Pedro, a Pedra: a autoridade da Igreja Católica

ESTE POST é o desdobramento de um diálogo meu, Henrique Sebastião, com a leitora "evangélica" Ana Paula, que enviou uma longa mensagem como comentário ao o post "Razões porque retornei à única Igreja de Jesus Cristo", dizendo que algumas igrejas "evangélicas" realmente estão no erro, mas que outras são fiéis. A mensagem contém diversos argumentos-chave, que agora estamos respondendo, um de cada vez, para facilitar a compreensão de cada conteúdo específico.

O primeiro argumento, já respondido, se referia a fidelidade das igrejas ditas "evangélicas" às prescrições da Bíblia Sagrada, e pode ser lido aqui. Nesta segunda parte, são expostos mais alguns pontos de apoio "evangélicos", aos quais procuro responder da maneira mais clara e objetiva possível. Deus me ajude, ainda que eu seja indigno. Segue:

Que autoridade (tem a Igreja Católica)? O papa? Pergunto com todo respeito. A única autoridade que temos é Cristo e a palavra de Deus que nós ensinamos como única regra de fé e prática. Que autoridade a sua igreja acha que tem além de Jesus Cristo e Sua palavra? Seria os sucessores de Pedro?

Não há nenhuma sombra de dúvida quanto ao fato de o Papa ser uma grande autoridade da Igreja, sendo o sucessor do Apóstolo Pedro, a quem o próprio Senhor Jesus Cristo, pessoalmente, concedeu as Chaves do Reino dos Céus, dando-lhe poder para "ligar e desligar", na Terra e no Céu (Mt 16,18)! Como você pode negar algo que está dito tão claramente na Bíblia, e ainda pensar que observa a mesma Bíblia?

"A única autoridade que temos é Cristo", você diz. Pois bem! No fundo, é isto mesmo. E é exatamente por isso que obedecemos à vontade de Cristo, que quis nos delegar um pastor terreno, este mesmo Pedro a quem o Senhor pediu, por três vezes: "Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15-17). Acaso a Bíblia mostra, em algum versículo, Jesus ensinando aos seus seguidores que deveriam se orientar exclusivamente pelas Escrituras, como "única regra de fé e prática"? Não! Mas ela mostra, insistentemente, a importância fundamental da única e una Igreja de Cristo para a nossa salvação.

A Bíblia Sagrada é mais do que clara em afirmar e ratificar, várias vezes, que o Apóstolo Simão foi eleito pelo Senhor Jesus como a Pedra (por isso mesmo deixou de ser Simão e se tornou 'Pedro': Pedra) sobre a qual Ele edifica sua Igreja. Os seguidores do movimento protestante, porém, que alegam observar a Bíblia, precisavam encontrar um meio de negar tais passagens, caso contrário seriam forçados a reconhecer a autoridade da Igreja Católica e a inviabilidade de sua própria doutrina. Como contra fatos não podem existir argumentos, tudo o que conseguiram foi a elaboração de sofismas, – fraquíssimos, por sinal.

O argumento que desvendaremos a seguir representa a principal e mais usual alegação que os atualmente chamados "evangélicos" (pentecostais e neopentecostais), usam na tentativa de negar a autoridade da Igreja Católica: a Pedra não é Pedro, e sim o próprio Jesus. Vejamos...



O que supostamente legitimaria o argumento de que a Pedra citada pelo Cristo no Evangelho segundo Mateus (16,18) não seria o Apóstolo Pedro, mas sim o próprio Jesus, é o fato de as Sagradas Escrituras, em outras passagens, identificarem o Cristo como “Rocha” e “Pedra Angular”.

Esta é, para dizer o mínimo, uma argumentação infantil; tola, mesmo. De fato, existem passagens bíblicas em que os termos “pedra” e “rocha” se referem a Jesus. E daí?? Ora, é mais do que óbvio que isso não significa que todas as vezes em que a Bíblia usa essas palavras está se referindo exclusivamente a Jesus. Só porque se dá a Jesus o título "Pedra", numa determinada passagem, será que todas as vezes que lermos a palavra pedra, nas Escrituras, será uma alusão ao Cristo? Claro que não.

No mesmo sentido, poderíamos usar quantos exemplos, de quantas citações bíblicas? Ora, o próprio Cristo proclamou-se “Luz do Mundo” (Jo 8,12). Mas Ele também disse aos Apóstolos que eles deveriam ser “Luz do Mundo” (Mt 5,13). Não é porque Jesus é chamado Luz, numa passagem, que todas as vezes que o texto sagrado falar em luz estará se referindo exclusivamente a Jesus. Será muito difícil entender isto?

Da mesma maneira, é óbvio que nem todas as vezes que as Escrituras falam em "pedra" estão se referindo a Jesus. Podemos ver, por exemplo, o livro do Profeta Isaías, cap. 51, vs. 1 e 2: nesta passagem, a pedra é Abraão. Também em 1ª Pedro (2, 4-5), fala-se nas "pedras vivas", que, neste caso, são o próprio Jesus juntamente com os cristãos fiéis.

