A Pedra sobre a qual se fundamenta a Igreja neste mundo

Cristo entrega as Chaves a Pedro, por Guido Reni (1575-1642): Jesus concedeu a Autoridade sobre a Igreja a S. Pedro

O ESTUDO ABAIXO é bem fundamentado e bastante esclarecedor, leitura recomendada para os que procuram instrução segura a respeito de um tema fundamental. Por tratar-se de uma discussão recorrente, torna-se ainda mais importante conhecer a verdade dos fatos. O artigo abaixo foi adaptado do original "Quem é a Pedra: Jesus ou Pedro?" de Karl Keating, traduzido por Carlos Martins Nabeto e publicado no site do apostoldo Veritatis Splendor.


O argumento a seguir representa uma das alegações usuais dos chamados "evangélicos", quando tentam argumentar que a “Pedra” citada por Jesus no Evangelho segundo S. Mateus (16,18) não seria o Apóstolo Pedro, mas sim o próprio Jesus, uma vez que as Sagradas Escrituras, em outras passagens, identificam o Cristo como “Rocha” e “Pedra Angular”.

Teologicamente, esta é, para dizer o mínimo, uma argumentação infantil. De fato existem passagens bíblicas em que os termos “pedra” e “rocha” se referem a Jesus. Mas é mais do que claro, - é óbvio, - que isso não significa que todas as vezes em que a Bíblia usa essas palavras está se referindo exclusivamente a Jesus. São inúmeros os exemplos e citações bíblicas que poderíamos usar para demonstrar o que estamos afirmando: o próprio Cristo proclamou-se “Luz do Mundo” em Jo 8,12. Mas Ele também disse aos Apóstolos que eles deveriam ser “Luz do Mundo” , como vemos em Mt 5,13. Vemos, então, que nem todas as vezes que a Bíblia fala em "luz" está se referindo exclusivamente a Jesus.

Da mesma maneira, é óbvio que nem todas as vezes que a Escritura fala em "pedra" está se referindo a Jesus. Além da passagem de Mateus, temos Isaías 51,1-2: nesta passagem, a pedra é Abraão. E também em 1 Pedro 2, 4-5, as Escrituras falam das "pedras vivas", que, neste caso, são o próprio Jesus juntamente com os cristãos fiéis.

É mais do que evidente que Jesus ser chamado "Pedra Angular" é uma coisa, e o fato de o discípulo Simão Barjonas ter sido feito, pelo próprio Jesus, a Pedra sobre a qual edificaria a sua Igreja, é outra coisa, totalmente diferente. Tanto isso é claro que até o nome do Apóstolo foi mudado para Pedra (Pedro).

Mais do que isso, o fato de Jesus aplicar a Simão Filho de Jonas um título que a Bíblia aplica também a Jesus, demonstra a intenção do Senhor em fazer de Simão um representante seu na Terra, assim como acontecera antes com Abraão. Também este teve seu nome mudado (antes era Abrão) quando foi escolhido para conduzir o povo de Deus na Terra, e também este foi comparado a uma pedra ou rocha, exatamente como Pedro. E Jesus Cristo ainda confirmou explicitamente sua intenção ao entregar a autoridade a Pedro, quando lhe dá as Chaves do Reino, que lhe permitiriam ligar ou desligar na Terra o que seria ligado ou desligado no Céu!

E além de tudo isso, convenhamos: se Jesus estivesse naquele momento falando de si mesmo, simplesmente diria "Eu sou a Pedra", assim como disse "Eu sou a Luz do Mundo", "Eu sou o Pão da Vida", "Eu sou a Ressurreição e a Vida" ou "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida", por exemplo.

O Senhor Jesus Cristo, sem dúvida alguma, elevou Pedro como um "pai" para a família dos cristãos (Is 22,21), para guiar o seu rebanho. E o "Príncipe dos Apóstolos" é mais uma vez confirmado como o pastor terreno das ovelhas de Cristo logo após a Ressurreição do Senhor: em João 21, 15-17, por três vezes Jesus pergunta a Pedro se ele o amava, e por três vezes Pedro reafirma seu amor e comprometimento. E então o Salvador, à véspera de deixar os seus discípulos, confia a Pedro a guarda do seu rebanho, isto é, da Igreja, e é importante entender que, naquele momento, confiava-lhe o cuidado de toda a cristandade, fazendo questão de entregar a ele a guarda dos "cordeiros" e também das "ovelhas. “Apascenta os meus cordeiros”, repete o Senhor por duas vezes; e à terceira, diz: “Apascenta as minhas ovelhas”. “Apascentar” significa cuidar, conduzir, guiar, assumir a responsabilidade pelo rebanho; neste caso, é receber do Divino Proprietário a autoridade sobre o seu povo. Apascentar os cordeiros e as ovelhas é, portanto, governar com autoridade a Igreja de Cristo; é ser o condutor: é ter o Primado.

Como se não bastasse, além de tudo isso, o contexto do Novo Testamento demonstra que Pedro tinha a palavra final nos assuntos da Igreja primitiva, em diversas passagens:

# É Pedro quem propõe a eleição de um discípulo para ocupar o lugar de Judas e completar o Colégio dos Doze (At. 1, 15-22);

# É Pedro o primeiro que prega o Evangelho aos judeus no dia de Pentecostes (At. 2, 14; 3, 16);

# É Pedro que, inspirado por Deus, recebe na Igreja os primeiros gentios (At. 10, 1);

# Pedro realiza visitas pastorais às igrejas (At. 9, 32);

# No Concílio de Jerusalém, temos a prova definitiva: é Pedro quem põe um fim à longa discussão que ali se travava, decidindo ele que não se deveria impor a circuncisão aos pagãos convertidos, e ninguém ousou opor-se à sua decisão (At. 15, 7-12).

E esta autoridade de Pedro, assim como a de todos os Apóstolos, era e continua sendo transmitida de um homem para outro, sendo eleitos os novos sucessores pelo próprio Colegiado dos Apóstolos, através dos tempos. No caso de Pedro, as Chaves do Reino dos Céus, entregues por Jesus Cristo, vêm sendo transmitidas, nesses dois mil anos de história, através do papado. Dizer que a autoridade de Pedro morreu com ele seria o mesmo que renegar a Promessa do próprio Senhor Jesus Cristo: "Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém" (Mt 28,20).

Se o Senhor prometeu que continuaria com a sua Igreja até o fim do mundo, também a autoridade que ele concedeu à sua Igreja permanece, até o fim dos tempos. Esta é a doutrina católica. Esta é a Palavra de Deus, segundo as Sagradas Escrituras. Esta é a Tradição Cristã, de dois mil anos de história. Quem pregar o contrário, seja considerado anátema. Porque, "de fato, não existem 'dois evangelhos': existem apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós, e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas ainda que alguém, nós ou um anjo baixado do céu, vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que seja anátema" (Gálatas 1, 6-8). Graças a Deus.

Como os fatos que apresentamos até aqui, quando analisados de perto são inquestionáveis, numa tentativa desesperada de negar a realidade do Primado de Pedro alguns outros chegaram a criar uma outra interpretação (já bastante manjada), que podemos encontrar em diversos websites e redes sociais da internet:

** Argumento "evangélico": "Sim, a Pedra era Pedro, mas em grego a palavra para pedra grande é 'petra', que significa uma rocha grande e maciça. A palavra usada como nome para Simão é 'petros', que significa uma pedra pequena, uma pedrinha."

De fato, o argumento é tão fraco e desprovido de sentido que, nesse sentido, chega a dificultar a resposta: de tão absurdo, o difícil é saber por onde começar a desmantelá-lo. Principalmente, vemos o quanto são desunidas as denominações "evangélicas", e notamos como o único objetivo que elas têm realmente em comum é negar o catolicismo e a legítima Igreja de Cristo: se o Evangelho de Mateus não está se referindo a Pedro, mas ao próprio Jesus Cristo, então está chamando o Senhor de "pedrinha"!?

Em outras palavras, uma "igreja evangélica" acaba ridicularizando a teoria da outra, na tentativa de negar o catolicismo. Se houvesse mesmo essa alegada diferença nas expressões em grego (que não existe, como veremos), isto só serviria como uma comprovação a mais de que Jesus não estava se referindo a si mesmo nessa frase.

Porém, como sabem os conhecedores do grego antigo (não precisa ser católico), as palavras petros e petra eram sinônimos no grego do primeiro século. Essa diferença de significado pode ter existido séculos antes de Cristo, mas essa distinção já havia desaparecido no tempo em que o Evangelho de Mateus foi traduzido para o grego. Como podemos ter absoluta certeza disso? Simples: a diferença de significados existe apenas no grego ático, e o Novo Testamento foi escrito em grego koiné, um dialeto bastante diferente. No grego koiné, tanto petros quanto petra significam "pedra" ou “rocha”. Se Jesus quisesse chamar Simão de “pedrinha”, teria usado o termo lithos. É uma questão tão simples que até estudiosos reconhecidos das igrejas protestantes históricas o reconhecem: podemos citar, por exemplo, a respeitável obra de D. A. Carson e Frank E. Gaebelein, "The Expositors Bible Commentary".




*** Ignorando a explicação, insiste o "evangélico": "Os católicos pensam que Jesus comparava Pedro à rocha. Na verdade, é o contrário. Ele os contrastava: de um lado, a rocha sobre a qual a Igreja seria construída, o próprio Jesus ('Petra'). De outro, esta mera pedrinha ('Petros'). Jesus queria dizer que ele mesmo seria o fundamento da Igreja, e que Simão não estava nem de longe qualificado para tanto"...

A criatividade do homem não tem limites, e é impressionante perceber até onde chega a sua má vontade: os "evangélicos" adoram interpretar a Bíblia literalmente, em tudo que não faz sentido, como no caso da proibição às imagens, por exemplo (que já estudamos aqui e aqui), e em diversos outros casos. Mas quando é para negar o óbvio, o evidente, o explícito, aí eles vão procurar interpretações desnecessariamente complicadas a partir do texto em grego.

