A paixão da Igreja (Corpo de Cristo) e o fim dos tempos segundo Marie-Julie Jahenny, mística estigmatizada


MARIE-JULIE JAHENNY (diz-se Marrí Julí Jení) é considerada uma grande mística estigmatizada da Igreja Católica. Ela nasceu na aldeia chamada Blain, Bretanha, oeste da França, aos 12 de fevereiro de 1850, como a mais velha de cinco filhos. Foi criada por pais humildes e piedosos, de fé sólida. 

    Nosso Senhor a tratou com muitas graças desde o momento da sua Primeira Comunhão, e ela correspondeu com uma crescente devoção. Ingressou na Ordem Terceira Franciscana com pouco mais de 20 anos, a fim de santificar-se do mundo.

    Viveu toda uma vida de grandes sofrimentos em expiação dos pecados da humanidade, em uma pequena cabana situada na aldeia de La Fraudais, próximo de Blain. Dessa maneira, procurou cumprir o desejo de Nosso Senhor, de que buscasse reparação pelos pecados da França e do mundo.

    Ela foi agraciada com visões frequentes de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Maria Santíssima, e com muitas luzes proféticas. Recebeu em seu corpo franzino, a partir dos 23 anos de idade, os estigmas de Cristo de maneira muito nítida e em escala tremenda: as cinco chagas nas mãos, pés e lado do torso; as feridas da coroa de espinhos; as lacerações e feridas nos ombros pelo peso da cruz; as marcas da flagelação; até mesmo as marcas causadas pelas cordas com as quais foi atado Nosso Senhor apareciam nela(!). Conviveu com essas chagas até o dia de sua morte, mais de 60 anos depois, aos 4 de março de 1941.

    A veracidade das graves advertências que ela recebeu do Céu são atestadas pela sua simplicidade e sua obediência exemplar (ela sempre se colocou como uma humilde mensageira, sem nunca querer receber qualquer vantagem pelo dom recebido), pelos seus diretores espirituais e por seu Bispo. além de serem confirmadas pelo cumprimento de tudo o que profetizou durante sua vida. Com precisão assombrosa, ela advertiu sobre as duas Guerras Mundiais, a eleição do Papa São Pio X e diversas perseguições feitas à Igreja. Infelizmente, especialmente por questões ideológicas que não querem que mensagens desse tipo sejam conhecidas, sua história e suas profecias são pouquíssimo divulgadas. No Brasil, raras são as pessoas que ouviram falar dela.

    Marie-Julie tinha o dom maravilhoso de distinguir o Pão Eucarístico do pão comum; de distinguir objetos que haviam sido abençoados de outros não abençoados; de reconhecer relíquias de santos e saber de onde se originavam; de entender em vários idiomas as orações litúrgicas.

    Durante um período de cinco anos, a partir do dia 28 de dezembro de 1875, ela sobreviveu apenas da santíssima Eucaristia; de acordo com as anotações do Dr. Imbert-Gourbeyre, ao longo de todo esse período não houve excreções líquidas nem sólidas. Um verdadeiro assombro para os muitos médicos e cientistas que a examinaram em muitas ocasiões; desprezada pelos incrédulos, a mística tinha a admiração de um bom amigo ao longo de sua vida: Monsenhor Fourier, o Bispo de Nantes. Havia também um círculo de devotos que se dedicaram à ingrata tarefa de espalhar sua mensagem a um mundo cada vez mais surdo. 

    Durante seus êxtases, Marie-Julie tornava-se totalmente insensível à dor e à luz intensa. Foi registrado que alguns desses êxtases eram acompanhados por uma leveza sobrenatural de seu corpo.


As Profecias


Marie-Julie Jahenny teve a visão de um diálogo entre Nosso Senhor e Lúcifer, na qual o segundo disse: “Atacarei a Igreja. Tirarei a Cruz, dizimarei as gentes, depositarei uma grande fraqueza da Fé em seus corações. Haverá um grande repúdio da Religião. Por um tempo, serei o dono de tudo, e tudo estará sob meu controle, até mesmo o teu Templo e todo o teu povo”. É notável a semelhança entre essa visão e aquela que teve Sua Santidade o Papa Leão XIII, com Roma sendo invadida por hordas demoníacas enviadas por Satanás, a quem Deus teria permitido tomar conta da Igreja por certo tempo[1]. Essa mesma visão, aliás, levou o Papa a compor sua oração exorcística a São Miguel Arcanjo, estendida obrigatoriamente a toda a Igreja para ser feita, de joelhos, após toda celebração da Missa.

