Qual a melhor Bíblia de estudos? – Parte 5: A Bíblia ‘TEB’


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OUTRA TRADUÇÃO DA BÍBLIA respeitável e sempre citada em avaliações técnicas é aquela conhecida pela sigla TEB (Tradução Ecumênica da Bíblia), versão em português da mundialmente famosa TOB francesa (Traduction Oecuménique de la Bible), publicada no Brasil pela editora Loyola. Temos aqui o mais honesto e mais bem elaborado modelo das traduções ditas “ecumênicas”, assim chamada devido à composição interconfessional dos seus elaboradores e porque ela se adapta, no AT, à sequência judaica. A primeira edição da TEB foi lançada em 1994, e essa versão é a que consideraremos nesta análise.

    A TEB traz dois prefácios: o da edição francesa e o da brasileira. O prefácio à edição francesa informa que o trabalho nasceu do objetivo de disponibilizar uma tradução da Bíblia que refletisse o comum acordo feito entre as tradições religiosas que a consideram como seu patrimônio espiritual basilar: católicos, judeus e protestantes.

    Sobre o texto-fonte, o prefácio à edição francesa informa que, quanto ao AT, foi usada para os livros do cânon hebraico a edição crítica do Texto Massorético, preparada por Rudolph Kittel, lançada em 1937. Avisa-se também que, no geral, embora o Texto Massorético reproduza com extrema exatidão o trabalho dos massoretas, ele não conservou intactas todas as passagens do hebraico. Neste caso, para resolver os problemas de integridade, os tradutores tiveram que recorrer aos targuns aramaicos, aos Manuscritos do Mar Morto, à Septuaginta, à Peshitta e à Vulgata. Já para os livros deuterocanônicos serviu de base a edição da Septuaginta preparada por Alfred Rahlfs (1935)[1]. Quanto ao NT, a fonte utilizada foi a 25ª edição de Nestle-Aland, lançada em 1966[2].

    O prefácio à edição brasileira (p.12) informa que a TEB usou a TOB como texto-fonte, não só no aparato crítico (introduções e notas), mas também no texto bíblico propriamente dito. São dignas de nota algumas considerações sobre os princípios que nortearam a versão em português. Por exemplo, o paratexto da TEB (1994, p.12) assinala que a tradução não procurou seguir a literalidade absoluta, a qual sempre pode, sim, induzir o leitor a erro, pois a relação entre os vocábulos e a realidade está em contínua mudança, razão pela qual novas traduções são sempre necessárias. Tampouco procura a simplificação de uma tradução popular, mas sim, antes de tudo, o cuidado da fidelidade semântica, ou seja, expressar, em língua moderna e levando em consideração a cultura atual, a realidade comunicada pelas palavras antigas. O objetivo dessa tradução, portanto, não está numa literalidade servil, mas o que se busca é a familiarização do leitor com os campos semânticos nos quais o texto se move: muitas vezes, a tradução gramatical e lexicalmente fiel foi suficiente para alcançar esse objetivo. Em outras, foi preciso recorrer a expressões equivalentes ou, conservando a expressão original por causa do seu uso consagrado e íntima conexão com o contexto, explicá-la em nota.

    Não se pode honestamente deixar de reconhecer, portanto, que se trata de uma excelente Bíblia de estudos, especialmente para o AT, dada a participação dos rabinos na tradução e interpretação de certos pontos culturais e/ou específicos, e no que se refere à sua competência. Esta edição (1994) é atualizada conforme as novas produções científicas em hermenêutica e arqueologia bíblicas. 

    Todavia é preciso lembrar que essa versão pode ser útil aos estudos bíblicos especificamente naqueles mesmos moldes da Bíbliade Jerusalém, por suas boas notas e as muitas referências de textos paralelos. Igualmente é, assim como a versão da École Biblique, limitada para o estudo piedoso, bem como não deve ser usada para a leitura espiritual.

    ** Ver todos os estudos desta série

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[1] Rahlfs foi um estudioso alemão especializado na Bíblia, membro da Religions Geschichtliche Schule da Universidade de Göttingen. É internacionalmente reconhecido por essa sua edição da Septuaginta publicada em 1935.

[10] O Novum Testamentum Graece, o título latino da edição crítica ou eclética impressa do texto do NT em grego koiné, elaborada pelo trabalho da crítica textual e publicado pela Sociedade Bíblica Alemã (Deutsche Bibelgesellschaft) e, no Brasil, pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB). O trabalho é conhecido como Nestle-Aland devido aos sobrenomes dos seus principais editores, Eberhard Nestle e Kurt Aland.


Um comentário:

  1. Entendi umas coisas. Achava que uma Bíblia ecumenica só era ruim.

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