Quem foi Chico Xavier?

Santo? Insano? Farsante? Amplie seus conhecimentos sobre o assunto


EM 2010 OS ESPÍRITAS de todo o país comemoraram, com amplo apoio da mídia televisiva e impressa, os 100 anos do nascimento deste que consideram o maior "médium" brasileiro. Em 2012, um programa de TV o elegeu, por meio da votação popular, "o maior brasileiro de todos os tempos". Podemos sem dúvida considerar o Sr. Francisco Cândido Xavier (1910-2002), mais conhecido como "Chico Xavier", uma das personalidades mais populares e também mais polêmicas da história recente do Brasil. E como a nossa mídia (incluindo grandes emissoras de TV, redações dos grandes jornais e revistas e o meio artístico em geral) está repleta de militantes do espiritismo, presenciamos frequentemente um verdadeiro festival apologético à figura de Chico Xavier. Filmes nos cinemas, peças de teatro, lançamentos de uma infinidade de livros, especiais de TV, matérias de capa nas revistas.

Mas o fato é que é muito raro a grande mídia abordar as diversas facetas desse controverso personagem: existe uma outra realidade bem diferente dessa que estamos acostumados a ver nos meios de comunicação, e que pode ser comprovada muito facilmente. A revista "O Fiel Católico" é uma publicação comprometida com a verdade. Longe de querer provocar polêmicas, e com todo o respeito aos espíritas, não poderíamos deixar de tratar desses fatos. Para falar de uma personalidade tão conhecida, o bom senso e a boa consciência nos obrigam a abordar o assunto de maneira responsável e imparcial - algo bem diferente da tremenda propaganda que temos presenciado nos meios de comunicação.

Apresentamos uma série de fatos a respeito de Chico Xavier que é desconhecida da maioria. Advertimos que todas as questões aqui colocadas são fundamentadas na pesquisa documentada, e em depoimentos que foram publicados em veículos reconhecidos.


1. Foi comprovado que Chico Xavier usou truques de mágica e pirotecnia em shows de mediunidade no começo de sua carreira

As fotos ao final deste texto retratam algumas dessas exibições. Existem muitas outras, que se encontram facilmente na internet: em salões alugados, ele se sentava em frente a uma cortina, diante da plateia. Luzes piscavam por detrás do pano, e um cheiro de éter enchia a sala. Aos poucos, vultos surgiam atrás das cortinas e Xavier, junto com outros "médiuns", diziam que eram espíritos se materializando. Fotos da famosa revista “O Cruzeiro” (1964) mostram claramente que eram pessoas vestindo lençóis brancos e com véus cobrindo a cabeça. Mesmo assim, enquanto alguns fossem assistir às apresentações por pura diversão, outros, ingênuos, pareciam acreditar na farsa.

O pesquisador Eurípedes Tahan disse que as pessoas da plateia podiam até tocar as tais alegadas "entidades" e tirar fotos(!). Nessa época, "médiuns" e mágicos costumavam viajar pelo país com seus shows. Chico dizia que usava seus "poderes" para materializar os espíritos. Ele ficava sentado e dizia se concentrar, enquanto que as “entidades” simplesmente saíam de trás do pano. Evidentemente as figuras nunca “apareciam” na frente da plateia, como deveria acontecer se fossem realmente entidades etéreas se materializando. Convenientemente, elas saiam de trás da cortina, como se vê nos shows de mágica mais rudimentares. Anos mais tarde, a farsa veio a ser definitivamente desmascarada, e Otília Diogo, uma das pessoas que se passava por “espírito” (e era apresentada por Chico como a 'Irmã Josefa') chegou a ser presa. Foi com esses shows que Chico começou a se tornar conhecido.

Um fato grave, que por si só já é mais do que suficiente para derrubar o grande mito. Incrivelmente, os defensores de Chico Xavier sempre conseguiram mantê-lo oculto do grande público.


2. O sobrinho de Chico Xavier, em entrevista ao jornal O Diário de Minas, confessou que as psicografias do tio não passavam de farsa

Amauri Pena Xavier, sobrinho de Chico, também se dizia "médium" e afirmava psicografar textos e cartas de pessoas falecidas. Aos 25 anos de idade, sondado por jornalista do referido jornal, ele declarou, textualmente: "Aquilo que tenho escrito foi criado pela minha própria imaginação". Na ocasião, ele também desmascarou o tio famoso, Chico Xavier, dizendo que as cartas "psicografadas" por ele não passavam de fraude: "Assim como tio Chico, tenho enorme facilidade para fazer versos, imitando qualquer estilo de grandes autores. Com ou sem auxílio de outro mundo, ele vai continuar escrevendo seus versos e seus livros".

Sim. O mais incrível é que, depois disso, muita gente tenha continuado a acreditar nas psicografias de Chico Xavier. Foi nessa época que ele, acuado pelas investigações, saiu de Pedro Leopoldo e foi para Uberaba, local onde o espiritismo se encontrava em expansão, onde recebeu apoio institucional.


3. Em 1971, o repórter José Hamilton Ribeiro, da revista Realidade, visitou as sessões de psicografia de Chico, e denunciou que ali aconteciam truques para impressionar os mais crédulos

Declarou o repórter: "Meu fotógrafo viu um dos assessores de Chico levantar o paletó discretamente e borrifar perfume no ar". Chico era famoso pelos aromas que pareciam surgir "do nada" em meio às sessões de "psicografia". "As pessoas pensavam que o perfume vinha dos espíritos", completou Ribeiro.


4. Em muitos livros de Chico Xavier, especialistas encontraram casos claros de plágio de obras literárias publicadas por diversos autores

Entre muitos outros, o pesquisador especializado Vitor Moura, criador do website "Obras Psicografadas", comparou trechos dos livros ditos psicografados por Chico com livros de outros autores e descobriu evidências inquestionáveis. Um dos casos mais impressionantes é o da cópia quase literal de trechos da obra "Vida de Jesus", do filósofo Ernest Renan, no livro "Há dois mil anos", que Chico afirmou ter sido psicografado pelo "espírito Emmanuel".


5. Já foi definitivamente comprovado pela pesquisa histórica que o tal Públio Lentulus, que Chico afirmava ser um procurador da Judeia do tempo de Jesus e um dos seus orientadores espirituais, nunca existiu

Hoje se sabe que, historicamente, não existiu nenhum senador de Jerusalém ou procurador da Judeia de nome “Públio Lentulus”. Além disso, os nomes, datas e detalhes que constam na obra de Chico são incompatíveis com os fatos históricos.

[Para saber detalhes, acesse:
obraspsicografadas.haaan.com]

Uma curiosidade a respeito do "guia" de Chico Xavier: em certa ocasião, em uma palestra pública, o padre Oscar Gonzalez Quevedo tentou conversar em latim com o "espírito Públio Lentulus", supostamente incorporado em Chico Xavier, mas este simplesmente fugiu das perguntas, demonstrando claramente que não compreendia o que estava sendo dito e, visivelmente perturbado, retirou-se do ambiente. Mais uma vez, apesar de tudo, muita gente continuou acreditando...


6. Apesar de muitos pensarem que Chico Xavier dizia detalhes que ele não teria como saber sobre os queridos falecidos das pessoas que o procuravam, a verdade é que ele dava um jeito de conseguir esses dados, sem nenhuma ajuda de espíritos

Waldo Vieira, médico que foi uma espécie de sócio de Chico por quase duas décadas (desde o tempo dos ‘shows de mediunidade’), declarou o seguinte: "Funcionários do centro espírita iam às filas pegar detalhes dos mortos. Ou aproveitavam as histórias relatadas por parentes nas cartas em que pediam uma audiência. O que as mensagens de Chico continham eram essas informações".

Chico ou seus assessores faziam uma entrevista com as famílias que participariam das sessões de "psicografia". O engenheiro Maurício Lopes conta que quando seu irmão de 9 anos foi morto num atropelamento, sua família procurou Chico atrás de ajuda. Ele diz: "Chico simplesmente perguntou à minha mãe detalhes da morte e nomes de parentes, e tudo isso foi citado na carta, depois". Algumas pessoas se impressionam muito com esse tipo de coisa, especialmente aquelas que querem acreditar...


7. A teoria de que Chico Xavier, supostamente um semi-analfabeto, não teria como escrever seus livros, é completamente falsa

Chico não foi longe na escola, mas era autodidata. Ele sempre estudou muito por conta própria, e lia muitíssimo. Colecionava recortes de textos e poesias, comprava livros e mais livros e até montou uma biblioteca particular (preservada até hoje em Uberaba), com obras em inglês, francês e hebraico(!). Nessa coleção (por coincidência?) estão os livros dos autores que ele dizia "receber do além” para escrever seus próprios livros, como Castro Alves, Humberto Campos e outros...


8. Apesar de o espiritismo se declarar uma ciência, o fato é que Chico Xavier sempre se recusou a permitir que cientistas estudassem seus alegados poderes. Ele dizia que seu guia não o permitia

Por que a negativa? Se as suas habilidades fossem verdadeiras, as pesquisas só poderiam demonstrar a veracidade dos fenômenos e ajudar na propagação do espiritismo.