Vemos então o que é evidente por si mesmo: que Jesus ser chamado "Pedra Angular" é uma coisa, e o fato de o discípulo Simão Barjonas ter sido feito, pelo mesmo Jesus, a Pedra sobre a qual edificaria a sua Igreja, é outra coisa, completamente diferente. Tanto isso é fato que até o nome do Apóstolo foi mudado, de Simão para Pedra (que na tradução virou 'Pedro', já que Pedra é um substantivo feminino e não poderia servir de nome para um homem).

Mais do que isso, o fato de Jesus aplicar a Simão Filho de Jonas um título que a Bíblia aplica também ao Filho de Deus, isto, por si só, demonstra e confirma a intenção do Senhor em fazer de Simão um representante seu, assim como acontecera antes com Abraão, que também teve seu nome mudado (antes Abrão) ao ser escolhido para conduzir o povo de Deus, ele que também foi comparado a uma pedra, exatamente como Pedro. E Jesus Cristo ainda confirmou explicitamente sua intenção ao entregar a autoridade sobre a Igreja a Pedro, quando lhe deu as Chaves do Reino, que lhe permitiriam ligar ou desligar na Terra o que seria ligado ou desligado no Céu! O que mais seria preciso?

Além de tudo isso, convenhamos: se Jesus estivesse naquele momento falando de si mesmo, simplesmente diria "Eu sou a Pedra", assim como disse "Eu sou a Luz do Mundo", "Eu sou o Pão da Vida", "Eu sou a Ressurreição e a Vida" ou "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". Por que diria: "Simão, tu és a Pedra, e sobre essa Pedra edifico minha Igreja", se estivesse falando de si próprio? Perdoe o desabafo, mas que tipo de loucura é esta?

O Senhor Jesus Cristo, sem dúvida alguma, elevou Pedro como um "pai" para a família dos cristãos (Is 22,21), para guiar o seu rebanho. E o "Príncipe dos Apóstolos" é mais uma vez confirmado como o pastor terreno das ovelhas de Cristo logo após a Ressurreição do Senhor: vemos no Evangelho segundo João (21, 15-17) como por três vezes Jesus pergunta a Pedro se ele o amava, e por três vezes Pedro reafirma seu amor e comprometimento. E como então o Salvador, às vésperas de deixar os seus discípulos, confia expressamente a Pedro a guarda do seu rebanho, isto é, da sua Igreja, e é nítido que, naquele momento, confiava-lhe o cuidado de toda a cristandade, fazendo questão de entregar a guarda dos "cordeiros" e também das "ovelhas. “Apascenta os meus cordeiros”, repete o Senhor por duas vezes; e, à terceira, diz: “Apascenta as minhas ovelhas”.

O verbo “apascentar”, todos sabemos, significa cuidar, conduzir, guiar, assumir a responsabilidade pelo rebanho; neste caso, é receber do Divino Proprietário a autoridade sobre o seu povo. Apascentar os cordeiros e as ovelhas é, portanto, governar com autoridade a Igreja de Cristo; é ser o condutor: é ter o Primado. E ainda mais, como se tanto não bastasse, todo o contexto do Novo Testamento demonstra bem como era Pedro quem tinha a palavra final nos assuntos da Igreja primitiva, em diversas passagens:

# É Pedro quem propõe a eleição de um discípulo para ocupar o lugar de Judas e completar o Colégio dos Doze (At 1,15-22);

# É Pedro o primeiro a pregar o Evangelho aos judeus no dia de Pentecostes (At 2,14; 3,16);

# É Pedro quem, inspirado por Deus, recebe na Igreja os primeiros gentios (At 10,1);

# Pedro é retratado realizando visitas pastorais às igrejas (At 9,32);

# No Concílio de Jerusalém, temos a prova definitiva: é Pedro quem põe fim à longa discussão que ali se travava, entre todas as autoridades da Igreja reunidas, decidindo ele que não se deveria impor a circuncisão aos pagãos convertidos. E a Escritura descreve como ninguém ousou opor-se à sua decisão (At 15,7-12).

E esta autoridade de Pedro, assim como a dos outros Apóstolos, era e continua sendo transmitida de um homem para outro, sendo eleitos os novos sucessores pelo próprio Colegiado dos Apóstolos, através dos tempos. No caso de Pedro, as Chaves do Reino dos Céus, entregues por Jesus Cristo, vêm sendo transmitidas, nesses dois mil anos de história, através do papado.

Dizer que a autoridade de Pedro morreu com ele seria o mesmo que renegar a Promessa do próprio Senhor Jesus Cristo: "Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém".

