Qual a melhor Bíblia de estudos?


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UMA PERGUNTA MUITO comum e recorrente entre os estudantes iniciantes da Teologia é a que dá título a esta série: qual é, afinal, a melhor Bíblia de estudos para o estudante de Teologia católico?

    Quanto às versões da Bíblia das quais dispomos para estudos mais aprofundados, há muito que se dizer, porque não se trata de um problema tão simples quanto possa, à primeira vista, parecer. Antes de qualquer consideração, é preciso deixar claro que não é possível o estudo realmente aprofundado das Sagradas Escrituras sem um conhecimento ao menos geral dos idiomas originais em que ela foi escrita, além do latim, do trabalho fundamental de São Jerônimo. Este é o primeiríssimo ponto.

    A muitos parecerá uma exigência pesada demais o ter que aprender hebraico, aramaico e grego, além do latim, antes de poder se considerar um estudante realmente competente dos Textos Sagrados. Mas essa impressão será muito atenuada se considerarmos que que a realidade atual está inegavelmente a nosso favor, e há dois pontos a se observar:

    1. Não está aqui se afirmando que é preciso que o bom estudante da Teologia tenha que saber conversar ou escrever em hebraico e grego para que possa se considerar um bom aprendiz. Não se exige a fluência nessas línguas; o que dizemos é que é preciso saber ler a Bíblia na língua em que originalmente foi escrita, se é que se deseja conhecê-la realmente a fundo para, entre ou-tras coisas, compreender os porquês das diferenças entre traduções. É que sempre que se procede a uma tradução dos Textos Sagrados (assim como de qualquer texto, em última análise), é preciso fazer opções e elaborar soluções para certos desafios que surgem inevitavelmente. Mais do que isso, saber ler nos idiomas originais é preciso para descobrir significados que permanecem muitas vezes ocultos, mesmo nas melhores traduções. No início, será indispensável o uso de um bom dicionário e de um guia para consultas. Com a prática, seu vocabulário irá se desenvolvendo e crescendo cada vez mais, até que seja capaz de ler longos trechos sem nenhum auxílio externo.

    2. Para fins de aprendizado, vivemos hoje tempos privilegiados: temos neste exato momento, à nossa disposição –, inclusive em boa parte gratuitamente –, diversos instrumentos valiosíssimos: cursos à distância e/ou por vídeoaulas, websites e aplicativos que permitem não só aprender os idiomas como também proceder à comparação dos textos traduzidos em português com o grego e o hebraico, inclusive acompanhados ou não da transliteração.

    Estabelecido esse primeiro ponto inicial –, a necessidade do conhecimento dos idiomas bíblicos –, o segundo passo igualmente necessário é entender que é muito difícil – senão mesmo impossível – recomendar uma só Bíblia específica que seja “a melhor” ou a mais indicada para os estudos mais aprofundados, mesmo para o estudante que, ao menos numa primeira etapa, vá se limitar apenas ao vernáculo. Por quê?

    Porque, como já mencionamos, ao mesmo tempo em que temos diversas versões/edições da Bíblia em língua portuguesa e disponíveis no Brasil, é um fato inevitável que cada um desses tradutores (geralmente equipes de tradutores) precisou fazer opções e lançar mão de soluções próprias para conciliar termos, construções e expressões as quais, se fossem traduzidas literalmente do original, ficariam desprovidas de sentido no português. São inúmeros casos desse tipo que ocorrem no corpo de textos da Bíblia, e é exatamente por isso que temos tantas diferenças – e até mesmo aparentes discrepâncias – entre umas versões e outras.

    O problema é que, exatamente por esse motivo, algumas traduções são melhores que outras em partes, e piores do que essas mesmas outras em outras partes. Vamos, então, a uma breve análise daquilo que temos disponível, antes de partir para uma conclusão da melhor solução para o problema.

