Católicos destemidos no agir


CARÍSSIMOS LEITORES, com alegria em Nosso Senhor, nosso apostolado acolhe um novo membro colaborador, que assume a partir de agora uma seção periódica neste veículo, com artigos voltados principalmente à espiritualidade, vida cristã e doutrina católica. Trata-se do prof. Thiago Zanetti, que é jornalista, professor, Mestre em História e autor católico. Segue o seu artigo de estreia, que publicamos rogando ao Bom Deus que vos seja útil.

Deus se manifesta quando nós nos manifestamos; ousemos em nossas ações; abramo-nos a Cristo, e Ele se manifestará a nós


NÓS, CRISTÃOS CATÓLICOS, devemos viver a espontaneidade da vida, não ter medo de arriscar, de tentar, de se relacionar e interagir com o mundo nos seus mais diferentes aspectos, sempre agindo no discernimento do Espírito Santo. Devemos dar passos, ousar. O mundo necessita de cristãos ousados!

Não podemos viver um catolicismo raquítico e fechado para a totalidade da vida. A prática religiosa liberta, amplia a visão de mundo, faz-nos pessoas dóceis, misericordiosas, abertas a todas e quaisquer realidades, ao modelo de Jesus Cristo. Jesus amou a todos, perscrutou os corações de pobres e ricos; de prostitutas e princesas. Devemos fazer o mesmo.

A prática religiosa honesta liberta, nos faz enxergar o outro, o mundo, como um grande terreno a ser cultivado, transformado, convertido, curado, evangelizado. Jesus veio para os doentes. Disse Jesus: “Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes. (…) De fato, não é o justos que vim chamar, mas a pecadores” (Mt 9,12b e 13b).

A vivência religiosa verdadeira limpa a alma, clareia o coração, tira o tapume que sega os olhos – tudo isso, pela ação e pelo poder de Deus. Cristãos que amam, vivem a espontaneidade da vida e, com a graça de Deus, tudo querem transformar. Quem anda nos passos de Jesus está aberto para os desafios e não tem medo de arriscar, de tentar, de buscar. Cristãos comprometidos com o anúncio do Evangelho vivem na certeza de que “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28).

Deus aponta os caminhos que devemos seguir e fala com aqueles que estão dispostos a ouvir; ainda que erremos, mas querendo acertar na vontade d'Ele, a sua graça se encarrega de nos recolocar no caminho correto. Deus também assopra em nossos ouvidos o que deseja que façamos. Isso é uma ação particular dEle para aquele momento; é a Sua vontade nos impelindo a tomar determinada atitude naquele momento específico. Mas Deus deu inteligência e discernimento, para que nós pintemos a vida e possamos construí-la. Se não tivéssemos tal liberdade, tudo seria um determinismo. Mas não o é. Gosto de uma explicação que um amigo meu, Bernard, usa para falar do nosso caminhar com Deus. Ele diz que nosso caminhar com Ele é como andar: uma perna se movimenta e a outra também; assim, o caminhar se torna possível, isto é, uma perna é você a outra é Deus. Sem Deus, é impossível caminhar. Outra coisa que esse amigo diz é que muitas vezes Deus espera que demos o primeiro passo, para Ele dar o d'Ele em seguida. Viu? Não há determinismo. O homem é livre para escolher o seu caminho, e quando é convidado, Deus caminha junto.

O Senhor nos deu a inteligência e infundiu em nós, por intermédio do Batismo os dons do seu Espírito, que são: Temor de Deus, Piedade, Fortaleza, Prudência (ou espírito de Conselho), Ciência (ou espírito de Ciência), Entendimento (ou espírito de Inteligência) e Sabedoria (ou espírito de Sabedoria), para que possamos seguir o nosso caminho e construir a nossa história com prudência, equidade e discernimento.

Mesmo sendo pessoas de oração e conduzidas pelo Espírito Santo, erramos, falhamos. Esse é o caminhar humano, com erros e acertos. Cem por cento não dá para ser. Só Deus é perfeito; só Deus não erra. Augusto Cury (2006, p. 77) diz: “é o ser humano que deve traçar seus caminhos, definir sua trajetória existencial e ser responsável por ela”. Sim. Mas acrescentaria que Deus também participa. Devemos dar os nossos passos sem medo, conscientes de que Deus age na história humana, na realidade de cada dia.

O escritor russo, Leon Tolstói, disse que “onde existe amor, Deus aí está”. É nessa espontaneidade que precisamos viver, na certeza de que Deus está nos atos bons. O próprio Jesus disse que se manifestaria àqueles que acolhessem e observassem seus mandamentos: “Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14,21); portanto, quando nós nos manifestamos no amor, Deus se manifesta. Deus fala no seu coração! Confie!

Sejamos destemidos e corajosos no nosso agir. Maria, mãe de Jesus, foi assim. Ela foi uma mulher destemida, corajosa. Um bom exemplo disso foi sua visita a sua prima, Isabel. Bem jovem, e grávida de Jesus, Maria parte numa caminhada desafiadora para a casa de sua parenta.

A relação entre Deus e o nosso cotidiano, os fatos ordinários – trabalhar, vestir, conversar, caminhar, rir, ir ao mercado etc. – são muito mais estreitos e íntimos do que podemos imaginar. Se eu agir em favor do homem, respeitando-o, amando-o, estou agindo em favor de Deus – é mandamento que amemo-nos uns aos outros (cf. Mc 12,31a). Se eu agir em favor da natureza, conservando-a, não desmatando, estou agindo em favor de Deus, pois Deus fez a Terra e tudo que nela contém, para que o homem a submetesse (cf. Gn 1,28).

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THIAGO ZANETTI é jornalista multimídia da Rede Século 21, colaborador do site Sou Catequista e autor dos livros "Deus é a resposta de nossas vidas" (Palavra e Prece) e "O Sagrado: prosas e versos" (Flor e Cultura).

Website oficial: https://thiagozanetti.com.br/.

Um comentário:

  1. Quando citou Augusto Cury parei de ler na hora, e arrependi de ter perdido meu tempo lendo o inicio.

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