Se o Senhor prometeu que continuaria com a sua Igreja até o fim do mundo, também a autoridade que ele concedeu à sua Igreja permanece, até o fim dos tempos. Esta é a doutrina católica. Esta é a Palavra de Deus, segundo as Sagradas Escrituras. Esta é a Tradição Cristã, de dois mil anos de história. E quem pregar o contrário, seja anátema. Porque:
De fato, não existem 'dois evangelhos': existem apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós, e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas ainda que alguém, nós ou um anjo baixado do céu, vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que seja anátema.”
(Gálatas 1, 6-8)

Graças a Deus.



Entramos, a partir deste ponto, numa segunda parte deste estudo. Como os fatos que apresentamos até aqui, se observados bem de perto revelam-se inquestionáveis, surgem algumas outras argumentações, – supostamente melhor embasadas, sob uma casca de aparente "erudição", – na tentativa desesperada de negar a realidade do Primado de Pedro.

Há uma outra contestação que diz mais ou menos o seguinte: "Sim, nós reconhecemos, a Pedra do Evangelho de Mateus é Pedro, mas... no texto original em grego a palavra para pedra grande é 'petra', que significa rocha, pedra grande. A palavra usada como nome para Simão é 'petros', que significa pedra pequena, uma pedrinha"...

Pois é. Durma-se com um barulho destes. De fato, o argumento é tão fraco e desprovido de razão que, neste sentido, chega a dificultar a resposta: de tão inteiramente absurdo, o difícil é saber por onde começar a desmantelá-lo. E antes de tudo, mais uma vez, vemos o quanto são desunidas as denominações ditas "evangélicas", e como seu único objetivo comum parece ser realmente negar a autenticidade da Igreja Católica. Ora, se este argumento fosse válido, então o anterior, que diz que o a palavra Pedra não se refere a Pedro, mas ao próprio Jesus Cristo, torna-se blasfemo. Estaria o Evangelho chamando Jesus de "pedrinha"!?.. Sem perceber, todas unidas contra a Igreja Católica, as igrejas "evangélicas" acabam desmoralizando-se umas às outras.

Veja, Ana Paula, como uma igreja "evangélica" acaba ridicularizando a teoria de outra igreja "evangélica", na tentativa de negar o catolicismo. Porque, se houvesse mesmo essa alegada diferença nas expressões em grego (que não existe, como veremos), isto só serviria como uma comprovação a mais de que Jesus não poderia estar se referindo a si mesmo naquela frase.


** Leia a conclusão deste estudo
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A mártir mais jovem a ser beatificada pelo Papa na Coreia

NO SÁBADO, 16 de agosto (2014), por ocasião de sua primeira viagem à Ásia, especificamente à Coreia do Sul, o Papa Francisco beatificará 124 mártires daquele país, entre os quais se encontra o caso muito especial de uma pequena menina, porém verdadeira gigante da fé, assassinada friamente pelo ódio a Jesus Cristo à sua Igreja, antes de completar os 12 anos de idade.

Anastasia Yi Bong-geum nasceu em 1827, filha de Paul Yi Seong-sam e Anastasia Kim Jo-i, que nesse período viviam sua fé na clandestinidade, porque sofriam a perseguição Jeonghae.

Educada pela mãe, desde pequena sabia cumprir bem seus deveres religiosos e manifestava grande fé e amor por Nosso Senhor Jesus Cristo. Com dez anos de idade, aprendeu as orações da manhã e da tarde, assim como o Catecismo da Igreja Católica. Conheceu um sacerdote missionário que se hospedou em sua casa; este, impressionado pela ardente devoção da menina, permitiu-lhe receber a Primeira Comunhão, mesmo sendo ainda tão jovem. 

A fé e as virtudes cresciam em Anastasia, dia a dia. Quando do início da perseguição Gihae, em 1839, ela fugiu com sua mãe para a casa de Protase Hong Jae-yeong. Ali, foi presa pela polícia e levada a Jeonju, onde enfrentou, sem vacilar, o seu martírio.

A menina foi logo interrogada pelo chefe policial, que lhe exigia informações sobre o padre missionário, ao que ela respondeu que era muito pequena para saber de tais coisas. Não satisfeito, o policial lhe disse que, se ela falasse contra Deus, e renegasse a fé cristã, ele lhe pouparia a vida. Anastasia então respondeu-lhe admiravelmente: “Não sabia como adorar o SENHOR até que cheguei ao uso da razão, aos meus sete anos. Eu era muito jovem para ler livros. Mas dos sete anos até agora, adorei o SENHOR. Portanto, não posso trai-lo nem pensar mal dEle, mesmo se tiver que morrer mil vezes!”...

Em princípio, Anastasia foi levada à prisão sem ser torturada, porque era apenas uma frágil menina. Sua mãe fingiu duvidar de sua firmeza e lhe disse que certamente trairia Jesus: "Você não tem coragem para enfrentar a tortura”. Ao ouvir isso, a pequena mais uma vez deu prova de sua firmeza de caráter e, certamente, da assistência divina que recebia. Respondendo que jamais trairia o Cristo, prometendo à sua mãe manter-se fiel ao ensinamento da Igreja, não importando o tipo de tortura que tivesse que sofrer.