    São de fazer arrepiar, especialmente, as profecias sobre as mudanças que seriam feitas na Missa e na sagrada Liturgia da Igreja, mais de 60 anos antes de efetivamente acontecerem. Nos dias 27 de novembro de 1902[2] e 10 de maio de 1904 – portanto, cerca de seis décadas antes da abertura do malfadado Concílio Vaticano II, e é isso especialmente o que torna tal profecia realmente assustadora –, ela anunciou que Nosso Senhor a advertira sobre novidades que viriam a ser instituídas: 

Advirto-os: os discípulos que não são do meu Evangelho estão trabalhando duro para refazer, segundo as suas ideias e sob a influência do Inimigo das almas, a Missa, que conterá palavras que me são odiosas. Quando chegar a hora fatídica, quando a Fé dos meus sacerdotes será posta à prova, serão esses textos que serão celebrados nesse segundo período…

O primeiro período (da história da Igreja) é o do meu Sacerdócio, existente desde Mim. O segundo é o da perseguição, quando os inimigos da Fé e da santa Religião irão impor suas fórmulas no livro da segunda celebração. Esses espíritos infames são aqueles que me crucificaram e estão esperando o reinado do 'novo messias'. Muitos dos meus santos sacerdotes rejeitarão este livro, selado com as palavras do abismo. Infelizmente, entre eles haverá os que o aceitarão.

Nesta aberração, os sacerdotes quebrarão seus juramentos. O Livro da Vida contém a lista dos nomes que quebram seu coração.

Pelo pouco respeito que tem para com os Apóstolos de Deus, o rebanho se torna indiferente e deixa de observar as leis. O próprio sacerdote é responsável por tal falta de respeito, porque ele próprio não respeita o seu sagrado ministério e o lugar que ocupa nas suas funções sagradas. O rebanho segue os passos de seus pastores; isso é uma grande tragédia.

O clero será severamente castigado por sua veleidade inconcebível e sua grande covardia, a qual é incompatível com as suas funções.

Um terrível castigo está preparado para aqueles que erguem todas as manhãs a Pedra do Santo Sacrifício. Eu não vim aos seus Altares para ser torturado. Sofro mil vezes mais por esses corações do que por nenhum outro. Absolvo-vos dos vossos pecados grandes, meus filhos, mas não se pode conceder nenhum perdão a estes sacerdotes.

Jesus Cristo na visão de Marie-Julie Jahenny
em novembro de 1902/ maio de 1904

    Jahenny diz que “aqueles que governam o rebanho” serão os culpados da crise que viria. Menciona um Papa que, no último momento, inverterá sua política e fará um apelo solene ao clero, mas já não será obedecido; pelo contrário, uma Assembleia de Bispos vai exigir ainda mais liberdade, declarando que não obedecerão.

    Diz, então, que a "revolução vermelha" estourará. Fala de uma “religião horrível” que substituirá a Fé Católica, e vê “muitos, muitos Bisposabraçando essareligião sacrílega e infame”. Ela anuncia a “dispersão dos pastores” pela própria Igreja, os verdadeiros pastores, que serão substituídos por outros, do Inferno: “… Novos pregadores com novos sacramentos, novos templos, novos batismos, novas fraternidades”.




Demorará ainda o Juízo? O povo, boa parte das vezes, não é culpado, e nós não somos capazes de julgar as intenções dos corações. Mas todos podemos ver com clareza que as cenas acima podem retratar tudo, menos a renovação do Santo Sacrifício da Missa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

    Se estamos vendo acontecer essas coisas agora, se essa não é a perfeita descrição da situação em que se colocou a Igreja após o Conc. Vaticano II, jugue o leitor em acordo com sua consciência, diante de Deus. 

    De modo estarrecedor e muito semelhante àquilo que escreveu São João Bosco ao Bem-aventurado Papa Pio IX em sua carta profética sobre o fim dos tempos, Jahenny fala da tentativa de retorno do Papa à verdadeira Religião. Então o Santo Padre solicitará à juventude para que combata pela salvação da Igreja. A Terra inteira sofrerá crises terríveis, na Fé e na Religião. Será estabelecido um regime democrático popular, com leis ímpias e perseguições à Igreja, ao nome dos cristãos e à liberdade.

    Deus castigará com vara de ferro a apostasia das massas e das nações. Será o império de Satã em toda a Terra, com perseguições religiosas cruéis, pilhagens e carnificinas sem conta. A juventude será enganada e imediatamente cairá em uma podridão cujo fedor será insuportável.  Haverá uma apostasia geral, mas haverá um pequeno número de fiéis que sustentará a verdadeira Fé cristã e católica. Estes poucos perseverantes serão contraditados, expulsos, ridicularizados, insultados e até encarcerados. 

    No dia 4 de março de 1941, faleceu Marie-Julie Jahenny, por complicações devido à idade avançada (91). Em sua homenagem, o Marquês de La Franquerie, instituiu a associação Le sanctuaire de Marie-Julie Jahenny. Sua casa é hoje em um santuário que continuamente recebe a visita de peregrinos e devotos.

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** Publicado na revista O FIEL CATÓLICO n.20

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[1] SYMONDS, Kevin J. Pope Leo XIII and the Prayer to St. Michael. Booneville: Preserving Christian Publications, 2015.

[2] O dia do 72º aniversário da Aparição da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora 
das Graças (N. do E.).
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* Os excertos de profecias aqui reproduzidos são da obra 'Marie-Julie Jahenny, La Stigmatisée Bretonne', de Marquis de la Franquerie.
www.ofielcatolico.com.br
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