LEÃO XIV NOMEOU o Arcebispo Renzo Pegoraro como presidente da Pontifícia Academia para a Vida, informou a assessoria de imprensa do Vaticano há pouco mais de uma semana. O prelado italiano, que anteriormente atuou como chanceler da mesma Academia, cuja missão é promover a proteção da vida humana, sucede o também italiano Arcebispo Vincenzo Paglia, que ultrapassou a idade canônica de aposentadoria na Igreja (75 anos) em cinco anos, aposentando-se aos 80.
Pegoraro, de 65 anos, é cirurgião e especialista em bioética. Leciona ética em enfermagem no hospital pediátrico Bambino Gesù, de propriedade do Vaticano, em Roma, há 25 anos. De 2010 a 2013, foi presidente da Associação Europeia de Centros de Ética Médica. O Papa Bento XVI o nomeara Chanceler da Pontifícia Academia para a Vida em 2011, cargo que ocupa desde então.
Graves controvérsias — para dizer o mínimo
Na década de 1970, Paglia foi pároco da paróquia de Santo Egídio, no bairro de Trastevere, em Roma, que deu nome ao movimento leigo italiano conhecido por seu temerário diálogo inter-religioso. Em 2000, João Paulo II o nomeou bispo de Terni, uma diocese rural ao norte de Roma. Ele continuou a trabalhar em estreita colaboração com a Comunidade de Santo Egídio, principalmente em iniciativas de paz nos Bálcãs.
Em 2016, Francisco chamou Paglia a Roma para liderar a Pontifícia Academia para a Vida e o Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família. A dupla nomeação gerou tensões dentro da Igreja Católica, com críticos alegando que algumas das visões de Paglia divergiam do legado de João Paulo II na defesa da vida. Em 19 de maio deste 2025, Leão XIV nomeou o Cardeal Baldassare Reina, vigário de Roma, como Grão-chanceler do Instituto São João Paulo II. Mons.
Renzo Pegoraro é um prelado de tendências progressistas dentro da bioética católica, embora ele pareça ter se esforçado sempre em manter o seu posicionamento de forma discreta. Ele esteve envolvido em uma controvérsia devido a comentários que fez em 2022, sugerindo que a contracepção poderia ser permissível em certos casos, especificamente "no caso de um conflito entre a necessidade de evitar a gravidez por razões médicas e a preservação da vida sexual do casal"(!).
Você não leu errado. Este foi o homem escolhido para comandar a Academia Pontifícia para a Vida. E tem mais: anteriormente, como chanceler, Pegoraro publicou um trabalho que especialistas em bioética criticaram por espalhar informações teológicas e médicas "enganosas e confusas" que contradizem os ensinamentos estabelecidos da Igreja sobre contracepção e tecnologias de reprodução assistida.
Sua abordagem "desconcertou alguns setores da tradição do Vaticano" com "comentários ponderados" que "sugerem que a doutrina não é imune à reconsideração, particularmente quando pesadas contra imperativos médicos ou o bem-estar conjugal."
O autor e comentarista Chris Jackson escreveu em sua página "Hiraeth in Exile" um artigo intitulado "Academia para a Morte: Leão XIV Nomeia Defensor do Suicídio Assistido para Chefiar Escritório Pró-Vida" (Academy for Death: Leo XIV Appoints Assisted Suicide Advocate to Head Pro-Life Office), no qual destrinchou as peripécias de Pegoraro atuando contra os fundamentos da Doutrina da Igreja a respeito de temas como sexualidade, contracepção, engenharia reprodutiva e bioética, sempre a partir de um ponto de vista antropocentrista.
Alguns membros da Academia esperavam um retorno a uma liderança mais conservadora, pois a flexibilidade e a abordagem dialética adotadas mais recentemente já vinham deixando muitos dos membros inquietos.
Pegoraro é, de fato, muito próximo do presidente anterior, o arcebispo Paglia (é considerado o seu 'braço direito'), que teve um mandato gravemente controverso: sua liderança foi marcada por nomeações de membros pró-aborto e declarações problemáticas sobre suicídio assistido e contracepção. Paglia enfrentou críticas significativas durante seu mandato, particularmente de círculos católicos conservadores na América do Norte.
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