Guerra dos Cristeros: quando os fiéis católicos se levantaram para defender a Igreja diante da perseguição estatal


Por Lorenzo Lazzarotto


IMAGINE QUE O GOVERNO, um belo dia, cumprindo a nova Constituição, declarasse que todos os colégios católicos estão fechados. Seminários também. E que a partir dali as Igrejas (templos) são propriedade do Governo, que também decide quais Padres podem ou não exercer a sua ''profissão''. E não adianta protestar: a imprensa Católica também é tornada fora da lei. Essas foram algumas das medidas do Governo mexicano que desencadearam a Guerra dos Cristeros: um dos acontecimentos mais importantes (e dramáticos) da história da Igreja no Século XX.


    A origem da perseguição remonta à Revolução Mexicana: depois de mais de 30 anos no Governo, o General Porfirio Diaz foge do país após a oposição de levantar em torno de Francisco Madero, em 1911. 


    Entretanto, Madero perde rapidamente o controle da situação diante de contínuas revoltas, é morto em 1913 e o novo Presidente, gal. Victoriano Huerta, enfrenta mais uma guerra civil, sendo derrotado pelo Exército Constitucionalista de Venustiano Carranza, que em 1917 promulga a Constituição do México, de cunho fanaticamente Socialista e Anticlerical.


    Após Carranza sofrer um golpe e terminar morto em 1919 (a política mexicana é complicada), o General Obregon, também membro do Exército Constitucionalista, toma o poder. Embora Obregon seja moderado no seu anti-Catolicismo, todos os governos estaduais foram loteados entre os líderes do Exército Constitucionalista, e muitos deles iniciam perseguições brutais à Igreja, a fim de fazer cumprir a Constituição.


    Os Católicos se organizam em grupos como a "Liga Nacional de Defesa da Liberdade Religiosa" (na época, o termo não tinha o sentido ecumênico de hoje) e na Associação Católica da Juventude Mexicana, liderada pelo Padre Bernardo Bergöend.


    A ação corajosa do Beato Anacleto Gonzáles Flores em seu jornal de Guadalajara será um dos fatores capitais para preparar os fiéis a fazerem o que for necessário para defenderem sua Fé.


    Quando é eleito Presidente, Plutarco Eliás Calles, o mais fanático dos anticlericais, cujo ódio à Igreja e ao Catolicismo era verdadeiramente demoníaco, a simples resistência pacífica torna-se impossível. A aprovação da Lei Calles, em julho de 1926, obriga as "autoridades" a cumprirem eximiamente a Constituição radicalmente anticristã, e os Bispos lançam um interdito, proibindo as Missas no país.


    Em 29 de julho, um comerciante tornou-se o primeiro mártir cristero: o Sr José García Farfan, de 66 anos, foi fuzilado por se recusar a retirar de sua loja cartazes religiosos, como um letreiro que dizia: "Viva Cristo Rey!".


    Nos meses seguintes, as revoltas se multiplicam pelo Oeste do México. O governo as subestima ao longo de 1926. Quando se dá conta, a Guerra dos Cristeros havia começado.





Índice do Vídeo

00:00 Uma perseguição brutal.

01:00 Um país complicado. O governo de Porfírio Diaz.

02:21 Francisco Madero acende a Revolução Mexicana, 1911.

03:38 O Exército Constitucionalista toma o poder.

05:03 A Constituição Socialista de 1917.

08:12 O papel dos governadores: radicais X moderados.

10:08 A Reação pacífica dos Católicos.

11:54 Calles: O mais anticlerical dos governadores torna-se Presidente.

12:10 O Cisma da 'Igreja Católica Apostólica Mexicana'.

14:58 A Lei Calles: Ditadura Anticristã.

16:36 Os Bispos interditam o culto. O primeiro mártir.

18:20 As revoltas se multiplicam, apesar da divisão no Episcopado.

19:41 Um país dividido.


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FONTE: DELGADO, Enrique Mendonza - ''A Guerra dos Cristeros''. 2ª Ed. Edições Cristo Rei. 2014. pps. 135

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