Com certeza é importante estudar os textos sagrados no original. E, por isso mesmo, não podemos nos esquecer que a origem dos Evangelhos não está na língua grega. As narrativas que possuímos hoje foram traduzidas do aramaico, já que esta era a língua falada por Jesus, pelos Apóstolos e por todos os judeus da Palestina. Era essa a língua corrente da região, e sabemos com certeza que Jesus falava aramaico, também, devido a algumas de suas palavras que foram preservadas nos próprios Evangelhos, traduzidas para o grego, como em Mt 27, 46, onde Ele diz, na cruz: Eli, Eli, Lama Sabachtani. Isto é aramaico, e significa, “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”.

Os livros do NT de que dispomos hoje estão escritos em grego porque não visavam apenas os cristãos da Palestina, mas também os de outros lugares, como Roma, Alexandria e Antioquia, onde o aramaico não era falado, e é por isso que também os Evangelhos foram traduzidos. Muito importante: nas epístolas gregas de Paulo (por quatro vezes em Gálatas e outras quatro em 1Coríntios), preservou-se a forma aramaica do novo nome de Simão. Em nossas Bíblias, aparece como Cefas. Isto não é grego, mas sim uma transliteração do aramaico Kepha (traduzido por Kephas na forma helenística).

Então, sabemos o nome que Cristo realmente deu a Simão, na língua em que eles falavam. Seu nome era Simão, mas Deus lhe conferiu um novo nome, como fizera antes com Jacó e com Abrão, ao entregar-lhes suas missões fundamentais na História da Salvação. Foi assim que o Senhor fez com Simão, mudando seu nome, por ter sido ele o primeiro a confessar que Jesus era o Cristo: Jesus Cristo chamou-o Kepha. E o que significa Kepha, em aramaico? Significa rocha, uma pedra grande e maciça: é este o mesmo sentido de petra, em grego.

Já a palavra aramaica para uma pequena pedra é evna. O que Jesus realmente disse a Simão, numa tradução mais literal, em Mt 16, 18 foi: “A partir de agora tu és Rocha e sobre esta Rocha construirei a minha Igreja”. - O que, mais uma vez, é óbvio; afinal, como construir a Igreja sobre uma pedrinha?

Quando se conhece o que Jesus disse em aramaico, percebe-se que ele comparava Simão à uma rocha; não estava comparando a si mesmo com o Apóstolo, de modo algum; isso seria absurdo. Podemos ver esta realidade, vividamente, em algumas versões modernas e mais apuradas da Bíblia em língua inglesa, nas quais este versículo é talvez melhor traduzido: "You are Rock, and upon this rock I will build my Church". - Já em francês, sempre se usou apenas o termo pierre, tanto para o novo nome de Simão quanto para rocha.

O fato simples e concreto é que não é preciso se perder em estudos linguísticos complexos nem em traduções de línguas orientais antigas para entender a questão. Além de toda evidência gramatical, a própria estrutura da narração de Mt 16 15-19 não permite uma diminuição do papel de Pedro na Igreja, de modo algum. Basta observar a forma na qual se estruturou o texto. Haveria algum sentido em Jesus dizer uma frase mais ou menos parecida com esta: “Bendito és tu, Simão, pois não foi a carne nem o sangue que te revelaram este Mistério, mas meu Pai, que está nos Céus. Por isto eu te digo: és uma pedrinha insignificante, sem valor, e sobre a Rocha, que sou eu mesmo, edificarei a minha Igreja... Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligares na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligares na Terra será desligado no Céu”!?..

Uma "tradução" deste tipo tornaria-se cômica, não é mesmo? Somente um indivíduo dotado de muita, mas muita má vontade para aceitar uma insanidade dessas. A verdade, que está na Escritura para quem quiser ver, é que Jesus abençoa Pedro triplamente, inclusive com o dom das Chaves do Reino. O Senhor coloca Pedro como uma espécie de comandante ou primeiro ministro abaixo do Rei dos reis, dando-lhe as chaves do Reino. Assim como em Isaías 22, 22, época em que os reis apontavam um comandante para os servir, em posição de grande autoridade para governar sobre os habitantes do reino. Jesus cita quase que verbalmente esta passagem de Isaías, o que torna claríssimo aquilo que Ele tinha em mente.

**** Numa útlima tentativa de argumentar, diz o "evangélico": "Então, se 'kepha' significa o mesmo que 'petra', porque a versão grega não traz 'Tu és Petra'? Por quê, para o novo nome de Simão, Mateus usa o grego 'Petros'?"

A resposta é simples: o tradutor de Mateus teve que fazer isso, simplesmente porque não teve escolha. Grego e aramaico possuem diferentes estruturas gramaticais: em aramaico, pode-se usar somente kepha na passagem de Mt 16, 18. Em grego, encontramos um problema: nesta língua, os substantivos possuem terminações diferentes para cada gênero. Em grego, existem substantivos femininos, masculinos e neutros. A palavra grega petra é feminina. Pode-se usá-la na segunda parte do texto, sem problemas. Mas não se pode usá-la para traduzir o novo nome de Simão, somente porque ele é homem, e não uma mulher. Ao traduzir para o grego, não seria possível usar um nome feminino para um homem. Foi preciso "masculinizar" a terminação do nome. Fazendo-o, surgiu o termo Petros, da mesma maneira que no português não dizemos "Apóstolo Pedra", já que o substantivo pedra é feminino. Também em português foi preciso criar o masculino de pedra, que deu em "Pedro".

Observação: no português, "pedra" pode ser usado tanto para uma estrutura gigantesca como a Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, quanto para uma pequena pedra que atiramos no rio para formar ondas. Por certo, na tradução do aramaico para o grego perdeu-se parte do jogo de palavras usado pelo Senhor, assim como na tradução para o português.
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Só em nome da Igreja Católica cometeram-se crimes ao longo da História?

Jovem crucificado pelo 'Estado Islâmico' pelo crime de ser cristão

UMA DAS MAIORES evidências de que nós, católicos, dispomos, de que é a Igreja Católica a verdadeira Igreja de Cristo, é o fato de ser ela, sempre, a vítima predileta dos caluniadores – sejam protestantes, ateus militantes, espíritas, gnósticos, marxistas, pseudointelectuais, etc.

Segundo a lógica de muitos "entendidos" que gravam e postam vídeos no Youtube, por exemplo, somente na história da Igreja Católica é que ocorreram abusos em nome da fé.

Enquanto hoje, agora, crianças estão sendo crucificadas vivas diante de seus pais, apenas por serem cristãos, os patéticos justiceiros da internet continuam atacando furiosamente a Igreja por conta de problemas ocorridos há muitos séculos... Apenas e tão somente a Igreja Católica.

Sobre o assunto favorito desses pobres ignorantes – a Inquisição – já falamos detalhadamente neste estudo específico. Mas será que, ao longo da História, somente católicos cometeram abusos em nome da fé? Será que a maldade humana só pôde se expressar em nome de Deus a partir da Igreja Católica? Por absurdo que seja, não são poucos os que pensam assim.

Este estudo se propõe a demonstrar que a realidade dos fatos é muito diferente. A seguir, apresentamos uma pequena relação de fatos históricos envolvendo crimes de perseguição, morte e violência em nome da fé nas principais religiões do mundo. Longe de buscar a própria justificação apontando pecados alheios, nosso objetivo é demonstrar que o pecado está no homem, e que neste mundo a maldade humana é capaz de se expressar por praticamente quaisquer meios, sejam instituições, grupos e/ou movimentos (religiosos ou não), por mais bem intencionados que sejam. Senão, vejamos...

• O judaísmo, raiz de praticamente todas as religiões ocidentais, em suas origens foi uma religião de práticas que hoje seriam consideradas hediondas. Desde homossexualidade e adultério até a mera desobediência aos pais era punida com a pena de morte, e o sistema de execução passava longe do que chamaríamos "humano": o apedrejamento até a morte. Sexo com uma virgem poderia custar a vida dele ou deles: se o homem mantivesse relações íntimas com uma virgem dentro da cidade, os dois morreriam; se o ato se desse no campo, só ele. Isso porque, dentro da cidade, alguém certamente ouviria a virgem gritando por socorro caso o ato não fosse consentido; se ninguém ouviu, ela não gritou, supunha a lei; e, se não gritou, cometeu crime também, o de consentir. Já no campo, não sendo possível saber se ela gritou ou não, pela dúvida, morreria só o homem. As prostitutas deviam ser também mortas a pedradas a não ser que a culpada fosse filha de um sacerdote. Neste caso, a punição seria ainda pior: morreria queimada viva. Já os filhos rebeldes e desobedientes deviam ser levados às portas da cidade e apedrejados até a morte, para que "o mal fosse eliminado" do meio do povo.

• O hinduísmo/brahmanismo
 legou à Índia um sistema que perpetua a crença na superioridade de certas classes de seres humanos sobre outras, e a cruel opressão da maioria sofredora. Este código sócio-religioso confunde-se com o próprio fundamento do hinduísmo, que influencia toda a estrutura daquela sociedade até os dias de hoje: os dalits (sem casta), são completamente excluídos da sociedade, denominados cruelmente "intocáveis” porque são considerados imundos e não podem ser sequer tocados pelos membros da sociedade. Recebem apenas serviços repugnantes, como lidar com lixo, esgoto, cadáveres e outros desse tipo. Até a sombra de um dalit deve ser evitada.