9. Otília Diogo era uma charlatã fichada que se cobria com lençóis para se passar pelo espírito ‘Irmã Josefa’ nos ‘shows de mediunidade’ de Chico Xavier e Waldo Vieira – ela foi enquadrada e presa anos depois


10. O repórter Hamilton Ribeiro foi até Uberaba e desmascarou as mensagens ditas psicografadas de Chico, de maneira muito simples:

Ele inventou nome e endereço falsos e os entregou a Chico, passando-se por adepto do espiritismo e pedindo uma psicografia. Na edição de novembro de 1971 da célebre revista "Realidade", ele publicou a conclusão do seu experimento:

"Receita psicografada: do pedido que fiz hoje, em nome de ‘Pedro Alcântara Rodrigues, da Alameda Barão de Limeira, 1327, apto 82, São Paulo’ (dados falsos), me veio a orientação espiritual: 'Junto aos amigos espirituais que lhe prestam auxílio, buscaremos cooperar espiritualmente em seu favor. Jesus nos abençoe...’.”

Como?! Não existia ninguém com aquele nome, nem morando naquele endereço, era tudo inventado! Sim, mas os “espíritos de luz” que assistiam ao Chico Xavier disseram reconhecer os seus cooperadores invisíveis e se comprometeram a auxiliar essa pessoa de mentira nos "planos espirituais".


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Aí estão alguns dados concretos. Não se tratam de opiniões ou considerações, mas de fatos. Que cada um tire suas próprias conclusões. Encerramos o assunto com a exortação de nosso Mestre maior: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”. (Mt 11, 15) E quem tem olhos para ver...







Otília Diogo, usando uma tosca barba postiça, passava-se também por 'espírito desencarnado' do Dr. Alberto Veloso. Na imagem acima, vê-se a claríssima e ridícula farsa



Acima, fotografias publicadas na revista "O Cruzeiro" e outras, mostram o jovem Chico Xavier ao lado de “espíritos materializados” nos shows de mediunidade que ele promovia no início de sua carreira. Entre estes, o "espírito" de "Irmã Josefa", que era na realidade a charlatã Otília Diogo vestindo panos brancos (nas últimas imagens vemos o seu rosto em close, ao lado de suas fotografias fantasiada de 'espírito desencarnado'): ela foi desmascarada e presa em 1970 (publ. ‘O Cruzeiro’). Estes fatos raramente constam nas biografias oficiais, e nunca são retratados nos filmes. Chico Xavier nunca voltou a tocar neste assunto, nem foi jamais inquirido publicamente a respeito. O leitor interessado, mediante uma breve busca na internet, poderá encontrar muitas outras imagens dessas fraudes.


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** Aviso aos leitores espíritas e/ou admiradores de Chico Xavier:

O editor deste apostolado pede encarecidamente aos admiradores da figura de Chico Xavier que tomem os seguintes mínimos cuidados antes comentar este artigo:

Leia o texto antes de comentá-lo. Muitos leem apenas as primeiras linhas (quando não apenas o título) e já se apressam em postar mensagens indignadas. Na maioria dos casos, os argumentos usados por esses comentaristas já estão bem esclarecidos no próprio artigo que estão comentando.

Observe os comentários já publicados e as nossas respostas. Praticamente todos os argumentos usados em favor de Chico Xavier já foram respondidos por nós, no espaço para comentários, diversas vezes. Exemplos abaixo:

a) Não, não estamos "julgando" Chico Xavier. Já explicamos, exaustivamente, que apresentar FATOS BIOGRÁFICOS não é "julgamento" e sim esclarecimento: nesta postagem, não fizemos absolutamente nada além disso e citando as devidas fontes e referências bibliográficas, além de fotografias documentais.

b) 
Muitos já disseram que Chico Xavier nunca usou da sua fama para ganhar dinheiro, que ele foi um exemplo de humildade e que vivia o que pregava. Respondemos, simplesmente, que nada disso serve como atestado de veracidade da doutrina que ele pregava. O fato de alguém ser desapegado dos bens materiais, ser humilde e praticar o que prega não é garantia de que aquilo que ele prega seja verdadeiro. Nossa preocupação e nossa fidelidade neste artigo é para com a verdade. Ainda que Chico Xavier tenha sido realmente uma pessoa humilde e modesta, tudo indica que ele também gostava de ser admirado, cercado de atenção e idolatrado – algo que ele conseguiu, e como! O que ele deixou de receber em dinheiro, sem dúvida nenhuma recebeu em atenção, carinho, admiração e uma verdadeira idolatria, que perdura até hoje. Nem sempre a motivação de um charlatão é o dinheiro.

c) Muitos já alegaram que  estamos "falando do que não conhecemos" ou que o artigo não tem valor porque foi escrito por alguém que não conheceu Chico Xavier pessoalmente. De fato, os autores do artigo não conheceram Chico Xavier pessoalmente, o que não tem a menor importância neste caso: ninguém, por exemplo, precisa ter conhecido Adolf Hitler pessoalmente para saber que foi um déspota cruel e sanguinário. Não estamos comparando Xavier a Hitler, mas o exemplo radical serve para fazer entender o óbvio: o absurdo de supor que seria necessário conhecer pessoalmente uma pessoa pública para formar juízo de valor. Além disso, o autor principal do texto, Henrique Sebastião, é pesquisador da ciência das religiões há mais de duas décadas e estudou todas as obras espíritas basilares, frequentou centros espíritas, participou de cursos na Federação Espírita Brasileira e até se submeteu a supostos "tratamentos espirituais". O argumento de desconhecimento de causa fica, portanto, descartado.

d) 99% dos comentaristas indignados com os fatos apresentados nesta postagem limitam-se a atacar a Igreja Católica, mas não comentam nenhuma das verdades aqui apresentadas. POR FAVOR, NOTEM QUE O ASSUNTO EM DISCUSSÃO AQUI É CHICO XAVIER. Se você não é capaz de refutar o que estamos demonstrando e comprovando neste artigo, não tente desviar o assunto apontando problemas da Igreja ou fazendo acusações contra os católicos, porque são questões diferentes, e nós já abrimos espaço para essas outras discussões neste website (já tratamos dos assuntos inquisição, cruzadas, pedofilia na Igreja, entre outros). COMPREENDA QUE APONTAR ERROS OU PROBLEMAS NA MINHA RELIGIÃO NÃO É ARGUMENTAR: É FUGIR DO ASSUNTO MUDANDO O FOCO DA DISCUSSÃO.

** Esclarecemos, por fim, que não voltaremos a publicar comentários que se enquadrem na categorias descritas acima, pela simples razão de que não há sentido em nos colocarmos aqui a repetir, intermitentemente, os mesmos argumentos e contra-argumentos, ad nauseam.

Se você chegou até este ponto da leitura, somos gratos pela atenção. A Paz e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo sejam sobre a sua vida.

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Fontes e ref. bibliográfica:

• FRIDERICHS, Edvino Augusto. Os Méritos da Parapsicologia no Campo Religioso. São Paulo: Loyola, 1993.

• QUEVEDO, Oscar González. Os Mortos Interferem no Mundo? - tratado 5º vol. São Paulo: Loyola, 1992, pp. 32-35.


• KOLPPENBURG, Boaventura. Espiritismo, orientação para os católicos, 8ª ed. São Paulo: Loyola, 2005.

• REVISTA SUPERINTERESSANTE. São Paulo: Editora Abril, ed. 277, pp. 50-60, abril 2010.


• OBRAS PSICOGRAFADAS. Disponível em:

http://obraspsicografadas.haaan.com/2011/materializaes-de-uberaba-otlia-a-mulher-barbada-fotos-inditas/
acesso em 04 abril 2010
ofielcatolico.blogspot.com

Réplicas da Arca da Antiga Aliança e outras insanidades


A NOVA "MODA" das novas comunidades ditas "evangélicas" é a produção de réplicas da Arca da antiga Aliança (descrita no Antigo Testamento da Bíblia). Tais arcas são expostas durante os cultos e literalmente adoradas pelos pastores e pela assembleia reunida.

Espanta ver o povo que tanto calunia os católicos, chamando-os de "idólatras" por conta do uso das imagens, agir dessa maneira. Parece que, na mentalidade de tais "pastores", a reprodução de imagens dos personagens do Novo Testamento, conforme a Tradição cristã legítima, é proibida e pecaminosa; mas a reprodução das imagens do Antigo Testamento, que já passou e foi consumado, é permitida. Suprema contradição, já que a partir de Jesus Cristo foram renovadas todas as coisas, e estabelecida a Nova e Eterna Aliança entre Deus e os homens: "Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que tudo se fez novo." (2Cor 5, 17).

E mais uma vez constatamos que os autodenominados "evangélicos", na verdade, nada entendem da Bíblia Sagrada: se as próprias Escrituras proclamam a renovação de todas as coisas, porque renegar os símbolos da Nova e Eterna Aliança e usar os símbolos da Antiga Aliança, das coisas que já passaram e não tem mais nenhum sentido sagrado, como é o caso da Arca?

