LEÃO XIV FEZ SUA primeira nomeação de um bispo chinês sob o infeliz acordo de 2018 entre o Vaticano e Pequim, sinalizando que está dando continuidade a uma das decisões de política externa mais controversas de Francisco.
O Vaticano expressou satisfação pelo fato de a nomeação do bispo Joseph Lin Yuntuan, feita por Leão XIV em 5 de junho deste 2025, como bispo auxiliar de Fuzhou ter sido reconhecida na quarta-feira pelas autoridades chinesas.
O Vaticano disse em um comunicado, com o típico linguajar politicamente correto adotado desde o Concílio do Vaticano II, que a posse de Lin na diocese e o reconhecimento cívico de sua nomeação "constituem mais um fruto do diálogo entre a Santa Sé e as autoridades chinesas e são um passo significativo na jornada comunitária da diocese".
Francisco irritou os católicos conservadores ao aprovar o acordo em 2018 sobre as nomeações de bispos, a questão mais criticada nas relações entre o Vaticano e a China desde o rompimento dos laços diplomáticos com a chegada dos comunistas ao poder. A China insistiu no direito exclusivo de nomear bispos como uma questão de soberania nacional, enquanto o Vaticano afirmou o direito exclusivo do Papa de nomear os sucessores dos Apóstolos.
Estima-se que os 12 milhões de católicos chineses estejam divididos entre uma falsa "igreja oficial", controlada pelo Estado e que não reconhece a autoridade papal, e uma igreja clandestina que permaneceu leal a Roma durante décadas de perseguição — esta última, infelizmente, desprezada. O Vaticano tentou, sim, durante décadas, unificar o rebanho, e a desculpa oficial é que o acordo de 2018 queria sanar essa divisão, regularizando o status de sete bispos que não eram reconhecidos por Roma e descongelando décadas de distanciamento entre a China e o Vaticano.
Será que em nome da "união" é lícito desconsiderar a fidelidade e o sacrifício de inúmeros mártires naquela nação? Trair a Fé honesta e limpa de inúmeros católicos chineses perseguidos se justifica, se for para combater a "divisão"? A "Igreja do Vaticano II" parece pensar que sim. Mas todos sabemos que a Igreja nunca buscou união com o mundo e menos ainda com lideranças claramente anticristãs, como é o caso do Governo comunista chinês. Os detalhes do acordo de 2018 nunca foram divulgados, mas, entre outras coisas, é fato que ele dá à igreja fake controlada pelo Estado a última palavra sobre seus líderes religiosos.
O acordo foi duramente criticado por muitos, até por alguns que não se incluem na chamada "direita católica", por ter cedido às exigências de Pequim e traído os fiéis clandestinos na China. Mas uma das grandes questões de política externa enfrentadas por Leão XIV, primeiro papa americano da História, era justamente se ele continuaria renovando o acordo ou se atenderia aos apelos e faria algumas mudanças.
Para a surpresa de ninguém, houve graves violações do acordo por parte de Pequim, com algumas nomeações unilaterais ocorridas sem o consentimento papal. A questão chegou ao auge pouco antes do conclave que elegeu Prevost como Papa, quando o governo da China, num gesto altamente provocativo e desrespeitoso, procedeu à eleição preliminar de dois bispos, etapa que antecede a consagração oficial.
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Fonte:
National Catholic Reporter, "Pope Leo XIV names first Chinese bishop, signalling he is continuing Vatican's controversial accord", disp. em:
https://ncronline.org/vatican/pope-leo-xiv-names-first-chinese-bishop-signalling-he-continuing-vaticans-controversial
Acesso 12/6/2025.
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