Para que se tenha uma ideia da gravidade da situação, quando os tsunamis de 2004 tragaram a costa de Tamil Nadu, o Estado indiano mais atingido, nem a tragédia foi capaz de fazer com que as vítimas superassem a discriminação: os "intocáveis" simplesmente não receberam nada das autoridades locais. Oficialmente, dez mil pessoas morreram por absoluta falta de cuidados! Registre-se que a sociedade indiana considerou o fato como perfeitamente normal, já que tudo é justificado pela crença na reencarnação (Soma Basu, 'Tsunami or Not, Dalits suffer Discrimination', em indianet.nl/a050712.html, 2005).

Mais: ao longo de toda a sua história o hinduísmo/brahmanismo perseguiu as outras religiões e seus adeptos, em especial os budistas. Pushyamitra Sunga (séc. II aC) foi um monarca brâmane que perseguiu os budistas destruindo mosteiros e matando monges. Nas cidades de Bodhgaya, Nalanda, Sarnath e Mathura, grande parte dos mosteiros foram convertidos à força em templos hindus. Esculturas, escritos antigos e obras de arte de valor inestimável foram destruídos (R. K. Pruth, 'Buddhism and Indian Civilization', Discovery Publishing House, 2004, p.83).

Atualmente, cristãos são perseguidos e mortos na Índia por motivos religiosos (se você tiver estômago forte, assista este vídeo).

• O taoísmo, filosofia espiritualista de origem chinesa, de doutrina introspectiva e supostamente pacífica, também causou destruição e mortes em sua história. Na China, ao fim da Dinastia Tang (618–907dC), o imperador taoísta Wuzong proibiu todas as influências religiosas estrangeiras (zoroastrismo e cristianismo, entre outras), com o objetivo de apoiar o taoísmo. Ao longo de todo o território chinês o imperador mandou confiscar os bens de sacerdotes e fiéis cristãos, bem como de outros religiosos, além de destruir templos, capelas, mosteiros e casas de oração, causando derramamento de sangue de gente inocente pelo único motivo de compactuarem com a religião estabelecida (John Kieschnick. 'The Impact of Buddhism on Chinese Material Culture', Princeton, 2003, p.71). - E não estamos falando da Idade Média: isso aconteceu em pleno século XIX!

• O islamismo dispensa maiores dissertações. Esta é certamente a religião em nome da qual mais se cometeram crimes bárbaros, e que mais deu ao mundo facções terroristas, como as atuais Al Qaeda, Taliban, Irmandade Muçulmana, o terrível Estado Islâmico e outros. É também, provavelmente, o regime que mais oprimiu as mulheres em toda a História (saiba mais). Note-se que, neste caso, não estamos falando de um mal de séculos passados, mas que continua ainda hoje. Tudo isso sem falar na pedofilia institucionalizada por esta sociedade teocrática.

Poderíamos avançar ainda muito nessa abordagem das religiões. O espiritismo, por exemplo, por ser um sistema proporcionalmente recente no quadro das religiões mundiais (surgido depois dos períodos históricos marcados pela truculência), não possui um histórico de violência, mas nasceu de um embuste perpetrado por duas irmãs galhofeiras (veja aqui). Iludir pessoas que sofrem a perda de queridos falecidos, oferecendo um falso consolo, isto não é uma forma sutil de violência e crueldade? Quanto às religiões da "nova era", consideradas pacíficas, não é um fato que já nos deram Jim Jones, Charles Manson e David Koresh, entre tantos outros? Mesmo assim, muitos dos comentários que vemos e ouvimos nos dão a nítida impressão de que muita gente realmente acredita que crimes e arbitrariedades em nome da religião tenham ocorrido com exclusividade no seio da Igreja Católica.

Antes, porém, que os ateus militantes digam que o problema é com a religião, e que uma sociedade ateia seria a mais perfeita comunidade que poderíamos alcançar, lembramos que as piores e mais gigantescas atrocidades da História foram cometidas por grupos e governos ateístas. No último século, os regimes ateus mais poderosos – a Rússia e a China comunista e a Alemanha nazista, – fizeram vítimas em números astronômicos. Stalin, por exemplo, foi o responsável direto por cerca de vinte milhões de mortes, por meio de genocídios, campos de trabalho forçado, julgamentos-espetáculos seguidos de pelotões de fuzilamento, deslocamento de população, fome extrema e assim por diante.

O recente estudo de Jung Chang e Jon Halliday, publicado no livro "Mao: a História Desconhecida" (Companhia das Letras, 2013), atribui ao regime de Mao Tsé-Tung um número espantoso de setenta milhões de mortes(!). Um detalhe que faz muita diferença é que as matanças provocadas por Stalin e Mao, ao contrário daquelas causadas pelos expedicionários das Cruzadas ou pelos envolvidos na Guerra dos Trinta Anos, aconteceram em tempos de paz e foram contra seus próprios compatriotas. No cômputo geral, o regime arreligioso de Hitler surge em um distante terceiro lugar, com cerca de dez milhões de assassinatos.

Tudo isso sem contar os assassinatos e massacres ordenados por outros ditadores soviéticos como Lenin, Khrushchev e Brezhnev, ou uma outra grande lista de tiranias ateias como as de Pol Pot, Enver Hoxha, Nicolae Ceausescu, Fidel Castro, Kim Jing-il, todos déspostas assassinos e sanguinários. Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, facção do Partido Comunista que governou o Camboja de 1975 a 1979, dentro desse período de apenas quatro anos, junto com seus ideólogos revolucionários, lideraram matanças e deslocamentos sistemáticos da população que eliminaram aproximadamente um quinto da população cambojana (número estimado entre 1,5 e 2 milhões de inocentes). Em termos de porcentagem, Pol Pot matou mais compatriotas que Stalin e Mao.

Temos que reconhecer, pela simples força dos fatos, que os regimes ateístas assassinaram, em um único século, mais de cem milhões de pessoas(!). Os crimes de algum modo inspirados pela religião simplesmente não podem competir com os assassinatos cometidos por regimes ateístas. Mesmo levando em conta os níveis populacionais, a violência ateísta supera a violência religiosa em termos proporcionais simplesmente indiscutíveis.

• A Inquisição protestante – Talvez o mais grave dos erros seja imaginar que a Inquisição Católica foi a única inquisição religiosa que existiu. Naquele período histórico, os governos de todas as nações eram extremamente violentos, comparados aos de hoje; a lei e a ordem eram mantidas com mão de ferro e as penas eram sanguinárias em todas as culturas, tanto cristãs quanto islâmicas, hindus e pagãs em geral. Parece que uma página muito especial é descartada deste capítulo da História, por muita gente, quando se discute o assunto Inquisição. Responda rápido o leitor:

1) Que instituição religiosa condenou mais de 300 pessoas pela prática de bruxaria, decretando tortura e pena de morte na forca às famosas "bruxas de Salem"?1

2) Que instituição religiosa levou à morte mais de 30.000 camponeses anabatistas na Alemanha?2

3) Sob que ordens o médico espanhol Miguel Servet Grizar, o descobridor da circulação sanguínea, foi condenado a morrer na fogueira?3

4) Quem mandou para a fogueira mais de mil mulheres escocesas, num período de seis anos (1555 - 1561)?4

Sem dúvida muita gente responderia rapidamente, sem pensar e sem medo de errar, que a responsável por todas as barbaridades citadas acima foi a Igreja Católica. Resposta errada: todos esses crimes foram cometidos pela Inquisição Protestante, que quase nunca é mencionada pelos maiores críticos da Igreja Católica, simplesmente porque esses críticos, na maioria das vezes, são protestantes. Conhecimento seletivo? Parece que sim. Certos "pesquisadores" de porta de boteco só procuram conhecer os fatos que parecem confirmar aquilo em que eles querem crer.

Ocorre que também aqui, em terra brasilis, a maior parte dos que atiram pedras contra os católicos por conta da Inquisição é formada por protestantes/"evangélicos", como é o caso do blogueiro Júlio Severo, que em sua página publicou um lamentável artigo intitulado, simplesmente: "Como querem combater a cultura da morte (...) quando se sentem à vontade com a cultura da tortura e morte da Inquisição?", julgando que pode colocar-se, enquanto protestante, acima da questão e julgando-se moralmente apto a julgar, de camarote, a Igreja Católica.

O que mostra a História real, porém, é que o Sacro Imperador Romano-Germânico Fernando I deu liberdade aos luteranos na luta contra os anabatistas, e o próprio Lutero escreveu um discurso, em 1528, no qual encorajava a perseguição dos que considerava hereges2. Como resultado, grupos da Inquisição Protestante esfolaram vivos os monges da Abadia de São Bernardo (Bremen), e depois passaram sal em suas carnes vivas, antes de pendurá-los no campanário do mosteiro3. Em Augsburgo, em 1528, cerca de 170 anabatistas foram aprisionados por ordem do poder público protestante, sendo que muitos deles foram queimados vivos e outros marcados com ferro em brasa nas bochechas ou tiveram a língua cortada.2 O célebre teólogo Johann Matthäus Meyfart (protestante ele próprio) descreveu a tortura aplicada pela Inquisição protestante, que ele presenciou, qualificando-a como uma intolerável “bestialidade”2, nos seguintes termos:

Nos países católicos não se condena um assassino, um incestuoso ou um adúltero a mais de uma hora de tortura. Na Alemanha protestante, porém, a tortura é mantida por um dia e uma noite inteira; às vezes, até por dois dias, outras vezes até por quatro dias e, após isto, é novamente iniciada. Esta é uma história exata e horrível, que não pude presenciar sem também me estremecer"
('Christliche Erinnerung, an Gewaltige Regenten und Gewissenhafte Prädikanten', 1629-32)

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Notas:

1. ROSENTHAL, Bernard. Salem History, reading the withc trials of 1692. Cambridge: Cambridge, 1993.


2. HARVEY, Ralph V. & Verna, Ralph's Documents, artigo "Anabaptists and the Free Churches", disp. em 
http://www.rvharvey.org/d-anabaptists.htm
Acesso 10/2/014.