O chefe policial e os guardas prisionais insistiram muito com Anastasia para que ela cooperasse e assim salvasse sua vida, porque ela era "ainda tão jovem e uma linda garota", mas ela não cedeu. Jogada na prisão, em tão tenra idade, foi ameaçada muitas vezes, mas não sucumbiu à intensa pressão psicológica. Ao dar-se conta de que a menina realmente não ia ceder, finalmente a autoridade policial ordenou que ela fosse torturada...

Mas os sofrimentos da santa criança não pararam aí. Além de ser torturada, Anastasia foi forçada a assistir o martírio de sua mãe. E mesmo depois, como órfã, continuou a se manter firme em sua adesão ao Evangelho, prosseguindo assim até o final de sua curta vida. O chefe policial, quando ela não tinha ainda completado 12 anos de idade, ordenou que fosse enforcada na prisão, no dia 5 ou 6 de dezembro de 1839.

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Com ACI Digital, em
http://www.acidigital.com/noticias/conheca-a-martir-mais-jovem-que-sera-beatificada-pelo-papa-francisco-na-coreia-64585/
Acesso 11/8/014
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A pátria amada


Por Dom Fernando Arêas Rifan

ESTAMOS ENCERRANDO a Semana da Pátria, da nossa Pátria amada. Jesus, nosso divino modelo, amava tanto sua pátria que chorou sobre sua capital, Jerusalém, ao prever os castigos que sobre ela viriam, consequência da sua resistência à Graça divina. É tempo oportuno para refletirmos sobre nossa nação, na qual vivemos e da qual esperamos o nosso bem comum. Será que também não devemos chorar sobre nossa pátria, ao vermos tanta falta de ética em nossa política, ao sentirmos e pressentirmos a aprovação de leis iníquas, contra a Lei Divina, natural e positiva?

Segundo Aristóteles, “o homem é por natureza um animal político, destinado a viver em sociedade” (Política,I–1,9). Política vem do grego pólis, que significa cidade. E, continua Aristóteles, “toda a cidade é evidentemente uma associação, e toda a associação só se forma para algum bem, dado que os homens, sejam eles quais forem, tudo fazem para o fim do que lhes parece ser bom”.

Santo Tomás de Aquino cunhou o termo bem comum, ou bem público, que é o bem de toda a sociedade, dando-o como finalidade do Estado.

“A comunidade política existe (...) em vista do bem comum; nele encontra a sua completa justificação e significado, e dele deriva o seu direito natural e próprio. Quanto ao bem comum, ele compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição.” (Gaudium et Spes, 74)

Daí se conclui que a cidade – o Estado – exige um governo que a dirija para o bem comum. Não se pode separar a política da direção para o bem comum. Procurar o bem próprio na política é um contrassenso.

Parecia estar falando da política atual o notável Eça de Queirós, que, há muito tempo atrás, escrevera com sua verve inconfundível:

“Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita... Ninguém crê na honestidade dos homens públicos... A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido! Algum opositor do atual governo? Não!” 

Falava ele assim em 1871! – Como cristãos, nós sabemos que a base da moral e da ética é a lei de Deus, natural e positiva, traduzida na conduta pelo que se chama o santo temor de Deus ou a consciência reta e timorata. Uma vez perdido o santo temor de Deus, perde-se a retidão da consciência, que passa a ser regida pelas paixões. Uma vez perdidos os valores morais e os limites éticos, a política fica ao sabor das paixões desordenadas do egoísmo, da ambição e da cobiça. [Trata-se de uma consequência natural, inescapável]

Pense nisso: seu voto é coisa séria, pois terá sérias consequências para a política! [Ou ainda: se você não se importa com política, será governado por aqueles que não se importam com você!]

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Fonte:
Blog pessoal de S. Excia. Revma. Dom Fernando Arêas Rifan, disponível em
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/2014/09/a-patria-amada.html
Acesso 7/9/014
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As igrejas "evangélicas", a Sagrada Escritura e as muitas interpretações dos muitos "pastores"


ESTE POST é o trecho do desdobramento de um diálogo meu, Henrique Sebastião, com a leitora "evangélica" Ana Paula, que argumentou, ao conteúdo do post "Razões porque retornei à única Igreja de Jesus Cristo", dizendo que algumas igrejas "evangélicas" realmente estão no erro, mas outras são fiéis. Quando lhe perguntei, entre outras coisas, ao que ou a quem poderiam ser fiéis estas igrejas, ela respondeu dizendo o seguinte:

Henrique,você perguntou em quê as igrejas são fiéis. Elas são fiéis a bíblia e tudo o que está nela e não no pastor, o pastor apenas prega a palavra conforme está escrito nela.