Mais do que isso, na Sagrada Escritura, ainda no Antigo Testamento, o próprio Deus decreta o fim do culto à antiga Arca. Vejamos (atenção ao destaque):

"Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o SENHOR; pois eu vos desposei; e vos tomarei, a um de uma cidade, e a dois de uma família; e vos levarei a Sião. E dar-vos-ei pastores segundo o Meu Coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência. E sucederá que, quando vos multiplicardes e frutificardes na terra, naqueles dias, diz o SENHOR, nunca mais se dirá: 'A Arca da Aliança do SENHOR', nem ela lhes virá mais ao coração; nem dela se lembrarão, nem a visitarão nem se fará outra." (Jeremias 3, 14-17)

Não somos judeus, somos cristãos resgatados pelo Sangue do Cristo Jesus, o Cordeiro de Deus, que nos livra dos nossos pecados! Temos visto o Evangelho sendo deturpado, profanado e distorcido por falsos profetas que chamam a si mesmos de "pastores" e até de "apóstolos"! Esses verdadeiros lobos em pele de cordeiro são incansáveis na criação de todo tipo de heresia e falso misticismo, que vendem como "cristianismo bíblico". Estão cegos, insanos, alienados, e pior: guiam outros cegos.

Deixamos aqui um alerta a todo o povo católico: já passou da hora de desmistificar uma certa ideia de que "evangélico" entende de Bíblia, e católico não. O que os "evangélicos" conhecem bem é a interpretação que seus "pastores" fazem da Bíblia. – E normalmente é uma interpretação completamente literal, deturpada e equivocada. Talvez muitos católicos não tenham o hábito de ler e memorizar versículos bíblicos, mas instintivamente praticam a Palavra de Deus em suas vidas, de modo muito mais coerente e sensato, pois são conduzidos diretamente pela Igreja que Jesus Cristo deixou neste mundo.

Publicamos abaixo uma série de exemplos do que vêm praticando muitos dos líderes chamados "evangélicos" que verdadeiramente invadiram o nosso país nas últimas décadas, e cujas seitas continuam proliferando descontroladamente nos nossos tempos. Seu descaramento parece não ter limites! As imagens e comentários ácidos a seguir não têm a intenção de promover o desrespeito aos pobres coitados que caem nessas verdadeiras arapucas, e sim quer abrir os olhos da população para a verdade evidente: os falsos profetas vêm usando a Sagrada Escritura e o Nome do Cristo para a obtenção de lucro material, e o fazem indiscriminadamente. Pior: estão obtendo grande sucesso! Se, ao se deparar com os vendilhões do Templo, Jesus inflamou-se de ira santa a tal ponto de os expulsar abaixo de chibatadas, imaginemos como deve se sentir agravado hoje, diante destes que transformam a Casa de Deus em casa de comércio da mais baixa espécie.


Algumas barbaridades "evangélicas":






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"Ainda bem que eu não sou católico idólatra..."


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Enquanto isso, na "igreja" abaixo, a ameaça para os "ermão" que não estiverem dispostos a desembolsar uma parte do seu salário para a barganha com Deus fica bem na parte frontal do interior do "templo": "Contribua de acordo com a 'tua' renda, senão"...



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Abaixo, uma cena que já se tornou antológica: a "profetiza" Ana Paula Valadão recebendo a "unção do leão"...



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Já esse trecho da "bíblia de estudo" do "pastor" Malafaia (vulgo 'malacheia') é impagável (e eu que pensava que Jesus havia dito 'Bem-aventurados os pobres'...):


"Bíblia de estudo 'Batalha Espiritual e Vitória Financeira'"


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Campanha da Rosa Consagrada – as pessoas recebem uma "rosa ungida" no culto e levam para casa. Muitas liquidificam essa rosa com suco ou leite, e tomam a mistura para atrair bençãos... Repito: são essas pessoas que rotulam os católicos como "idólatras"...



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As campanhas de "desencapetamento" já se tornaram famosas:



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Campanha do "lenço ungido" na assembleia universal(!?):



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Abaixo, anúncio da "Capela Luterana" (agora deram para plagiar também as protestantes históricas) na Campanha "Volta do Amor". – Qualquer semelhança com as práticas dos terreiros de umbanda não é mera coincidência: ambas propõem barganha com a Divindade.



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Você conhece a "carteira de 'pastor evangélico'"? Mãos na cabeça, coisa ruim! Aqui é a "autoridade evangélica"!



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Falei que tem "evangélico" achando que é judeu? Tem até curso para tocar shofar!




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Já viu "explosão de milagres"? Corre lá nessa "igreja evangélica"! E dieta para quê? "O homem de deus 'hora' e a pessoa fica magra na hora!":



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E a "Expo-Cristã", que sucesso! O folheto de propaganda mais parece um catálogo de bizarrices: tem desde réplica da Arca perdida até "chave do reino do céu"... Como será que eles "ajudam a salvar vidas" com isso? Com terapia do riso?



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Uma dúvida: "fechamento do corpo" não é uma expressão típica da umbanda, quimbanda e candomblé?



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"Fechando as portas do Inferno"... ou escancarando? E não esqueça de comprar também o seu sabonetinho "contra o atraso de vida"!



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E vê se não brinca com o "homem dos mistérios de deus"... Ele é muito poderoso, a julgar pelas façanhas descritas no panfleto abaixo:



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Isso sim é estratégia de marketing: veja como este comércio, quer dizer, empresa, isto é, "igreja" da rede universal está bem localizada (assim fica bem fácil sacar o dinheirinho do salário e deixar a parte do "bispo", de um lado ou de outro):



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Agora entendo o porquê do crescimento "evangélico" no Brasil: tem missionário até com visão de raio X! O Superman que se cuide...



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Abaixo, o "óleo sagrado da unção" vendido na campanha da "igreja" quadrangular. Bençãos a preço de liquidação! corra antes que acabe:



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Ele é "pastor" e "profeta", mas pode chamar de "ex-tudo":



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Já o "pastor" anunciado abaixo morreu com uma facada, mas continua desviando, quer dizer, pregando a palavra... Qual palavra não sabemos, mas dizem que ele continua por aí, mesmo depois de morto:



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Alguns singelos pedidos de oração na igreja do Silas Malafaia (AVIÃO EXECUTIVO!?):



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Problemas? "Profetiza Doralice" resolve qualquer coisa! Ela até "revela" peças de roupa. Como assim? Não me pergunte...



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Sabonete de arruda também é moda nas "igrejas evangélicas". Para quê serve? Para a sessão de descarrego, oras! Onde está escrito na Bíblia que arruda "descarrega", afasta "mau-olhado" ou coisa parecida? Deixa pra lá! O importante é lembrar sempre que todo católico é idólatra!




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Mas, pensando bem, melhor que comprar o sabonete é adquirir logo o "sangue do cordeiro", que já vem numa prática embalagem e ainda está em oferta. Brincadeiras à parte, aqui temos um exemplo do supremo desrespeito praticado contra o Sacrifício de Nosso Senhor pela nossa salvação:



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Já o segredo da prosperidade você só encontra na "igreja" neopentecostal mais próxima! Deixe seu pedido e não esqueça de especificar o valor que vai pagar, antecipadamente, pela graça. Afinal, se Jesus é o Caminho, eles são o pedágio!



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E para combater o mal em sua vida, chame logo a "Tropa de Elite de Deus". Demônios expulsos sob o fogo de metralhadoras:



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Agora, na época do calor e das chuvas, você pode pedir também a "unção contra a dengue", e ainda ganha de brinde o "cálice com o óleo santo":



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Se você teve estômago suficiente para chegar até aqui, assista também o vídeo que mostra a chegada da "arca da aliança" a uma das maiores "igrejas" evangélicas do Brasil, em MG (e o Indiana Jones, coitado, procurando lá no Oriente Médio...). Destaque especial para os bonitinhos fantasiados de israelitas, brincando de ser povo da antiga Aliança:



+ + +

O ridículo das situações expostas acima pode levar às gargalhadas, mas não podemos nos esquecer, também, que brincar com as coisas santas, como fazem estes que não podemos chamar de "irmãos", é uma grave ofensa Àquele que, sendo Deus, se fez homem e caminhou entre nós, entregando-se à morte de cruz, por Amor, pela nossa salvação. Aos amigos e leitores deste blog, pedimos desculpas por tão terrível festival de blasfêmias e atrocidades. Nossa intenção é alertar e expor o ridículo daqueles que nos atacam. Rezemos para que milhões de pessoas ingênuas e incultas, hoje iludidas, possam libertar-se destes verdadeiros servidores de satanás e mercadores do sagrado. Juntemos nossas orações à voz eterna do Senhor: "Pai, perdoai-os; eles não sabem o que fazem".