3. MC'NEILL, John T. The History and Character of Calvinism, New York: Oxford University Press, 1954, p.176  [Miguel Grizar Servet foi queimado na fogueira como herege por ordem do Conselho de Genebra, presidido por João Calvino].

4. CAMMILIERI, Rino. La Vera Storia dell´Inquisizione, Piemme: Casale Monferrato, 2001.
www.ofielcatolico.com.br

3º Domingo do Tempo Comum, ano A, Mt 4,12-33: "Abandonaram tudo e O seguiam"...


NO EVANGELHO deste domingo, vemos Jesus iniciando a sua pregação. Ele está na Terra onde cresceu, a Galileia, norte da Terra Santa. Sai de Nazaré, vai para Cafarnaum, nas proximidades do lago, e inicia o anúncio do Evangelho. O texto deixa claro o conteúdo desta pregação: “Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo”.

Logo em seguida, o Senhor chama duas duplas de irmãos: Tiago e João, Pedro e André. Estamos falando das quatro primeiras adesões ao cristianismo, por assim dizer, - depois de Maria Santíssima, que foi a primeiríssima cristã, e de S. José, o grande patrono de toda a Igreja. - Aqueles quatro homens serão também Apóstolos e grandes amigos de Jesus, que compartilhará com eles, de modo especial, os momentos mais importantes de sua vida na Terra.

Vale a pena lembrar a contribuição de Santa Catarina de Sena para esta reflexão. Ela escreveu um livro muito conhecido, intitulado “Livro da Divina Doutrina”, popularmente conhecido como “Diálogo da Divina Providência” (também conhecido por 'Revelações') , porque esse livro foi escrito em forma dialógica, isto é, apresenta Sta. Catarina dialogando com Deus.

Na primeira parte desse livro, nos capítulos 60 e 63, Sta. Catarina fala dessa mesma passagem do Evangelho. Ela diz que nesse momento Jesus realizou a “primeira conversão” dos seus discípulos diletos. O importante, aqui, é notar que ela menciona um ponto meio esquecido da grande Tradição Espiritual da Igreja, que diz que a autêntica conversão se dá em três etapas ou estágios distintos no processo de nos tornarmos, efetivamente, santos, como Deus quer. São três conversões necessárias para alcançarmos o ponto máximo de santidade nesta vida.

Existem, de fato, muitos graus de santidade, e Sta. Catarina nos fala sobre eles, usando como analogia um castelo com muitas moradas. Tradicionalmente, porém, de forma geral, - e isso desde os santos Padres do deserto, - mencionam-se três principais estágios da vida espiritual, ou três conversões: o estágio dos iniciantes, o dos avançados e o dos perfeitos. Estes podem ser comparados às três fases principais da vida humana: infância, adolescência e fase adulta. E assim como para passar de fase na vida biológica enfrentamos certas crises, com certas dificuldades e a necessidade de adaptação, também ocorre na vida espiritual.

Sta. Catarina nos diz, no cap. 63 de seu Diálogo, que essa passagem do Evangelho, - onde o Senhor diz aos primeiros discípulos e Apóstolos: “Eu vos farei pescadores de homens”, - retrata o momento em que eles entraram para a primeira fase de sua vida espiritual: sua primeira conversão.

Para que se tenha uma ideia do que vão significar as fases seguintes de conversão desses discípulos, basta lembrar que eles irão viver, depois, uma grande crise nos momentos de prisão, cruz e morte de Cristo. E como em toda crise, há perigo, - neste caso, para a alma. – Vemos a reação inicial de Pedro, que num primeiro momento negou o Senhor por três vezes, vindo depois a converter-se. Vemos também a traição de Judas, que por fim entrou num total desespero, vindo a perder completamente sua alma.

Vemos então que o perigo é real, que e nem sempre o desfecho é feliz. Retomando o exemplo de Pedro, porém, vemos que o cristão pode atravessar essa crise, superando essa fase e mantendo-se fiel. Pedro atravessou-a e, por fim, tornou-se o grande Apóstolo de Cristo. Receber o Espírito Santo, em Pentecostes, foi para ele a terceira conversão.

O tema das três conversões é fascinante, e nos comprometemos a retomá-lo logo que possível. O Evangelho deste domingo, no entanto, trata da primeira conversão, e é sobre esta que iremos nos deter neste artigo. Para quem quiser aprofundar o assunto desde já, recomendamos o primoroso livro do Pe. Reginald Garrigou Lagrange, O.P., intitulado “As Três Vias e as Três Conversões” (Ed. Permanência), que você pode adquirir aquiaqui ou aqui. - Uma leitura que realmente vale muito a pena.

Sobre a primeira conversão, é interessante, - e triste, - notar que a grande maioria dos cristãos não passa dessa fase. Se fôssemos estabelecer uma estatística, é bem provável que perceberíamos que acima de 90% de todos os cristãos que vão a Missa e comungam, em estado de Graça encontram-se neste primeiro estágio. Por quê?

É importante recordarmos que, para chegarmos a esta primeira fase, a iniciativa é sempre de Deus. No Evangelho que estamos refletindo, vemos que é Jesus quem vê e chama aqueles irmãos. É Jesus quem “invade” a nossa vida com o seu Chamado. Em toda conversão, é Deus Quem age por primeiro. - Se dissermos o contrário, caímos na heresia do semipelagianismo, (condenado pelo Concílio de Orange, em 529aD), que diz que a iniciativa para a salvação parte do homem. A doutrina cristã diz que esse pensamento está errado, pois é sempre Deus Quem nos busca e nos chama, dando-nos ao menos a graça do desejo por Deus e de sermos capazes de "ouvir" o Chamado divino e de aceitá-lo.

E nesse primeiro passo, muitas vezes, a pessoa vive já uma crise. Ela é atravessada pelo Chamado divino, como no Evangelho em que meditamos, em que vemos Jesus dizendo àqueles homens que abandonassem suas redes e o seguissem. Observe bem que a proposta era para que eles deixassem tudo de lado, suas vidas, seu trabalho, suas famílias... E simplesmente o seguissem. Isso não é uma coisa fácil, e pode gerar um certo sofrimento inicial.

Se a pessoa "deixa suas redes", metaforicamente, isto é, a sua vida antiga, para seguir Jesus, ela tem ali, pela primeira vez, plantada a Semente Divina em seu coração, por assim dizer. Essa Semente da Graça, plantada na vida da pessoa que é chamada por Deus, é algo que eleva o ser humano acima de toda a Criação, até mesmo da condição dos anjos, que também precisam da Graça santificante para serem introduzidos na Visão de Deus! Se formos olhar para todo o Universo, nada se compara a condição do homem que recebe e aceita esse estado da Graça divina, oferecido por Deus!

No Evangelho, os Apóstolos prontamente aceitam o Chamado. A partir dali, passam a reconhecer a sua miséria, sua condição precária, porque ao conviver com o Senhor olharam para si mesmos e viram o quanto eram pequenos, o quanto andavam antes perdidos. O Evangelho de Lucas conta como Pedro, após a pesca milagrosa proporcionada pelo Senhor, ao reconhecê-lo como tal, prostrou-se aos seus pés e disse: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador! " (Lc 5,8). - Vemos aí a realidade do ser humano que, ao se colocar diante da Luz de Deus, olha para si mesmo e vai se reconhecendo cada vez mais miserável.

A pessoa que se converteu, desde o começo, possui um amor sincero por Deus. Mas, - aqui está o problema, - ela ainda mentém uma espécie de "mistura" dentro de si mesma. Os iniciantes têm, sim, amor por Deus, mas ainda conservam, também, o amor desordenado por si mesmos provocado pela concupiscência, o que faz com que caiam constantemente em pecados veniais. Por um lado o principiante vai conhecendo Jesus, compreendendo seus Mandamentos, e vai aos poucos correspondendo a esse Amor, evitando os pecados mortais, fugindo das ocasiões de pecado e assim, após uma luta generosa, depois que realmente se desfaz de "suas redes", depois que abandonou tudo para seguir Jesus, vem a consolação.

Podemos recordar a passagem do Monte Tabor, quando S. Pedro vê Jesus Glorioso, e então se sente tentado a permanecer ali, dizendo: “Armemos por aqui as nossas tendas!” (Mt 17,1-9; Mc 9,2-8; Lc 9,28-36; 2Pd 1,16-18). Ele queria permanecer ali, naquele estado de êxtase, de felicidade infinita, consolado, contemplando a Glória Divina infinitamente. Assim também, quando a pessoa deixa generosamente o pecado e seus apegos, quando pede auxílio divino a vai vencendo a si mesmo, passa a receber de Deus uma consolação sensível. Em suas orações, passa a perceber mais nitidamente a Presença de Deus. Essa pessoa quer rezar mais, quer expressar a sua alegria, então procura participar de grupos de oração e de louvores. Na Santa Missa começa a haver um grande prazer. Mas muitos não percebem que este é apenas, ainda, o princípio das consolações de Deus, como diz S. Paulo Apóstolo na sua primeira carta aos coríntios (3,2):

“Não é como a homens espirituais que vos pude falar (isto é, à gente progredida, a homens adultos na fé, aos avançados), mas sim a homens carnais, como crianças em Cristo. Eu lhes dei leite para beber e não alimento sólido, pois ainda não sois capazes de o absorver.” (1Cor 3,2)

Deus nos consola, nos dá o primeiro “alimento”, uma suave consolação, ao rezar, ao cantar louvores, etc. O problema é que essas consolações, dadas por Deus, a partir de um certo momento podem se tornar um obstáculo, um perigo em nossa jornada espiritual. E assim chega um certo momento em que Deus “fecha as torneiras” das nossas consolações. Por quê? Porque há muitos que desenvolvem uma certa “gula” pelas consolações espirituais, e que aos poucos vão deixando de buscar o Deus das consolações para buscar as consolações de Deus. Já não querem mais buscar, amar a Deus e servi-lo, mas sim viver fortes e renovadas emoções a cada dia. Alguns outros vão se tornando curiosos demais, ambiciosos pelos dons, como o da profecia, por exemplo. É um orgulho espiritual inconsciente.