Caríssima Ana Paula,

Em primeiro lugar agradecemos pela confiança em nosso apostolado e pelo seu interesse em participar de um debate honesto. Você diz que realmente acredita que as igrejas "evangélicas" são fiéis à Bíblia, que o "evangélico" observa fielmente o que está escrito na Bíblia, e não à interpretação de um "pastor". Muito bem. Você não deve saber disso, mas um dia eu também acreditei nisso, porque também já fui o que chamam de "evangélico". Eu achava que as Escrituras eram, sozinhas, a Palavra de Deus, e que não poderia haver nenhum erro numa igreja que simplesmente observasse a Bíblia.

Foi assim até o dia em que o SENHOR me despertou desse sono, removeu as escamas da soberba dos meus olhos e eu acordei. E retornei à Casa do Pai, à Casa do Deus Vivo, – a Igreja Católica Apostólica Romana. – Agora, eu vou lhe provar porque é impossível que as igrejas "evangélicas" sigam a Bíblia, e vou fazê-lo de forma bem simples. Vejamos:

Se as igrejas “evangélicas” são fiéis à Bíblia (logo, a Igreja Católica é infiel), então me diga por que algumas pregam, por exemplo, a “teologia” da prosperidade, enquanto outras a consideram uma heresia? Ora, ou uma doutrina é bíblica, ou não é. Ponto. Muito simples, e não há como se fugir deste simples fato.

A “teologia” da prosperidade, você deve saber (não sei se a sua igreja é a favor ou contra, porque o meio ‘evangélico’ é completamente dividido sobre este assunto), é aquela doutrina que diz que a pessoa que vai à igreja, paga o dízimo e contribui com ofertas generosas, sendo fiel e cumprindo os Mandamentos de Deus, terá uma vida só de bênçãos, tanto materiais quanto espirituais (embora a ênfase da pregação esteja sempre na questão financeira). Você paga o dízimo e Deus devolve em dobro, ou dez vezes mais, ou mil vezes mais. Você é fiel na igreja "evangélica" e Deus lhe dá saúde, prosperidade, um casamento feliz, uma carreira profissional de sucesso, filhos dóceis... Enfim, uma vida feliz e repleta de vitórias.

Muitíssimas igrejas “evangélicas” pregam esta doutrina, como a do empresário Silas Malafaia, por exemplo. Os “pastores” selecionam uma coletânea de passagens do Antigo Testamento que falam das bênçãos que Deus reserva àqueles que lhe são fiéis e as usam, de maneira completamente distorcida, para iludir e extorquir gente ingênua.

Por outro lado, existem muitas outras igrejas “evangélicas” que não compartilham da “teologia” da prosperidade, e algumas até a condenam abertamente. Muitos “pastores” criticam outros “pastores” que pregam essa famigerada doutrina.

Certo. É bem neste momento que você, Ana Paula, me diz: "Isso acontece porque algumas igrejas estão no erro, e outras são fiéis à Bíblia". – Mas é exatamente aí que está o problema! Sabe por quê? Porque tanto as que defendem a "teologia" da prosperidade quanto as que a condenam, ambas estão se baseando na Bíblia, cada uma ao seu modo. Vou listar abaixo algumas das passagens que certos “pastores” usam para defender a “teologia” da prosperidade:

“Porque sou Eu quem conheço os planos que tenho para vós, diz o Senhor, planos de fazer-vos prosperar e não de causar dano, planos de vos dar esperança e um futuro.” (Jeremias 29,11)
“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de Mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.” (Malaquias 3,10)
“O Deus dos Céus fará que sejamos bem-sucedidos.” (Neemias, 2,20)
“O ganancioso provoca brigas, mas quem confia no Senhor prosperará.” (Provérbios 28,25)
“E o Senhor te dará grande prosperidade, no fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto do teu solo, sobre a terra que o Senhor jurou a teus pais te dar." (Deuteronômio 28,11)
“Comerás do fruto do teu trabalho e serás feliz e próspero.” (Salmo 127/128,2)

As passagens listadas acima servem apenas como exemplos. Poderíamos citar muitas outras parecidas, que poderiam ser igualmente distorcidas para se legitimar a "teologia" da prosperidade. Saliento que fiz questão de usar novas traduções usadas pelas igrejas "evangélicas", que não raro deturpam determinadas passagens para favorecer à sua doutrina. A tradução citada acima do salmo 128, por exemplo, é da Nova Versão Internacional (NVI). A tradução bem mais fiel da Bíblia de Jerusalém diz, simplesmente: “Do trabalho de tuas mão comerás, tranquilo e feliz”. Veja que há uma tremenda diferença de sentido nas duas versões.

Então, se alguém diz que algumas igrejas são fiéis à Bíblia e outras não, vai ter que concordar comigo e reconhecer que sim, é possível a deturpação da Bíblia, mesmo por uma comunidade que diga e afirme que a observa fielmente. A ressalva seria no sentido de que as igrejas "fiéis" não compactuam com estas deturpações.

