Preciso de uma resposta clara e simples!

RECEBEMOS DE UMA LEITORA anônima a angustiada a mensagem que reproduzo abaixo, seguida de nossa resposta.

Olá! Sou novata como católica e eu fico muito aflita com toda essa confusão que eu vejo na igreja e as pessoas se separando em grupos. estou tentando estudar sobre tudo isso mas ´e muito complicado pra mim que não tenho tanto conhecimento como vocês jornalistas da área e tudo mais. Poderiam me explicar por caridade essa situação? Mas com um texto bem simples que seja fácil de entender se possível =D

É que eu tenho uns amigos que são sedevacantistas e dizem que estamos sem papa, e eles são católicos muito bons, outros dizem que eles são cismáticos, mas isso tudo é muito confuso porque tem de tudo na igreja de hoje e o padre da paróquia que eu estou indo é complicado? Não dá coragem de bater um papo com ele porque ele nem parece católico

Muito obrigada!


    Em primeiro lugar, deixo aqui a minha total solidariedade a todos os muitíssimos católicos, "novatos" (supondo que se trate de uma conversão recente) ou não, que se encontram em situação semelhante, "gemendo e chorando neste vale de lágrimas" que é o mundo, tornado ainda mais duro, amargo e perigoso justamente por aqueles que têm a obrigação de suavizar o caminho e nos conduzir, em paz, por vias seguras. Vou reproduzir abaixo a resposta que dei a um inscrito de nossa Formação Católica Integral (inscreva-se também, por um valor simbólico, e tenha um bom auxílio para se manter firme na Fé nestes dias de trevas), que trouxe um questionamento semelhante.

    Não gosto de falar sobre essas questões publicamente – legitimidade do Papa atual, a possibilidade concreta de ele ser um antipapa, o real significado do dogma da infalibilidade posto em cheque e outros problemas semelhantes –, porque sei que muitas pessoas têm uma enorme dificuldade para compreender esses temas (que são muito difíceis, mesmo); noto que a coisa toda já se tornou uma espécie de briga de torcidas, como no futebol ou na política, com dois lados que defendem pontos de vista opostos sem a menor boa vontade para considerar (ou pelo menos conhecer) os argumentos do outro. Alguns dizem simplesmente: "Não falem mal do papa" ou "fiquemos com o papa e tudo vai dar certo", enquanto que outros não têm a mínima humildade, paciência e/ou caridade para tentar entender as coisas e já saem chutando tudo com os pés...

    Seja como for, posso dizer que o problema todo se resume – falando realmente da maneira mais resumida possível, em poucas palavras –, basicamente, no seguinte:

    1) Temos um papa herege. Isso é inegável e só os muito cegos ainda o discutem. Até os mais ferrenhos defensores da legitimidade de Francisco, como o prof. Carlos Nougué, já o reconhecem publicamente há algum tempo. E não é culpado de uma só heresia, mas de todo um conjunto de heresias, que ele defende e prega abertamente, com toda a contumácia, desde o primeiro dia do seu pontificado;


    2) Um papa herege deve ser deposto;


    3) Só os bispos reunidos podem depor um papa herege, por meio de um concílio – não por terem autoridade maior que a do Papa (isso ninguém tem), mas por julgá-lo de modo ministerial, declarando o seu crime (heresia, apostasia, traição da fé) e prescrevendo aos fiéis "evitar o herético, separar-se dele, não se comunicar com ele" (João de Santo Tomás), como é dito no Decreto de Graciano (saiba mais a respeito e como é que se pode depor um papa). Isso, na prática, é uma declaração de deposição. Já aconteceu algumas vezes na História, como no caso do papa Marcelino (296 a 304), por causa de incensos ofertados a ídolos: um sínodo foi reunido e esse papa foi deposto. No caso do Grande Cisma, quando chegou a haver três papas, reuniu-se o concílio de Constança para aplacar a divisão, e no caso do papa Símaco (498 a 514), reuniu-se também um concílio em Roma para tratar da acusação que era feita; nos princípios do Direito Canônico se vê que os pontífices que precisaram se justificar de acusações de crimes de heresia sempre o fizeram, justamente, diante de um concílio;


    3) Nas circunstâncias atuais, a grande maioria dos bispos comungam das ideias heréticas do papa sobre o falso ecumenismo, a falsa liberdade religiosa, a validade da antiga Aliança depois de Cristo, a condenação da evangelização como "pecado contra o ecumenismo", a noção herética de comunhão dos santos incluindo pecadores, etc, etc, etc. Este é o maior dos problemas atuais e o que torna a situação presente a pior de todos os tempos.