S. João da Cruz diz, dessa primeira fase da conversão, em sua famosa obra “A Noite Escura”, diz que nessa fase os pecados capitais, como a gula, a luxúria e o orgulho, vão se tornando pecados espirituais. - Ao invés de ter gula por comida, o recém convertido passa a ter gula pelas consolações de Deus. Ao invés de ter a luxúria sexual, carnal, passa a desejar os prazeres espirituais. Do mesmo modo, a soberba já não é mais pelas qualidades temporais, mas a pessoa passa a se sentir muito "especial", superior aos seus próximos, mais santa, mais “ungida”, especialmente "escolhida"...

Evidente que houve um progresso, um avanço, uma mudança para melhor. Houve uma conversão. Mas é nítido, porém, que essa pessoa precisa, realmente, de uma outra conversão: esta é a chamada segunda conversão. O iniciante ama a Deus, sim, mas ama a Deus ainda com grande uma mistura de sentimentos. Ama a Deus, mas conserva ainda um amor desordenado por si mesmo, que teimosamente persiste. Este amor desordenado por si mesmo é a grande dificuldade neste estágio da vida espiritual. Sta. Catarina de Sena, no sexto capítulo de sua obra, trata dessas pessoas, dizendo que elas querem servir a Deus mas procuram nisso uma certa "utilidade" egoísta: sua própria consolação. E Deus diz a Catarina que esse amor assim "misturado", impuro, esfria com o tempo, por isso lhes retira as consolações iniciais e os envia lutas e contrariedades, revelando, porém, que age assim para levar os convertidos à perfeição.

Esse momento de lutas e crises, - que pode levar ao desânimo ou à segunda conversão, - para os Apóstolos veio no momento da crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como já vimos, é uma fase que traz perigos. Muitos, ao passarem da infância espiritual para a adolescência, não resistem às dificuldades e acabam abandonando tudo. Eram iniciantes, mas vão deixando de ser almas principiantes e se tornando almas retardadas no sentido de atrasadas, embotadas. São como crianças que deveriam crescer e amadurecer, mas não crescem nunca. E os atrasados, em algum momento, desistem. Na vida espiritual, assim como em outras instâncias da vida, ou nós progredimos ou regredimos. Não existe a opção de permanecer estagnado.



Quando nos convertemos, chega um ponto em que precisaremos deixar as resquícios de pecado que permanecem ainda em nossos corações e passarmos para uma segunda conversão. Nessa fase, as tentações muitas vezes retornam com força, especialmente no campo da paciência e da castidade. Pessoas que já tinham vencido certos pecados grosseiros voltam a ser tentados, muitas vezes com ainda mais força, e se não souberem se configurar a Cristo também (talvez principalmente) nas fases de dor e dificuldades, acabam desistindo.

A fase inicial, a fase da infância espiritual, que traz certas consolações para aqueles que se esforçam em progredir na jornada, é seguida por uma fase difícil e perigosa. Na primeira fase, o abandono do pecado e a vida no estado de graça, há alegria e consolação. Quando isso acaba se tornando pedra de tropeço para o convertido, Deus retira as consolações e põe o fiel à prova. É o que S. João da Cruz chamou “noite dos sentidos” (ainda não é a “noite escura da alma”, que é para os bem mais progredidos): uma aridez que confunde.

Se você vive essa fase, não se preocupe. Você está sendo convidado por Deus a avançar para uma nova e riquíssima fase!

Um breve post como este, evidentemente, não serve para esgotar um assunto tão profundo e tão extenso, mas esperamos que esta nossa abordagem sirva para uma primeira tomada de consciência.

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Ref.:
Site Padre Paulo Ricardo, artigo "A primeira conversão", homilia do 3º Domingo do Tempo Comum,  ano A, disponível em
http://padrepauloricardo.org/episodios/iii-domingo-do-tempo-comum-a-primeira-conversao
Acesso 25/1/014
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Papa Francisco e o Milagre Eucarístico em Buenos Aires


O ATUAL Papa Francisco conduziu investigação para comprovar um dos maiores milagres eucarísticos da história recente, ocorrido em Buenos Aires em 1996

Foi o chamado Milagre Eucarístico de Buenos Aires, onde uma Hóstia Consagrada tornou-se Carne e Sangue. O Cardeal Jorge Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires, hoje Papa Francisco, ordenou que se chamasse um fotógrafo profissional para tirar fotos do acontecimento para que os fatos não se perdessem. Depois foram conduzidas pesquisas de laboratório coordenadas pelo Dr. Castañon.

Os Estudos mostraram que a matéria colhida da Hóstia era uma parte do ventrículo esquerdo, músculo do coração de uma pessoa com cerca de 30 anos, sangue tipo AB de uma pessoa que tivesse sofrido muito com a morte, tendo sido golpeado e espancado. Os cientistas que realizaram o exame e os estudos não sabiam que era material proveniente de uma Hóstia Consagrada: isso só lhes foi revelado após a análise, e foram surpreendidos porque haviam encontrado glóbulos vermelhos, glóbulos brancos pulsando durante a análise, como se o material tivesse sido colhido direto de um coração ainda vivo.


A Hóstia Consagrada tornou-se Carne e Sangue

Às 19h de 18 de agosto de 1996, o Padre Alejandro Pezet celebrava a Santa Missa em uma igreja no centro comercial de Buenos Aires. Como estava já terminando a distribuição da Sagrada Comunhão, uma mulher veio até a ele e informou que tinha encontrado uma hóstia descartada em um candelabro na parte de trás da igreja. Chegando ao lugar indicado, o Padre Alejandro Pezet viu a hóstia profanada. Como ele não pudesse consumi-la, colocou-o em uma tigela com água, como manda a norma local, e colocou-a no Santuário da Capela do Santíssimo Sacramento, aguardando que dissolvesse na água.

Na segunda-feira, 26 de agosto, ao abrir o Tabernáculo, viu com espanto que a Hóstia havia se tornado uma substância sangrenta. Relatou o fato então ao Arcebispo local Cardeal, Dom Jorge Bergoglio, que determinou que a Hóstia fosse fotografada profissionalmente. As fotos foram tiradas em 6 de setembro de 1996. Mostram claramente que a Hóstia, que se tornou um pedaço de Carne sangrenta, tinha aumentado consideravelmente de tamanho.


Análises Clínicas

Durante anos, a Hóstia permaneceu no Tabernáculo, e o acontecimento foi mantido em segredo estrito. Desde que a Hóstia não sofreu decomposição visível, o Cardeal Bergoglio decidiu mandar analisá-la cientificamente. 

Uma amostra do Tecido foi enviado para um laboratório em Buenos Aires. O laboratório relatou ter encontrado células vermelhas e brancas do sangue e do tecido de um coração humano. O laboratório também informou que a amostra de Tecido apresentava características de material humano ainda vivo, com as células pulsantes como se estivessem em um coração humano ainda vivo.
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Testes e análises clínicas: 'Não há explicação científica'

Em 1999, foi solicitado ao Dr. Ricardo Castañón Gomez que realizasse alguns testes adicionais. Em 5 de outubro de 1999, na presença de representantes do Cardeal Bergoglio, o Dr. Castañón retirou amostras dos do Tecido ensanguentado e enviou a Nova York para análises complementares. Para não prejudicar o estudo, propositalmente não foi informado à equipe de cientistas a sua verdadeira origem.
O laboratório relatou que a amostra foi recebida do tecido do músculo do coração de um ser humano ainda vivo.

Cinco anos mais tarde (2004), o Dr. Gomez contatou o Dr. Frederic Zugibe e pediu para avaliar uma amostra de teste, novamente mantendo em sigilo a origem da amostra. Dr. Zugibe, cardiologista renomado, determinou que a matéria analisada era constituída de “Carne e Sangue” humanos. O médico declarou o seguinte:

“O material analisado é um fragmento do músculo cardíaco que se encontra na parede do ventrículo esquerdo, músculo é responsável pela contração do coração. O ventrículo cardíaco esquerdo bombeia sangue para todas as partes do corpo. O músculo cardíaco tinha uma condição inflamatória e um grande número de células brancas do sangue, o que indica que o Coração estava vivo no momento da colheita da amostra, já que as células brancas do sangue morrem fora de um organismo vivo. Além do mais, essas células brancas do sangue haviam penetrado no tecido, o que indica ainda que o coração estava sob estresse severo, como se o proprietário tivesse sido espancado."

Evidentemente, foi uma grande surpresa para o cardiologista saber a verdadeira origem do tecido. Dois cientistas australianos, o cientista Mike Willesee e o advogado Ron Tesoriero, testemunharam os testes. Ao saberem de onde a amostra tinha sido recolhida, demonstraram grande surpresa. Racional, Mike Willesee perguntou ao médico por quanto tempo as células brancas do sangue teriam permanecido vivas se tivessem vindo de um pedaço de tecido humano que permaneceu na água. "Elas deixariam de existir em questão de minutos", disse o Dr. Zugibe. O médico  foi então informado que a fonte da Amostra fora inicialmente deixada em água durante um mês e, em seguida, durante três anos em um recipiente com água destilada, sendo depois retirada para análise.

Dr. Mike Willesee Zugibe declarou que não há maneira de explicar cientificamente este fato: “Como e por que uma Hóstia Consagrada pode mudar e tornar-se Carne e Sangue humanos? Permanece um mistério inexplicável para a ciência, um mistério totalmente fora da minha jurisdição".

Abaixo, um vídeo com o depoimento do Dr. Castañón e imagens do Milagre.


