Bernardo Küster e a última cruzada: será?


BERNARDO KÜSTER STRIKES again, com uma nova série de vídeos autorais que visam formar os cristãos, especialmente católicos, para que saibam defender bem a Fé verdadeira diante do apavorante cenário que nos rodeia – de diminuição geral da influência da Igreja perante o mundo, do crescimento de seitas satânicas e dos ataques cada vez mais violentos que os cristãos vêm sofrendo da parte de grupos diversos (LGBT etc., ateístas, relativistas, comunistas, etc., etc.).


    A intenção é mais do que louvável, tanto assim que estou aqui falando a respeito. O que ele pretende é elaborar, partindo de uma síntese dessa terrível situação atual, uma espécie de fórmula ('5 pilares') que permita aos fiéis responder bem "a todo aquele que nos pedir a razão de nossa esperança" (cf. 1Pd 3,15). Bem, a verdade é que a gravidade da crise mundial chegou a tal ponto que, ultimamente, eles já não nos pedem mais razão nenhuma; simplesmente nos odeiam com todas as forças, sem precisar para isso de qualquer justificativa: o que pretendem abertamente é a nossa total destruição e trabalham – organizada e insistentemente – para a completa extinção da Fé cristã no mundo.

    Bernardo quer, então, criar uma espécie de antídoto, e teria preparado algo como um manual resumido e prático para servir de referência aos católicos, tornando-os aptos a dar respostas rápidas e precisas diante dos ataques e falsas acusações. Isso é, insisto, louvável e mais: é algo realmente necessário. De fato, é também essa a minha intenção com a formação que ofereço por aqui (boas novidades a respeito em breve). Mas, infelizmente, há um problema importante na linha doutrinal e na metodologia adotadas por Bernardo. Vejamos.


    Acontece que nosso youtuber cai na mesma velha cilada de muitos supostos "tradicionalistas" que insistem em continuar vivendo em bolhas ilusórias, mundinhos particulares que eles mesmos construíram para si, na débil tentativa de escapar à realidade objetiva dos fatos e na esperança de se colocar à parte do caos que reina na Igreja. Ele continua, por exemplo, defendendo a ideia totalmente equivocada de que o Concílio Vaticano II em si não é ruim, mas que apenas foi mal interpretado, ou que foi instrumentalizado por revolucionários infiltrados: conceitos enganosos que tantas vezes escutamos por aí e que não apenas são totalmente falsos como também são os grandes responsáveis por não conseguirmos escapar deste abismo de trevas em que nos encontramos. Os documentos do CVII contém heresia e representam um rompimento radical com a Tradição da Igreja; a destruição completa da liturgia foi friamente calculada, jogando-se no lixo o "Lex orandi, lex credendi" que até ali a Igreja sempre observara rigorosamente. Não há "hermenêutica da continuidade" possível, porque o Concílio representou essa ruptura radical e total com a sagrada Tradição da Igreja e com o santo Magistério em muito do que este havia ensinado até então, e não se pode ser católico só em parte. 


    Não existe essa "hermenêutica correta" do Concílio, simplesmente porque os textos do próprio Concílio existem para nos servir de hermenêutica para a nossa vida de Fé (é para isso que existem!) e não nos cabe "interpretar a interpretação" da própria Igreja. E sendo uma "interpretação católica" dos textos conciliares impossível, o que temos nesse sentido não passam de inúteis tentativas de justificação para os graves erros modernistas ali contidos e tantas vezes condenados pela Igreja. Basta citar o Denzinger e as grandes encíclicas de Papas santos – como Gregório XVI, Pio IX, Leão XIII, São Pio X, Pio XI e Pio XII –, contra o liberalismo e o modernismo, para demonstrar claramente os pontos em que a contradição com o ensinamento autêntico e constante da Igreja é patente, tornando a conciliação entre essas "duas igrejas" algo totalmente impraticável.


     Não é preciso – ou não deveria ser – a qualquer pessoa que tenha dois neurônios (parafraseando o grande guru do mesmo Bernardo) explicar que, se "eles estão no meio de nós", Bergoglio/Francisco é um deles, ou pior, é o maior de todos eles, porque é o chefe, é quem dá as ordens, é quem tem favorecido os maus e punido os bons. Nos vídeos, com razão ele insiste no grande erro da pastoral pós-Vaticano II de considerar todas as religiões como boas e de antepor à busca pela Verdade a procura por uma fraternidade universal, uma união de todas as religiões num acordo impossível entre luz e trevas, o verdadeiro e o falso, Deus e o diabo, contrariando o ensinamento perene da santa Igreja, mas... esquece que o principal agente dessa nova pastoral é o próprio papa! Ora a CNBB, tão combatida nos seus vídeos, faz o que faz sob anuência de quem? Incentivada por quem? É infantil e tolo continuar tentando se enganar, querendo acreditar que Francisco simplesmente não sabe do que está acontecendo... Ora ele não só sabe como é o principal fautor de toda essa calamidade. Eis a triste, terrível e inegável verdade. 


    Não, eu não sou sedevacantista nem me arvoro, como leigo que sou, a dar a solução definitiva para o problema colossal que enfrentamos, mas se esses homens vestidos de pastores contrariam frontalmente a Cristo (dizendo que converter os povos é proselitismo) e agora nos ensinam que é certo e justo tudo aquilo que a Igreja desde sempre ensinou que é erro e pecado, o que faremos? Fingir que o problema não existe, afinal todas essas barbaridades não estão sendo proclamadas solenemente?


    Nosso maior problema é que os mais respeitados e intelectualmente aptos entre os católicos do nosso tempo continuam todos os dias a "acender uma vela para Deus e outra para o diabo", como se dizia antigamente. Esse é o caso em questão. No fim, Bernardo parece mais interessado em vender seu novo curso do que em realmente enfrentar o problema de frente.

    Triste situação, que, humanamente falando, parece insolúvel. Enquanto não vencermos essa esquizofrenia pavorosa, enquanto não tomarmos sem medo e sem reservas o partido de Cristo, dos Apóstolos e de todos os Padres e Doutores da Igreja, dos Santos e dos Mártires, imitando o exemplos destes últimos, não encontraremos o caminho de volta.


4 comentários:

  1. Se já sabemos quem são os promotores dos ataques a Igreja porque até o momento não li artigos ou assisti vídeos direcionandos ao principal representante no Brasil daqueles que pretendem destruir a Igreja e o Cristianismo ? Ele é inclusive reconhecido como um leigo católico.

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  2. Quero acreditar que ele evita tocar neste ponto por uma questão prática, qual seja, evitar o escândalo de fiéis recém acordados do sono e ainda perplexos diante da crise, e focar num movimento mais prático de infiltração católica nas estruturas paroquiais (que irônico!)

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    1. Infiltração católica nas estruturas paroquiais ? Eu li isso mesmo ?

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