Governadores ou prefeitos podem antecipar a data de celebração do Corpus Christi?


EM UMA PALAVRA: NÃO. Não pode. Os políticos seculares não estão investidos da necessária autoridade espiritual-religiosa para realizar uma mudança desse tipo. Mas, hoje em dia, quem se importa com isso?

O hipocondríaco imperador governador de São Paulo João Doria resolveu simplesmente alterar a data desse feriado santo e dia de guarda para todos os católicos, no que foi seguido pelo prefeito da capital, Bruno Covas, que assinou lei que antecipa os feriados de Corpus Christi e do Dia da Consciência Negra para esta quarta, 20, e quinta-feira, 21, respectivamente, e torna ponto facultativo para as repartições públicas o dia 22[1]. Também os prefeitos da região do ABC Paulista fizeram o mesmo.

João Doria durante as eleições de 2019

Não vou comentar o absurdo e fajuto "humanismo" de quem alega uma grande preocupação com a saúde da população mas permite tranquilamente que continuem ocorrendo os famigerados "bailes funk" nas periferias da maior metrópole da América do Sul, com aglomerações de proporções bíblicas, nem de medidas dignas da insanidade de um Herodes, como reduzir a quantidade de ônibus que atendem a população, aumentando (ainda mais) a lotação dos mesmos e consequentemente aumentando o risco de contágio por proximidade, ou das escalafobéticas barreiras para dificultar o tráfego que igualmente dificultam aos médicos e enfermeiros chegar aos hospitais e postos de saúde para atender os enfermos.

Não, eu vou me conter e não vou repetir a obviedade de que o governador está nitidamente muito mais preocupado com as próximas eleições e em derrubar o atual Governo do que com a saúde de quem quer que seja. Vou me ater a comentar o delírio faraônico do governador do mais importante Estado do país, que pensa que pode mudar até mesmo a data das celebrações litúrgicas da Igreja de Cristo.

Curiosamente – para usar de um eufemismo – chegam-nos notícias de muitas igrejas que não podem agora ministrar nenhum Sacramento, como atender Confissões, e nem mesmo celebrar a Missa ainda que seja com pouquíssimos participantes e observando-se todas as regras de prevenção, mas que permanecem abertas e à disposição para o recebimento dos dízimos e de ofertas.

Seja como for, chega-nos também a notícia de que o arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, em nota oficial, já declarou que a Festa de Corpus Christi será celebrada, como deve ser, no dia 11 de junho, conforme o Calendário litúrgico da Igreja Católica em todo o mundo. A comunicação do Arcebispo esclarece aos fiéis católicos que receberam em cima da hora, nesta terça-feira (19), a notícia da mudança das datas dos feriados pela Prefeitura de São Paulo.

A festa religiosa de Corpus Christi celebra o mistério da Eucaristia, o Sacramento do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo. A data é comemorada todos os anos na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, celebrada no domingo depois de Pentecostes. Segundo, portanto, a assessoria de Dom Odilo, veiculada pela agência ACI Digital, a Solenidade não terá a sua data alterada: a única  mudança (por ser inevitável para a Igreja) será a ausência do feriado no dia certo.

“A Câmara Municipal não entrou em contato com representantes da Igreja Católica em São Paulo antes da aprovação dessa mudança de data”, afirma a nota do Arcebispo.



Diga-se apenas de passagem que –, também "curiosamente" –, São Paulo, o Estado em que mais radicalmente se aderiu à ideia de trancafiar os cidadãos em suas casas como o suposto meio mais eficaz de evitar o contágio, foi o mais afetado de todo o Brasil pela pandemia. Em Estados como Santa Catarina, por exemplo, em que o confinamento foi realizado de modo muito mais brando e apenas por um curto período, a proliferação do vírus foi muitíssimo menor e mais lenta: a simples e bruta realidade dos fatos faz cair por terra o argumento do imperador governador de São Paulo, de que ele estaria apenas seguindo à risca aquilo que dizem "as evidências e a ciência" (sendo que os cientistas, desde sempre, estiveram divididos quanto ao uso do isolamento social dito 'vertical').

As Missas com a presença do público estão suspensas na Arquidiocese de São Paulo e, segundo informa sua assessoria de imprensa, ainda não há data prevista para a retomada das celebrações com os fiéis, mesmo tomando-se todas as medidas de prevenção necessárias. Praticamente nenhum bispo ou presbítero pronunciou-se no sentido de solicitar às autoridades o retorno das celebrações.



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A medida foi publicada no Diário Oficial do Município nesta manhã. A intenção declarada, claro, seria a de aumentar ainda mais o isolamento social contra o coronavírus por meio de um super-"feriadão" nesta semana. Acesse aqui para ler a íntegra do decreto.
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