos, não, não no todo, pois as diferenças entre Igreja Católica Romana e as Ortodoxas, não são tão graves como as Reformistas, onde chegam a afirmar que Nossa Senhora, Maria, não era virgem, teve filhos com José, é apenas uma mãe comum, nada mais; isso, só para ficar nesse ponto.
O que afirmo em termos de semelhança é na questão de provocar divisão que enfraquece os Cristãos, nós, e o que ajuda quem mesmo? A esquerda no mundo, os muçulmanos. Obviamente sei que os Sedevacantistas querem o bem da Santa Igreja, só que usam de argumentos duvidosos, sem base sólida, pois especularam que a Cadeira está vaga e com isso, se mostram orgulhosos....como fizeram os seguidores de Lutero/Calvino.
A semenlhança para aí. Na minha humilde opinião de leigo, deixo bem claro. Posso estar errado? Com certeza, mas tese por tese, fico com as minhas que busquei em textos sólidos.
Grato pelo espaço e pela sua educação/erudição! Salve Maria!
Abs.
Sim, é bom poder conversar sobre essas coisas difíceis com caridade e sem troca de ofensas, Católico. Só tenho duas coisas a acrescentar: primeiro, que é preciso identificar onde é que está a raiz da divisão. Nosso Senhor mesmo disse que não veio trazer a paz, mas a espada (Mt 10,34; Lc 12,51-53), e preveniu que aqueles que quisessem manter a fidelidade a Ele teriam que ser perseguidos e se envolver em contendas.
ExcluirEntão, se o motivo da "divisão" é se opor às heresias trazidas pelo Concílio e reafirmadas pelos papas que vieram depois deste, a culpa não é de quem se opõe e resiste aos erros, como fazem os padres da FSSPX, os leigos do CDB ou os sedevacantistas e sedeprivacionistas. A culpa é de quem promove o erro. Aliás, foi com essa desculpa manca de evitar a divisão que se perseguiu e proibiu a Missa de Sempre.
Por fim, só quero dizer que a minha benevolência em relação a sedevacantistas é ter conhecido pessoas realmente sérias, dignas e exemplares que adotam essa posição (inclusive gente que eu não suspeitava e que atua, com toda a discrição, em apostolados mais importantes que o meu), e também os religiosos, padres e seminaristas do Convento de São Miguel e de Santo Antônio de Itatinga/SP, e do Seminário Seráfico São Boaventura no mesmo município. São pessoas verdadeiramente santas, que não se incluem entre os soberbos que você está citando, e que merecem, no mínimo, todo o nosso respeito.
Henrique Sebastião
Fraternidade Laical São Próspero
Resposta ao Adm.
ResponderExcluirVejo que você refletiu seriamente sobre o artigo da FSSPX, e isso é sinal de que busca a verdade com zelo. No entanto, sua resposta levanta alguns pontos que merecem ser cuidadosamente analisados, para que não se cometa nenhum erro teológico nem eclesiológico.
Sobre São Paulo e São Pedro:
A comparação é perfeitamente válida. São Tomás de Aquino explica que o erro de São Pedro não foi mera disciplina, mas teve implicações doutrinais, pois seu comportamento podia levar os fiéis ao erro. E mesmo assim, São Paulo resistiu publicamente sem jamais negar a autoridade de Pedro. Isso prova que é possível resistir a um Papa nos erros práticos e doutrinais não infalíveis, sem cair no erro de negar sua legitimidade.
Sobre "um Papa não pode conduzir ao erro” — isso não é de fé.
A infalibilidade papal se aplica exclusivamente aos atos ex cathedra. No magistério ordinário, Papas podem cair em erros, ambiguidades e até heresias materiais, sem que isso anule seu pontificado. A própria história da Igreja confirma isso.
Sobre rezar pelo Papa:
O problema dos sedevacantistas é justamente a recusa em estar em comunhão com a Cabeça visível da Igreja. Se a Sé estivesse vacante há 60 anos, a Igreja teria deixado de ser visível e indefectível, o que é contrário aos dogmas católicos. Isso simplesmente não é possível.
“Dom Lefebvre hoje faria diferente” — isso é mera especulação.
Dom Lefebvre viveu escândalos gravíssimos, viu os erros de Paulo VI e João Paulo II, acompanhou o agravamento da crise — e nunca aderiu ao sedevacantismo. Pelo contrário, ele condenou claramente essa posição, justamente porque destrói a visibilidade da Igreja e rompe com a sucessão apostólica.
Se o sedevacantismo fosse tão “bem fundamentado” como você afirma, não haveria seis ou mais grupos sedevacantistas brigando entre si.