Divino Senhor Jesus Cristo, cuja infinita misericórdia para com os seres humanos é correspondida com o esquecimento, a indiferença, o desprezo, ofensas e blasfêmias; eis-nos prostrados diante de Vós, para vos desagravarmos das execráveis injúrias com que é alvejado, de toda parte, vosso Sacratíssimo Coração.

Reconhecendo que também nós cometemos indignidades, como assistir a tantas atrocidades e nada fazer para tentar impedi-las, nem denunciá-las, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar as nossas próprias culpas e também as daqueles que pecam por ingenuidade ou ignorância, e comprometemo-nos a emendar-nos de nossos erros e nunca mais tornarmos a incorrer nos mesmos pecados.

De todos os crimes deploráveis, Senhor, queremos hoje desagravar-vos, mais particularmente, pelos crimes hediondos daqueles que corrompem as almas em vosso Santo Nome, dos que usam da vossa Palavra em proveito próprio, desviando vossos buscadores despreparados, e pelas abomináveis blasfêmias contra vós, contra a Virgem Maria e contra vossos santos, pelos insultos ao vosso Sacrifício salvador, e também ao vosso Vigário e ao vosso clero, assim como pelo desprezo e pelas horríveis profanações do Sacramento do Divino Amor e suas expressões.

Recebei, oh Sagrado Coração de Jesus, pelas mãos de Maria Santíssima, a espontânea homenagem deste nosso singelíssimo desagravo.

Concedei-nos a perseverança no fiel cumprimento dos nossos deveres cristãos, até à morte, para que possamos chegar à Pátria Eterna, onde Vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais pelos séculos dos séculos. É em vosso Santo Nome que imploramos, Jesus, Senhor nosso. Amém.

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A Pedra sobre a qual se fundamenta a Igreja neste mundo

Cristo entrega as Chaves a Pedro, por Guido Reni (1575-1642): Jesus concedeu a Autoridade sobre a Igreja a S. Pedro

O ESTUDO ABAIXO é bem fundamentado e bastante esclarecedor, leitura recomendada para os que procuram instrução segura a respeito de um tema fundamental. Por tratar-se de uma discussão recorrente, torna-se ainda mais importante conhecer a verdade dos fatos. O artigo abaixo foi adaptado do original "Quem é a Pedra: Jesus ou Pedro?" de Karl Keating, traduzido por Carlos Martins Nabeto e publicado no site do apostoldo Veritatis Splendor.


O argumento a seguir representa uma das alegações usuais dos chamados "evangélicos", quando tentam argumentar que a “Pedra” citada por Jesus no Evangelho segundo S. Mateus (16,18) não seria o Apóstolo Pedro, mas sim o próprio Jesus, uma vez que as Sagradas Escrituras, em outras passagens, identificam o Cristo como “Rocha” e “Pedra Angular”.

Teologicamente, esta é, para dizer o mínimo, uma argumentação infantil. De fato existem passagens bíblicas em que os termos “pedra” e “rocha” se referem a Jesus. Mas é mais do que claro, - é óbvio, - que isso não significa que todas as vezes em que a Bíblia usa essas palavras está se referindo exclusivamente a Jesus. São inúmeros os exemplos e citações bíblicas que poderíamos usar para demonstrar o que estamos afirmando: o próprio Cristo proclamou-se “Luz do Mundo” em Jo 8,12. Mas Ele também disse aos Apóstolos que eles deveriam ser “Luz do Mundo” , como vemos em Mt 5,13. Vemos, então, que nem todas as vezes que a Bíblia fala em "luz" está se referindo exclusivamente a Jesus.

Da mesma maneira, é óbvio que nem todas as vezes que a Escritura fala em "pedra" está se referindo a Jesus. Além da passagem de Mateus, temos Isaías 51,1-2: nesta passagem, a pedra é Abraão. E também em 1 Pedro 2, 4-5, as Escrituras falam das "pedras vivas", que, neste caso, são o próprio Jesus juntamente com os cristãos fiéis.

É mais do que evidente que Jesus ser chamado "Pedra Angular" é uma coisa, e o fato de o discípulo Simão Barjonas ter sido feito, pelo próprio Jesus, a Pedra sobre a qual edificaria a sua Igreja, é outra coisa, totalmente diferente. Tanto isso é claro que até o nome do Apóstolo foi mudado para Pedra (Pedro).

Mais do que isso, o fato de Jesus aplicar a Simão Filho de Jonas um título que a Bíblia aplica também a Jesus, demonstra a intenção do Senhor em fazer de Simão um representante seu na Terra, assim como acontecera antes com Abraão. Também este teve seu nome mudado (antes era Abrão) quando foi escolhido para conduzir o povo de Deus na Terra, e também este foi comparado a uma pedra ou rocha, exatamente como Pedro. E Jesus Cristo ainda confirmou explicitamente sua intenção ao entregar a autoridade a Pedro, quando lhe dá as Chaves do Reino, que lhe permitiriam ligar ou desligar na Terra o que seria ligado ou desligado no Céu!

E além de tudo isso, convenhamos: se Jesus estivesse naquele momento falando de si mesmo, simplesmente diria "Eu sou a Pedra", assim como disse "Eu sou a Luz do Mundo", "Eu sou o Pão da Vida", "Eu sou a Ressurreição e a Vida" ou "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida", por exemplo.

O Senhor Jesus Cristo, sem dúvida alguma, elevou Pedro como um "pai" para a família dos cristãos (Is 22,21), para guiar o seu rebanho. E o "Príncipe dos Apóstolos" é mais uma vez confirmado como o pastor terreno das ovelhas de Cristo logo após a Ressurreição do Senhor: em João 21, 15-17, por três vezes Jesus pergunta a Pedro se ele o amava, e por três vezes Pedro reafirma seu amor e comprometimento. E então o Salvador, à véspera de deixar os seus discípulos, confia a Pedro a guarda do seu rebanho, isto é, da Igreja, e é importante entender que, naquele momento, confiava-lhe o cuidado de toda a cristandade, fazendo questão de entregar a ele a guarda dos "cordeiros" e também das "ovelhas. “Apascenta os meus cordeiros”, repete o Senhor por duas vezes; e à terceira, diz: “Apascenta as minhas ovelhas”. “Apascentar” significa cuidar, conduzir, guiar, assumir a responsabilidade pelo rebanho; neste caso, é receber do Divino Proprietário a autoridade sobre o seu povo. Apascentar os cordeiros e as ovelhas é, portanto, governar com autoridade a Igreja de Cristo; é ser o condutor: é ter o Primado.

Como se não bastasse, além de tudo isso, o contexto do Novo Testamento demonstra que Pedro tinha a palavra final nos assuntos da Igreja primitiva, em diversas passagens:

# É Pedro quem propõe a eleição de um discípulo para ocupar o lugar de Judas e completar o Colégio dos Doze (At. 1, 15-22);

# É Pedro o primeiro que prega o Evangelho aos judeus no dia de Pentecostes (At. 2, 14; 3, 16);

# É Pedro que, inspirado por Deus, recebe na Igreja os primeiros gentios (At. 10, 1);

# Pedro realiza visitas pastorais às igrejas (At. 9, 32);

# No Concílio de Jerusalém, temos a prova definitiva: é Pedro quem põe um fim à longa discussão que ali se travava, decidindo ele que não se deveria impor a circuncisão aos pagãos convertidos, e ninguém ousou opor-se à sua decisão (At. 15, 7-12).

E esta autoridade de Pedro, assim como a de todos os Apóstolos, era e continua sendo transmitida de um homem para outro, sendo eleitos os novos sucessores pelo próprio Colegiado dos Apóstolos, através dos tempos. No caso de Pedro, as Chaves do Reino dos Céus, entregues por Jesus Cristo, vêm sendo transmitidas, nesses dois mil anos de história, através do papado. Dizer que a autoridade de Pedro morreu com ele seria o mesmo que renegar a Promessa do próprio Senhor Jesus Cristo: "Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém" (Mt 28,20).

Se o Senhor prometeu que continuaria com a sua Igreja até o fim do mundo, também a autoridade que ele concedeu à sua Igreja permanece, até o fim dos tempos. Esta é a doutrina católica. Esta é a Palavra de Deus, segundo as Sagradas Escrituras. Esta é a Tradição Cristã, de dois mil anos de história. Quem pregar o contrário, seja considerado anátema. Porque, "de fato, não existem 'dois evangelhos': existem apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós, e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas ainda que alguém, nós ou um anjo baixado do céu, vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que seja anátema" (Gálatas 1, 6-8). Graças a Deus.

Como os fatos que apresentamos até aqui, quando analisados de perto são inquestionáveis, numa tentativa desesperada de negar a realidade do Primado de Pedro alguns outros chegaram a criar uma outra interpretação (já bastante manjada), que podemos encontrar em diversos websites e redes sociais da internet:

** Argumento "evangélico": "Sim, a Pedra era Pedro, mas em grego a palavra para pedra grande é 'petra', que significa uma rocha grande e maciça. A palavra usada como nome para Simão é 'petros', que significa uma pedra pequena, uma pedrinha."