O problema fundamental deste argumento, porém, é a verdade evidente de que no exemplo citado (como em muitos outros) ambos os grupos de igrejas – tanto o das que pregam quanto o das que condenam a "teologia" da  prosperidade – podem se afirmar fiéis à Bíblia. E, neste sentido, estão certas! Afinal, por um lado, a Bíblia realmente promete prosperidade para os justos. Por outro lado, as passagens que falam em prosperidade, assim como todo o conteúdo das Sagradas Escrituras, obviamente precisam ser lidas dentro do seu contexto, e para cada passagem que possa ser usada para favorecer a “teologia” da prosperidade, existem outras tantas que podem ser usadas para negá-la.

Por isso mesmo, os “pastores” contrários à “'teologia' da prosperidade” dizem que se trata de uma doutrina herética, e que usa basicamente a mesma tática que Satanás usou no deserto para tentar nosso Senhor Jesus Cristo, oferecendo riquezas, poder, glória e posses materiais em troca de adoração e fidelidade (Mt 4,8-9). E de que modo argumentam? Claro, da mesmíssima maneira, usando passagens da Bíblia... Vejamos: 

“Outros ainda recebem a semente entre os espinhos; ouvem a Palavra, mas as preocupações mundanas, a ilusão das riquezas e as múltiplas cobiças a sufocam e a tornam infrutífera” (Marcos 4,18-19)
"Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições." (1Timóteo 6,10)
“Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Coríntios 15,19)
“Feliz serás tu, porque estes não têm como retribuir. A tua recompensa virá na ressurreição dos justos.” (Lucas 14,14)
Vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que sobre vós virão. Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas foram comidas pela traça. Vosso ouro e vossa prata enferrujaram-se e a sua ferrugem dará testemunho contra vós e devorará vossas carnes como fogo. Entesourastes nos últimos dias!” (Tiago 5,1-3)
“Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas. A nossa cidadania, porém, está nos Céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Pelo poder que o capacita a colocar todas as coisas debaixo do seu domínio, ele transformará os nossos corpos humilhados, para serem semelhantes ao seu Corpo Glorioso” (Filipenses 3, 18-21)
"Tu dizes: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconheces, porém, que és miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que estás nu." (Apocalipse 3,17)
"Disse-lhe Jesus: 'Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no Céu; e vem, e segue-me." (Mateus 19,21)
"Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no Reino dos Céus." (Mateus 19,23)
"E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus." (Mateus 19,24)
“Ouvi, meus caríssimos irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres deste mundo para que fossem ricos na fé e herdeiros do Reino prometido por Deus aos que o amam?” (Tiago 2,5)
“Então lhes disse: 'Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens'” (Lucas 11,5)
“Vendei o que possuís e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos Céus, aonde não chega o ladrão e a traça não o destrói. Pois onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.” (Lucas 12,33,34)
"Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro. (...) Aquilo que tem muito valor entre os homens é abominável aos Olhos de Deus." (Lucas 16,13-15)
“E, levantando Ele os olhos para os seus discípulos, dizia: 'Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus'." (Lucas 6,20-21)
"Mas ai de vós, os ricos, pois já recebestes a vossa consolação. Ai de vós, que agora têm fartura, porque passarão fome. Ai de vós, que agora riem, pois haverão de lamentar e chorar!" (Lucas 6,24-25)

Novamente, as passagens acima servem apenas como exemplos; poderíamos continuar e citar muitas outras que são categoricamente contrárias à doutrina que diz que quem seguir Jesus vai alcançar riquezas, glória e abundância neste mundo. E observe que as passagens contrárias a “teologia” da prosperidade são muito mais abundantes do que as que parecem confirmá-la. Além disso, encontram-se quase que em sua totalidade no Novo Testamento, inserindo-se no contexto da Nova e Eterna Aliança em Cristo, enquanto que aquelas que parecem dizer o contrário pertencem ao contexto do Antigo Testamento.



Mas este estudo, afinal, não é para falar da “teologia” da prosperidade. Nós já fizemos isso (veja aqui). Eu apenas levantei um tópico, entre muitos outros, para demonstrar que não se pode dizer que há "fidelidade à Bíblia" nas igrejas "evangélicas", e nem pode haver, simplesmente porque elas não falam a mesma língua e não seguem a mesma doutrina, e o Espírito de Deus não se divide contra Si mesmo. Mais importante, a Bíblia pode ser interpretada de inúmeras maneiras, e é por isso que existem dezenas de milhares de denominações ditas "evangélicas" no mundo, e cada uma delas observando doutrinas baseadas exclusivamente na Bíblia.


* * *

Diante dessa realidade inquestionável, alguns "evangélicos" argumentam dizendo que as diferenças estão apenas nos detalhes, e que os fundamentos da fé realmente importantes são iguais em todas as igrejas "evangélicas". Mas é muito fácil constatar que isso não é verdade. O caso da “'teologia' da prosperidade”, que acabamos de analisar, é um ótimo exemplo: se é verdade que Deus abençoa com prosperidade àqueles que lhe são fiéis, então o meu modo de vida será de um determinado modo; isso vai definir o meu comportamento e a minha maneira de me relacionar com Deus. Além disso, o meu estado de vida material servirá como parâmetro para que eu saiba se estou sendo realmente fiel a Deus, se sou um bom cristão ou não. Se eu continuo pobre, se eu não alcanço as tão faladas "vitórias" que Deus concede aos justos, é porque eu não estou fazendo o que deveria fazer.