Por fim, se um sacerdote, como o Pe. Françoá, fez uma declaração infeliz, isso é algo a ser corrigido, mas não torna o sedevacantismo verdadeiro — assim como os erros dos Papas atuais, por mais graves, não tornam a Sé vacante.
O sedevacantismo é uma falsa solução para um problema real. A crise é gravíssima, ninguém nega. Mas a resposta correta é a mesma de Dom Lefebvre e dos grandes santos da Igreja: resistência sem cisma, fidelidade sem ruptura.
A Igreja continua, visível, com sucessão apostólica, mesmo em meio a esta terrível paixão que sofre.
Obrigado pelo comentário, caríssimo anônimo, mas a sua resposta contém muitos erros. Vejamos:
Excluir1. A questão entre S. Pedro e S. Paulo com relação aos cristãos observarem ou não certos costumes dos judeus é de ordem disciplinar, sem dúvida, mais ou menos como se dá hoje com relação à proibição ou não de se comer carne às sextas-feiras. Não implica em heresia defender que sim ou que não, e nem isso fere diretamente à Sã Doutrina, de modo algum. Tais práticas poderiam ter implicações doutrinais posteriores? Parece que sim, mas daí a querer comparar a discordância entre os Santos Apóstolos, que por sinal foi prontamente resolvida, com uma papa que participa de rituais de bruxaria, que ensina com pertinácia que é pecado tentar converter os povos, que pregou durante todo o seu pontificado que todas as religiões falam a mesma coisa, apenas em línguas diferentes, que promove a adoração de um ídolo pagão em pleno Vaticano (etc., etc., etc.), é 100% desonesto. Argumento já gasto e fraquíssimo, para dizer o mínimo.
2. Não, o papa não é infalível exclusivamente quando falaex-cathedra, como se fora disso pudéssemos desobedecê-lo em tudo. Não só isso é falso como este é, provavelmente, o maior erro dos tradicionalistas. Em nome dessa ideia verdadeiramente aberrante, cada um procura acalmar a sua consciência em alguma capelinha onde um padre celebre às escondidas a Missa em latim, e assim se tranquiliza, fingindo que tudo está bem, enquanto a Casa de Deus arde em chamas.
Se a obediência estivesse condicionada aos "atos ex-cathedra", e fora disso estivéssemos livres para fazer o que nos desse "na telha", seríamos praticamente protestantes, cada um seguindo a sua própria consciência livremente, afinal, um pronunciamento ex-cathedra acontece muito raramente, uma vez a cada século, talvez (a maioria de nós nunca viu isso acontecer).
Na verdade, em muitíssimos documentos e definições, a Igreja decretou e reafirmou o contrário: todo católico deve obedecer ao Papa como o condutor infalível da Igreja e sujeitar-se a ele, não somente quando decreta solenemente algum dogma (ex cathedra), mas também pelo seu Magistério ordinário. Apenas dois exemplos concretíssimos abaixo:
"Não podemos passar em silêncio a audácia de quem, não podendo tolerar os princípios da Sã Doutrina, pretendem que aos juízos e decretos da Sé Apostólica que têm por objeto o bem geral da Igreja, seus direitos e sua disciplina, PODE-SE NEGAR ASSENTIMENTO E OBEDIÊNCIA, DESDE QUE NÃO TOQUEM OS DOGMAS da fé e dos costumes, sem pecado e sem nenhuma violação da fé católica. ESTA PRETENSÃO É TÃO CONTRÁRIA AO DOGMA CATÓLICO DO PLENO PODER DIVINAMENTE DADO PELO PRÓPRIO CRISTO NOSSO SENHOR AO ROMANO PONTÍFICE PARA APASCENTAR, REGER E GOVERNAR A IGREJA, que não há quem não o veja e entenda, clara e abertamente. (...) Portanto, todas e cada uma das perversas opiniões e doutrinas determinadamente especificadas nesta Carta, com Nossa autoridade apostólica as reprovamos, proscrevemos e condenamos; e queremos e mandamos que todas elas sejam tidas pelos filhos da Igreja como reprovadas, proscritas e condenadas."
(Papa Pio IX, Quanta Cura, 8 dez 1864)
"Ensinamos, pois, e declaramos que a Igreja Romana, por disposição divina, tem o primado do poder ordinário sobre as outras Igrejas, e que este poder de jurisdição do Romano Pontífice, poder verdadeiramente episcopal, é imediato. E a ela devem-se sujeitar, por dever de subordinação hierárquica e verdadeira obediência, os pastores e os fiéis de qualquer rito e dignidade, tanto cada um em particular, como todos em conjunto, NÃO SÓ NAS COISAS REFERENTES À FÉ E AOS COSTUMES, MAS TAMBÉM NAS QUE SE REFEREM À DISCIPLINA E AO REGIME DA IGREJA, espalhada por todo o mundo, de tal forma que, guardada a unidade de comunhão e de fé com o Romano Pontífice, a Igreja de Cristo seja um só redil com um só pastor. Esta é a doutrina católica, da qual ninguém pode se desviar, sob pena de perder a fé e a salvação."
