A crise na Igreja e os fariseus dos nossos tempos

Por Lorenzo Lazzarotto – vídeo ao final

SÃO PAULO APÓSTOLO iniciou sua vida como um fariseu, e se gabava do zelo em perseguir os primeiríssimos discípulos de Jesus Cristo. A Festa da sua conversão é um momento oportuno para refletirmos: por que os fariseus se opunham tanto a Nosso Senhor?

    Analisando em que consiste a mentalidade de um fariseu, somos obrigados a constatar: os ambientes Católicos, sobretudo Tradicionais, sofrem pela presença malsã de pessoas que se comportam da mesma maneira que os mais tenazes adversários de Nosso Senhor.

    Por quê?

    Saulo (esse era seu nome original) nasceu em Tarso, na Cilícia, onde hoje é a Turquia, poucos anos depois de Cristo. Sua família  era de ricos Fariseus que trabalhavam como fabricantes de tendas, e herdou ele do pai a prerrogativa de cidadão romano. Estudando em Jerusalém, foi discípulo do célebre Rabi Gamaliel, e seguiu o caminho do pai no partido dos fariseus.

    Esse movimento era capitaneado pelos Escribas e Mestres da Lei, estudiosos que após a volta do exílio da Babilônia e a construção do segundo Templo de Jerusalém haviam tomado a dianteira no mundo religioso judaico.

    Embora a missão dos Escribas fosse Nobre – estudar o sentido profundo da Lei de Moisés e revigorar a vida religiosa dos judeus por meio da sua aplicação na vida quotidiana – não tardou para que esse estudo deteriorasse em uma casuística escrupulosa e rigorista que privou de toda vitalidade as práticas religiosas dos hebreus, transformando-as em um mero ritualismo formal e mecânico.

    E a mentalidade farisaica pode ser resumida em um contínuo exercício de autocontemplação vaidosa, conforme se depreende da parábola de Nosso Senhor sobre o fariseu e o publicano. (S. Lucas, XVIII, 9-14)

Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano. O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros.
(Lc 18,10-14)

    A religiosidade do fariseu não busca levá-lo a mudar de vida para ser um melhor servo de Deus, mas no cumprimento de preceitos rituais como instrumentos para a alimentação de uma vanglória introspectiva que, em última análise, se torna uma adoração de si mesmo: da própria justiça, da própria sabedoria, das próprias virtudes...

    E, olhando para os ambientes católicos que conservam alguns pontos da nossa sagrada Tradição, hoje tão atacada pelos filhos das trevas, é impossível não constatar que, infelizmente, não são poucos os Padres Tradicionais que se comportam como os fariseus, e com seus escândalos e sua rigidez, afastam os fiéis da defesa da Tradição que eles dizem defender.

    Que Deus atravesse o caminho destes sacerdotes e seus fiéis enquanto há tempo, para que, assim como o que ocorreu com Saulo, possam também suas vidas serem transformadas, e, no lugar do seu formalismo estéril, nasça um autêntico zelo pelas almas que os leve a defender verdadeiramente a causa de Nosso Senhor Jesus Cristo.




Índice do vídeo:

00:00 Saulo, o fariseu.

01:27 A juventude de Saulo, discípulo de Rabi Gamaliel.

03:05 Quem eram os fariseus?

05:12 Nosso Senhor explica em que consiste a mentalidade de um fariseu.

06:22 Os Católicos Pseudo-Tradicionais: fariseus de hoje.

08:26 A falta de zelo Apostólico entre os fariseus modernos.

10:44 A falsa humildade, nada mais que orgulho destilado.

11:48 "O Deus do Calvinista [e do fariseu] é o vizinho."

13:01 Combatem aqueles que defendem a mesma causa.

15:19 Os pseudo-tradicionais causam um desserviço à Santa Tradição.

16:44 A conversão de Saulo, a caminho de Damasco.

19:05 O Apostolado torna-se a penitência de São Paulo.

20:44 O mais belo epílogo já escrito numa autobiografia.


Um comentário:

  1. Interessante ver que há católicos fazendo uma autocrítica sobre o assunto. Vi uns poucos protestantes também fazer, e menos ainda os evangélicos -- mas vi alguns. Me dá um pouco de ânimo ver que a discussão existe.

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