De fato, o argumento é tão fraco e desprovido de sentido que, nesse sentido, chega a dificultar a resposta: de tão absurdo, o difícil é saber por onde começar a desmantelá-lo. Principalmente, vemos o quanto são desunidas as denominações "evangélicas", e notamos como o único objetivo que elas têm realmente em comum é negar o catolicismo e a legítima Igreja de Cristo: se o Evangelho de Mateus não está se referindo a Pedro, mas ao próprio Jesus Cristo, então está chamando o Senhor de "pedrinha"!?

Em outras palavras, uma "igreja evangélica" acaba ridicularizando a teoria da outra, na tentativa de negar o catolicismo. Se houvesse mesmo essa alegada diferença nas expressões em grego (que não existe, como veremos), isto só serviria como uma comprovação a mais de que Jesus não estava se referindo a si mesmo nessa frase.

Porém, como sabem os conhecedores do grego antigo (não precisa ser católico), as palavras petros e petra eram sinônimos no grego do primeiro século. Essa diferença de significado pode ter existido séculos antes de Cristo, mas essa distinção já havia desaparecido no tempo em que o Evangelho de Mateus foi traduzido para o grego. Como podemos ter absoluta certeza disso? Simples: a diferença de significados existe apenas no grego ático, e o Novo Testamento foi escrito em grego koiné, um dialeto bastante diferente. No grego koiné, tanto petros quanto petra significam "pedra" ou “rocha”. Se Jesus quisesse chamar Simão de “pedrinha”, teria usado o termo lithos. É uma questão tão simples que até estudiosos reconhecidos das igrejas protestantes históricas o reconhecem: podemos citar, por exemplo, a respeitável obra de D. A. Carson e Frank E. Gaebelein, "The Expositors Bible Commentary".




*** Ignorando a explicação, insiste o "evangélico": "Os católicos pensam que Jesus comparava Pedro à rocha. Na verdade, é o contrário. Ele os contrastava: de um lado, a rocha sobre a qual a Igreja seria construída, o próprio Jesus ('Petra'). De outro, esta mera pedrinha ('Petros'). Jesus queria dizer que ele mesmo seria o fundamento da Igreja, e que Simão não estava nem de longe qualificado para tanto"...

A criatividade do homem não tem limites, e é impressionante perceber até onde chega a sua má vontade: os "evangélicos" adoram interpretar a Bíblia literalmente, em tudo que não faz sentido, como no caso da proibição às imagens, por exemplo (que já estudamos aqui e aqui), e em diversos outros casos. Mas quando é para negar o óbvio, o evidente, o explícito, aí eles vão procurar interpretações desnecessariamente complicadas a partir do texto em grego.

Com certeza é importante estudar os textos sagrados no original. E, por isso mesmo, não podemos nos esquecer que a origem dos Evangelhos não está na língua grega. As narrativas que possuímos hoje foram traduzidas do aramaico, já que esta era a língua falada por Jesus, pelos Apóstolos e por todos os judeus da Palestina. Era essa a língua corrente da região, e sabemos com certeza que Jesus falava aramaico, também, devido a algumas de suas palavras que foram preservadas nos próprios Evangelhos, traduzidas para o grego, como em Mt 27, 46, onde Ele diz, na cruz: Eli, Eli, Lama Sabachtani. Isto é aramaico, e significa, “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”.

Os livros do NT de que dispomos hoje estão escritos em grego porque não visavam apenas os cristãos da Palestina, mas também os de outros lugares, como Roma, Alexandria e Antioquia, onde o aramaico não era falado, e é por isso que também os Evangelhos foram traduzidos. Muito importante: nas epístolas gregas de Paulo (por quatro vezes em Gálatas e outras quatro em 1Coríntios), preservou-se a forma aramaica do novo nome de Simão. Em nossas Bíblias, aparece como Cefas. Isto não é grego, mas sim uma transliteração do aramaico Kepha (traduzido por Kephas na forma helenística).

Então, sabemos o nome que Cristo realmente deu a Simão, na língua em que eles falavam. Seu nome era Simão, mas Deus lhe conferiu um novo nome, como fizera antes com Jacó e com Abrão, ao entregar-lhes suas missões fundamentais na História da Salvação. Foi assim que o Senhor fez com Simão, mudando seu nome, por ter sido ele o primeiro a confessar que Jesus era o Cristo: Jesus Cristo chamou-o Kepha. E o que significa Kepha, em aramaico? Significa rocha, uma pedra grande e maciça: é este o mesmo sentido de petra, em grego.

Já a palavra aramaica para uma pequena pedra é evna. O que Jesus realmente disse a Simão, numa tradução mais literal, em Mt 16, 18 foi: “A partir de agora tu és Rocha e sobre esta Rocha construirei a minha Igreja”. - O que, mais uma vez, é óbvio; afinal, como construir a Igreja sobre uma pedrinha?

Quando se conhece o que Jesus disse em aramaico, percebe-se que ele comparava Simão à uma rocha; não estava comparando a si mesmo com o Apóstolo, de modo algum; isso seria absurdo. Podemos ver esta realidade, vividamente, em algumas versões modernas e mais apuradas da Bíblia em língua inglesa, nas quais este versículo é talvez melhor traduzido: "You are Rock, and upon this rock I will build my Church". - Já em francês, sempre se usou apenas o termo pierre, tanto para o novo nome de Simão quanto para rocha.

O fato simples e concreto é que não é preciso se perder em estudos linguísticos complexos nem em traduções de línguas orientais antigas para entender a questão. Além de toda evidência gramatical, a própria estrutura da narração de Mt 16 15-19 não permite uma diminuição do papel de Pedro na Igreja, de modo algum. Basta observar a forma na qual se estruturou o texto. Haveria algum sentido em Jesus dizer uma frase mais ou menos parecida com esta: “Bendito és tu, Simão, pois não foi a carne nem o sangue que te revelaram este Mistério, mas meu Pai, que está nos Céus. Por isto eu te digo: és uma pedrinha insignificante, sem valor, e sobre a Rocha, que sou eu mesmo, edificarei a minha Igreja... Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligares na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligares na Terra será desligado no Céu”!?..

Uma "tradução" deste tipo tornaria-se cômica, não é mesmo? Somente um indivíduo dotado de muita, mas muita má vontade para aceitar uma insanidade dessas. A verdade, que está na Escritura para quem quiser ver, é que Jesus abençoa Pedro triplamente, inclusive com o dom das Chaves do Reino. O Senhor coloca Pedro como uma espécie de comandante ou primeiro ministro abaixo do Rei dos reis, dando-lhe as chaves do Reino. Assim como em Isaías 22, 22, época em que os reis apontavam um comandante para os servir, em posição de grande autoridade para governar sobre os habitantes do reino. Jesus cita quase que verbalmente esta passagem de Isaías, o que torna claríssimo aquilo que Ele tinha em mente.

**** Numa útlima tentativa de argumentar, diz o "evangélico": "Então, se 'kepha' significa o mesmo que 'petra', porque a versão grega não traz 'Tu és Petra'? Por quê, para o novo nome de Simão, Mateus usa o grego 'Petros'?"

A resposta é simples: o tradutor de Mateus teve que fazer isso, simplesmente porque não teve escolha. Grego e aramaico possuem diferentes estruturas gramaticais: em aramaico, pode-se usar somente kepha na passagem de Mt 16, 18. Em grego, encontramos um problema: nesta língua, os substantivos possuem terminações diferentes para cada gênero. Em grego, existem substantivos femininos, masculinos e neutros. A palavra grega petra é feminina. Pode-se usá-la na segunda parte do texto, sem problemas. Mas não se pode usá-la para traduzir o novo nome de Simão, somente porque ele é homem, e não uma mulher. Ao traduzir para o grego, não seria possível usar um nome feminino para um homem. Foi preciso "masculinizar" a terminação do nome. Fazendo-o, surgiu o termo Petros, da mesma maneira que no português não dizemos "Apóstolo Pedra", já que o substantivo pedra é feminino. Também em português foi preciso criar o masculino de pedra, que deu em "Pedro".

Observação: no português, "pedra" pode ser usado tanto para uma estrutura gigantesca como a Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, quanto para uma pequena pedra que atiramos no rio para formar ondas. Por certo, na tradução do aramaico para o grego perdeu-se parte do jogo de palavras usado pelo Senhor, assim como na tradução para o português.
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Só em nome da Igreja Católica cometeram-se crimes ao longo da História?

Jovem crucificado pelo 'Estado Islâmico' pelo crime de ser cristão

UMA DAS MAIORES evidências de que nós, católicos, dispomos, de que é a Igreja Católica a verdadeira Igreja de Cristo, é o fato de ser ela, sempre, a vítima predileta dos caluniadores – sejam protestantes, ateus militantes, espíritas, gnósticos, marxistas, pseudointelectuais, etc.

Segundo a lógica de muitos "entendidos" que gravam e postam vídeos no Youtube, por exemplo, somente na história da Igreja Católica é que ocorreram abusos em nome da fé.