    ** Ver todos os estudos desta série

8 comentários:

  1. Estou curioso para saber a conclusão desse artigo, é um assunto que muito me interessa, porque sempre estive nessa busca pelas melhores versões de Bíblias de estudo para católicos. E quando se fala em Bíblia de estudos penso logo em uma versão que contenha introduções e notas abundantes. Não tenho qualificação nenhuma para opinar sobre traduções, mas com relação às notas explicativas considero que as seguintes Bíblia católicas merecem destaque:

    A Bíblia do Pontifício Instituto Bíblico de Roma, editada no Brasil em 1967, e hoje raríssima de encontrar. O Novo Testamento está disponível em PDF no Alexandria Católica.
    A Bíblia do Ano Santo de 1950, Editora das Américas, dividida em 17 volumes. Tradução da Vulgata por Antônio Pereira de Figueiredo, com notas feitas por uma equipe de exegetas. Está disponível em PDF no site Obras Católicas.
    A Bíblia de Navarra, em português foi publicado até o momento o Novo Testamento em 3 volumes (e creio que esta edição está esgotada). É a que possui maior abundância de notas.

    Tenho outras Bíblias em português (Ave Maria, Matos Soares, Editora Abril, CNBB, etc) mas possuem notas muito reduzidas, ou essas notas são apenas técnicas, então não as incluo entre as Bíblias de estudo. A chamada Bíblia de estudos Ave Maria possui notas péssimas.

    Meu sonho seria uma Bíblia católica em que os comentários fossem constituídos por decretos de Concílios Ecumênicos e trechos de Encíclicas Papais, infelizmente é o tipo de publicação que parece que jamais verá a luz do dia.

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    1. Está aqui a continuação, Felipe:

      Qual a melhor Bíblia de estudos? Parte 2

      Fraternidade Laical São Próspero

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    2. Felipe, veja a Bíblia Didajé. É católica, editada pela BAC e contém isso que você deseja para uma bíblia.

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    3. A Ddajé ainda não é exatamente o que Felipe procura. Esta contém comentários da Conferência Episcopal Espanhola e referências baseadas no Catecismo e alguns paralelos com os Padres da Igreja.

      Fraternidade Laical São Próspero

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    4. Agradeço o interesse em ajudar. Eu não conhecia esse Bíblia Didaje, parece interessante. Da excelente editora BAC tenho a Bíblia Bover Cantera em 2 volumes, que é ótima (e muito rara). A Bíblia que mencionei, com comentários extraídos de documentos do Magistério, não creio que exista algo do tipo. É o que eu consideraria a Bíblia de estudos ideal para um católico. Imagine ler os textos sobre a justificação de São Paulo e nas notas você tem a interpretação autêntica dessas passagens com decretos do Concílio de Trento, apenas para dar um exemplo. A mais próxima que conheço nesse sentido é a Bíblia de Navarra, que na nota referente à Mt 16,18 cita longos trechos do Concílio Vaticano I sobre o primado de Pedro, e também cita textos magisteriais em diversas outras notas.

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    5. Meu caro Filipe, para além das versões editadas no Brasil pode adquirir através da amazon a Bíblia Sagrada, editada pela Difusora Bíblica em Portugal, também conhecida pela Bíblia dos Capuchinhos traduzida por uma equipa de notáveis biblistas ou a Bíblia Sagrada, Editora Paulus, ambas em português europeu e com excelentes anotações e comentários.

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  2. A primeira Bíblia que li foi a da igreja que eu frequentava (Bíblia Pastoral) cujas notas, vendo hoje, são todas sem qualquer espiritualidade e totalmente voltadas para uma religião socialista.

    Uma pena, pois essa mesma Bíblia ainda é disponibilizada para todos os fiéis da igreja.

    Há muito tempo, ignoro as notas dela, focando apenas nos textos sagrados mesmo.

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    1. Pois é, Rodolfo. Desgraçadamente, essa versão totalmente deturpada e instrumentalizada é que é a mais comum, mais barata e muitas vezes é até distribuída gratuitamente na dita "igreja conciliar"... Aconselho-o fortemente a adquirir um exemplar da Bíblia Ave Maria assim que possível.

      Fraternidade Laical São Próspero

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