O Sacramento da Ordem


NA ANTIGUIDADE, CHAMAVA-SE Ordem a um grupo de pessoas que tinham determinada responsabilidade ou função, ou que compartilhassem de uma determinada missão, como, por exemplo, a Ordem dos Juízes e as Ordens de cavaleiros. Ordem, na linguagem civil romana, era um grupo de cidadãos que exerciam as mesmas funções, reconhecidas publicamente. A entrada de uma pessoa numa determinada Ordem era chamada “ordenação”.

    Na Igreja, desde os primeiros séculos, é costume chamar de Ordem ao grupo dos ministros consagrados. Assim, desde os tempos antigos, encontramos nos documentos e livros litúrgicos da Igreja as expressões “Ordem dos Bispos”, “Ordem dos Presbíteros” e “Ordem dos Diáconos”. E como um ministro da Igreja deve receber o Sacramento próprio para exercer o seu ministério, esse Sacramento passou a ser chamado Sacramento da Ordem, que é o Sacramento pelo qual alguém que tenha a necessária vocação é inserido na Ordem dos Ministros Sagrados. A Igreja conservou o termo “Ordem” porque, além de ser o costume, tinha respaldo na Sagrada Escritura: o próprio Senhor Jesus Cristo é chamado “Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedec” (Sl 110, 4; Hb 5, 6; 7, 11).

    Ordem, portanto, é o nome do Sacramento; ordenação é a sua celebração, o rito litúrgico praticado pelos Apóstolos, que insere na Ordem dos Bispos, Presbíteros ou Diáconos os escolhidos para o ministério sagrado.


O que é um sacerdote?

É, antes de tudo, o dispensador do Amor de Deus aos homens. Que missão sagrada e maravilhosa é a do sacerdote! Evidentemente, um sacerdote é um ser humano comum, sujeito à fraqueza e ao erro. Porém, esse homem foi chamado especialmente por Deus (e aceitou o Chamado) a “separar-se” do mundo e das outras pessoas, consagrando sua vida inteira, todo o seu ser, corpo, coração e alma, ao exercício da doação de Deus aos homens, por meio da Igreja.

    O Sacerdote é também chamado padre ou presbítero, ou, ainda, pontífice, palavra que deriva da somatória de “ponte” e “artífice”, embora esse título seja mais formalmente atribuído ao Papa. O padre é um construtor de pontes que ligam o Céu à Terra, que unem os homens a Deus; o temporal ao Eterno; o pecado à Misericórdia Divina. É por meio dele que são administrados todos os Sacramentos, sendo que o ministro da Ordem, o bispo, também é um sacerdote.


Origem do Sacerdócio

Nosso Senhor Jesus Cristo deu aos Apóstolos a plenitude do poder sacerdotal, e eles a transmitiram aos seus sucessores, pela imposição das mãos. Desde o início, a Igreja têm consagrado bispos e ordenado padres pela imposição das mãos e oração. Pela ordenação Sacerdotal, Cristo conferiu à sua Igreja, na pessoa do sacerdote, o poder de celebrar a Santíssima Eucaristia, administrar os Sacramentos, consagrar e abençoar pessoas e objetos, etc.

    A ordenação sacerdotal imprime um caráter que nunca acaba: isto é chamado Sinal Indelével. O sacerdote jamais perde o seu poder sacerdotal, a menos que seja dispensado por seus legítimos superiores através da ordem expressa do Sumo Pontífice, o Papa. Pela ordenação, o sacerdote, mesmo permanecendo um homem comum, fica unido de modo especial a Jesus, tornando-se extensão de Cristo no mundo, dispensando a salvação do Senhor por meio da Igreja. Podemos dizer que, quando está entre nós, o padre é um ser humano comum, mas quando está ao Altar, presidindo a Celebração Eucarística, “reveste-se de Deus”, sendo que por suas mãos o próprio Senhor Jesus Cristo vem ao mundo!

    Jesus Cristo chama jovens de todas as nações, classes sociais, raças e culturas ao Seu serviço. Os candidatos ao sacerdócio devem ter os requisitos básicos de todo cristão verdadeiro: fé viva e ativa; disposição para o sacrifício, até da própria vida, no serviço a Deus; trabalhar pela salvação de todos os homens, sem distinção.


Vocação da Igreja

Toda a Igreja é um povo sacerdotal. Pelo Batismo e Confirmação, todo cristão participa do Sacerdócio Único de Cristo, mas este é o sacerdócio comum dos fiéis, que participam da Missão de Cristo na salvação do mundo. O fiel católico deve ser um evangelizador, isto é, levar o Evangelho ao seu próximo, buscar converter as almas para a Verdade revelada. Devemos também ser testemunhas e, com os nossos sacrifícios, orações e exemplo, colaborar na Obra da Salvação. Desde o tempo dos Apóstolos, porém, destaca-se de modo especial, do meio deste povo sacerdotal, o Sacerdócio Ministerial: estes são os ministros ordenados que santificam e dirigem o povo de Deus.

    Desde as suas origens, também, a Igreja confere o ministério ordenado em três graus: Episcopado (bispos), Presbiterato (padres ou presbíteros) e Diaconato (diáconos). São ministérios insubstituíveis, com origem nos Apóstolos e preparados por Deus. Sem esses ministérios não há Igreja em plenitude.