Enquanto hoje, agora, crianças estão sendo crucificadas vivas diante de seus pais, apenas por serem cristãos, os patéticos justiceiros da internet continuam atacando furiosamente a Igreja por conta de problemas ocorridos há muitos séculos... Apenas e tão somente a Igreja Católica.

Sobre o assunto favorito desses pobres ignorantes – a Inquisição – já falamos detalhadamente neste estudo específico. Mas será que, ao longo da História, somente católicos cometeram abusos em nome da fé? Será que a maldade humana só pôde se expressar em nome de Deus a partir da Igreja Católica? Por absurdo que seja, não são poucos os que pensam assim.

Este estudo se propõe a demonstrar que a realidade dos fatos é muito diferente. A seguir, apresentamos uma pequena relação de fatos históricos envolvendo crimes de perseguição, morte e violência em nome da fé nas principais religiões do mundo. Longe de buscar a própria justificação apontando pecados alheios, nosso objetivo é demonstrar que o pecado está no homem, e que neste mundo a maldade humana é capaz de se expressar por praticamente quaisquer meios, sejam instituições, grupos e/ou movimentos (religiosos ou não), por mais bem intencionados que sejam. Senão, vejamos...

• O judaísmo, raiz de praticamente todas as religiões ocidentais, em suas origens foi uma religião de práticas que hoje seriam consideradas hediondas. Desde homossexualidade e adultério até a mera desobediência aos pais era punida com a pena de morte, e o sistema de execução passava longe do que chamaríamos "humano": o apedrejamento até a morte. Sexo com uma virgem poderia custar a vida dele ou deles: se o homem mantivesse relações íntimas com uma virgem dentro da cidade, os dois morreriam; se o ato se desse no campo, só ele. Isso porque, dentro da cidade, alguém certamente ouviria a virgem gritando por socorro caso o ato não fosse consentido; se ninguém ouviu, ela não gritou, supunha a lei; e, se não gritou, cometeu crime também, o de consentir. Já no campo, não sendo possível saber se ela gritou ou não, pela dúvida, morreria só o homem. As prostitutas deviam ser também mortas a pedradas a não ser que a culpada fosse filha de um sacerdote. Neste caso, a punição seria ainda pior: morreria queimada viva. Já os filhos rebeldes e desobedientes deviam ser levados às portas da cidade e apedrejados até a morte, para que "o mal fosse eliminado" do meio do povo.

• O hinduísmo/brahmanismo
 legou à Índia um sistema que perpetua a crença na superioridade de certas classes de seres humanos sobre outras, e a cruel opressão da maioria sofredora. Este código sócio-religioso confunde-se com o próprio fundamento do hinduísmo, que influencia toda a estrutura daquela sociedade até os dias de hoje: os dalits (sem casta), são completamente excluídos da sociedade, denominados cruelmente "intocáveis” porque são considerados imundos e não podem ser sequer tocados pelos membros da sociedade. Recebem apenas serviços repugnantes, como lidar com lixo, esgoto, cadáveres e outros desse tipo. Até a sombra de um dalit deve ser evitada.

Para que se tenha uma ideia da gravidade da situação, quando os tsunamis de 2004 tragaram a costa de Tamil Nadu, o Estado indiano mais atingido, nem a tragédia foi capaz de fazer com que as vítimas superassem a discriminação: os "intocáveis" simplesmente não receberam nada das autoridades locais. Oficialmente, dez mil pessoas morreram por absoluta falta de cuidados! Registre-se que a sociedade indiana considerou o fato como perfeitamente normal, já que tudo é justificado pela crença na reencarnação (Soma Basu, 'Tsunami or Not, Dalits suffer Discrimination', em indianet.nl/a050712.html, 2005).

Mais: ao longo de toda a sua história o hinduísmo/brahmanismo perseguiu as outras religiões e seus adeptos, em especial os budistas. Pushyamitra Sunga (séc. II aC) foi um monarca brâmane que perseguiu os budistas destruindo mosteiros e matando monges. Nas cidades de Bodhgaya, Nalanda, Sarnath e Mathura, grande parte dos mosteiros foram convertidos à força em templos hindus. Esculturas, escritos antigos e obras de arte de valor inestimável foram destruídos (R. K. Pruth, 'Buddhism and Indian Civilization', Discovery Publishing House, 2004, p.83).

Atualmente, cristãos são perseguidos e mortos na Índia por motivos religiosos (se você tiver estômago forte, assista este vídeo).

• O taoísmo, filosofia espiritualista de origem chinesa, de doutrina introspectiva e supostamente pacífica, também causou destruição e mortes em sua história. Na China, ao fim da Dinastia Tang (618–907dC), o imperador taoísta Wuzong proibiu todas as influências religiosas estrangeiras (zoroastrismo e cristianismo, entre outras), com o objetivo de apoiar o taoísmo. Ao longo de todo o território chinês o imperador mandou confiscar os bens de sacerdotes e fiéis cristãos, bem como de outros religiosos, além de destruir templos, capelas, mosteiros e casas de oração, causando derramamento de sangue de gente inocente pelo único motivo de compactuarem com a religião estabelecida (John Kieschnick. 'The Impact of Buddhism on Chinese Material Culture', Princeton, 2003, p.71). - E não estamos falando da Idade Média: isso aconteceu em pleno século XIX!

• O islamismo dispensa maiores dissertações. Esta é certamente a religião em nome da qual mais se cometeram crimes bárbaros, e que mais deu ao mundo facções terroristas, como as atuais Al Qaeda, Taliban, Irmandade Muçulmana, o terrível Estado Islâmico e outros. É também, provavelmente, o regime que mais oprimiu as mulheres em toda a História (saiba mais). Note-se que, neste caso, não estamos falando de um mal de séculos passados, mas que continua ainda hoje. Tudo isso sem falar na pedofilia institucionalizada por esta sociedade teocrática.

Poderíamos avançar ainda muito nessa abordagem das religiões. O espiritismo, por exemplo, por ser um sistema proporcionalmente recente no quadro das religiões mundiais (surgido depois dos períodos históricos marcados pela truculência), não possui um histórico de violência, mas nasceu de um embuste perpetrado por duas irmãs galhofeiras (veja aqui). Iludir pessoas que sofrem a perda de queridos falecidos, oferecendo um falso consolo, isto não é uma forma sutil de violência e crueldade? Quanto às religiões da "nova era", consideradas pacíficas, não é um fato que já nos deram Jim Jones, Charles Manson e David Koresh, entre tantos outros? Mesmo assim, muitos dos comentários que vemos e ouvimos nos dão a nítida impressão de que muita gente realmente acredita que crimes e arbitrariedades em nome da religião tenham ocorrido com exclusividade no seio da Igreja Católica.

Antes, porém, que os ateus militantes digam que o problema é com a religião, e que uma sociedade ateia seria a mais perfeita comunidade que poderíamos alcançar, lembramos que as piores e mais gigantescas atrocidades da História foram cometidas por grupos e governos ateístas. No último século, os regimes ateus mais poderosos – a Rússia e a China comunista e a Alemanha nazista, – fizeram vítimas em números astronômicos. Stalin, por exemplo, foi o responsável direto por cerca de vinte milhões de mortes, por meio de genocídios, campos de trabalho forçado, julgamentos-espetáculos seguidos de pelotões de fuzilamento, deslocamento de população, fome extrema e assim por diante.

O recente estudo de Jung Chang e Jon Halliday, publicado no livro "Mao: a História Desconhecida" (Companhia das Letras, 2013), atribui ao regime de Mao Tsé-Tung um número espantoso de setenta milhões de mortes(!). Um detalhe que faz muita diferença é que as matanças provocadas por Stalin e Mao, ao contrário daquelas causadas pelos expedicionários das Cruzadas ou pelos envolvidos na Guerra dos Trinta Anos, aconteceram em tempos de paz e foram contra seus próprios compatriotas. No cômputo geral, o regime arreligioso de Hitler surge em um distante terceiro lugar, com cerca de dez milhões de assassinatos.

Tudo isso sem contar os assassinatos e massacres ordenados por outros ditadores soviéticos como Lenin, Khrushchev e Brezhnev, ou uma outra grande lista de tiranias ateias como as de Pol Pot, Enver Hoxha, Nicolae Ceausescu, Fidel Castro, Kim Jing-il, todos déspostas assassinos e sanguinários. Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, facção do Partido Comunista que governou o Camboja de 1975 a 1979, dentro desse período de apenas quatro anos, junto com seus ideólogos revolucionários, lideraram matanças e deslocamentos sistemáticos da população que eliminaram aproximadamente um quinto da população cambojana (número estimado entre 1,5 e 2 milhões de inocentes). Em termos de porcentagem, Pol Pot matou mais compatriotas que Stalin e Mao.

Temos que reconhecer, pela simples força dos fatos, que os regimes ateístas assassinaram, em um único século, mais de cem milhões de pessoas(!). Os crimes de algum modo inspirados pela religião simplesmente não podem competir com os assassinatos cometidos por regimes ateístas. Mesmo levando em conta os níveis populacionais, a violência ateísta supera a violência religiosa em termos proporcionais simplesmente indiscutíveis.