Dr. Ricardo Castañón Gomez fala sobre o
Milagre Eucarístico ocorrido em Buenos Aires



Tradução da palestra do Dr. Castañón no vídeo para o português:

Agora vou entrar em um tema que é muito interessante e que com certeza vou tratar com mais profundidade: eu fui chamado pelo Cardeal de Buenos Aires, - relato isso porque depois de muitos anos de trabalho a Igreja valoriza estas investigações, então me chamam. -  Ocorre que em Buenos Aires existe a "moda" de muitas pessoas receberem a Comunhão nas mãos. O resultado é que deixaram cair a Hóstia Consagrada, e como a Hóstia estava "suja " ninguém a quis recolher. Consagrada!

Então alguém avisa o Sacerdote e ele a recolhe e a guarda em água para que ela se dissolva: é uma norma que eles tem; depois molham as plantas com aquela água. Depois de uns cinco ou seis dias que estava no Tabernáculo, eles vão abrem o Tabernáculo e vêem que em vez de haver se desintegrado existem umas manchas vermelhas. Em diferentes formas vêem que o liquido aumenta nos dias sucessivos. Nesse momento me convidam a pegar algumas amostras e saber do que se trata.

Eu viajo duas vezes e obtenho duas amostras, uma é uma massa gelatinosa. Porque eu tenho contado a vocês sobre uma Hóstia, mas o mesmo ocorreu à outra, tenho duas amostras que devo analisar uma é esta, a outra é uma que exsudou em 1996 e que formou uma crosta seca.

Então eu viajo à América do Norte, a um laboratório na Califórnia, levando essa amostra. Eu não lhes digo que vem de uma Hóstia. O "estudo cego" consiste em apresentar aos senhores laboratoristas a amostra e pedir que a analisem.

Qual é o resultado? "Dr, a amostra que o senhor nos trouxe é músculo do Coração, músculo do miocárdio, do ventrículo esquerdo". Este é o primeiro resultado mais há mais coisas a descobrir. Este estudo estamos realizando desde 1999, mas há alguns meses descobrimos que havia um grande expert em cardiologia em patologia e em bioquímica. É o único professor que escreveu um livro que explica de que foi morta uma pessoa quando o coração foi lesionado. Este professor é o famoso Dr. Frederick Zugibe. Então entregamos a ele as amostras e ele nos disse: "Essa pessoa que tinha esse Coração morreu muito mal-tratada, porque seu coração tem lesões que mostram que foi muito golpeada. Esse homem foi torturado!" - Ele não sabe que é uma Hóstia.

E logo ele disse: "Mas tem uma coisa que eu gostaria que vocês me explicassem: como é possível que quando eu estava estudando esta amostra, a amostra palpitava, pulsava? Então expliquem como vocês tiraram o coração de um morto e o trazem vivo ao meu laboratório em Nova York?"

"Professor Zugibe, não é o que o senhor pensa, isto é uma Hóstia Consagrada que começou a sangrar!"... Imaginem, seus cabelos quase saltaram da sua cabeça! Imaginem dizer a um homem que um pedaço de trigo se tornou Sangue e se coagulou, e agora é uma amostra de músculo de Coração!

Mas não termina por aí, porque ele perguntou como era possível que estevesse vivo ainda? Mas eu estou lhe dizendo que estou estudando desde 1999. São cinco anos que a amostra está comigo. Então eu viajo para o laboratório em Buenos Aires, há poucas semanas e busco os documentos dos primeiros estudos realizados em Buenos Aires; escreveu o laboratorista da primeira análise: "Observam-se alguns líquidos, células vermelhas do sangue, hemoglobina, e o que me chama a atenção é que as células estão se movendo e pulsando!".

As células estão palpitando e pulsando! Alguns dias já haviam se passado! E após 15 minutos as células do sangue morrem, todos os glóbulos brancos e vermelhos se decompõem! Então me interessou muito o tema do Coração e eu me intero que no século VII, em Lanciano, cidade localizada no sul da Itália, um sacerdote celebrava a Missa e duvidava se Cristo estava presente na Eucaristia. Ele duvidou, e no momento de sua dúvida, a Hóstia se transforma em Sangue e se coagula, e se torna um pedaço de Carne, se vocês viajarem a Lanciano poderão vê-la. Eu creio que alguns já tenha feito isso.

O Vinho se transforma em cinco coágulos de Sangue, que são como cinco "algodões" de Sangue. Mas são de distintos tamanhos os cinco e cada um pesa igual ao outro! Isto aconteceu no século VII, mas se conserva, então os italianos, na Conferência Episcopal da Itália, convidam, nos anos 70, o professor Dr. Linolli, que é um expert em bioquímica e patologia para estudar o caso, e este doutor nos disse que "é músculo do Coração igual a amostra que você tem "!

Ou seja, a amostra que eu tenho, que é dos anos 90, de Buenos Aires, é a mesma que esta! Pertence à mesma Pessoa... O que opinam disso?

O restante não lhes conto, porque senão não compram meu livro (risos). Mentira, não tenho um livro que fale sobre este assunto. Aqui estamos falando do que eu creio ser a prova de algo extraordinário. Posso eu comprovar que Jesus Cristo está presente na Eucaristia? Nosso Senhor disse a uma mística: "Eu faço milagres para os cegos e surdo, mas eu não quero fazer milagres porque quero que creiam por Fé".

Eu não sou nada para dizer "esta é a prova", mas eu apenas coloco sobre a mesa os resultados de minha pesquisa para que vocês meditem e para que tirem suas próprias conclusões. Eu não posso explicar porque uma imagem de gesso exsuda... Porque esta parede de gesso não exsuda? Porque só as imagens sagradas? Então eu creio que os senhores devem meditar.

O que Nosso Senhor está tentando nos dizer com esses Sinais? E logo me intero que no século XII havia outra pessoa, outro sacerdote que também duvidou que Cristo estava presente na Eucaristia, isto na Itália também e quando estava duvidando se Cristo estava presente ou não, o corporal que tinha se encheu de Sangue, mas aqui aconteceu algo impressionante, porque o Sangue correu do Altar e o Sangue correu no chão, e se vocês forem ver hoje, poderão ver que o Sangue penetrou no piso de mármore, o sangue corre e entra no mármore! É devido a esta experiência no século XII, que o Papa Urbano IV, que se encontrava perto de Orvieto, viaja ao lugar e para ver este Milagre, e Urbano pede a Santo Tomás de Aquino para celebrar uma Missa e o ritual para estabelecer a celebração de Corpus Christi.

Então, para que todos saibam que a celebração de Corpus Christi nasce de um milagre Eucarístico (fim do conteúdo do vídeo)...


* Apelo do Apostolado Fiel Católico aos católicos fiéis: homens e mulheres de fé, evitem ao máximo de comungar Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo nas mãos. Peçam para receber a Sagrada Eucaristia na língua, o que é um direito de todo católico.
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O dízimo na Igreja Católica


MUITOS PADRES e também fiéis católicos acham difícil falar sobre este assunto, principalmente por causa das deturpações que tantos ditos "pastores" – na verdade autênticos "mercadores da fé" – vêm promovendo nos últimos anos, usando de meia dúzia de passagens bíblicas como armas para extorquir e explorar pessoas simples e sem instrução. De fato é muito fácil usar textos isolados da Bíblia para justificar qualquer ideia, e o próprio Satanás usou das Escrituras para tentar nosso Senhor Jesus Cristo, dizendo: "Está escrito..." (Mt 4,1-11, Mc 12,13 e Lc 4,1-13). Assim enriquecem, cada vez mais, os falsos profetas. O significado verdadeiro do dízimo, porém, é justo e verdadeiramente cristão.

Toda uma comunidade evangélica se converte ao catolicismo

Em todo o mundo, cada vez mais protestantes e "evangélicos" retornam à Igreja Católica. Conheça a história do Pastor Alex e de sua comunidade evangélica.

O ex-pastor Alex Jones

ACONTECEU NOS ESTADOS Unidos. A “Igreja Cristã Maranatha” ficava na Av. Oakman, Detroit. Hoje, o imóvel está à venda.

Tudo começou quando o pastor Alex Jones, 58 anos, passou a trocar o culto pentecostal por uma espécie de réplica da Missa. No domingo, 4 de junho de 2006, durante a celebração da Unidade Cristã e da Ascensão do Senhor, os líderes da congregação decidiram (por 39 votos a favor e 19 contra) dar os passos necessários para torná-la oficialmente católica. Uma história repleta de anseios, surpresas, amor e alegria.

“Eu pensava que algum espírito tinha se apossado dele”, disse Linda Stewart, sobrinha do pastor Alex. “Pensava que, na procura pela verdade, ele tinha se perdido”. Linda considera o tio como um pai, ela que foi adotada por ele desde o falecimento do verdadeiro pai. A preocupação da moça começou quando seu tio trocou o estudo da Bíblia, que era feito sempre às quartas-feiras, pelo estudo dos primitivos Padres da Igreja.

Gradualmente a congregação foi deixando o culto evangélico e retornando à Santa Missa: ajoelhar-se, o Sinal da Cruz, o Credo de Niceia, a Celebração Eucarística: todos os 9 passos. Linda explica: “Aprendi que a Igreja Católica era a grande prostituta do Apocalipse e o Papa era o Anticristo. E Maria? De modo algum! Éramos felizes e seguíamos Jesus. Eu estava triste e pensava: ‘ele está maluco se pensa que vamos cair nessa!’”.