    O bispo, pela ordenação, é ligado à Igreja Diocesana e inserido no Colégio Episcopal (bispos do mundo inteiro), em comunhão com o Sucessor de Pedro, o Papa. Os padres são unidos ao bispo e seus cooperadores. Em comunhão com ele, santificam e dirigem o povo de Deus. O bispo não age sozinho, mas sempre unido ao Presbitério (padres). O Presbitério não é independente do bispo, e o bispo deve ouvir sempre o Presbitério. A Igreja existe em Comunhão, à imagem da Trindade Santa.

    Os diáconos não formam um colégio nem são ordenados para o sacerdócio. Eles participam do sacerdócio comum dos fiéis, mas pelo Sacramento da Ordem são constituídos auxiliares diretos do Bispo e exercem funções importantes no ministério da Palavra e no culto divino.

    O Sacramento da Ordem é conferido pela imposição das mãos do bispo, seguida pela oração consecratória, na qual a Igreja suplica que o Pai derrame sobre o eleito o Espírito do Cristo Ressuscitado. Marcado pelo Espírito Santo para sempre, o ordenado recebe a graça de agir na Pessoa de Cristo. O Sacramento da Ordem não pode ser repetido. Não é privilégio, nem honra, nem um direito: é Graça de Deus para o serviço.

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Fontes e referência bibliográfica:
• BAIGORI, Luis. Ordem Sagrada. São Paulo: Loyola, 1992.
• HORTAL, Jesus. Sacramentos da Igreja na sua Dimensão Canônico - Pastoral. São Paulo: Loyola, 2003, pp. 197-218.
ofielcatolico.blogspot.com

6 comentários:

  1. Oi Henrique. Paz e bem
    Tudo bom?
    Então...Tenho uma amiga que quer conhecer cada vez mais a Igreja de Cristo, e estou muito feliz com isso. Sempre que posso, tento ajudar com esclarecimentos, com indicação de livros, de pregações e de sites como o seu, que sou apaixonada! :) hehehe
    Acontece que muitos protestantes estão no meio onde ela vive (inclusive sua irmã), e n preciso nem falar mais nada, ne? A campanha contra o aprofundamento dela na única e indivisível Igreja de Cristo vem ficando cada vez mais insuportável.
    Hoje ela me mandou um link para ler, que enviaram para ela com a intenção de ensinar o verdadeiro caminho de Jesus (aff) e pesquisei aqui no teu site, mas não vi nada falando sobre isso, exatamente..
    Queria então deixar o link para ti, na esperança de olhar ele todo refutado, daquela forma super paciente e didática que só vc sabe fazer! ;)

    segue:
    http://www.estudosdabiblia.net/bd28.htm

    Beijos e mais uma vez OBRIGADA por esse belo trabalho!!

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    1. Oi, Karina,

      Paz e bem, tudo bom. ;)

      Estou um pouco ocupado por agora, mas assim que possível darei uma olhada no link e procurarei responder da melhor maneira que puder. Até lá, talvez alguns de nossos irmãos possam colaborar com o meu trabalho, com algumas observações e esclarecimentos sobre os temas propostos (que nem sei ainda quais são).

      Por enquanto, procure ficar ao lado dela, demonstrando e deixando bem claro que ela não está sozinha, falando das aparições da Virgem Maria, nas quais nos previne tanto sobre as dificuldades e apostasias que viriam em tempos futuros, sobre a Comunhão com Nosso Senhor Jesus Cristo, que só é possível na Eucaristia, na Igreja Católica...

      Se ela está cercada, é importante este apoio emocional, e também, claro, muita oração pela sua vida e pela sua alma.

      Abraço fraterno e a Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo

      Apostolado Fiel Católico

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  2. Karina, como simples leigo não tenho preparação suficiente para responder a todas as questões levantadas pelo site do link e concordo que Henrique esteja bem mais preparado para isso, mas aconselho a sua amiga a ler as três partes do testemunho de um ex-protestante publicadas em forma de post pelo site com o nome de "Razões porque retornei à única Igreja de Jesus Cristo". Com certeza, isso vai ajudá-la bastante a não duvidar da Sã Doutrina e resistir às tentativas de não abraçar a fé católica. A paz de NSJC!

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  3. Ora, não precisa ser um catedrático em teologia para perceber que as afirmações do link indicado, estão fora do contexto bíblico, comparando com as referências bíblicas. A meu ver, faltam no texto certa honestidade, lisura e um estudo dos escritos dos Padres da Igreja.

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    1. Sim, André, as informações estão fora do contexto e eu percebo que o problema de quem as elaborou é que essa pessoa chama o Corpo Místico de NSJC de organização religiosa e diz que não há hierarquia entre os filhos de Deus, algo negado pelo próprio Cristo. Quando eu disse que eu não estava preparado pra responder todas as questões eu queria dizer que eu não tenho conhecimento de todos os capítulos e versículos que o texto cita e, por isso, talvez eu não fosse o mais adequado para refutar os argumentos apresentados. A paz de NSJC!

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