O vinho que Jesus e os Apóstolos bebiam era alcoólico? É pecado consumir bebida alcoólica?

RECEBEMOS DO LEITOR Acácio a mensagem que reproduzimos abaixo, porque se refere a uma afirmação comum em certos meios neopentecostais e que é tomada como verdade por pessoas ingênuas. Em certos casos, a finalidade de tal mentira é, como de costume, atacar a Igreja Católica. Neste caso, pretendem demonstrar o que consideram um erro: a liberalidade com relação ao consumo, ainda que moderado, de bebidas alcoólicas.

    Diz a lorota (não há outra expressão mais adequada) que o vinho consumido por Cristo e os Apóstolos, referido nos livros da Bíblia, era na verdade um suquinho de uvas, já que consumir bebida alcoólica é proibido por diversas dessas "novas igrejas" como se este fosse um costume cristão. Segue a pergunta do nosso consulente:

...Sou católico e a alguns dias conversando com um colega de trabalho protestante lhe disse sobre esses textos que vi aqui, [e] ele me disse que na tradução "certa" não é vinho mais suco de uva. O que posso dizer pra ele?”

    Caríssimo Acácio, o vinho era vinho mesmo, bem igual ao que consumimos hoje, feito da fermentação da uva – o que o tornava alcoólico, sim senhor.

    Não há nenhuma sombra de dúvida sobre isso. O suco de uva dura pouco; após alguns dias envasado, começa a fermentar e se torna alcoólico; foi assim que a humanidade descobriu o vinho, e logo passou a apreciá-lo.

    Também é preciso notar que justamente a fermentação, que torna a bebida alcoólica, era o único sistema de conservação que havia naquela época.

    O que dizer a quem nega o fato – Há inúmeras provas históricas e até arqueológicas que comprovam o que dissemos até aqui (veja), mas como para o protestante simplesmente não existe ou não tem nenhum valor qualquer coisa que se localize fora do que ficou registrado por escrito na Bíblia, você pode mostrar para ele o que a própria Bíblia diz a respeito em muitas passagens:

    No Antigo Testamento, vemos como Noé ficou embriagado tomando vinho, em Gênesis 9,18-27 e 19,31;34. 

    Outro exemplo – este do tempo em que Cristo caminhou sobre a Terra – está na passagem das Bodas de Caná (João 2), quando o chefe dos serventes diz a Cristo: "É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora...”.

    Já na descrição bíblica do Pentecostes, diante da manifestação do Espírito Santo, diziam os incréus escarnecedores que os Apóstolos agitavam-se e falavam em línguas que desconheciam porque estavam "embriagados de vinho" (Atos 2,13).

    Ora, ninguém fica embriagado tomando suco, não é mesmo?

    Tanto isso é verdade que diversos textos da mesma Bíblia advertem quanto ao consumo imoderado do vinho, como vemos por exemplo em Provérbios 20,1 e Levítico 10,8, quando Deus ordena aos sacerdotes que não tomem vinho ou outra bebida forte quando fossem adentrar ao Tabernáculo. Se o vinho não fosse alcoólico, essas advertências, claro, não teriam nenhum sentido.

    Encontrei até um site muito consultado por protestantes que reafirma esse fato tão simples. Se quiser conferir, aí está o link: http://abiblia.org

    Resumindo tudo, não deixaremos de dizer o óbvio, porque o óbvio quase sempre precisa ser dito. O mal e o pecado, neste caso como em tantos outros, não está no consumo da coisa em si, mas sim no mau uso, nesse caso na imoderação e nos efeitos dessa imoderação. Beber vinho ou outra bebida alcoólica não é pecado. Embriagar-se e perder o controle dos próprios atos, isto sim é pecado. 

    Por isso mesmo, que os "fracos" (todos temos as nossas próprias fraquezas) – os alcoólatras ou aqueles que possuem tendência para a adicção – não o consumam, porque mesmo um pequeno gole seria, para estes, ocasião de pecado. Os que não possuem tal dificuldade, bebam moderadamente, e evitem fazê-lo diante dos que não podem beber, para não expô-los á tentação.