O começo de tudo se deu quando Jones ouviu, num programa de rádio chamado “Catholic Answers” (‘Respostas Católicas’), o debate entre o protestante David Hunt e o apologista católico Karl Keating. O católico fez a pergunta-chave: “Em quem você acreditaria, no caso de um acidente, para saber o que aconteceu? Nos que estavam ali, como testemunhas oculares (Apóstolos), ou naquele que só apareceu depois de muitos anos (Lutero)?” O que era desde o princípio, o que ouvimos e vimos com nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos tocaram do Verbo da Vida. Porque a Vida se manifestou e nós a vimos; damos testemunho e anunciamos a Vida Eterna, que estava no Pai e se manifestou a nós; O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que tenhais comunhão conosco: nossa comunhão é com o Pai e com o Filho, Jesus Cristo. Escrevemos estas coisas para que a vossa alegria seja completa." (I João 1-4)

Keating acentuou que, para aprender a verdade sobre a Igreja Cristã, era necessário ler os Padres da Igreja Primitiva, isto é, aqueles que estiveram lá desde o começo da história. “Aquilo fazia sentido”, disse o pastor Jones: “Guardei no coração e ponderei; mas só vim a compreender tudo quando li os Padres da Igreja e conheci uma Cristandade que não tínhamos em nossa igreja”. “Percebi que o centro do culto dos primeiros cristãos não era somente a pregação e o louvor, mas a Eucaristia, como o Corpo e o Sangue de Cristo presente”, declarou ele ainda.

No começo do verão de 1998, o pastor Jones decidiu reativar o verdadeiro culto da Igreja Primitiva em sua comunidade. Passou a realizar uma espécie de celebração eucarística todos os domingos. “Minha congregação achava ridículo”, recorda ele. “Eles diziam que uma vez por mês era o suficiente”. Jones leu o livro “Cruzando o Tibete”, de Steve Ray, professor de Bíblia em Milão, e aprendeu muito sobre as Escrituras, o Batismo e a Eucaristia. Mais tarde pode conhecer este autor no Seminário do Sagrado Coração em Milão, e passou a encontrá-lo regularmente.

Os dois dialogavam quase diariamente, por telefone ou e-mail. Ao estudo da Bíblia somou-se o estudo da Patrologia, do Catecismo, da Virgem Maria e os santos, do Purgatório, da Teologia Sacramental... “Comecei a deixar de lado a Sola Scriptura (somente a Bíblia), que representa o coração e a alma da fé protestante”, diz Jones. Parte do povo começou a abandonar a congregação. Relata a sobrinha de Jones: “A cada domingo eu ia para casa e dizia: ‘este foi o último; não volto mais”. Mas como confiava que seu tio era um homem de Deus, acabava retornando sempre, e aos poucos as coisas começaram a fazer sentido para ela também.


Vídeo do testemunho emocionado de Alex Jones: "Como encontrei a Verdade na Igreja Católica":



No processo de mudar o culto da Comunidade Maranatha, pastor Jones finalmente percebeu o óbvio: “Por quê recriar a roda? Já existe a Igreja que faz o culto da maneira correta: a Igreja Católica!” “Comecei a perceber que a Igreja eterna era a Católica. Todas as outras tiveram uma data de início e foram fundadas por homens. Eu encontrara a Igreja de Jesus Cristo e estava querendo perder todo o resto.” A SITUAÇÃO DA ESPOSA “Parecia uma coisa temporária. Então ele começou a mudar as coisas drasticamente e eu me perturbei, porque achava que ele estava indo pelo caminho errado”, diz Donna Jones, 33 anos, esposa do ex-pastor Alex.

“Ele havia pregado que a Igreja Católica era cheia de idolatria”, completa ela: “Quando começou a abraçar essa fé, eu disse: ‘Tem alguma coisa errada aqui’”... Alex e Donna começaram a discutir sobre usos cristãos. Donna começou a estudar a Igreja Católica para contrariar o marido, na tentativa de desviá-lo daquele caminho, como ela explica: “Precisava de ‘munição’ para contra-atacar. Mas, logo que eu comecei a ler sobre os Padres da Igreja, uma mudança começou acontecer no meu coração”.

No verão de 1998, Dennis Walters, diretor do Rito de Iniciação Cristã para Adultos da Paróquia Cristo Rei (Ann Arbor), se encontrou com a família Jones. Walters forneceu exemplares do Catecismo aos líderes de toda a Congregação Maranatha, e respondia às muitas perguntas sobre a doutrina. Por quase 10 anos, Walters se encontrou com os Jones todas as terças-feiras, e ficavam juntos por 4 ou 5 horas. Ele conta que Donna lutou contra a possibilidade de admissão na Igreja Católica também porque isso significaria a perda do emprego bastante rentável do seu marido. Rindo, ela conta que orava assim: “Senhor, o que estou fazendo, após 25 anos de ministério? Eu não estou preparada para me tornar pedicure ou manicure...”. Mas conclui contando o que aconteceu depois de algum tempo: “Então o Espírito Santo me falou ao coração: ‘Eu não estou questionando sobre a sua concordância ou não. Estou tratando da sua conformação à Imagem de Cristo’”.

Exatamente 8 meses depois, numa tarde, Donna se dirigiu ao seu marido e anunciou: “Eu sou católica!”. Depois disso, Alex Jones concluiu: “Este é definitivamente um trabalho do Santo Espírito! Quando me foi revelado que esta era a sua Igreja, não foi difícil tomar a minha decisão, embora soubesse que isso me custaria tudo”.

Para formalizar a sua conversão, a Congregação Maranatha vêm se comunicando com a Arquidiocese de Detroit há mais de um ano. A Arquidiocese está procedendo com cautela, pois há muito a ser estudado, como a situação dos casados pela segunda vez e as posições que serão adequadas para os ministros da Maranatha dentro da Igreja Católica. Por enquanto, há a possibilidade de o ex-pastor Alex Jones entrar para o seminário e se tornar padre ou diácono. Ex-pastores casados convertidos têm feito isso: Steve Anderson, de White Lake, era padre numa “igreja carismática episcopal” antes de se unir à Igreja Católica. Casado e pai de três jovens rapazes, ele recebeu permissão de Roma para se tornar padre e entrará no Seminário Maior do Sagrado Coração, para começar 3 anos de estudos antes de ser ordenado para a Diocese de Lansing.

O resultado da votação dos líderes da Congregação, a favor da conversão à Igreja Católica, foi motivo de festa para Linda, a sobrinha de Jones. Na ocasião, ela declarou: “Estou muito feliz! Mal posso esperar para entrar em Comunhão plena com a Igreja Católica, porque acredito realmente que ela é a Igreja que Cristo deixou aqui, e preciso ser parte dessa Igreja!”...

** Assista o testemunho completo do ex-pastor Alex Jones

** Leia mais sobre o caso de Alex Jones
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2º Domingo do Tempo Comum, ano A - "Eis o Cordeiro de Deus"


VAMOS refletir as Sagradas Escrituras, como a Igreja nos propõe para este segundo domingo do Tempo Comum do ano A: Evangelho segundo S. João, 1, 29-34.

    A leitura do Evangelho inicia-se com a frase solene dita pelo grande S. João Batista, com a qual já estamos, todos nós, católicos, bastante habituados: “Eis o Cordeiro de Deus! Eis Aquele que tira o pecado do mundo!”.

    Essa frase ocorre na Santa Missa não somente no momento em que o sacerdote eleva a Hóstia Consagrada e a profere, mas também no canto-súplica que insiste por duas vezes: “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós”, e, numa terceira vez, completa-se com "Dai-nos a Paz".

    Talvez, porém, exatamente por conhecermos tão bem esta frase, pelo uso cotidiano que fazemos dela em nossas Celebrações, é que devamos fazer uma pausa para refletir, verdadeiramente, no seu significado mais profundo. Em primeiro lugar, o que significa o título “Cordeiro de Deus (Agnus Dei)”?

    O titulo Cordeiro de Deus alude claramente ao cordeiro pascal, isto é, identifica o Sacrifício de Cristo ao do cordeiro que era imolado todos os anos pelos judeus para recordar a libertação do povo de Deus no Egito.

    O próprio Evangelho segundo S. João é todo voltado a esta temática do Cordeiro: Jesus, no cap. 19, é condenado a morte no mesmo momento em que, no Templo, os sacerdotes imolavam os cordeiros em preparação ao sacrifício pascal (cf. vs. 14). Uma outra alusão a Jesus como Cordeiro Imolado vemos também quando os soldados querem quebrar suas pernas, quando Ele morre na cruz, mas acabam por não fazê-lo. – Assim como os ossos do cordeiro pascal não podiam ser quebrados (Jo 19,36), também os do Messias. É evidente a referência a Jesus como o Cordeiro Pascal definitivo, que veio para libertar não apenas um povo da escravidão temporal, mas sim toda a humanidade da escravidão do pecado e da morte.



    O famoso teólogo luterano Joachim Jeremias (1900-1979), internacionalmente reconhecido como investigador da historicidade dos eventos descritos nos Evangelhos, escreveu um artigo para o Dicionário Bíblico-Teológico Kittel (Gerhard) sobre o assunto. Parece ter sido ele um dos primeiros a apontar que a palavra cordeiro, no aramaico, possui uma gama de significados mais ampla do que parece à primeira vista. O vocábulo Talyá pode significar, além de cordeiro, servo e, até mesmo, menino. Isso pode nos revelar que, na cena histórica em que S. João aponta para Jesus, ele talvez estivesse jogando com as palavras: “Eis o Cordeiro de Deus”, na boca de S. João, poderia significar ao mesmo tempo: “Eis o Servo de Deus”, ou: "Eis o Menino de Deus", no sentido de Filho.

    E isso nos conduz imediatamente ao quarto e último “Cântico do Servo Sofredor” do Profeta Isaías, que já foi descrito como "Evangelho segundo Isaías" (Is 52), em que o Servo Sofredor é também comparado ao Cordeiro que, mudo, é levado ao matadouro, e pelas chagas do qual somos curados, pois carregou sobre si os nossos pecados. A palavra “carregou” também traz um significado interessante, porque nos lembra da Cruz. E não podemos deixar de mencionar o Livro do Apocalipse, que chama a Jesus de Cordeiro nada menos que vinte e oito vezes em vinte e dois capítulos. Vemos quanta riqueza se encontra na leitura do Evangelho deste domingo, apenas em sua expressão inicial: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o Pecado do Mundo".

