
EM PRATICAMENTE TODO ambiente católico, em qualquer grupo de estudos católico, em qualquer curso de história da Igreja, na boca de qualquer professor ou comentarista da situação da Igreja de hoje, nos blogs, canais do Youtube e nos textos ou vídeos postados em redes sociais e também em ambientes acadêmicos, o concílio do Vaticano II é assunto obrigatório.
A história do Concílio é, sem dúvida nenhuma, controversa, para dizer o mínimo. Desde o início, gerou estranhamento, oposições, contendas, disputas. Houve resistência a ele desde sempre, mas os seus defensores prevaleceram, causando a grande crise que temos hoje, ainda que não sem luta.
Dentre os que (pelo menos) reconhecem que temos sérios problemas a resolver na Igreja dos nossos tempos, temos dois grandes grupos que se dividem a respeito desse evento que foi, incontestavelmente, um divisor de águas: uns dizem que o Concílio não é o mal em si, já que o mal que nos assola vem de muito antes, e que a questão do Vaticano II não é essencial na resolução da grave crise doutrinal, espiritual, litúrgica, moral e disciplinar em que vivemos. O outro grupo diz, ao contrário, que a raiz de toda essa crise está, sim, no Vaticano II, que foi esse o grande trunfo do Inimigo da Igreja, o evento o propiciador de todos os problemas, a enfermidade causadora de todas as máculas que desfiguram o semblante da Igreja de hoje, e, portanto, que enquanto esse mal não for extirpado, não teremos solução. Quem tem razão?
Nosso apostolado está produzindo uma série especial de estudos, acompanhados de conferências em vídeo, sobre esse assunto tão importante e sempre presente na vida dos católicos que buscam a boa formação, com um método didático e bastante abrangente, mas, ao mesmo tempo, simplificado, buscando justamente atender à demanda dos muitos que encontram dificuldade em compreender mais profundamente os problemas trazidos pelo Concílio, suas gravíssimas implicações e os diferentes pontos de vista a esse respeito. Fique atento, leitor.
O que podemos dizer desde já é que, talvez, a primeira coisa a se saber sobre o assunto em questão é: tanto entre progressistas quanto entre conservadores e mesmo tradicionalistas, os mais embasados, existe fanatismo e existem opiniões tão apaixonadas quanto desarrazoadas. Para entender e formar opinião segura sobre o problema, o que você, leitor ou ouvinte, realmente precisa, é investigar a questão a fundo e a sério, por si mesmo, depois de suplicar pela graça e pela luz de Deus, sem as quais não se pode avançar além das meras opiniões temerárias.
Quantos falsos "entendidos" conhecemos, que vivem expressando opinião sobre um assunto tão amplo e tão complexo, e que no entanto dão mostra de sequer terem lido algum dos seus documentos? Você mesmo, que me lê ou me ouve agora, já leu, por inteiro, algum dos 16 documentos principais do concílio Vaticano II? Ou só deu uma olhada rápida em alguns artigos tendenciosos a esse respeito? Ou será que, pior ainda, só assistiu alguns vídeos aqui e ali, e rapidamente tomou partido, formou opinião baseado no pensamento de outro? Mais grave do que isso, será que a partir daí você já passou a tentar convencer outras pessoas daquilo que você mesmo nem sequer investigou a fundo?
Meu primeiro conselho é: não acredite em mim, não acredite em ninguém. Comece lendo os documentos do Concílio, todos eles, e repita a leitura tantas vezes quanto for preciso para que você os entenda muito bem. Depois, tente confrontar as partes polêmicas que eles contêm com aquilo que outros documentos mais antigos da Igreja dizem sobre os mesmos assuntos (para isso, pode usar os mecanismos de busca de que dispomos hoje e que facilitam incrivelmente qualquer pesquisa — particularmente, aconselho usar o chatbot 'Grok', que parece menos comprometido com uma visão de mundo politicamente correta que o seu concorrente 'ChatGPT'[1]).