Posso chegar ao ponto de crer que não devo ajudar os pobres, porque isso seria desvio de recursos, como ensina o "pastor" R. R. Soares (veja aqui). Claro, se Deus dá abundância material e vitória financeira a quem lhe é fiel, eu não tenho mesmo que ajudar ninguém, porque quem não tem dinheiro é porque não é fiel a Deus e não merece ajuda. Veja o quanto estamos indo num caminho diretamente contrário aquele que Jesus propõe nos Evangelhos.

Por outro lado, se eu não aceito essa doutrina, o meu comportamento será totalmente diverso. Passo a entender a fé e a enxergar a vida de um modo completamente outro; meus modos, posturas e ações serão de outra natureza. Posso chegar ao ponto de um S. Francisco de Assis, que dava graças a Deus pela "irmã pobreza", confiando plenamente no que Jesus diz no Evangelho ('Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir.' – Lc 6,20-21). Veja que adotar ou rejeitar uma crença como esta não é um mero "detalhe", ao contrário: é algo que vai definir integralmente o meu modo de vida.

Insisto, porém, que para esclarecer o meu ponto de vista usei apenas um exemplo, entre muitíssimos outros. Do mesmo modo, eu poderia falar da questão do divórcio, que algumas igrejas “evangélicas” não admitem, baseadas em Malaquias 2,16, Gênesis 2,24 e Mateus 19,6. Outras igrejas admitem o divórcio em alguns casos, como quando há imoralidade sexual envolvida, e para isso citam Mateus 19,9. Existem também algumas outras bem mais liberais, que simplesmente usam (nas palavras da introdução da Bíblia NVI) de “interpretações menos rígidas”...

Eu poderia também falar da questão do batismo infantil, que algumas igrejas praticam, buscando como sempre legitimar a sua opção na interpretação de uma série de passagens do Antigo e do Novo Testamento (veja aqui) e outras não admitem em hipótese alguma. Encontrei até um fórum de discussão com um debate infinito entre “evangélicos” a respeito deste assunto, alguns defendendo o batismo infantil e outros o condenando com veemência, e – por que será que não fiquei surpreso? – todos acreditavam piamente que estavam 100% fundamentados na Bíblia.

Eu poderia ainda falar das igrejas “evangélicas” que guardam o sábado, enquanto outras guardam o domingo, e outras que não guardam dia nenhum; poderia falar das igrejas que praticam a chamada “santa ceia”, porque Jesus assim ordenou (Lucas 22,19) e das que simplesmente não praticam, porque interpretam a ordem divina de algum outro modo; poderia falar das igrejas que não aceitam mulheres como “pastoras”, baseadas na Bíblia (I Timóteo 2,11-12), e das outras que não só aceitam como até têm mulheres como “bispas” e “apóstolas”; poderia falar das “igrejas” que pregam que o Batismo é uma condição necessária para a salvação, baseadas em Marcos 16,16, e das que dizem que não é, baseadas em Lucas 23,43...

Etc, etc, etc...

Veja bem, mais uma vez, que eu não estou falando de detalhes, de costumes secundários, que não fazem diferença na prática cristã. Estou falando de questões fundamentais, de temas que incorrem na própria salvação ou perdição da alma! E, também sobre estas, as igrejas “evangélicas” discordam entre si! Cada uma delas crê e prega sua própria verdade, baseada em quê? Na Bíblia, é o que dizem, mas é claro e evidente que isso não é verdade, porque a Palavra de Deus não se contradiz. O problema acontece porque cada uma destas "igrejas" se baseia na sua própria interpretação particular da Bíblia. Apenas isso e mais nada. Consegue compreender isto, Ana Paula? Posso ter esperança de que tudo esteja ficando um pouco mais claro para você?

Como citei acima, segundo dados oficiais existem dezenas de milhares(!) de seitas ditas "igrejas evangélicas” diferentes no mundo, sendo que cada uma delas prega algo diferente, algumas chegando a extremos como aceitar e praticar o "casamento gay" (veja aqui) e promover o aborto (caso da Universal do empresário Edir Macedo – veja aqui), e de alguns pastores que incentivam seus fiéis a destruírem imagens católicas.