    A história da humanidade mostra que o pecado cavou um abismo entre o Criador e a criatura. A humanidade, por si só, não poderia e não pode superar esse abismo. Para realizar o que era impossível aos homens, Deus prometeu um Redentor. Jesus revelou que essa Promessa, renovada através dos séculos, não se restringia apenas a Israel, mas destinava-se à humanidade inteira. S. Paulo afirma na segunda leitura que todos são “chamados a ser santos” (1Cor 1,2). Isso só é possível porque o “Cordeiro de Deus”, ou seja, o Consagrado por excelência, “tira o pecado do mundo”. Jesus associa, assimila e integra cada ser humano à sua própria Vida como Oferta agradável ao Pai. O Deus Santo e Santificador aceita, em Jesus, a consagração da vida de cada pessoa. Dessa forma, supera a ruptura abissal entre Criador e criatura.

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Referências:
Site Padre Paulo Ricardo, artigo "Eis o Cordeiro de Deus", homilia do 2º Domingo do Tempo Comum, ano A, disponível em
http://padrepauloricardo.org/episodios/eis-o-cordeiro-de-deus
Acesso 17/1/014

Roteiro de Liturgia, Portal Dehonianos. Ano A, 
2º Domingo do Tempo Comum, disponível em:
http://www.dehonianos.org/portal/liturgia_dominical_ver.asp?liturgiaid=385
Acesso 17/1/014

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Cristão pode fazer tatuagem? As tatuagens e a Bíblia Sagrada


UMA LEITORA, – cujo nome não fomos autorizados a divulgar, enviou a seguinte pergunta para o e-mail ofielcatolico@gmail.com:

"Gostaria de saber o que a bíblia diz a respeito das tatuagens, e em qual evangelho encontro a resposta."

Reproduzimos abaixo nossa resposta, enviada à leitora, por considerarmos que possa representar também as dúvidas de outros leitores. Que seja útil.

A Bíblia Sagrada não menciona, direta ou literalmente, a questão das tatuagens, mas algumas passagens estão relacionadas ao tema. Vejamos o que a Escritura tem a dizer:

"Não fareis lacerações na vossa carne pelos mortos; nem no vosso corpo imprimireis qualquer marca. Eu sou o SENHOR." (Lv 19,28)

Pelo contexto do texto do Levítico (e também de Deuteronômio 14,1-2) vemos que as marcas no corpo tinham relação com os rituais pagãos que envolviam a necromancia (consulta aos mortos; o mesmo que hoje é chamado de 'mediunidade'). As marcas no corpo faziam parte da vinculação da pessoa à crença nos deuses e na prática dos seus rituais pagãos, e os simbolizavam.

Já o dragão, um dos temas preferidos para as "tattoos" atuais, no contexto bíblico, representa o demônio. Porém, mais importante do que saber aquilo que a Bíblia diz literalmente, é entender que não é recomendável que um cristão marque seu corpo para o resto da vida com tatuagens, pois o seu corpo é Templo do Espírito Santo, como diz São Paulo Apóstolo em sua primeira carta aos coríntios:

"Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom Preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus." (1Cor 6,19,20)

Como cristãos, devemos buscar e nos identificar com Jesus e seguir o seu exemplo, e não com os modismos do mundo: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam" (1Cor 10,23).

"Rogo-vos, pois, irmãos, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos adapteis a este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (Rm 12,1,2)


Carla Perez e a sua "tattoo radical"

Agora que todo mundo tem, a tatuagem deixou de ser a marca 
de uma personalidade forte ou um sinal de rebeldia

Hoje em dia parece que todo mundo está se tatuando, e já faz algum tempo que tatuagem deixou de ser um gesto de rebeldia ou algo que diferencia a pessoa. Pelo contrário, agora, quem quer ser igual aos outros é que corre logo a se tatuar.

Não aconselhamos ninguém a se tatuar, mas é claro que nós não devemos considerar uma pessoa tatuada como pecadora, nem julgar alguém por conta de sua(s) tatuagem(ns). Ninguém deve deixar de se aproximar de Deus por ser ou não tatuado. Deus é Pai Misericordioso.


O que mais fazer para se sentir diferente? Que tal tornar-se um fiel católico? Aí está algo realmente incomum, nos dias de hoje...


Com a palavra, o Pe. Paulo
Ricardo de Azevedo Jr.:



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Os verdadeiros católicos


Volta e meia nos perguntam a respeito de uma suposta grande perda de fiéis por parte da Igreja Católica. Essa perda existe mesmo? Devemos nos preocupar com isso? Por quê?

POUCAS SEMANAS após ser eleito Papa (abril/2005), numa de suas primeiras aparições públicas, Bento XVI ouviu de um jornalista a seguinte pergunta: “O senhor está preocupado com a perda de fiéis pela Igreja nos últimos anos?” Consta que o Sumo Pontífice encarou seu interlocutor com firmeza e respondeu calmamente: “A Igreja não perdeu nenhum fiel. Aqueles que se foram nunca foram fiéis católicos realmente. Não se pode perder o que nunca se teve. Os que deixaram a Igreja eram indecisos, curiosos ou pessoas que estavam apenas ‘cumprindo uma obrigação’ passada por seus pais ou avós. Os que vêm e vão não pertencem ao Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja na Terra. Da mesma maneira, os que são católicos mas ainda não estão na Igreja, infalivelmente chegarão ou retornarão a ela no devido tempo. A Igreja, Casa e Família de Deus, surgiu como um pequeno grupo; não importa a quantidade, e sim a qualidade dos seus filhos, como cristãos conscientes e santificados”.



A resposta causou admiração. Alguns entenderam a coerência na resposta do Papa e passaram a admirá-lo a partir dali. É bem possível também que outros tenham se escandalizado, imaginando que fora uma afirmação presunçosa. Mas os verdadeiros católicos, - exatamente aqueles a quem o Pontífice se referiu, - compreenderam bem e perceberam, naquela ocasião, que este seria um grande Papa, um líder enviado pela Providência Divina a um mundo complicado, num momento delicado. João Paulo II era respeitado pelo mundo todo, até por muçulmanos. Alguns esperavam que sua morte causaria um esmorecimento, mas as Missas presididas por Bento XVI reúnem ainda mais fiéis que as de João Paulo, segundo dados oficiais do Vaticano.

A afirmação de Bento XVI é realista. Podemos tomar um exemplo, para efeito de comparação: imagine uma pessoa que visita a sua casa. Essa pessoa pode frequentar a sua residência ou, por qualquer motivo, até morar nela por algum tempo; mas depois retoma o seu próprio caminho e se vai. Essa pessoa, por ter frequentado a sua casa, faz parte da sua família? Basta estar junto a uma família para fazer parte dela? Não.

São muitos os que frequentam a Igreja por algum tempo: “assistem” às Missas e até ajudam em algum grupo ou pastoral. Depois se indispõem com o padre ou com algum membro da comunidade e vão embora sem olhar para trás. Não era por Cristo que estavam ali. Estavam ao lado das pessoas, mas não estavam verdadeiramente unidas a essas pessoas, e muito menos a Deus. Não eram irmãos, nem amigos; eram “conhecidos”. Quando um conhecido se sente contrariado, ele se vai, porque não há ligação. Entre verdadeiros irmãos é diferente. Principalmente quando são irmãos não por laços de sangue, mas de alma. Irmãos porque comungam da mesma fé, da mesma história, porque crêem no mesmo Deus e nos mesmos valores, têm uma mesma missão e compartilham dos mesmos princípios. Caminham juntos e unidos, não para “agradar” um ao outro, nem para “aparecer” ou se sociabilizar apenas, mas porque crêem em Algo Maior, que é seu Deus e Pai. Amam esse Deus e sabem que Ele é a Fonte da Vida e de todas as Graças. Não abandonam sua casa por nada.

Se alguém caminhou junto com o Povo de Deus por um tempo, mas nunca comungou dessa União sagrada de fato, e de repente começa a frequentar outra “igreja”, e logo passa a difamar a Igreja Católica, este é um “fiel” que a Igreja “perdeu”? Não. São pessoas que nunca aprofundaram sua fé, mas ao integrar outra comunidade são rápidos em afirmar que “encontraram Jesus” por lá. Que bom seria se de fato encontrassem Jesus, porque os verdadeiros católicos já o encontraram há muito tempo.

Há um exemplo curioso num fórum de discussão evangélico da internet. Um participante autodenominado “Mehid” deixa o seguinte depoimento: “Meu vizinho dá testemunhos nas igrejas evangélicas, se dizendo ‘ex-católico’, mas eu nunca o vi na igreja católica, em celebração alguma! Vejo ‘crentes’ dizendo barbaridades usando sempre aquela afirmação: ‘quando eu era católico...’ Mas a minha tia assiste ao programa da igreja Mundial, e ela disse que muitas pessoas vão dar testemunhos e citam outras igrejas evangélicas, justificando que não se sentiam bem nelas, até entrar na Mundial, e aí tudo ficou lindo nas suas vidas. Mas agora lá é proibido citar outras igrejas evangélicas, porque as citadas começaram a reclamar. Só da católica pode falar”.

“Então, muitos dizem que saíram da Igreja Católica porque não encontraram Jesus lá, mas eles entram numa igreja evangélica e depois pulam para outra. Se entram numa igreja evangélica porque Jesus está lá, por quê saem dessa igreja e pulam para outras igrejas? Será que Jesus pula de igreja em igreja, e as pessoas vão pulando com ele? Se a errada é a católica, porque quando a pessoa ‘se converte’ fica pulando de igreja, feito macaco sem galho?”

Seria engraçado, se não fosse triste. Por isso, católicos, não nos preocupemos: se um dia formos a minoria, seremos minoria com Cristo.

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