• A Inquisição protestante – Talvez o mais grave dos erros seja imaginar que a Inquisição Católica foi a única inquisição religiosa que existiu. Naquele período histórico, os governos de todas as nações eram extremamente violentos, comparados aos de hoje; a lei e a ordem eram mantidas com mão de ferro e as penas eram sanguinárias em todas as culturas, tanto cristãs quanto islâmicas, hindus e pagãs em geral. Parece que uma página muito especial é descartada deste capítulo da História, por muita gente, quando se discute o assunto Inquisição. Responda rápido o leitor:

1) Que instituição religiosa condenou mais de 300 pessoas pela prática de bruxaria, decretando tortura e pena de morte na forca às famosas "bruxas de Salem"?1

2) Que instituição religiosa levou à morte mais de 30.000 camponeses anabatistas na Alemanha?2

3) Sob que ordens o médico espanhol Miguel Servet Grizar, o descobridor da circulação sanguínea, foi condenado a morrer na fogueira?3

4) Quem mandou para a fogueira mais de mil mulheres escocesas, num período de seis anos (1555 - 1561)?4

Sem dúvida muita gente responderia rapidamente, sem pensar e sem medo de errar, que a responsável por todas as barbaridades citadas acima foi a Igreja Católica. Resposta errada: todos esses crimes foram cometidos pela Inquisição Protestante, que quase nunca é mencionada pelos maiores críticos da Igreja Católica, simplesmente porque esses críticos, na maioria das vezes, são protestantes. Conhecimento seletivo? Parece que sim. Certos "pesquisadores" de porta de boteco só procuram conhecer os fatos que parecem confirmar aquilo em que eles querem crer.

Ocorre que também aqui, em terra brasilis, a maior parte dos que atiram pedras contra os católicos por conta da Inquisição é formada por protestantes/"evangélicos", como é o caso do blogueiro Júlio Severo, que em sua página publicou um lamentável artigo intitulado, simplesmente: "Como querem combater a cultura da morte (...) quando se sentem à vontade com a cultura da tortura e morte da Inquisição?", julgando que pode colocar-se, enquanto protestante, acima da questão e julgando-se moralmente apto a julgar, de camarote, a Igreja Católica.

O que mostra a História real, porém, é que o Sacro Imperador Romano-Germânico Fernando I deu liberdade aos luteranos na luta contra os anabatistas, e o próprio Lutero escreveu um discurso, em 1528, no qual encorajava a perseguição dos que considerava hereges2. Como resultado, grupos da Inquisição Protestante esfolaram vivos os monges da Abadia de São Bernardo (Bremen), e depois passaram sal em suas carnes vivas, antes de pendurá-los no campanário do mosteiro3. Em Augsburgo, em 1528, cerca de 170 anabatistas foram aprisionados por ordem do poder público protestante, sendo que muitos deles foram queimados vivos e outros marcados com ferro em brasa nas bochechas ou tiveram a língua cortada.2 O célebre teólogo Johann Matthäus Meyfart (protestante ele próprio) descreveu a tortura aplicada pela Inquisição protestante, que ele presenciou, qualificando-a como uma intolerável “bestialidade”2, nos seguintes termos:

Nos países católicos não se condena um assassino, um incestuoso ou um adúltero a mais de uma hora de tortura. Na Alemanha protestante, porém, a tortura é mantida por um dia e uma noite inteira; às vezes, até por dois dias, outras vezes até por quatro dias e, após isto, é novamente iniciada. Esta é uma história exata e horrível, que não pude presenciar sem também me estremecer"
('Christliche Erinnerung, an Gewaltige Regenten und Gewissenhafte Prädikanten', 1629-32)

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Notas:

1. ROSENTHAL, Bernard. Salem History, reading the withc trials of 1692. Cambridge: Cambridge, 1993.


2. HARVEY, Ralph V. & Verna, Ralph's Documents, artigo "Anabaptists and the Free Churches", disp. em 
http://www.rvharvey.org/d-anabaptists.htm
Acesso 10/2/014.

3. MC'NEILL, John T. The History and Character of Calvinism, New York: Oxford University Press, 1954, p.176  [Miguel Grizar Servet foi queimado na fogueira como herege por ordem do Conselho de Genebra, presidido por João Calvino].

4. CAMMILIERI, Rino. La Vera Storia dell´Inquisizione, Piemme: Casale Monferrato, 2001.
www.ofielcatolico.com.br

3º Domingo do Tempo Comum, ano A, Mt 4,12-33: "Abandonaram tudo e O seguiam"...


NO EVANGELHO deste domingo, vemos Jesus iniciando a sua pregação. Ele está na Terra onde cresceu, a Galileia, norte da Terra Santa. Sai de Nazaré, vai para Cafarnaum, nas proximidades do lago, e inicia o anúncio do Evangelho. O texto deixa claro o conteúdo desta pregação: “Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo”.

Logo em seguida, o Senhor chama duas duplas de irmãos: Tiago e João, Pedro e André. Estamos falando das quatro primeiras adesões ao cristianismo, por assim dizer, - depois de Maria Santíssima, que foi a primeiríssima cristã, e de S. José, o grande patrono de toda a Igreja. - Aqueles quatro homens serão também Apóstolos e grandes amigos de Jesus, que compartilhará com eles, de modo especial, os momentos mais importantes de sua vida na Terra.

Vale a pena lembrar a contribuição de Santa Catarina de Sena para esta reflexão. Ela escreveu um livro muito conhecido, intitulado “Livro da Divina Doutrina”, popularmente conhecido como “Diálogo da Divina Providência” (também conhecido por 'Revelações') , porque esse livro foi escrito em forma dialógica, isto é, apresenta Sta. Catarina dialogando com Deus.

Na primeira parte desse livro, nos capítulos 60 e 63, Sta. Catarina fala dessa mesma passagem do Evangelho. Ela diz que nesse momento Jesus realizou a “primeira conversão” dos seus discípulos diletos. O importante, aqui, é notar que ela menciona um ponto meio esquecido da grande Tradição Espiritual da Igreja, que diz que a autêntica conversão se dá em três etapas ou estágios distintos no processo de nos tornarmos, efetivamente, santos, como Deus quer. São três conversões necessárias para alcançarmos o ponto máximo de santidade nesta vida.

Existem, de fato, muitos graus de santidade, e Sta. Catarina nos fala sobre eles, usando como analogia um castelo com muitas moradas. Tradicionalmente, porém, de forma geral, - e isso desde os santos Padres do deserto, - mencionam-se três principais estágios da vida espiritual, ou três conversões: o estágio dos iniciantes, o dos avançados e o dos perfeitos. Estes podem ser comparados às três fases principais da vida humana: infância, adolescência e fase adulta. E assim como para passar de fase na vida biológica enfrentamos certas crises, com certas dificuldades e a necessidade de adaptação, também ocorre na vida espiritual.

Sta. Catarina nos diz, no cap. 63 de seu Diálogo, que essa passagem do Evangelho, - onde o Senhor diz aos primeiros discípulos e Apóstolos: “Eu vos farei pescadores de homens”, - retrata o momento em que eles entraram para a primeira fase de sua vida espiritual: sua primeira conversão.

Para que se tenha uma ideia do que vão significar as fases seguintes de conversão desses discípulos, basta lembrar que eles irão viver, depois, uma grande crise nos momentos de prisão, cruz e morte de Cristo. E como em toda crise, há perigo, - neste caso, para a alma. – Vemos a reação inicial de Pedro, que num primeiro momento negou o Senhor por três vezes, vindo depois a converter-se. Vemos também a traição de Judas, que por fim entrou num total desespero, vindo a perder completamente sua alma.

Vemos então que o perigo é real, que e nem sempre o desfecho é feliz. Retomando o exemplo de Pedro, porém, vemos que o cristão pode atravessar essa crise, superando essa fase e mantendo-se fiel. Pedro atravessou-a e, por fim, tornou-se o grande Apóstolo de Cristo. Receber o Espírito Santo, em Pentecostes, foi para ele a terceira conversão.

O tema das três conversões é fascinante, e nos comprometemos a retomá-lo logo que possível. O Evangelho deste domingo, no entanto, trata da primeira conversão, e é sobre esta que iremos nos deter neste artigo. Para quem quiser aprofundar o assunto desde já, recomendamos o primoroso livro do Pe. Reginald Garrigou Lagrange, O.P., intitulado “As Três Vias e as Três Conversões” (Ed. Permanência), que você pode adquirir aquiaqui ou aqui. - Uma leitura que realmente vale muito a pena.

Sobre a primeira conversão, é interessante, - e triste, - notar que a grande maioria dos cristãos não passa dessa fase. Se fôssemos estabelecer uma estatística, é bem provável que perceberíamos que acima de 90% de todos os cristãos que vão a Missa e comungam, em estado de Graça encontram-se neste primeiro estágio. Por quê?