    Diante desse quadro, o que se pode fazer? Não há uma definição formal e clara da Igreja a respeito, simplesmente porque nunca se sonhou que um dia aconteceria o que está acontecendo agora. Mas, ao mesmo tempo, é claro que algo precisa acontecer para separar o joio do trigo, sob pena de os pastores da Igreja condenarem as almas ao Inferno, algo que é totalmente inaceitável.

    Outro fato gritante e irrecusável é que não podemos, honestamente, comparar a situação atual a situações passadas, como vejo que muitos querem fazer, numa tentativa patética de tampar o sol com peneira: o que está acontecendo hoje não tem absolutamente nada a ver com o episódio em que São Paulo chamou a atenção de São Pedro, ou com certas controvérsias envolvendo Papas do passado que teriam entrado em acordo com hereges ou com os casos de maus Papas (de vida imoral) que já tivemos. Nada se compara à verdadeira demolição da Igreja que está sendo promovida hoje e que já vem – é muito importante saber isso – desde o concílio Vaticano II.

    Infelizmente, o que eu disse até aqui é só o que posso afirmar, sem nenhum medo de errar, neste momento. Creio realmente que grandes mudanças virão, forçosamente, porque tudo tende a piorar: a traição do Evangelho já superou os limites do aceitável há muito tempo e uma reação concreta da parte dos senhores Bispos e Cardeais fiéis a Cristo será inevitável. Mas os que se atreverem a perseverar na verdadeira Fé católica serão cada vez mais abertamente perseguidos e afastados da "nova igreja conciliar e sinodal", e isso é bom, no fundo. Porque quanto mais os herdeiros do Iscariotes assumirem as suas reais intenções, mais a tensão aumenta e isso força uma justa reação da parte dos verdadeiros católicos.

    Como leigos, precisamos de muita prudência nessa hora (não confundir com pusilanimidade ou covardia). O que podemos afirmar sem receio e sem escrúpulos é que essa nova igreja não é católica. Os rumos dessa história estão ganhando celeridade agora, e se os nossos pastores que quiserem perseverar na fidelidade ao Evangelho não se acovardarem, os próximos anos devem trazer novidades importantes; o potencial de acontecer algo realmente grande é cada vez mais claro.

    Por enquanto, é continuar rezando, oferecendo penitências a Deus pela restauração da Igreja e confiando na divina Providência, mais do que nunca. É o único meio de manter a serenidade. O joio já começou a se separar do trigo, num processo lento; pois daqui para a frente ficará cada vez mais claro quem é e quem não é. O tempo do faz-de-conta passou e já não será mais possível falar em "hermenêutica da continuidade". Ou se está com a Igreja de 2 mil anos ou com a nova igreja da "fraternidade universal". Seremos todos obrigados a escolher.

7 comentários:

  1. Pra mim o sedevacantismo é a única posição teológica católica racional e lógica para essa inédita crise que a Santa Igreja Católica passa ( e olha que já tivemos crises terríveis na história da Santa Igreja )

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    1. Agradeço pela postura clara e pela hombridade de se identificar, Leonardo. Para todos os efeitos, sim, um herege não pode ser o Papa. Resta a dúvida quanto às ações necessárias para depô-lo e as controvérsias puramente técnicas, como a questão sobre poder ser ainda um papa mateialiter.

      Fraternidade Laical São Próspero

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    2. Seguindo tal entendimento que a meu ver é coerente e lógico os sedevacantistas deveriam evangelizar os católicos apostólicos romanos não-sedevacantistas.

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  2. Henrique, tu és muito inteligente e um verdadeiro homem de Deus. Acompanho teu apostolado há anos, e nunca deixaste vacilar teu compromisso com a Verdade. Nosso Senhor e Maria Santíssima o protejam.

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  3. Eu não sei como vocês sedevacantistas entendem a expressão " irmãos separados " em relação aos protestantes eu acho que catolicamente apostolicamente romanamente falando tal entendimento é totalmente errado da mesma forma que eu acho que um calvinista considerar um arminiano como " irmão em Cristo" é incoerente com a visão da verdade absoluta.

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  4. o Motu Proprio PRAESTANTIA SCRIPTURAE, no qual São Pio X declara, com toda a autoridade papal, que estão excomungados, latae Sententiae, todos aqueles que defenderem os erros do Modernismo, condenados no Decreto Lamentabili e na encíclica Pascendi.

    Os hereges modernistas públicos e escandalosos são excomungados automaticamente.

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