21/12/2023 | Declaração da FSSPX sobre bênçãos para casais irregulares e duplas do mesmo sexo


Pelo Revmo. Padre Davide Pagliarani, Superior Geral da FSSPX
Tradução de Henrique Sebastião



Quem me ama observa – e faz observar – os Meus mandamentos.


A DECLARAÇÃO FIDUCIA SUPPLICANS, do Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé sobre a questão das bênçãos para "casais irregulares e 'casais' do mesmo sexo" nos deixa consternados. Tanto mais que este documento foi assinado pelo Papa.


    Embora se destine a evitar qualquer confusão entre a bênção de tais uniões ilegítimas e a do casamento entre um homem e uma mulher, esta declaração não evita a confusão nem o escândalo: não só ensina que um ministro da Igreja pode invocar a bênção de Deus sobre uniões pecaminosas, mas que, ao invocá-la, ele está de fato confirmando essas situações de pecado.


    A invocação expressa nesta "bênção" consistiria simplesmente em pedir a essas pessoas, em um ambiente não litúrgico, que "tudo o que é verdadeiro, bom e humanamente válido em suas vidas e relacionamentos seja investido, curado e elevado pela presença do Espírito Santo". Mas fazer com que aqueles que vivem em uma união fundamentalmente falha acreditem que ela pode ser positiva e portadora de valor é o pior dos enganos e a mais grave falta de caridade para com essas almas rebeldes. É um erro imaginar que há algo de bom em uma situação de pecado público, e é um erro afirmar que Deus pode abençoar os "casais" que vivem nessa situação.


    Sem dúvida, cada pessoa pode ser ajudada pela misericórdia preveniente de Deus e descobrir com confiança que é chamada à conversão, para receber a salvação que Deus lhe oferece. A Igreja nunca nega uma bênção aos pecadores que legitimamente a pedem, mas então a bênção não tem outro propósito senão ajudar a alma a vencer o pecado e a passar a viver em estado de graça.


    Portanto, a Santa Igreja pode abençoar qualquer indivíduo, mesmo um pagão. Mas nunca pode, de forma alguma, abençoar uma união que é em si mesma pecaminosa, sob o pretexto de encorajar o que nela há de bom. Quando abençoamos um casal, não estamos abençoando indivíduos isolados: estamos necessariamente abençoando a relação que os une; não podemos redimir uma realidade que é intrinsecamente má e escandalosa.


    Incentivar pastoralmente esse tipo de bênção leva, na prática, inexoravelmente à aceitação sistemática de situações incompatíveis com a lei moral, não importa o que seja dito.


    Infelizmente, isso coincide com as declarações do Papa Francisco, que define como "superficial e ingênua" a atitude daqueles que "forçam" as pessoas a "comportamentos para os quais ainda não estão maduras, ou das quais não são capazes»[1].


    Esse tipo de pensamento, que não crê mais no poder da Graça e dispensa a Cruz, não ajuda ninguém a escapar do pecado. Substitui o verdadeiro perdão e a verdadeira misericórdia por uma anistia tristemente impotente. E só acelera a perda de almas e a destruição da moral católica.


    Toda a linguagem complexa e o disfarce sofístico do documento do Dicastério para a Doutrina da Fé não podem esconder a realidade elementar mais óbvia dessas bênçãos: eles não farão nada além de confirmar essas uniões em sua situação intrinsecamente pecaminosa e encorajar outros a segui-las. Nada mais será do que um substituto para o santo Matrimônio católico. De fato, demonstra uma profunda falta de fé no sobrenatural, na Graça de Deus e no poder da Cruz para viver em virtude, pureza e caridade, de acordo com a vontade de Deus.


    É um espírito naturalista e derrotista que covardemente se alinha com o espírito do mundo, que é inimigo de Deus. É uma nova entrega e submissão ao mundo por parte da hierarquia liberal e modernista, que desde o Concílio Vaticano II está a serviço da Revolução dentro e fora da Igreja.


    Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, Guardiã da fé e da santidade, venha em auxílio da Santa Igreja. Acima de tudo, proteja os mais expostos a esse caos: as crianças, que agora são forçadas a crescer em uma nova Babilônia, sem pontos de referência ou guias para lembrá-las da lei moral.

            Pe. Davide Pagliarani, Superior Geral


________
[1] Francisco, Conversa com os Jesuítas em Lisboa, 5 de agosto de 2023 (FSSPX News).

Fonte:
"Comunicado de prensa del Superior General de la FSSPX", em  FSSPX Newx, sç Atualidad. Disp. em:
https://fsspx.news/es/news/comunicado-prensa-del-superior-general-la-fsspx-41522
Acesso 21/12/2023.

2 comentários:

  1. Por favor irmãos do O Fiel católico, façam um artigo sobre a Bula Cum Ex Apostolatus Officio do Santo Papa Paulo IV que está plenamente de acordo com a condenação de São Paulo inspirado pelo Espírito Santo em Gálatas I, 8-9 e que os hereges modernistas públicos e escandalosos e seus defensores odeiam.
    Tenho muita curiosidade pra saber sobre o que vcs pensam desse documento já que vcs não são sedevacantistas como eu. Façam essa caridade por mim?

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    Respostas
    1. Já apresentamos e comentamos a Bula, caríssimo. Para ler, por favor, use o link abaixo:

      Conclusão das nossas reflexões sobre o Sedevacantismo


      Fraternidade Laical São Próspero

      Excluir

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