Depois de ter feito isso, procure os bons livros. Há muita coisa interessante publicada sobre o assunto em questão, e até bons autores que se especializaram no tema. Conhecendo e entendendo já os documentos (as fontes primárias), você terá uma base sólida para avaliar o que dizem essas fontes secundárias. Disponibilizaremos aqui, mais adiante, uma lista desses livros, alguns dos quais consideramos leitura obrigatória para quem quer se aprofundar realmente no assunto.
Só depois de ler os documentos do Concílio e alguns dos principais livros sobre ele é que você deverá começar a ler artigos opinativos acerca do assunto, mas sempre em fontes confiáveis. E apenas então, depois desses passos iniciais, é que você deveria começar a ouvir vídeos com opiniões extremadas, não sem antes verificar quem é que está ali, dando opinião sobre coisa tão importante.
Nosso apostolado está se dispondo a prestar uma ajuda que será inestimável para muita gente que, por fraqueza, preguiça ou genuína falta de tempo, não consegue ler os documentos do Concílio. Estaremos oferecendo a leitura em áudio dos documentos do Vaticano II, divididos em vídeos curtos, de 10 minutos cada — que é mais ou menos o tempo em que a atenção humana consegue se fixar em leitura desse tipo com a necessária atenção[2], e que podem ser ouvidos a qualquer momento, em qualquer oportunidade que surja.
Se você realmente se em descobrir a verdade sobre esse evento, sem dúvida um dos mais importantes para a Igreja em toda a sua história, reserve 10 minutos do seu dia para ouvir esses vídeos, que começam com a constituição Sacrosanctum Concilium. Breve em nosso canal do Youtube.
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[1] O tempo de duração da atenção humana durante uma palestra ou aula foi tema de diversas pesquisas na área de psicologia e neurociência. Uma fonte bastante reconhecida é o trabalho do Dr. John Sweller, que desenvolveu a Teoria da Carga Cognitiva, e estudos relacionados à atenção e ao processamento de informações pelo cérebro. Além disso, a ideia de que a atenção tende a diminuir após cerca de 10 a 20 minutos é frequentemente citada em materiais de instituições de ensino e treinamento, como as universidades de Harvard e Stanford, que têm estudos e publicações a respeito. Há ainda um artigo relevante publicado na revista Educational Psychology Review que discute o tempo de duração da atenção, além de livros sobre psicologia educacional, como "First Principles of Instruction" de David Merrill.
[2] Modelos de linguagem baseados em dados e algoritmos, como o ChatGPT, equivocadamente chamados 'inteligência artificial' (já que não têm 'inteligência' própria, de fato, mas apenas trabalham com dados disponíveis, os quais reorganizam com impressionante eficácia) apresentam suas respostas isentas de intenções políticas ou engajamento ativo, pois são sistemas autômatos sem crenças ou motivações próprias. No entanto, suas respostas podem refletir vieses presentes nos seus dados de treinamento. Pesquisas recentes sugerem que o ChatGPT pode apresentar um viés de esquerda em suas respostas, particularmente em questões políticas. Estudos de 2023, como os conduzidos pela Universidade de East Anglia e outros pesquisadores, indicaram que o ChatGPT (versões baseadas em GPT-3.5 e GPT-4) apresentava um viés sistemático em direção a posições de esquerda-libertária, favorecendo, por exemplo, os Democratas nos EUA, o Partido Trabalhista no Reino Unido e o presidente Lula no Brasil. Isso foi observado em testes de orientação política, como o Political Compass Test, onde as respostas do modelo se alinhavam às visões progressistas. Um exemplo citado é que, ao ser solicitado a escrever poemas sobre figuras políticas, o ChatGPT recusou-se a criar um poema sobre Donald Trump, mas escreveu um sobre Joe Biden [Fontes: Phys.org; MDPI (Estudos Acadêmicos); The Whashington Post; The Brookings Institution].
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