    Por fim, é interessante lembrar também àqueles que por opção particular não bebem – por achar que é melhor assim e/ou para evitar qualquer tipo de ocasião de pecado –, que estão fazendo algo digno e justo, mas... Não julguem os que não fizeram a mesma opção, porque isto não é e nem nunca foi uma obrigação dos cristãos.

    Toda abstenção e penitência é válida e pode ser muito útil, se não for transformada em mais um meio de vaidade, algo que servirá para aquele que o pratica considerar-se moral ou espiritualmente superior aos demais. Os abstêmios sigam em paz com suas consciências e ofereçam continuamente o seu sacrifício a Deus – que saberá recompensar a cada um segundo sua honestidade e pureza de intenções –, sem querer impor aos outros aquilo que escolheram para si mesmos.

    Esperamos ter ajudado a esclarecer a questão, por misericórdia divina.

16 comentários:

  1. Pra mim a parte que fecha esse estudo com chave de ouro é o final. Tem muita gente qeu tem problema com o alcool e por isso não deve mesmo beber nada, nem uma gota. Só que muitas vezes essasa pessoas ficam julgando quem não tem esse mesmo problema e querem impor o problema deles pra todos os outros. Muito chato isso. Se você não sabe beber tem que respeitar quem sabe. é o que eu penso.
    Dalto

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  2. Mas quantas latinhas ou copos já é embriaguez para um bafometro? Já não seria um apreciador moderado pego em flagrante por apreciar um vinho ou uma cerveja. Um copo de cerveja para um bafômetro já é crime, pois um copo de 200ml de álcool para a lei já se torna um cidadão alterado para dirigir, e um apreciador será que só toma um copo quando vai apreciar? Ai que mora o problema, para a lei um copo de cerveja já é crime, você não estará 100% lúcido.E o que a palavra condena a falta de lucidez.

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    1. Espere um pouco, Fernando. Não estamos discutindo o medidor do bafômetro, aqui.

      O que diz a atual legislação brasileira é uma coisa; o que diz a simples verdade objetiva (lei natural) é outra coisa, e esta última está sempre em plena consonância com a Sã Doutrina da Igreja de Nosso Senhor.

      Na nova lei (por sinal totalmente injusta e insensata) que você está citando, até um bombom de licor, por provocar alteração no bafômetro, já incapacita a dirigir. Aliás, houve problemas com padres que, por celebrar a santa Missa e tomar aquele gole de vinho, foram multados!

      Isso não tem absolutamente nada a ver com aquilo que ensina a santa Igreja a respeito do consumo do álcool.

      A Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo

      Apostolado Fiel Católico

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    2. Sugiro a leitura do artigo de Igor Andrade sobre a "idolatria das leis":

      https://www.ofielcatolico.com.br/2008/08/sobre-o-ativismo-judicial-do-stf-e.html

      A Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo

      Apostolado Fiel Católico

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  3. Meu nome é Acácio, fui eu quem mandou pergunta, não consegui me identificar no principio, obrigado pela resposta.

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    1. Muito obrigado, Acácio, por vir compartilhar a sua dúvida conosco, e por se apresentar a esta comunidade! Já não o chamo mais de "anônimo".

      Nosso Senhor o abençoe

      Apostolado Fiel Católico

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  4. Caríssimos leitores,

    Nesta postagem sinto que devo reafirmar o que está dito logo abaixo desta caixa de texto, em nosso "Aviso aos comentaristas":

    "Este não é um espaço de 'debates' e nem para disputas (...) que têm como motivação e resultado a insuflação das vaidades. Ao contrário, conscientes das nossas limitações, buscamos com humildade oferecer respostas católicas àqueles sinceramente interessados em aprender", etc.

    A moderação de comentários existe, entre outras coisas, justamente para evitar disputas sem sentido. É um direito que cabe aos administradores deste apostolado e nada tem a ver com "covardia".

    Eu, Henrique, não sou o único moderador de comentários, mas as mensagens com questões que já foram respondidas – seja na própria postagem ou nos comentários mesmo – via de regra não são publicadas. Essa é uma regra que adotamos para que este espaço não vire uma arena de discussões infrutíferas, como tantas que vemos por aí.