É importante recordarmos que, para chegarmos a esta primeira fase, a iniciativa é sempre de Deus. No Evangelho que estamos refletindo, vemos que é Jesus quem vê e chama aqueles irmãos. É Jesus quem “invade” a nossa vida com o seu Chamado. Em toda conversão, é Deus Quem age por primeiro. - Se dissermos o contrário, caímos na heresia do semipelagianismo, (condenado pelo Concílio de Orange, em 529aD), que diz que a iniciativa para a salvação parte do homem. A doutrina cristã diz que esse pensamento está errado, pois é sempre Deus Quem nos busca e nos chama, dando-nos ao menos a graça do desejo por Deus e de sermos capazes de "ouvir" o Chamado divino e de aceitá-lo.

E nesse primeiro passo, muitas vezes, a pessoa vive já uma crise. Ela é atravessada pelo Chamado divino, como no Evangelho em que meditamos, em que vemos Jesus dizendo àqueles homens que abandonassem suas redes e o seguissem. Observe bem que a proposta era para que eles deixassem tudo de lado, suas vidas, seu trabalho, suas famílias... E simplesmente o seguissem. Isso não é uma coisa fácil, e pode gerar um certo sofrimento inicial.

Se a pessoa "deixa suas redes", metaforicamente, isto é, a sua vida antiga, para seguir Jesus, ela tem ali, pela primeira vez, plantada a Semente Divina em seu coração, por assim dizer. Essa Semente da Graça, plantada na vida da pessoa que é chamada por Deus, é algo que eleva o ser humano acima de toda a Criação, até mesmo da condição dos anjos, que também precisam da Graça santificante para serem introduzidos na Visão de Deus! Se formos olhar para todo o Universo, nada se compara a condição do homem que recebe e aceita esse estado da Graça divina, oferecido por Deus!

No Evangelho, os Apóstolos prontamente aceitam o Chamado. A partir dali, passam a reconhecer a sua miséria, sua condição precária, porque ao conviver com o Senhor olharam para si mesmos e viram o quanto eram pequenos, o quanto andavam antes perdidos. O Evangelho de Lucas conta como Pedro, após a pesca milagrosa proporcionada pelo Senhor, ao reconhecê-lo como tal, prostrou-se aos seus pés e disse: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador! " (Lc 5,8). - Vemos aí a realidade do ser humano que, ao se colocar diante da Luz de Deus, olha para si mesmo e vai se reconhecendo cada vez mais miserável.

A pessoa que se converteu, desde o começo, possui um amor sincero por Deus. Mas, - aqui está o problema, - ela ainda mentém uma espécie de "mistura" dentro de si mesma. Os iniciantes têm, sim, amor por Deus, mas ainda conservam, também, o amor desordenado por si mesmos provocado pela concupiscência, o que faz com que caiam constantemente em pecados veniais. Por um lado o principiante vai conhecendo Jesus, compreendendo seus Mandamentos, e vai aos poucos correspondendo a esse Amor, evitando os pecados mortais, fugindo das ocasiões de pecado e assim, após uma luta generosa, depois que realmente se desfaz de "suas redes", depois que abandonou tudo para seguir Jesus, vem a consolação.

Podemos recordar a passagem do Monte Tabor, quando S. Pedro vê Jesus Glorioso, e então se sente tentado a permanecer ali, dizendo: “Armemos por aqui as nossas tendas!” (Mt 17,1-9; Mc 9,2-8; Lc 9,28-36; 2Pd 1,16-18). Ele queria permanecer ali, naquele estado de êxtase, de felicidade infinita, consolado, contemplando a Glória Divina infinitamente. Assim também, quando a pessoa deixa generosamente o pecado e seus apegos, quando pede auxílio divino a vai vencendo a si mesmo, passa a receber de Deus uma consolação sensível. Em suas orações, passa a perceber mais nitidamente a Presença de Deus. Essa pessoa quer rezar mais, quer expressar a sua alegria, então procura participar de grupos de oração e de louvores. Na Santa Missa começa a haver um grande prazer. Mas muitos não percebem que este é apenas, ainda, o princípio das consolações de Deus, como diz S. Paulo Apóstolo na sua primeira carta aos coríntios (3,2):

“Não é como a homens espirituais que vos pude falar (isto é, à gente progredida, a homens adultos na fé, aos avançados), mas sim a homens carnais, como crianças em Cristo. Eu lhes dei leite para beber e não alimento sólido, pois ainda não sois capazes de o absorver.” (1Cor 3,2)

Deus nos consola, nos dá o primeiro “alimento”, uma suave consolação, ao rezar, ao cantar louvores, etc. O problema é que essas consolações, dadas por Deus, a partir de um certo momento podem se tornar um obstáculo, um perigo em nossa jornada espiritual. E assim chega um certo momento em que Deus “fecha as torneiras” das nossas consolações. Por quê? Porque há muitos que desenvolvem uma certa “gula” pelas consolações espirituais, e que aos poucos vão deixando de buscar o Deus das consolações para buscar as consolações de Deus. Já não querem mais buscar, amar a Deus e servi-lo, mas sim viver fortes e renovadas emoções a cada dia. Alguns outros vão se tornando curiosos demais, ambiciosos pelos dons, como o da profecia, por exemplo. É um orgulho espiritual inconsciente.

S. João da Cruz diz, dessa primeira fase da conversão, em sua famosa obra “A Noite Escura”, diz que nessa fase os pecados capitais, como a gula, a luxúria e o orgulho, vão se tornando pecados espirituais. - Ao invés de ter gula por comida, o recém convertido passa a ter gula pelas consolações de Deus. Ao invés de ter a luxúria sexual, carnal, passa a desejar os prazeres espirituais. Do mesmo modo, a soberba já não é mais pelas qualidades temporais, mas a pessoa passa a se sentir muito "especial", superior aos seus próximos, mais santa, mais “ungida”, especialmente "escolhida"...

Evidente que houve um progresso, um avanço, uma mudança para melhor. Houve uma conversão. Mas é nítido, porém, que essa pessoa precisa, realmente, de uma outra conversão: esta é a chamada segunda conversão. O iniciante ama a Deus, sim, mas ama a Deus ainda com grande uma mistura de sentimentos. Ama a Deus, mas conserva ainda um amor desordenado por si mesmo, que teimosamente persiste. Este amor desordenado por si mesmo é a grande dificuldade neste estágio da vida espiritual. Sta. Catarina de Sena, no sexto capítulo de sua obra, trata dessas pessoas, dizendo que elas querem servir a Deus mas procuram nisso uma certa "utilidade" egoísta: sua própria consolação. E Deus diz a Catarina que esse amor assim "misturado", impuro, esfria com o tempo, por isso lhes retira as consolações iniciais e os envia lutas e contrariedades, revelando, porém, que age assim para levar os convertidos à perfeição.

Esse momento de lutas e crises, - que pode levar ao desânimo ou à segunda conversão, - para os Apóstolos veio no momento da crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como já vimos, é uma fase que traz perigos. Muitos, ao passarem da infância espiritual para a adolescência, não resistem às dificuldades e acabam abandonando tudo. Eram iniciantes, mas vão deixando de ser almas principiantes e se tornando almas retardadas no sentido de atrasadas, embotadas. São como crianças que deveriam crescer e amadurecer, mas não crescem nunca. E os atrasados, em algum momento, desistem. Na vida espiritual, assim como em outras instâncias da vida, ou nós progredimos ou regredimos. Não existe a opção de permanecer estagnado.



Quando nos convertemos, chega um ponto em que precisaremos deixar as resquícios de pecado que permanecem ainda em nossos corações e passarmos para uma segunda conversão. Nessa fase, as tentações muitas vezes retornam com força, especialmente no campo da paciência e da castidade. Pessoas que já tinham vencido certos pecados grosseiros voltam a ser tentados, muitas vezes com ainda mais força, e se não souberem se configurar a Cristo também (talvez principalmente) nas fases de dor e dificuldades, acabam desistindo.

A fase inicial, a fase da infância espiritual, que traz certas consolações para aqueles que se esforçam em progredir na jornada, é seguida por uma fase difícil e perigosa. Na primeira fase, o abandono do pecado e a vida no estado de graça, há alegria e consolação. Quando isso acaba se tornando pedra de tropeço para o convertido, Deus retira as consolações e põe o fiel à prova. É o que S. João da Cruz chamou “noite dos sentidos” (ainda não é a “noite escura da alma”, que é para os bem mais progredidos): uma aridez que confunde.

Se você vive essa fase, não se preocupe. Você está sendo convidado por Deus a avançar para uma nova e riquíssima fase!

Um breve post como este, evidentemente, não serve para esgotar um assunto tão profundo e tão extenso, mas esperamos que esta nossa abordagem sirva para uma primeira tomada de consciência.

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Ref.:
Site Padre Paulo Ricardo, artigo "A primeira conversão", homilia do 3º Domingo do Tempo Comum,  ano A, disponível em
http://padrepauloricardo.org/episodios/iii-domingo-do-tempo-comum-a-primeira-conversao
Acesso 25/1/014
ofielcatolico.blogspot.com
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