(Pastor Aeternus, n. 3060)
[continua]
[Conclusão]
ExcluirVemos que as definições anteriores da santa Igreja não tinham como ser mais claras. Não se pode negar obediência ao Papa, porque ele detém "o pleno poder divinamente dado pelo próprio Cristo Nosso Senhor para apascentar, reger e governar a Igreja", e isso também nas coisas que "não toquem os dogmas da fé e dos costumes", isto é, o que foi decretado ex-cathedra, mas também em todos "os seus juízos e decretos". Portanto, também no que se refere "à disciplina e ao regime", o Papa, "por disposição divina, determina e dirige infalivelmente a Igreja". Ponto.
3. Como falei antes, há uma diferença gritante entre "rezar pelo papa" e rezar em comunhão com um antipapa ou com um usurpador da Cátedra de Pedro. Por crerem na segunda hipótese, eles não o fazem, e isso é coerente com a sua posição. Não cabe acusá-los por fazer aquilo a que os obriga a sua consciência nesses tempos de aberta traição do Evangelho.
4. Eu não disse o que Dom Lefebvre faria ou deixaria de fazer se estivesse vivo hoje, ao contrário: eu critiquei o artigo justamente por fazer isso. O que eu disse e repito é que nós não temos como saber o que ele faria diante de um papa que contraria frontalmente a Cristo, dizendo que é pecado querer evangelizar as pessoas, porque isso é "proselitismo", ou que os apóstatas fazem parte da Comunhão dos Santos.
Também não é verdade que Dom Lefebvre tenha se fechado totalmente à possibilidade de aquele papa não ser realmente papa: ele disse isso literalmente, mais de uma vez, e isso está gravado em vídeo, o qual eu postei aqui mesmo. Mais uma vez, não se pode honestamente afirmar que ele faria isso ou aquilo, já que houve um agravamento terrível da crise desde então.
4. O sedevacantismo busca fundamentação nos Doutores da Igreja, nos documentos magisteriais infalíveis e nas Sagradas Escrituras, e, sim, encontra base aí. Não há fundamentação melhor do que essa. Claro, a partir de determinado ponto, passa a depender de interpretação dessas fontes, como qualquer outra posição, e é exatamente aí que aparece a necessidade de termos um Papa acima de qualquer suspeita, que defina o que é certo e o que não é. Se não o temos, a coisa toda vira um "bate-boca" e nos tornamos reféns das nossas consciências. Agora, "grupos brigando entre si" também os temos entre conservadores e tradicionalistas, ou não?
5. Eu não disse que a terrível declaração do Pe. Françoá (da qual ele deveria se retratar com urgência) autentica a posição sedevacantista. Onde você enxergou isso? O que eu disse foi que não vi, nem ele nem ninguém, até hoje, refutar objetivamente os postulados essenciais dos que defendem que os papas pós-conciliares perderam autoridade por aderirem às heresias do Concílio, e talvez só sejam sucessores de S. Pedro materialmente, não formalmente. Isso eu reafirmo.
6. É verdade que nenhum Santo jamais quis ruptura com nenhum Papa, mas também é verdade que nenhum Papa jamais fez ou ensinou o que fazem e ensinam os papas ditos "conciliares". Estes sim provocaram a ruptura, uma ruptura radical e claríssima com a Sã Doutrina e com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, que só pessoas espiritualmente cegas, extremamente ignorantes ou desonestas não reconhecem. Por isso mesmo é que eu respeito o sedevacantismo como uma posição teológica plausível, assim como também respeito a posição da FSSPX neste mar de confusão em que vivemos.
Peço que qualquer resposta, por favor, atenha-se verdadeiramente àquilo que eu estou afirmando aqui, e não naquilo que se possa imaginar que eu tenha dito, ou em deduções licenciosas das minhas palavras.
Henrique Sebastião
Fraternidade Laical São Próspero
Flertar com o sedevacantismo, posso dizer por experiência, foram dois anos, é como brincar na beira de um abismo espiritual disfarçado de fidelidade. A armadilha está justamente no fato de parecer, à primeira vista, uma reação justa contra os escândalos, abusos e erros visíveis na Igreja. Eles seduzem os que amam a verdade mas acabam levando à revolta disfarçada de pureza.
ResponderExcluirÉ um veneno que começa com dúvida, depois vira indignação, depois desconfiança generalizada… e quando a pessoa percebe, já não confia mais em ninguém nem no Papa, nem nos bispos, nem nos sacramentos. Só nela mesma e nos seus iguais.