    Nosso objetivo essencial por aqui é esclarecer a fé, não discutir opiniões particulares. O artigo em questão apresenta a posição da Igreja e a resposta às dúvidas do consulente Acácio. Afora isso, consideramos que não é conveniente divulgar opiniões que divergem da orientação doutrinal e pastoral da santa Igreja, justamente para não gerar confusão às almas (o que vai frontalmente contra o nosso intuito de esclarecimento).

    Agradeço humildemente a todos, na Paz de Nosso Senhor.

    Apostolado Fiel Católico

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  5. SÓ UMA CORREÇÃO ABIBLIA.ORG E ADMINISTRADOS POR CATÓLICOS E NÃO PROTESTANTES TODOS ELES ESTUDARAM NO INSTITUTO FRANCISCANO DE JERUSALÉM !

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  6. DESCULPE pela palavra " covarde" sai um pouco da razão, pesso perdão, tenho visto dentro da igreja pessoas renomadas que tem tratado a cerveja eo vinho como coisa Santa e sagrada e muitos se perdem por isso, defendem a unha e dente a bebida alcoólica e quanto a SANTA EUCARISTIA fazem pouco causo, dizendo ao ponto que deveria voltar a bênção da cerveja que existia antigamente, mas você já disse tudo, que só responde aquilo que a igreja ensina, tá certo, é que tem pessoas que usa disso para se beneficiar, enfim pesso mais uma vez perdão,quando agimos pela emoção perdemos totalmente a razão. PAZ SALVE MARIA IMACULADA.

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    1. Não há motivo para se desculpar, Fernando. Você é um dileto irmão em Cristo que tem todo o direito de comentar. Apenas esclareci que a Fraternidade S. Próspero se reserva igualmente ao direito de filtrar os comentários.

      Deus o guarde

      Apostolado Fiel Católico

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  7. Bom dia irmãos, Deus os abençõe, gostaria de tirar uma dúvida em relação à bebida. Tenho pesquisado em relação à bebida e gostaria de saber no que consiste a embriaguez, porque em alguns lugares em que pesquisei diz que a alegria trazida pela bebida não é em si pecado, mas acredito que essa alegria já é um começo da alteração da consciência. Então como saber exatamente qual o limite? No caso a embriaguez seria quando escandalizamos ou quando começamos a sentir uma "tonteira"?
    Ass: Victor Hugo

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    1. A resposta mais simples e direta à sua pergunta é esta, Victor: a embriaguez começa a partir do momento em que você começa a perder o controle dos seus atos. Aquele relaxamento natural que a bebida alcoólica proporciona ainda não é alteração da consciência. Porém, a partir do momento em que você percebe que já está ficando difícil organizar seus pensamentos, então já é hora de parar, porque o início da embriaguez está a um gole.

      Já sobre escandalizar o próximo, isso é algo que deve ser evitado sempre, a todo custo. Se houver o risco de escandalizar algum bom católico, simplesmente não beba.

      Vale para esses casos o mesmo que prescreveu São Paulo Apóstolo para as carnes oferecidas aos ídolos:

      "Atenção, porém: que essa vossa liberdade não venha a ser ocasião de queda aos fracos. Porque, se alguém te vir a ti, que tens ciência, assentado à mesa no templo dos ídolos, não será a consciência do que é fraco induzida a comer das coisas sacrificadas aos ídolos?
      E pela tua ciência perecerá o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu.
      Ora, pecando assim contra os irmãos, e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo.
      Por isso, se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize."
      1 Coríntios (8,9-13)

      A mesma exortação vale para a bebida alcoólica, em certo sentido. O consumo consciente realmente não é pecado, mas se for escandalizar o teu irmão, pelo qual Cristo morreu, não beba.

      A Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo
      Apostolado Fiel Católico

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  8. sou protestante e no assunto vinho e bebidas, os protestantes viajam na maionese e crêem em baboseiras pregadas por pastores sem muita sabedoria de interpretação. o vinho bíblico é e sempre foi alcólico. ja fui morador de seminário de padres e aprendi que todos (CATÓLICOS E PROTESTANTES), possuem acertos e erros de interpretação das escrituras.