Finalizando, para demonstrar insofismavelmente que não existe essa história de igreja “evangélica” fiel à Bíblia, preciso me lançar à árdua tarefa de tentar lhe fazer compreender que a única Igreja que pode ser fiel à Bíblia é aquela que a produziu, na pessoa dos Apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo, que também foi a mesma que definiu a sua forma, usando de sua autoridade, dada por Jesus Cristo, para dizer quais dos muitos livros que eram lidos e reverenciados na Igreja primitiva eram divinamente inspirados e quais eram apócrifos. Estou falando da canonização dos livros da Sagrada Escritura que fazem com que a Bíblia seja cristã, isto é, os livros do Novo Testamento, – que são os mesmíssimos livros que as igrejas “evangélicas” adotam, acatando a autoridade da Igreja Católica, que a definiu. – Como você deve saber, as diferenças entre a Bíblia católica e a protestante estão apenas no Antigo Testamento.

Nas próprias Escrituras, Jesus diz aos fariseus hipócritas: “...Vós examinais as Escrituras, julgando ter nelas a vida eterna. Pois são elas que testemunham de Mim, e vós não quereis vir a Mim, para terdes a vida.” (João 5,39-40). – O Senhor está dizendo, textualmente, que não basta o exame da Escritura para se chegar a Ele. E a este respeito, mais uma vez a própria Bíblia é categórica: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular.” (2 Pedro 1,20). – Esta passagem enfatiza dois pontos fundamentais: tanto que a Escritura não foi produzida com base na inteligência do homem, mas sim pela inspiração do Espírito de Deus, quanto que a sua interpretação não pode ser pessoal, particular, como de alguém que simplesmente resolve examinar as Escrituras por conta própria e a julgar que compreende perfeitamente bem tudo o que Deus diz ali.

Trata-se de um fato muito, muito simples: se fosse para cada um ler a Bíblia, interpretar ao seu modo e sair por aí fundando "igrejas" e mais "igrejas", o Cristo não teria dado a autoridade sobre a Sã Doutrina aos Apóstolos. O Senhor teria dito claramente: "Observem as Escrituras!"... Mas em nenhum, absolutamente nenhum momento, a Bíblia diz algo assim. Ao contrário, há uma clara ênfase na autoridade da Igreja, desde o início.

Logo depois de fundar a Igreja (e não 'as igrejas') sobre o Apóstolo Pedro, no mesmo ato, Jesus diz a este mesmo Pedro que tudo o que ele ligasse na Terra seria ligado no Céu, e o que ele desligasse na Terra seria desligado no Céu (Mateus 16,18). E diz aos Apóstolos, em outra ocasião, que os pecados que eles perdoassem seriam perdoados, e os que eles não perdoassem seriam retidos (João 20,23). Esta é a autoridade que a Igreja possui na Terra, dada diretamente por Deus! Como pode haver alguma dúvida sobre algo tão evidente, para alguém que diz que observa a Bíblia?

Mais ainda do que tudo isso, em sua primeira epístola a Timóteo, S. Paulo Apóstolo é explícito: “Escrevo (eu, o Apóstolo, escrevendo a própria Bíblia, inspirado pelo Espírito Santo) para que saibas como comportar-te na Igreja, que é a Casa do Deus Vivo, a coluna e o sustentáculo da Verdade” (1Timóteo 3,15).

A coluna e o sustentáculo da Verdade é a Igreja, e não a interpretação particular e isolada das Escrituras, e as Escrituras mesmo dão testemunho disto! – Algumas traduções trazem "a coluna e o fundamento da Verdade". – Que mais é preciso dizer? Que mais a própria Bíblia poderia dizer? Ela diz que, antes de tudo, devemos saber que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular. A Bíblia Sagrada foi escrita para que soubéssemos como ser membros da Igreja, que é o sustentáculo da Verdade. À Igreja foi dada a autoridade para perdoar ou reter os nossos pecados. O que mais, o que mais é preciso para que alguém de boa vontade compreenda que a interpretação particular das igrejas "evangélicas", por ser literal e isolada do seu devido contexto, é completamente contrária a toda essência do cristianismo?

Resumindo, tudo o que eu tentei demonstrar, até aqui, é que não existe "interpretação particular correta" da Bíblia, porque todas elas já estão condenadas nas próprias Escrituras, e já nascem necessariamente equivocadas. São desvios da fé verdadeira. A única interpretação das Sagradas Escrituras que pode ser considerada correta é a da pessoa que a produziu, inspirada pelo Espírito Santo: a Igreja Católica. E a Igreja não está obrigada a se pautar pelo conteúdo das Escrituras, e sim a  correta interpretação das Escrituras é que precisa se pautar pela orientação da Igreja, pois a Bíblia é filha da Igreja. – A Igreja é a mãe da Bíblia, e não o contrário.

Para encerrar o tema, deixo abaixo um vídeo-aula do Profº Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr., incansável defensor da verdade e da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo; creio que você não o conheça, e eu gostaria de indicar estas suas vídeo-aulas, que são extremamente didáticas e podem ajudar muitíssimo (veja mais acessando este link). Por enquanto, é isto. Deus a abençoe, ilumine e salve.


A Igreja alguma vez já proibiu
a leitura da Bíblia?

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