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    1. Alguns padres e mesmo bispos podem errar, mas não a verdadeira Igreja de Cristo, que é a Igreja Católica e Apostólica, hoje dita romana. A Igreja nunca se fundamentou na interpretação das Escrituras, ao contrário: a interpretação das Escrituras é que precisa se fundamentar na Igreja, que como a própria Bíblia reconhece é a coluna e o fundamento da Verdade (cf. 1Tm 3,15).

      A Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo
      Apostolado Fiel Católico

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  9. Era ou não era vinho alcoólico nas Bodas de Caná?
    A resposta está no próprio texto grego de SÃO JOÃO 2,10 quando diz:
    10 e disse-lhe: “É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão EMBRIAGADOS, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho me­lhor até agora”.
    É importante que se diga que isso foi dito pelo mestre de cerimônias, por dois motivos básicos:
    1. Prova que o costume era beber vinho alcoólico, especialmente numa festa como essa.
    2. Prova que o vinho que Jesus fez também era alcoólico, pois se fosse mero suco de uva, o mestre de cerimônias teria identificado imediatamente a alteração no que estava sendo consumido e de fato ele percebeu, mas no sentido de que aquele vinho era ainda superior ao vinho que tinha acabado.
    O costume era justamente primeiro oferecer o vinho bom, para que depois que os convidados estivessem grogues, dar o vinho inferior. Porque uma pessoa bêbada tem os sentidos entorpecidos e não está em condições de discernir entre as nuances entre um vinho de maior qualidade e um de qualidade inferior. E só se pode comparar vinho com outro vinho e pelas palavras do mestre de cerimônias o segundo vinho era superior ao primeiro, que já era o melhor, segundo o costume de dar o pior depois. Para o segundo vinho ( feito por Jesus) ser superior ao primeiro ( feito de modo tradicional) , ele tem que manter características e qualidades num degrau acima do vinho anterior. Ou seja, para ser reconhecido como vinho superior, o vinho feito por Jesus deve manter e superar as mesmas características de vinho que o outro tinha, tais como: viscosidade, teor alcoólico, cheiro, etc.

    O texto grego de SÃO JOÃO 2,3 é este;
    "3 καὶ ὑστερήσαντος οἴνου λέγει ἡ μήτηρ τοῦ Ἰησοῦ πρὸς αὐτόν Οἶνον οὐκ ἔχουσιν "
    A palavra grega usada para vinho é Oinos (οἶνος ).
    Com relação à ISAÍAS 65,8 a palavra hebraica utilizada para o sumo da uva é Tirosh ( תִּירוֹשׁ ) que pode significar vinho, mosto, sumo e se refere ao líquido natural que se tira da uva fresca. Já em PROVÉRBIOS 23,29 a palavra para vinho é Yayin ( יַיִן ) que significa o vinho alcoólico.
    Analisando GÊNESIS 19, 32-33 no episódio onde as filhas de Lot embriagam ao pai com vinho para manter relações íntimas com ele, a palavra usada para essa bebida é justamente Yayin.
    Já na Septuaginta escrita em grego pelos judeus, a palavra usada para vinho em ISAÍAS 65,8 não aparece Oinos como aparece em GÊNESIS 19, mas sim a palavra ῥὼξ que não significa vinho e foi traduzida como "bago de uva". Pois em GÊNESIS 19,32 é Oinos que é a mesma palavra usada para o vinho alcoólico que Jesus fez em SÃO JOÃO 2. Em PROVÉRBIOS 23,30 a Septuaginta usa a mesma palavra Oinos para vinho alcoólico.
    Conclusão: Jesus usou vinho alcoólico mesmo. E não tem nada que o pastor possa fazer sobre isso.

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    1. Perfeito, Lúcio, agradeço por esse aprofundamento mais técnico da questão. Acrescento que essas diferenças de vocábulos devem-se à evolução linguística e, as vezes, aos costumes de cada lugar. Como sabe, não necessariamente nomes diferentes significam coisas diferentes na Bíblia.

      Deus o guarde.

      Fraternidade Laical São Próspero

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